IEDI na Imprensa - Juros e desaceleração devem interromper recuperação da indústria, diz IEDI
Valor Econômico
“A alta da Selic joga areia na engrenagem da indústria, que vinha entrando em nova fase, de expansão inclusive do investimento", destaca o instituto
Marcelo Osakabe
O terceiro mês consecutivo de queda da produção industrial é um sinal claro de desaceleração de um segmento que teve bom resultado em 2024, mas que deve sofrer este ano, avalia o economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), Rafael Cagnin.
Divulgada pelo IBGE nesta quarta-feira, a Pesquisa Industrial Mensal - Produção Física (PIM-PF) apontou recuo de 0,3% entre novembro e dezembro de 2024. O resultado veio melhor que o esperado pela mediana das projeções colhidas pelo Valor Data, que era de recuo de 1,1%. Com o resultado do último mês, o setor fechou 2024 com crescimento de 3,1%.
“Os juros mais altos já impactam a produção de bens de capital e consumo durável, que acumulam dois meses de perda no fim do ano”, comenta Cagnin, lembrando também que o período foi marcado por alta da incerteza, volatilidade de câmbio e eventos climáticos negativos, que afetam a agroindústria.
O economista pondera que, diferentemente de outros períodos de expansão mais forte da indústria na última década, como 2016 e 2021, o bom resultado de 2024 não se deu sob uma base de comparação fraca. “Esse desempenho, que é o que puxa o investimento na expansão da indústria, deve ser interrompido pelo cenário de altas de juros. Não apenas pelo custo do capital ser importante para o investimento nas plantas, mas também pela sensibilidade da demanda. Todos os setores que lideraram expansão em 2024 são sensíveis a juros: eletrônicos, automobilística, equipamentos elétricos, móveis”, diz.
“A alta da Selic joga areia na engrenagem da indústria, que vinha entrando em nova fase, de expansão inclusive do investimento. Vai ocorrer um perda de fôlego, ainda que acredito que não seja o caso de voltarmos a números negativos.”