IEDI na Imprensa - Setor produtivo comemora decisão de Bolsonaro de rediscutir fusão entre pastas da Fazenda e da Indústria
O Globo
União dos ministérios foi tema de reunião do candidato com representantes do setor
Danielle Nogueira e Marcello Corrêa
José Velloso, presidente da Abimaq, que reúne fabricantes de equipamentos, comemorou a intenção do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, de rever a separação dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento, se eleito. Bolsonaro disse nesta quinta-feira que a proposta de unir as duas pastas voltará a ser discutida após as eleições.
Durante uma transmissão ao vivo pelo Facebook na noite desta quarta-feira, o capitão da reserva já havia reconhecido que iria rever a decisão , em um eventual governo, se for interesse dos empresários e do país.
Segundo Velloso, a manutenção dessa estrutura foi tema da reunião que representantes da indústria tiveram com o candidato, na segunda-feira.
- Não houve pressão da nossa parte e também não vejo promessa da parte do candidato. Mas acho que ele conversou com o travesseiro dele e comprou a ideia de que ter um ministro como interlocutor da indústria é importante - disse Velloso.
A reunião ocorreu na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Estiveram representantes de seis setores: aço, máquinas, química, construção civil, exportação e têxtil.
Revisão do Rota 2030
Na avaliação de Antonio Jorge Martins, professor da FGV e coordenador do MBA em Gestão Estratégica de Empresas da Cadeia Automotiva, um superministério traria mais desafios ao governo para conciliar interesses diferentes.
— É difícil, porque a área de desenvolvimento leva mudanças que podem impactar a área econômica. É preciso muita capacidade de conciliar — afirma o especialista, que já trabalhou no governo nos anos 1990.
O especialista disse ainda que, seja qual for a estrutura adotada, o responsável pela área dentro do novo governo precisará rever a política industrial, inclusive o Rota 2030. A medida provisória que cria o novo regime automotivo, anunciado no ano passado, foi aprovada em comissão especial na quarta-feira passada. A MP precisa ser votada na Câmara até 16 de novembro, ou perde a validade.
— Se isso não for resolvido até o dia 16, caberá ao próximo ministro questionar esse tipo de medida adotada no fim do governo — afirma Martins, que critica o impacto fiscal do programa. — Hoje, reduzir déficit fiscal ajudaria mais o setor, com a atração de investimentos.
Entre outros pleitos da indústria está a abertura comercial gradativa e feita por meio de acordos comerciais. Bolsonaro ainda não deu declarações sobre o assunto, mas há um temor de que seja feita unilateralmente, sem a contrapartida de garantir acesso dos produtos brasileiros a mercados.
Rafal Cagnin, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), ressalta que qualquer abertura deve vir acompanhada de uma agenda de competitividade, como reforma tributária.