IEDI na Imprensa - Corrente de comércio chega a US$ 388 bi e já supera 2017 inteiro
Valor Econômico
Fábio Pupo e Marta Watanabe
Mesmo com a previsão de chegar ao fim de 2018 com saldo menor que no ano passado, a balança comercial brasileira já registra tanto nas exportações como nas importações patamares superiores aos números registrados em todo o ano passado. Em meio às tensões nas relações entre Estados Unidos e China, o país alcançou US$ 388 bilhões na corrente de comércio (soma de vendas e desembarques), o que representa um aumento de 14,3% sobre igual período do ano passado e de 5,4% sobre 2017 inteiro.
O secretário de Comércio Exterior, Abrão Miguel Árabe Neto, afirmou que o avanço da corrente de comércio vem sendo impulsionado principalmente pelo aumento da demanda internacional. "Os resultados mostram de maneira inequívoca que o desempenho do comércio exterior supera em qualidade e em dimensão os resultados do ano passado. Temos a demonstração de um comércio exterior mais forte", afirmou.
No mês, houve superávit de US$ 4,062 bilhões, um crescimento de 14,7% na comparação com novembro do ano passado. Esse é o segundo maior saldo para os meses de novembro, ficando atrás apenas de 2016. O valor é resultado de US$ 20,9 bilhões em exportações (aumento de 25,4% contra novembro do ano passado, considerando a média diária) e US$ 16,9 bilhões em importações (avanço de 28,3%).
Considerando o acumulado de janeiro a novembro, o superávit da balança comercial foi de US$ 51,7 bilhões - o que representa um recuo de 16,6% na comparação com um ano antes. No ano, as exportações chegaram a US$ 220 bilhões (aumento de 9,4% pela média diária na comparação com o mesmo período de um ano atrás), e as importações foram a US$ 168,3 bilhões (avanço de 21,3%).
Na avaliação dos técnicos do governo, as importações têm sido puxadas principalmente pelo maior dinamismo da economia nacional nos últimos meses - que tem demando mais produtos fabricados do exterior.
Já as exportações são puxadas pela venda de produtos básicos - que cresceu 40% no mês e 15,7% no acumulado do ano, na comparação com os respectivos períodos do ano anterior. O aumento decorre tanto do aumento na produção de produtos agrícolas como da alta do preço de commodities no mercado internacional. No caso da soja, que registra safra recorde, o aumento das exportações (em dólares) foi de 27% no ano. Petróleo bruto avançou 47%, e celulose, 31%.
No caso dos manufaturados, as vendas ao exterior cresceram 8,5% no acumulado do ano, com destaque para óleos combustíveis, partes de motores e turbinas para aeronaves e motores para veículos. No caso dos semimanufaturados, houve queda de 3,2%, influenciada principalmente pela retração em açúcar bruto, couros e peles e ferro fundido.
Os dados indicam que o Brasil deve ter em 2018 um superávit menor do que o do ano passado, mas com qualidade melhor, diz José Augusto de Castro, presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB). Isso porque a corrente de comércio deve aumentar de US$ 368 bilhões em 2017 para US$ 425 bilhões neste ano, segundo projeção da entidade. Mesmo levando em conta o efeito Repetro de cerca de US$ 15 bilhões, diz Castro, haverá um avanço superior a 10% em relação a 2017. Uma mudança na legislação tributária do regime fez inflar os dados de importação e exportação de plataformas de petróleo no decorrer do ano com lançamentos contábeis.
Já o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) afirma que o saldo positivo da balança comercial ao fim do ano deve ser robusto, embora inferior ao de 2017. Os dados serão afetados pela crise da economia na Argentina, um dos mercados mais importantes para as exportações brasileiras de manufaturados, notadamente para a indústria automobilística.