IEDI na Imprensa - País tem apenas 0,61% das vendas globais de manufaturados
Valor Econômico
Marta Watanabe
A participação brasileira na exportação de manufaturados é quase insignificante. O país detém 0,61% do total mundial, ocupando a 30ª posição na classificação feita pela Organização Mundial do Comércio, segundo o relatório de 2017. A fatia dos embarques de manufaturados brasileiros declina paulatinamente desde 2008, quando chegou a 0,81%, destaca o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), em análise do relatório da OMC.
De 2008 a 2017, avalia Rafael Cagnin, economista do IEDI, a fatia do Brasil na exportação de manufaturados sofreu um quarto de redução, "o que não é pouca coisa em dez anos". O quadro, diz, mostra que em 2017 o país perdeu oportunidade de obter maior inserção no comércio global em período em que o câmbio já se encontrava mais favorável ao exportador. "Os anos de 2015 e 2016 não foram bons. Não foi um período de grande crescimento e foi desfavorável ao comércio internacional. Já 2017 foi um ano de bom crescimento mundial, mas com a melhora da economia doméstica houve redução no ímpeto brasileiro de buscar o mercado externo", diz ele.
Passada essa oportunidade, Cagnin ressalta a preocupação em relação à mudança do cenário internacional. O estudo destaca que as tensões comerciais observadas no primeiro semestre de 2018 ainda têm efeito incerto sobre o comércio mundial, com risco, segundo a OMC, de um ciclo de retaliações impactar o crescimento global e do comércio. Ainda assim, o cenário para o comércio é extensamente positivo, pautado em crescimento de investimentos e empregos, além de elevação de confiança de empresários e consumidores, aponta o texto.
Segundo o IEDI, de 2016 para 2017, combustíveis e minérios ampliaram a participação de 18% para 22% da pauta de exportações. No mesmo período, a fatia dos manufaturados caiu de 39% para 36%. Produtos agrícolas e alimentos caíram de 43% para 41%, ainda representando o principal grupo de bens brasileiros vendidos ao exterior.
Nas importações, aponta o IEDI, as manufaturas aparecem como o grupo de maior peso. Em 2017, representaram 74% das compras brasileiras de bens estrangeiros, contra 77% no ano anterior. Em sentido oposto, houve aumento da participação de combustíveis e minérios de 14% em 2016 para 18% no ano passado.
Fechar o leque entre o peso da indústria brasileira e a inserção internacional, diz Cagnin, exige estratégias que envolvam efetivação de uma agenda de facilitação de comércio, além de criar mecanismos de financiamento à exportação e fechar acordos comerciais.