• SOBRE O IEDI
    • ESTUDOS
      • CARTA IEDI
        • ANÁLISE IEDI
          • DESTAQUE IEDI
            • IEDI NA IMPRENSA
              55 11 5505 4922

              instituto@iedi.org.br

              • HOME
              • SOBRE O IEDI
                • ESTUDOS
                  • CARTA IEDI
                    • ANÁLISE IEDI
                      • DESTAQUE IEDI
                        • IEDI NA IMPRENSA

                          IEDI na Imprensa - Empresário integrou grupo que rompeu elo com militares

                          Publicado em: 30/07/2019

                          Valor Econômico

                          Por Marli Olmos e Cyro Franklin de Andrade

                          No dia 9 de março de 1976, Claudio Bardella e Carlos Villares, dois importantes representantes da indústria de bens de capital, entregaram a Ernesto Geisel, penúltimo presidente do regime militar, um documento no qual o setor pedia uma política protecionista, com reserva de mercado, que impedisse a importação de equipamentos já fabricados no país. Dois anos mais tarde, Bardella integrou o grupo de empresários que redigiu o chamado "Documento dos oito", que criticava o sistema político vigente e erguia a bandeira da democracia.

                          Os oito empreendedores que assinaram o documento eram os mesmos que no passado haviam declarado suas ligações com o regime militar e, anos antes, apoio ao golpe por parte de alguns deles. Assinaram o "Documento dos oito" Antônio Ermírio de Morais (Grupo Votorantim), Paulo Villares (Indústrias Villares), Jorge Gerdau (grupo Gerdau), José Mindlin (Metal Leve), Laerte Setúbal Filho (Itausa), Paulo Vellinho (Springer Admiral), Severo Gomes (da Tecelagem Parahyba e ex-ministro da Indústria e Comércio de Geisel) e Claudio Bardella, neto de Antônio, imigrante italiano que fundou a Bardella Indústrias Mecânicas.

                          O governo Geisel marcou um período de transição que mostra claramente como o empresariado brasileiro sempre remou conforme a maré em relação ao governo. Nesse período nítido de transição, entidades de classe se posicionaram a favor dos governantes em tempos de protecionismo, mas assumiram uma postura crítica ao menor sinal de abertura.

                          Num trabalho de pesquisa intitulado "Abdib e a política industrial no governo Geisel (1974-1979)", o professor Rafael da Motta Brandão, da Universidade federal Fluminense" dedica capítulo especial ao que chama de "construção e ruptura de uma aliança".

                          A Abdib (Associação Brasileira da Infraestrutura e Indústrias de Base) foi escolhida na pesquisa pela sua posição protagonista nesse enredo. Claudio Bardella era presidente da entidade à época. Havia participado do grupo que a fundou, em 1955 e atuou ativamente pelos interesses da indústria de base.

                          O namoro da Abdib com o governo foi marcado por programas voltados ao setor. Pouco tempo depois da audiência de Bardella e Villares com Geisel o governo injetou recursos no BNDE (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, atual BNDES) para linhas financiamento e aprimorou o PND (Plano Nacional de Desenvolvimento).

                          Empresas como a Bardella eram fornecedoras de estatais e faturavam conforme as obras de infraestrutura. Em 1980, a companhia foi responsável pelo projeto e produção, para a usina hidroelétrica de Itaipu, das maiores pontes rolantes do mundo. Forneceu também equipamentos para as usinas nucleares Angra 1 e 2 e, bem mais tarde, para as hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau.

                          A Bardella nasceu de uma oficina, em 1911, que, em seguida, virou uma fundição. Em 1942, transformou-se numa sociedade por ações (S.A), antes mesmo de a lei que rege as sociedades anônimas surgir, em 1976. Em 1969, tornou-se uma companhia aberta.

                          Ainda nos tempos de boas relações com o governo, em 1974, Claudio Bardella foi convidado a integrar o conselho da Embramec, um braço do BNDE voltado ao fornecimento de capital de risco a empresas do setor. A Embramec foi extinta com um processo de fusão que levou à criação da BNDESPar, braço financeiro do BNDES.

                          O relacionamento do setor com o governo Geisel começou a ficar estremecido quando surgiu uma resolução concedendo à Petrobras isenção para importação de equipamentos. Cortes de investimentos em infraestrutura e revisões no PND levaram, então, ao surgimento de uma mobilização empresarial, que culminou no "Documento dos oito".

                          Segundo a pesquisa do professor Brandão, durante uma palestra, no Rio, Claudio Bardella mostrou o descontentamento: "Se o governo atual decidiu apoiar a indústria de bens de capital e ele, através de várias empresas estatais é o comprador, todos os principais problemas de nossa indústria devem estar resolvidos. Na teoria, os que formularam este pensamento estão certos, mas na prática a situação é um pouco diferente".

                          Ao apontar os problemas do setor, Bardella disse: "O primeiro deles é subjetivo, caracteriza um certo estado de sub-desenvolvimento mental e que pode ser expressado por uma frase: o que é estrangeiro é melhor".

                          Claudio Bardella assumiu a presidência da empresa no início dos anos 70, quando o pai, Aldo, adoeceu. Alguns anos antes de formar-se em engenharia, foi diretor na companhia. Na presidência da Abdib ele permaneceu de 1973 a 1977. O empresário também foi vice-presidente do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) e um dos fundadores do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI).

                          Descrito por pessoas próximas como muito discreto, inteligente e ativo, aos 81 anos hoje, ele preside o conselho da companhia, que tem fábricas em Guarulhos, Sorocaba e Araras (SP). Continua totalmente à frente dos negócios, segundo o diretor-presidente da companhia, José Roberto Mendes da Silva. "O Dr. Bardella está sempre presente. Toda a semana ele está no escritório, participa das reuniões, está presente na gestão e nas tomadas de decisões, como tem que ser", destaca o executivo.

                          Bardella nunca foi de dar muitas entrevistas. Talvez a mais longa tenha sido em dezembro de 1982. Na verdade, foi uma espécie de depoimento concedido para o livro "Memórias do desenvolvimento", do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento. Na conversa, além dele, estavam José Mindlin e Luis Eulalio de Bueno Vidigal Filho. O trio foi questionado sobre a importância do BNDE e de linhas para o financiamento de empresas brasileiras.

                          Naquele entrevista, Bardella contou que a companhia iniciou os contatos com o BNDE desde que a instituição começou a trabalhar com empresas privadas, em junho de 1964. "Apresentamos, na época, um plano de viabilidade de expansão da Bardella, uma empresa fundada em 1911 e que nunca tinha, até então, recorrido a créditos oficiais. Até aquela época, a empresa havia se expandido com recursos próprios", destacou.

                          O empresário também elogiou a linha de crédito Finame: "O Finame serviu como uma molapropulsora muito grande desde a sua fundação, porque era o único órgão a que nós, empresas de capital nacional, podíamos recorrer para enfrentar as ofertas que vinham de fora, com pacotes de financiamento a longo prazo e juros subsidiados também".

                          Demonstrou, por outro lado preocupação: "Continuo preocupado com a falta de recursos que vai existir daqui para frente... Não me parece que a correção monetária seja atraente para ninguém... Isso significa retornos em cinco anos quando sabemos que capital intensivo tem retorno de oito, dez, 12 anos. Isso tem levado também muitas empresas estatais a um estado de insolvência maior, o que acaba refletindo na iniciativa privada".

                          Em seu auge, a Bardella consagrou-se como uma das maiores fornecedoras de equipamentos para os setores de metalurgia, energia, petróleo, gás e aços trefilados e laminados. Nos anos 90, fornecia equipamentos para as maiores refinarias do país. Antes da crise, sua carteira de pedidos chegou a alcançar R$ 1 bilhão.

                          No documento em que solicita a recuperação judicial, a empresa cita o escândalo que envolveu a Petrobras, que veio à tona com a operação Lava-Jato, como um dos principais motivos da crise que enfrenta.

                          A indústria de bens de capital brasileira ainda depende fortemente do que acontece na esfera política do país. Agora, porém, as empresas não contam mais com movimentos de lideranças que as representem de maneira tão forte como o que ficou registrado na histórica com o "Documento dos oito". (Colaborou Ivan Ryngelblum)

                          IMPRIMIR
                          BAIXAR

                          Compartilhe

                          Veja mais

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Investimento cai 2,2%, a primeira queda após seis trimestres de alta
                          Publicado em: 03/09/2025

                          O Globo

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - PIB da indústria desacelera sob peso da política monetária, avaliam economistas
                          Publicado em: 03/09/2025

                          Valor Ecômico

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Brasil exporta aos EUA 3,4% da sua produção industrial
                          Publicado em: 20/08/2025

                          Folha de São Paulo

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Brasil precisa abrir mais mercados para exportação, defendem especialistas
                          Publicado em: 14/08/2025

                          Valor Econômico

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - 'Brasil Soberano' é socorro paliativo e solução está em novos mercados e negociação, dizem economistas
                          Publicado em: 13/08/2025

                          Valor Econômico

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Antes de tarifaço, indústria do país desaba em ranking mundial
                          Publicado em: 05/08/2025

                          Valor Econômico

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Ratinho reúne empresários em SP e aproveita vácuo na direita para tentar se viabilizar ao Planalto
                          Publicado em: 30/07/2025

                          O Estado de São Paulo

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Venda de valor agregado mais alto para EUA amplia perdas com tarifaço
                          Publicado em: 23/07/2025

                          Valor Econômico

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Indústria extrativa multiplica por 6 fatia no PIB em 3 décadas; construção cai pela metade
                          Publicado em: 05/07/2025

                          Folha de São Paulo

                          IMPRENSA
                          IEDI na Imprensa - Freio forte na indústria deve bater no PIB
                          Publicado em: 03/07/2025

                          Valor Econômico

                          INSTITUCIONAL

                          Quem somos

                          Conselho

                          Missão

                          Visão

                          CONTEÚDO

                          Estudos

                          Carta IEDI

                          Análise IEDI

                          CONTATO

                          55 11 5505 4922

                          instituto@iedi.org.br

                          Av. Pedroso de Morais, nº 103
                          conj. 223 - Pinheiros
                          São Paulo, SP - Brasil
                          CEP 05419-000

                          © Copyright 2017 Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Todos os direitos reservados.

                          © Copyright 2017 Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial.
                          Todos os direitos reservados.