IEDI na Imprensa - Recuo da indústria em janeiro se deveu a poucos Estados
Valor Econômico
Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pará empurraram produção brasileira para baixo no mês
Lucianne Carneiro
Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Pará empurraram a indústria brasileira para baixo em janeiro, que só não teve desempenho pior graças à ajuda de Amazonas - com alguma normalização após as perdas provocadas pela seca na região nos meses de setembro, outubro e novembro - e à alta de São Paulo após recuo em dezembro.
A produção recuou em seis dos 15 locais pesquisados pelo IBGE em janeiro em relação a dezembro. Na média brasileira, a indústria caiu 1,6% em janeiro, após alta na mesma magnitude em dezembro. A retração concentrada numa minoria de locais e o crescimento da produção no maior parque industrial do país foram citados como sinais atenuantes na avaliação da indústria neste início de 2024 por economistas.
“Em uma perspectiva regional, o número de parques industriais no vermelho é minoritário, são seis das 15 localidades. Além disso, a indústria de São Paulo, que é o maior e mais diversificado parque industrial do país, não acompanhou o resultado nacional e registrou crescimento”, afirma o economista do Instituto para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Rafael Cagnin, que menciona, ainda, a influência do setor extrativo no resultado e a minoria de ramos industriais em queda como outros “fatores mitigadores”.
O maior impacto veio do Rio Grande do Sul, com queda de 3,8% da produção, recuo mais intenso desde setembro de 2023 (-5,5%). O comportamento foi puxado pelas atividades de derivados do petróleo e produtos do fumo.
Com recuo de 6,3% - o mais intenso entre os 15 locais pesquisados -, o Espírito Santo exerceu a segunda maior influência negativa no resultado nacional, influenciado pela indústria extrativa. O setor também foi o que afetou o resultado da indústria do Pará (4,9%), a terceira maior influência.
Por outro lado, Amazonas (16,7%) foi a principal influência positiva e ajudou a minimizar a queda nacional. Foi a segunda alta seguida, com ganho acumulado de 30,3%. O movimento reflete retomada da produção após perda acumulada de 15,8% entre setembro e novembro por causa da seca, principalmente no setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos.
“Entre setembro e novembro, a seca severa afetou a logística da indústria local, tanto no escoamento da produção quanto no abastecimento de insumos, que trouxe custos adicionais. A partir de dezembro, houve melhora no cenário”, explica o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.
Já a indústria de São Paulo cresceu 0,8% em janeiro, ante dezembro, puxada pelos setores de produtos químicos e de outros equipamentos de transporte. Com isso, recuperou parte da perda de 1,6% registrada em dezembro, frente a novembro, e voltou a ultrapassar o patamar de produção de fevereiro de 2020, marco da pré-pandemia: está 0,4% acima daquele nível.
Em horizonte mais longo de análise, a pesquisa do IBGE mostra que, quase quatro anos após o início da pandemia, sete dos 15 locais pesquisados operam com sua indústria em patamar de produção abaixo do de fevereiro de 2020.