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                          Carta IEDI

                          Edição 1336
                          Publicado em: 31/10/2025

                          Trajetórias divergentes

                          Sumário

                          Os últimos dados divulgados pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) apontam para um novo crescimento da indústria manufatureira mundial no 2º trim/25, puxada pela aceleração na Ásia e Oceania. Do ponto de vista setorial, o destaque segue sendo os de alta intensidade tecnológica. 

                          No 2º trim/25, a produção da indústria de transformação global registrou variação de +1,1% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, mantendo o mesmo ritmo da entrada do ano (+1,2% em jan-mar/25). É nítido o contraste com a indústria brasileira.

                          Como sabemos, o aumento dos níveis de taxas de juros no país tem cobrado um preço elevado do nosso dinamismo industrial. A produção da indústria de transformação registrou forte desaceleração ainda na comparação com o trimestre anterior, assinalando variação negativa de -0,6% no 2º trim/25. 

                          Em comparação com o mesmo período do ano passado, a divergência de desempenho é igualmente flagrante. Para o total mundial, houve alta de +4,0%, uma clara resiliência em relação ao 1º trim/25 (+4%). Por sua vez, no Brasil, a produção industrial desacelerou de +2,5% em jan-mar/25 para apenas +0,4% em abr-jun/25. 

                          A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI construiu um ranking da evolução da produção industrial destacando a posição do Brasil. A amostra nesta Carta IEDI conta com 79 países, devido à disponibilidade de informações para o 2º trim/25.

                          Deste conjunto de países, tomada a comparação frente ao mesmo período de 2024, o Brasil ocupou a 59ª colocação no 2º trim/25. A desaceleração industrial do período abr-jun/25 nos fez descer 21 posições em contraste com o lugar ocupado no 1º trim/25 (38º). Em contraste com a colocação do 2º trim/24 (24ª), caímos 35 posições.

                          A resiliência industrial no mundo foi ancorada pela performance da Ásia e Oceania exceto China, África e América Latina e Caribe, em menor medida. Em todas estas regiões houve sinais de aceleração. 

                          No caso asiático, o avanço frente ao período anterior foi de +0,6% para +1,6% do 1º para o 2º trim/25 e frente ao ano passado, de +3,7% para 4%. Contribuiu para isso a ampliação das exportações de manufaturados de Filipinas, Singapura, Taiwan e Vietnã.

                          As indústrias africanas e latino-americanas, por sua vez, progrediram de +0,7% para +1,1% e de +0,3% para +0,5%, respectivamente, na comparação com o trimestre imediatamente anterior. No contraste interanual, houve alta de +5,1% na África e de +2,4% na América Latina, no 2º trim/25.

                          Cabe observar que a melhora latino-americana deveu-se muito a México, visto que Brasil e Argentina não se saíram bem.

                          Por outro lado, a produção manufatureira da China perdeu um pouco de ritmo (-0,3 ponto percentual), mas menos do que poderia indicar a deterioração da relação sino-americana, notadamente com a escalara tarifária de abr/25.

                          Já os países da América do Norte e Europa mantiveram sua trajetória de resultados voláteis, com uma performance inferior à do início do ano. 

                          EUA e Canadá, na comparação do 2º trim/25 com o 1º trim/25, registraram +0,5%, após crescimento de +0,9% no trimestre anterior, e a indústria europeia, a despeito do comportamento de suas exportações, ficou estagnada (0%), após alta de +1,2%. 

                          Frente ao 2º trim/24, a Europa perdeu -0,2 p.p. em sua taxa de crescimento, registrando +1,4%, e a América do Norte, cujo resultado foi de apenas +0,6%, foi a região onde a indústria menos cresceu pela quarta vez consecutiva.

                          Setorialmente, no 2º trim/25, a indústria de maior intensidade tecnológica saiu na frente do resultado geral (+1,1%), apresentando aumento de +1,7% em relação ao trimestre anterior, enquanto os demais, de menor tecnologia, permaneceram estagnados. Tal robustez derivou sobretudo da produção de computadores e eletrônicos e outros equipamentos de transporte.

                          A indústria de transformação mundial no 2º trim/2025

                          De acordo com o relatório mais recente divulgado pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), os dados do 2° trim/25 da indústria de transformação global indicam nova alta da produção na comparação com trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal (+1,1%), após crescer +1,2% no trimestre anterior.  Este resultado representa um dos períodos mais fortes de crescimento da indústria desde a pandemia de COVID-19, visto que essa tendência já dura cinco trimestres com crescimento trimestral próximo ou acima de +1%.

                           

                          Na comparação interanual (trimestre frente ao mesmo período do ano anterior), por sua vez, a produção industrial avançou +4,0%, repetindo a mesma expansão do trimestre anterior.

                          De acordo com a UNIDO, a economia global tem demonstrado notável resiliência, apesar dos inúmeros desafios, incluindo potenciais guerras comerciais, taxas de inflação voláteis, interrupções na cadeia de suprimentos, instabilidade política e conflitos regionais. Essa robustez se reflete na sequência ininterrupta de crescimento trimestral da indústria manufatureira global desde meados de 2022.

                          O relatório enfatiza o papel do aumento dos gastos com defesa e a maior produção de equipamentos militares nas principais economias que contribuíram para sustentar esse impulso. Por outro lado, aponta que a escassez de mão de obra em setores-chave e o crescente impacto de desastres naturais continuam a aumentar a pressão sobre a produção industrial. 

                           

                          A atividade manufatureira global registrou crescimento trimestral (trimestre/trimestre anterior) em quase todas as regiões no 2º trim/25, porém com bastante variação entre elas. Cabe destacar que, em termos gerais, as economias industrializadas do hemisfério Norte apresentaram resultados inferiores ao trimestre anterior.   

                           

                          Os países da Ásia e Oceania (incluindo China) alcançaram o melhor desempenho nesta comparação pelo terceiro trimestre consecutivo, com uma expansão de +1,6%, após alta de +1,4% no 1°trim/25. Se tomarmos a Ásia e Oceania excluindo a China, o resultado também foi uma alta de +1,6%, quase o triplo registrado no trimestre imediatamente anterior (+0,6%). 

                          Em relação à indústria chinesa, na comparação com trimestre anterior, a produção manufatureira variou positivamente +1,5%, com desaceleração após resultado de +1,8% no trimestre anterior.

                          Dados limitados da África indicam novo ganho trimestral significativo, após crescer +0,7% no 1º trim/25.  A indústria na América Latina e no Caribe também assinalou aceleração entre o 1º trim/25 (+0,3%) para o 2º trim/25 (+0,5%). 

                          A produção manufatureira na Europa assinalou estagnação (0,0%) no período abr-jun/25, após bom resultado do trimestre anterior (+1,2%). A manufatura da América do Norte (+0,4%), apesar do resultado positivo, assinalou desaceleração frente ao resultado do 1º trim/25 (+0,9%). 

                           

                          Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, a indústria de transformação mundial cresceu +4,0%, com variações positivas em todas as regiões.  

                          A manufatura da região da Ásia e Oceania (incl. China) manteve-se na liderança, ao expandir +5,8% no comparativo entre o 2º trim/25 e 2º trim/24. Quando excluímos a China desse grupo de países, a variação foi de +4,0%, e sozinho, o país cresceu +6,8%.  

                          A Europa, que tem apresentado taxas negativas nesta comparação ao longo do ano de 2024 todo, teve a segunda alta consecutiva, variando (+1,4%). Canadá e EUA, que também haviam assinalado queda na comparação interanual em todos os trimestres de 2024, ficaram em terreno positivo em 2025, com variação de +0,6% no 2º trim/25. 

                          Por sua vez, os países da América Latina e Caribe apontaram aceleração do crescimento, atingindo variação de +2,4% no 2º trim/25, quarto aumento consecutivo nessa base de comparação, depois de cinco trimestres de retração. A indústria africana assinalou expansão de +5,1% no 2ºtrim/25, mesma variação do trimestre anterior.

                            

                          Por dentro das regiões

                          No 2 ºtrim/25 frente ao trimestre anterior, a produção industrial na América do Norte assinalou expansão de +0,4%, enquanto na Europa a indústria ficou estagnada.  

                          O avanço da América do Norte foi condicionado pelo desempenho dos Estados Unidos, que registraram um aumento de +0,6%, enquanto o Canadá enfrentou uma redução de -2,1% na produção frente ao 1º trim/25.

                          No trimestre abr-jun/25 frente ao mesmo trimestre do ano anterior, a produção industrial na América do Norte avançou +0,6%, com produção em alta nos Estados Unidos (+0,9%), enquanto o Canadá registrou nova queda nesta comparação (-3,4%).

                          O setor manufatureiro europeu apresenta um cenário instável: após mostrar crescimento moderado nos últimos trimestres e assinalar alta significativa no 1º trim/25, a produção manufatureira europeia estagnou. No entanto, o desempenho variou drasticamente entre as principais economias da região. Alemanha (-1,2%), Irlanda (-2,1%) e Suíça (-1,8%) apresentaram quedas significativas na produção, enquanto França (+0,7%), Itália (+0,4%) e Reino Unido (+ 0,3%) tiveram crescimento modesto.

                          Na comparação entre o 2º trim/25 e o 2º trim/24, a indústria da região cresceu +1,4%, com avanços significativos na Irlanda e Rússia, que avançaram +21,4% e +4,0%, respectivamente. Reino Unido (+1,0%), Espanha (+0,9%) e França (+0,3%) também assinalaram avanço, porém, abaixo da média da região. Por outro lado, Alemanha (-2,4%) e Itália (-1,2%) continuaram a registrar variações negativas.

                          A produção industrial na região da Ásia e a Oceania (exceto China) continua a apresentar comportamento volátil, mas majoritariamente positivo nos últimos períodos, tendo um crescimento de +1,6% no 2º trim/25 em relação ao 1º trim/25, na série com ajuste sazonal. 

                          O crescimento atual da região refletiu o desempenho irregular de seus principais produtores: a Província de Taiwan (+13,1%) impulsionou grande parte da expansão, enquanto Índia (+0,8%), Tailândia (+2,5%) e Turquia (+0,8%) também registraram ganhos moderados. No entanto, os dois maiores fabricantes da região, Japão (0,0%) e Coréia do Sul (-0,2%), apresentaram produção estável ou até mesmo ligeiramente decrescente. 

                          A China, por sua vez, quase igualou a taxa de crescimento da região mais ampla da Ásia e Oceania, mantendo sua sequência de crescimento trimestral acima de 1%, iniciada em meados de 2023.

                          Na comparação interanual, os países asiáticos (exceto China) assinalaram crescimento de +3,0%, com crescimento na produção industrial de Taiwan (+22,4%), Vietnã (+13,3%), Malásia (+3,9%), Índia (+3,7%), Coréia do Sul (+1,1%) e Japão (+1,0%). 

                          O setor manufatureiro da América Latina e do Caribe registrou um crescimento de +0,5% no 2º trim/25, mantendo a trajetória de crescimento moderada observada desde o final de 2023. Os dois maiores fabricantes industriais da região apresentaram resultados contrastantes, com o México alcançando um crescimento de +1,1%, enquanto a produção do Brasil caiu -0,6% em relação ao trimestre anterior. Além disso, Colômbia (+0,9%) e Peru (+1,1%) registraram aumentos trimestrais moderados, enquanto a Argentina apresentou uma ligeira contração da produção (0,2%).

                          Frente ao mesmo trimestre de 2024, a indústria latino-americana cresceu +2,4%. Os resultados dos maiores produtores industriais da região foram diversos: o Brasil obteve expansão de +0,4%, a Argentina cresceu +8,2% enquanto o México avançou +1,0%, após queda por dois trimestres consecutivos.

                          Dados limitados para a África indicam um aumento na produção industrial na passagem entre jan-mar/25 e abr-jun/25 de +1,0%. Como de costume, os padrões de crescimento nas economias africanas variaram significativamente. Por exemplo, a produção de Angola (+7,1%), Costa do Marfim (+3,0%), Egipto (+1,5%) e a África do Sul (+1,7%) cresceram significativamente, enquanto o Senegal assinalou recuo de -0,9%. 

                          Na comparação interanual, os países africanos assinalaram crescimento de +5,1% na produção industrial, com variação positiva no Egito (+11,6%), enquanto África do Sul e Senegal (ambos com queda de -1,0%) assinalaram recuo nesta comparação.

                           

                          O desempenho das economias industrializadas

                          As economias industrializadas representam cerca de 87,7% do valor agregado na indústria mundial de acordo com a UNIDO e inclui os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.

                          No 2º trim/25, a indústria de transformação deste grupo de economias cresceu +1,1% na comparação com trimestre anterior, após ganhos de +1,2% e +0,9% nos dois trimestres anteriores. Uma análise mais detalhada revela padrões de crescimento diversos entre essas economias: Costa Rica (+4,6%), Suécia (+4,8%) e Vietnã (+7,2%) alcançaram um crescimento trimestral superior a +4% em comparação com o trimestre anterior. Por outro lado, a produção manufatureira na Austrália (-0,6%), Canadá (-2,1%) e Lituânia (-3,1%) sofreram declínios significativos. 

                          Ainda na comparação como trimestre anterior, dados desagregados revelam o desempenho volátil das economias industriais de alta renda nos últimos trimestres, com o aumento de +0,6% no trimestre atual, após um ganho de +0,9% no trimestre anterior. O desempenho dentro deste grupo variou consideravelmente, com resultados positivos em Israel (+1,6%) e Taiwan (+13,1%), enquanto Alemanha (-1,3%), Irlanda (-2,1%) e Portugal (-0,7%) registraram declínio na produção.

                           

                          China teve crescimento de +1,5%, enquanto o grupo das demais economias industriais de renda média apresentou resultado de +0,9% na comparação trimestre/trimestre anterior. 

                          O desempenho dentro deste grupo foi misto: Malásia (+2,2%), Tailândia (+2,5%) e Vietnã (+7,2%) registraram ganhos sólidos, enquanto Bielorrússia (-0,1%), Brasil (-0,6%) e Macedônia do Norte (-1,2%) apresentaram quedas significativas na produção.

                          De acordo com o relatório da UNIDO, desde 2015, todos os grupos têm apresentado crescimento constante, com exceção da contração relacionada à pandemia em 2020. A China tem superado consistentemente outros grupos industriais, apesar de ter experimentado outra desaceleração no início de 2022. Em contraste, as economias industriais de alta renda apresentaram crescimento apenas modesto na última década.

                          Desempenho das economias em industrialização

                          Apesar de incluir quase 70% dos países, esse grupo de economias em industrialização representa uma parcela de 12,3% da produção industrial global em 2024.

                          Apesar da sua diversidade, os países deste grupo, em todos os níveis de renda, poderiam se beneficiar substancialmente do fortalecimento de seus setores manufatureiros e da transição para uma estrutura econômica impulsionada por uma indústria de alta produtividade. Nos últimos anos, o desempenho industrial do grupo tem melhorado gradualmente, alcançando um crescimento da produção trimestral de +0,8% no 2º trim/25.  

                          A produção nas economias em industrialização de alta e média renda aumentou no trimestre atual em +0,6% e +0,9%, respectivamente, embora os dois grupos tenham seguido trajetórias marcadamente diferentes desde o início de 2024. 

                          Dentro das economias em industrialização de renda média, o maior grupo da UNIDO em número de países, Angola, Costa do Marfim, Cazaquistão e Montenegro, registraram aumentos trimestrais acima de 3% no último trimestre, enquanto Argentina, Quirguistão, Mongólia e Senegal apresentaram declínios na produção.

                          O número de economias em industrialização de baixa renda que relataram dados de produção industrial diminuiu nos últimos trimestres. Atualmente, a cobertura de dados do país é insuficiente e, portanto, este grupo foi excluído da análise da UNIDO. 

                          O número de economias de baixa renda que reportam consistentemente dados sobre a produção manufatureira diminuiu nos últimos períodos. Devido à cobertura inadequada dos dados, esse grupo foi excluído da análise. No entanto, os dados disponíveis de países individuais, como Ruanda, indicam aumentos moderados na produção no 2º trim25.

                           

                          Desempenho das Economias Emergentes

                          O grupo especial de economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui 12 países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas onde o setor apresenta igualmente forte crescimento. 

                          Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Desde meados de 2023, suas taxas de crescimento trimestral têm consistentemente ultrapassado 1,0%, incluindo um aumento robusto de 1,5% no trimestre atual, enquanto a média mundial foi de +1,1%. 

                          Em nível nacional, todas as economias com dados disponíveis relataram forte crescimento da indústria no período abr-jun/25 frente a mesmo período de 2024. O Vietnã liderou o grupo, registrando um crescimento trimestral de +7,2%. Este país tem seguido uma trajetória volátil nos últimos anos, com crescimento trimestral atingindo taxas elevadas, juntamente com quedas acentuadas ocasionais. Outras economias industriais emergentes, como Bangladesh (+0,5%), China (+1,5%), Índia (+0,8%), Malásia (+2,2%) e Ruanda (+3,7%), também registraram ganhos neste trimestre, embora o desempenho recente da indústria em algumas delas tenha permanecido relativamente volátil.

                           

                          Análise setorial

                          De acordo com a UNIDO, os dados do 2° trim/25 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo em meio a muitos desafios.

                          Em período recente, os setores de média-alta e alta tecnologia têm consistentemente superado outros setores manufatureiros. Após uma breve desaceleração 1º trim/24, esses setores se recuperaram fortemente no segundo trimestre e, desde então, mantiveram um crescimento trimestral acima de +1%. 

                          Essa tendência positiva continuou no 2º trim/25, com um aumento de +1,7% em relação ao trimestre anterior. Em contraste, os setores manufatureiros de menor tecnologia permaneceram estagnados. 

                           

                          O desempenho da indústria de transformação de alta tecnologia no 2º trim/25 foi impulsionado principalmente pela produção de computadores e eletrônicos (+3,5%) e outros equipamentos de transporte (+3,3%). Esses setores também registraram aumentos substanciais em relação ao ano anterior. No geral, todos os setores de alta tecnologia registraram crescimento sólido no trimestre atual, com exceção do setor farmacêutico (-0,1%).

                           

                          Outros equipamentos de transporte incluem, entre outros, navios, aeronaves e espaçonaves e veículos militares. A produção deste setor manteve um crescimento trimestral constante, crescendo 3,3% no 2ºtrim/25, após crescer 6,0% no trimestre anterior. O desempenho excepcional deste setor desde o início de 2025 pode ser atribuído aos esforços contínuos de modernização da defesa em muitas economias.

                          Os setores de maior conteúdo tecnológico avançaram mais tanto nas economias industrializadas quanto em industrialização. Embora as economias em processo de industrialização tenham apresentado menos setores com produção em declínio, o forte dinamismo geral das economias industriais superou o de suas contrapartes em processo de industrialização.

                          Ranking Indústria de Transformação Mundial

                          A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 79 países para o 2º trim/25. 

                          Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE use dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados divulgados pelo IBGE. 

                          No 2º trim/25, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação negativa de -0,6% frente ao 1º trim/25. Nesta comparação, a indústria brasileira ficou bem  abaixo do resultado para o agregado do setor no mundo (+1,1%).

                           

                          Em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, entretanto, o setor manufatureiro brasileiro cresceu +0,4% no 2° trim/25, enquanto a indústria global cresceu +4,0%.

                           

                          Dentre os 79 países da amostra de dados disponíveis da UNIDO, considerado apenas o desempenho do 2º trim/25 frente o 2º trim/24, o Brasil apresentou significativa piora em relação à posição do trimestre anterior: aparecemos na 59ª colocação (+0,4%), após termos ficado na 38ª posição no 1º trim/25 (+2,5%). 

                          Em contraste com a posição que ocupamos no 2º trim/24 (24ª posição), também houve piora, como mostra a tabela abaixo, dado que o Brasil caiu 35 colocações no ranking.

                           

                          Mesmo com esse resultado, a indústria de transformação no Brasil superou países como França (+0,3%), Itália (-1,2%) e Alemanha (-2,4%) no 2º trim/25.

                           

                          Entre as primeiras posições do ranking ficaram Montenegro, Angola, Taiwan, Irlanda, Vietnã, Egito e Costa Rica, com variações de dois dígitos. A Argentina, após resultados negativos ou nulos desde meados de 2023, assinalou a segunda alta consecutiva no 2º trim25, com alta de 8,2% e ocupando a 9ª posição no ranking. 

                           

                          No acumulado do 1º sem/25, o Brasil ficou com 50ª posição no ranking dos 79 países. Na comparação do período de jan-jun/25 frente ao resultado do mesmo período de 2024, as economias que se destacaram foram Irlanda, Angola e Montenegro, enquanto Bulgária, Hungria e Dinamarca foram os resultados mais negativos da amostra de países com dados disponíveis.

                           

                          Exportações globais e regionais de produtos manufaturados

                          De acordo com os dados mais recentes sobre comércio exterior, as exportações mundiais de produtos manufaturados permaneceram em trajetória instável, registrando forte crescimento de +4,1% no 2º trim25, o maior aumento trimestral desde 2021, após um aumento de +1,3% no trimestre anterior. 

                          Cabe destacar que o relatório da UNIDO abrange o período de abril a junho de 2025. Durante esse período, os EUA anunciaram potenciais aumentos nas tarifas de importação e implementaram parcialmente tais medidas. Esses acontecimentos levaram a respostas variadas, incluindo tarifas retaliatórias, negociações bilaterais e, em alguns casos, o adiamento de decisões de política comercial por parte dos parceiros. 

                          Paralelamente, a desvalorização do dólar americano em relação às moedas de muitos dos principais exportadores aumentou a competitividade das exportações dos EUA, ao mesmo tempo que reduziu a competitividade de outras economias, moldando ainda mais a dinâmica comercial durante o trimestre.

                          O comércio global de manufaturados enfrenta, portanto, uma série complexa de desafios que comprometem a estabilidade e a previsibilidade. As principais preocupações incluem riscos geopolíticos elevados, vulnerabilidades nas principais rotas de navegação e a persistência de medidas protecionistas comerciais nas principais economias. Essa confluência de fatores tornou as perspectivas do comércio internacional cada vez mais incertas.

                          Em termos regionais, as exportações de manufaturados da Europa alcançaram um crescimento de +6,5% no 2º trim/25, impulsionado por bons resultados em quase todas as economias europeias, incluindo os principais exportadores da região: França, Alemanha, Itália e Holanda. 

                          A Ásia e a Oceania (exceto China) registraram outro ganho significativo, com crescimento trimestral superior a +4%. Isso foi impulsionado principalmente pelas Filipinas, Singapura, Taiwan e Vietnã, todos os quais registraram taxas de crescimento trimestrais acima de +4%. Em contraste, a China relatou um crescimento de +1,9% no 2º trim25. Embora ainda robusto, esse crescimento foi comparativamente modesto e já reflete o impacto dos aumentos tarifários.

                          A América Latina e o Caribe também registraram aumentos substanciais nas exportações de manufaturados (+1,7%), impulsionados principalmente pela Argentina, Brasil, Chile e México, embora com considerável variabilidade nas taxas de crescimento entre os países. 

                          A América do Norte registrou a menor taxa de crescimento regional, com as exportações de manufaturados aumentando +0,7%. Dentro da região, os dois principais exportadores apresentaram tendências contrastantes: os EUA alcançaram um crescimento sólido de +3,1%, enquanto o Canadá sofreu um forte decréscimo de -10%, em grande parte devido ao impacto das tarifas de importação sobre produtos de alumínio e aço impostas pelos Estados Unidos. 

                           

                          As exportações de alta tecnologia apresentaram um crescimento relativamente mais forte em comparação com outros produtos manufaturados nos últimos períodos. Essa tendência é consistente na maioria das principais regiões. A Europa, por exemplo, alcançou um crescimento substancial de quase 7% no 2º trim 25, embora a região continue em uma trajetória volátil. Esse forte desempenho é explicado principalmente pelo desempenho das exportações da Alemanha.

                          As exportações de alta tecnologia da Ásia e Oceania (exceto China) apresentaram um crescimento robusto de quase +6%, impulsionado principalmente por Taiwan (+11,3%), Hong Kong (+3,6%) e Japão (+2,9%).

                          A América Latina e o Caribe mantiveram o impulso positivo dos últimos trimestres, registrando um aumento de +2,8%. Em contraste, a América do Norte registrou o pior desempenho entre todas as regiões observadas, com uma queda de -2,4%, principalmente devido à contração de -11% do Canadá.

                           

                          Na comparação entre as taxas de crescimento da produção e das exportações globais da indústria manufatureira, pode-se observar que as exportações geralmente apresentam maior volatilidade do que a produção, tanto para o total de bens manufaturados quanto para os bens de alta tecnologia.

                          Um desfasamento temporal também é evidente, com as exportações tipicamente seguindo as tendências de produção com atraso. No entanto, no 2º trim 25, as taxas de crescimento da produção e das exportações divergiram significativamente, embora ambos os resultados tenham mostrado um crescimento robusto: a produção manufatureira aumentou +1,1%, enquanto as exportações aumentaram +4,1%. Para bens de alta tecnologia, a produção cresceu +1,7% e as exportações +4,4%.

                           

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