IEDI na Imprensa - Impulso fiscal mais forte fez a inflação subir, diz Galípolo
O Estado de São Paulo
Para titular do BC, políticas tributária e fiscal foram mais ‘progressivas’ e houve ainda a quitação dos precatórios atrasados
Caroline Aragaki, Francisco Carlos de Asis e Eduardo Laguna
O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse ontem que, mais do que o volume de gastos do governo, o impulso fiscal no Brasil foi maior do que o esperado inicialmente, o que aumentou a pressão inflacionária no País. “Atribuo isso ao fato de que teve política tributária e fiscal mais progressiva”, disse ele, durante reunião com empresários, promovida pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) em conjunto com o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).
Segundo Galípolo, outro ponto foi que os precatórios, pagos em atraso a partir de 2023, também estimularam a economia do ponto de vista da demanda. Assim, a soma de estímulos fiscais, a elevação do crédito, o impacto da seca e o “ciclo do boi” levaram a uma inflação mais alta, que ficou acima da meta, e consequentemente afetaram a taxa de juros. “Praticamente, gabaritamos para iniciar o ciclo de alta de juros”, afirmou.
Galípolo também pregou cautela com relação a dados que sugerem desaceleração da economia, lembrando que o BC espera por maior clareza para concluir se a perda de fôlego na atividade é mesmo uma tendência. “É importante que o BC tenha o tem “A pequena e média empresa não aguentam mais isso (juros altos) Luiza Helena Trajano
Magazine Luiza
Po necessário para poder consumir esses dados e ter clareza se não estamos assistindo simplesmente a uma volatilidade desses dados de alta frequência, e ter certeza se estamos conseguindo observar uma tendência.”
PEDIDO. No evento, que foi marcado por cobranças dos empresários por maior controle dos gastos do governo como forma de administrar a inflação, o presidente do BC recebeu pedido da empresária Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, para que a autoridade monetária não volte a comunicar aumentos dos juros.
“A pequena e média empresa não aguentam mais sobreviver nisso ( juros altos), não tem condição. É ela que gera o emprego. Hoje, a gente conversou, eu queria pedir para ele, por favor, por favor, ter outra forma, porque essa forma ( alta da Selic) não está dando certo”, disse a empresária.
Na reunião, nomes dos setores produtivo e financeiro manifestaram confiança na autonomia de Galípolo para levar a inflação à meta de 3%.