IEDI na Imprensa - Apoio do BNDES à inovação é proporcionalmente menor que o de bancos de desenvolvimento em outros países
O Globo
Instituição estatal destinou 2,9% dos seus recursos para pesquisa e desenvolvimento, menos que outras seis avaliadas pelo BID em levantamento divulgado pelo IEDI
Raphaela Ribas
O BNDES destinou apenas 2,9% dos seus recursos para inovação, a menor parcela entre sete bancos de fomento pesquisados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de acordo com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), que divulgou o levantamento.
O valor total de investimentos em 2020 foi de US$ 12 bilhões, que está acima de outros países, mas a parcela voltada para inovação ficou atrás dos bancos de fomente de Colômbia, França, México, Chile, China e Coreia do Sul.
“No financiamento à inovação, os bancos de desenvolvimento podem apresentar destacadas vantagens frente a outros meios de estímulo governamental, tais como, os créditos fiscais e as agências de inovação, que realizam financiamento concessionais”, diz o estudo.
O estudo destaca que na esteira das necessidades de sustentabilidade e desafios sociais e tecnológicos, é crucial acelerar os investimentos em pesquisa e inovação. E ressalta que os bancos de desenvolvimento são peças de destaque “da engrenagem institucional responsável por operacionalizar estas estratégias em muitos países”.
Após confirmação de Gabriel Galípolo para secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Lula confirma Mercadante como presidente do BNDES
Ao assumir a presidência do BNDES ontem, Aloizio Mercadante disse que quer dar prioridade para micro e pequenos negócios, em especial para mitigar a dificuldade que mulheres e negros têm hoje para obter linhas de crédito.
Ana Fontes, fundadora da Rede Mulher Empreendedora, considera importante ter uma linha de crédito direcionada.
— Capacitação e mentoria são fundamentais para melhorarem a chance de o crédito ser utilizado da forma adequada. Seria importante eles (BNDES) buscarem parceiros e organizações que já atuam e tem experiência para apoiar neste desenvolvimento.
O diretor de Desenvolvimento do Sebrae Rio Sergio Malta, por sua vez, avalia que o crédito seletivo pode ser positivo para nichos mais vulneráveis que têm maior dificuldade de mostrar garantia, logo, conseguir o empréstimo. Por outro lado, defende que se houver taxa de juros, a mesma deve ser para todos os empresários.
Na posse, o Mercadante falou que a TLP, taxa de juros praticada pelo BNDES, prejudica as empresas menores devido à sua alta volatilidade, e que será feito um debate para tornar a taxa mais competitiva, especialmente para as micro e pequenas empresas.
— Para ter feito na economia, tem que ser universal. A taxa de juros hoje para o pequeno e microcrédito chega a ser em torno de 20% ao ano. Não há negócio que renda isso, ainda mais depois de uma situação de recessão como a pandemia. A pequena empresa precisa de crédito para investimento ou capital de giro e essa taxa inviabiliza — analisa Malta.
Ele continua:
— E o consumo também passa a ser inviável. Ou seja, a taxa de juros alta afeta as duas pontas do negócio. Se continuar como está, muito mais negócios vão fechar até o fim do ano. E a pequena empresa é fundamental para a criação de empregos, distribuição de renda, é a base da economia.
Ana concorda:
—Acho a revisão necessária, a dificuldade de acesso a capital e as altas taxas de juros são fatores que impedem o crescimento e até a sobrevivência dos pequenos negócios.