IEDI na Imprensa - Produção industrial tem 2a queda mensal seguida em agosto
O Globo
Derivados de petróleo puxaram retração do setor, que não tinha 2 recuos sucessivos há quase 3 anos
Daiane Costa
A recuperação da indústria perdeu força, e, após queda de 0,1% em julho, a produção caiu novamente em agosto, 0,3%, na comparação mensal. Desde o fim de 2015, o setor não ficava dois meses seguidos no vermelho. A retração deste mês foi motivada, principalmente, pelo recuo da produção de derivados de petróleo e biocombustíveis, influenciado pela paralisação da Refinaria de Paulínia, em São Paulo, após uma explosão. Mas também houve uma maior disseminação dos resultados negativos entre as atividades, mostrou ontem o IBGE.
—Passada a volatilidade da greve dos caminhoneiros, vimos um arrefecimento da produção e um maior espalhamento de resultados negativos, afetando segmentos que correspondem a 80% do setor — comentou André Macedo, gerente de Indústria do IBGE, em referência aos grupos de bens intermediários e de bens de consumo semiduráveis e não duráveis, que caíram, respectivamente, 2,1% e 0,6%.
Com o resultado de agosto, a produção industrial acumula expansão de 2,5% no ano e de 3,1% em 12 meses.
Para Rafael Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), 2018 caminha paras eru mano“perdido ”, tendo em vis taque as projeções apontam para um desempenho próximo do registrado no ano passado, quando o setor cresceu 2,5%. Ele destaca algumas razões para o desempenho aquém do esperado:
—Só tivemos projetos marginais de investimentos, para modernização e proteção de competitividade; o BNDES diminuiu financiamentos; e a redução dos juros não foi repassada para as tarifas finais. Além disso, a capacidade ociosa ainda é alta, porque o desemprego inibe o consumo.
REDUÇÃO EM 14 ATIVIDADES
Das 26 atividades pesquisadas, 14 tiveram queda. Além dos derivados de petróleo, que caíram 5,7%, os setores de bebidas (-10,8%), extrativo (-2,0%) e de produtos alimentícios (-1,3%) também impactaram negativamente. Entre as influências positivas, estão os segmentos de veículos (2,4%), farmacêutico (8,3%) e de equipamentos de informática e produtos eletrônicos (5,1%).