IEDI na Imprensa - Indústria de SP sofre mais que a média nacional em abril
Valor Econômico
Produção do Estado tem recuo de 23,2%, no pior desempenho da história
Bruno Villas Bôas
Com os impactos da pandemia de covid-19, o parque fabril de São Paulo produziu 23,2% a menos em abril, na comparação a março, seu pior desempenho mensal desde 2002, início da série histórica da pesquisa industrial do IBGE divulgada ontem.
O mês foi marcado por férias coletivas e demissões em fábricas espalhadas pelo país, refletindo a adoção de medidas de isolamento social. O setor foi afetado ainda pela menor demanda do comércio e dificuldades de adquirir insumos importados.
Bernardo Almeida, analista da pesquisa do IBGE, disse que as montadoras de automóveis reduziram o ritmo de produção e foram as que mais pressionaram resultado da indústria de São Paulo em abril. O segmento de máquinas e equipamentos também registrou forte perda na passagem dos meses. “Mas foi um mês de perda disseminada de ritmo de produção.”
Com uma retração tão forte, nunca tão poucos bens industriais foram produzidos em território paulista de 2002 para cá. O volume de bens industriais estava, em abril, 43,2% abaixo do pico histórico registrado em março de 2011, segundo o IBGE.
Produtos mais demandados pelo período de quarentena das famílias registraram crescimento de produção em abril. São itens de alimentação, perfumaria, sabão e produtos de limpeza. O IBGE não detalha, porém, as variações percentuais dessas atividades por regiões, para esse tipo de comparação.
Com o resultado, São Paulo foi o local que mais impactou o desempenho médio nacional da indústria em abril, que recuou 18,8%, o pior da série histórica iniciada em 2002. O mês foi de perdas generalizadas em termos geográficos, com 13 dos 15 locais pesquisados em baixa. Em oito deles, a queda foi recorde.
Também com presença forte da indústria automotiva, os Estados do Paraná (-28,7%) e Rio de Janeiro (-13,9%) apareceram logo atrás de São Paulo como os que mais impactaram o desempenho nacional da indústria.
Mas a principal variação percentual foi registrada no Amazonas, com redução de 46,5%. A Zona Franca é afetada desde fevereiro com a pandemia, inicialmente pela falta de insumos da China para montagem de eletroeletrônicos. Em três meses de queda, a produção local caiu 53,2%.
Os outros locais com forte queda em abril ante a março foram Ceará (-33,9%), região Nordeste (-29%), Bahia (-24,7%), Rio Grande do Sul (-21,0%), Espírito Santo (-16,7%), Minas Gerais (-15,9%), Santa Catarina (-14,1%) e Pernambuco (-11,7%).
Rafael Cagnin, economista-chefe da Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), chama atenção para fato de 90% dos locais acompanhados pelo IBGE terem reportado queda de dois dígitos em abril, sendo que metade deles teve resultado pior que a média nacional.
“Poucos realmente conseguiram evitar perdas mais intensas por causa da covid-19”, avaliou o economista-chefe do IEDI.
Num mês em que a indústria nacional, a produção industrial do Pará cresceu 4,9% em abril, frente a março, sustentada pelo avanço do setor de mineração. Goiás também teve alta, de 2,3%, com bom desempenho dos segmentos de alimentos e remédios.