IEDI na Imprensa - Conforto térmico deixa de ser luxo com onda de calor
Valor Econômico
Para especialistas, demanda por ar-condicionado e ventiladores vai ser puxada por elevação das temperaturas
Lucianne Carneiro
O aquecimento global, com aumento das temperaturas em todo o mundo, pode ampliar a relevância do ar-condicionado, do ventilador e de outras categorias de eletrodomésticos, como filtros e frigobares, dizem especialistas ouvidos pelo Valor, ainda que fabricantes sejam mais cautelosos sobre essa influência das ondas de calor.
Para o economista sênior do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rafael Cagnin, o aquecimento global é um fator estrutural que muda o mercado de ar-condicionado a médio e longo prazos.
“Com ondas de calor cada vez mais intensas, e expectativas de que isso só piore, o mercado tende a ampliar. O ar-condicionado continua sendo um bem que não é massificado, mas pode se tornar menos supérfluo e mais associado à necessidade para exercício de atividades”, afirma.
Na avaliação de Cagnin, esse fenômeno se soma à influência do aumento de eficiência energética e do crescimento do uso de energia solar, fatores que ajudam a reduzir o custo de manutenção dos aparelhos.
Mais do que apenas o mercado de ar-condicionado, o presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, acredita que há impacto das mudanças climáticas também em categorias como filtros e purificadores de água e refrigeradores de pequeno porte.
O grande fator de crescimento é a baixa penetração”
— Rodrigo Fiani
“A questão das mudanças climáticas começa a afetar mais nossos negócios. Vemos isso não só em ar-condicionado, em ventilador, mas em categorias como purificadores de água, torres de água, e a parte de frigobar, para refrigeração de bebida. O efeito climático dá fôlego a essas categorias”, afirma.
O diretor da divisão de ar-condicionado da Samsung Brasil, Thiago Dias, evita associar o potencial de crescimento do mercado nos próximos anos ao aquecimento global. Embora reconheça que as temperaturas altas impulsionem as vendas, ele ressalta que as novas tecnologias, a eficiência energética e os produtos mais acessíveis ao bolso do consumidor tendem a pesar mais para o crescimento.
Vice-presidente da LG no Brasil, Rodrigo Fiani, aposta mais na baixa penetração dos aparelhos de ar-condicionado nas residências do país para explicar a expectativa de crescimento nos próximos anos. “Não é uma coisa automática, se o planeta ficar mais quente vai vender mais. O grande fator de crescimento para a gente é a baixa penetração”, afirma Fiani.