IEDI na Imprensa - Indústria de São Paulo encolhe 25% em 12 anos
Valor Econômico
Só de dezembro de 2022 a fevereiro deste ano houve queda de 4,7% na produção paulista
Lucianne Carneiro
A indústria de São Paulo recuou 0,7% em fevereiro e acumula queda de 4,7% desde dezembro e fevereiro, mas sua crise é mais profunda, segundo dados da Pesquisa Industrial Mensal (PIM) Regional do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O patamar da produção paulista está 24,6% abaixo do momento mais alto da série histórica, em março de 2011. O período é não só anterior à pandemia como também à recessão da economia brasileira de 2015 e 2016. São Paulo é o principal motor da indústria brasileira e responde por cerca de um terço de toda a produção nacional.
Para o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI) Rafael Cagnin, essa perda de produção reflete diferentes fenômenos. De um lado, explica ele, a indústria de São Paulo tem setores com maior intensidade tecnológica que a média nacional, mais afetados pelo nível elevado de juros.
“Muitos deles são produtores de bens duráveis, cujos mercados sofrem mais com níveis de juros mais altos. E também precisam que empresas e famílias tenham expectativas favoráveis para sua demanda se expandir”, diz.
Um outro fator, no entanto, é o que ele chama de reprimarização da economia, conceito usado para falar sobre a desindustrialização. Esse movimento, diz, tende a fortalecer indústrias do início da cadeia produtiva, fora de São Paulo.
“Esse processo tende a fortalecer ramos industriais de início de cadeia, processadores de bens primários, mais para o interior do país, fora do eixo tradicional em que São Paulo é o centro.”
Pelos dados do IBGE, a produção da indústria caiu em 5 dos 15 locais pesquisados em fevereiro, puxada principalmente por Rio Grande do Sul e São Paulo. Na média brasileira, a indústria caiu 0,2%. A produção da indústria gaúcha caiu 6,9% em fevereiro, segundo recuo seguido. Em dois meses, a perda acumulada chegou a 11,2%. “O setor de derivados do petróleo foi o que mais influenciou negativamente esse resultado da indústria gaúcha. Mas também houve influência do setor de veículos e de alimentos”, diz o analista da PIM Regional Bernardo Almeida.