Carta IEDI
Ampliação da vantagem do Brasil frente ao dinamismo industrial no mundo
Segundo os últimos dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), o reforço do crescimento da indústria de transformação mundial, registrado no final da primeira metade de 2024, foi interrompido no 3º trim/24. No Brasil, a seu turno, o setor continuou acelerando e sua vantagem sobre o total global se ampliou.
A produção manufatureira global registrou variação de +0,4% no 3º trim/24, menos da metade do resultado do 2º trim/24 (+0,9%), considerada a comparação com o período imediatamente anterior, já descontados os efeitos sazonais.
Frente ao mesmo período do ano passado, o setor não voltou a apresentar ganho de velocidade; mas ao menos também não esmoreceu. O resultado de +2,3% no 3º trim/24 foi o mesmo do 2º trim/24, mantendo-se acima do ritmo da virada do ano (+1,5%).
As travas da indústria mundial consistiram nas economias desenvolvidas do Hemisfério Norte. Houve queda da produção na Europa e na América do Norte, bem como do conjunto de países industrializados de alta renda quando considerada a comparação do 3º trim/24 com o 2º trim/24, o que se refletiu em desaceleração no contraste interanual (3º trim/24 ante o 3º trim/23).
Vale notar que, embora no positivo e acima do total global, a indústria na China também perdeu dinamismo. No contraste com o trimestre anterior, desacelerou de +1,5% para +1,1% do 2º para o 3º trim/24. Na comparação com o ano anterior, saiu de +6,6% para +5,9%, preservando um patamar de resultado bastante superior ao que registrou na maior parte de 2023.
Setorialmente, foram os ramos de menor intensidade tecnológica que puxaram a indústria global para baixo, sob influência, por exemplo, da virtual estagnação em alimentos (+0,3% ante o 2º trim/24) e da queda em bebidas (-0,5%). Já a indústria de média-alta e alta tecnologia cresceram à frente do total global: +1,0% ante o 2º trim/24, com ajuda dos ramos de computadores e eletrônicos (+2,1%) e farmacêuticos (+2,6%).
Em contraste, entre as alavancas do crescimento estão os países industrializados de renda média exceto a China, cuja produção ganhou vigor na passagem do 2º trim/24 (+0,3%) para o 3º trim/24 (+0,8%) e se mostrou resiliente (em +1,7%) na comparação com o ano passado.
Já do ponto de vista regional, o maior destaque positivo coube à indústria de transformação da América Latina e Caribe, que, após quatro quedas consecutivas, aumentou sua produção em +1,7% entre o 2º trim/24 e o 3º trim/24, com ajuste sazonal. Ocupou assim a liderança da expansão industrial mundial neste último trimestre. Frente ao mesmo período do ano anterior, a seu turno, foi a primeira taxa positiva (+1,1%) da região depois de cinco retrocessos.
Embora não tenha sido o único país a ampliar produção industrial, este desempenho da América Latina se explica em muito pela boa evolução do setor no Brasil, que é a maior economia da região. Nossa indústria de transformação conseguiu reverter uma queda de -1,0% no 3º trim/23 em expansão de +4,6% no 3º trim/24, quando tomada a comparação interanual, com correção de efeitos sazonais.
Ou seja, o ritmo de avanço de nossa indústria foi duas vezes maior do que o do total mundial (+2,3%) e pouco mais de quatro vezes mais do que o resultado da América Latina e Caribe em seu agregado (+1,1%).
A UNIDO destaca o desempenho de outros parques industriais importantes na região, mas que, ainda assim, tiveram uma performance bastante inferior à do Brasil, como a alta de +0,9% no México. Na Argentina houve recuo (-7,6%), mas não de dois dígitos como vinha ocorrendo.
Importante notar também que a vantagem da performance industrial brasileira em relação ao total mundial aumentou expressivamente. No 1º trim/24 o ritmo de crescimento da indústria de transformação do Brasil era +0,3 ponto percentual acima do total global, passando para +0,4 p.p. no 2º trim/24 e então para +2,3% p.p. agora no 3º trim/24, tomando as comparações interanuais.
Vale observar ainda que todas essas variações apresentam ajuste sazonal, tal como a UNIDO trabalha os dados, enquanto o IBGE em geral calcula as variações interanuais com dados sem ajuste sazonal. Por isso, pode ser que o leitor encontre pequenos desvios em relação aos dados divulgados no site do IBGE.
Outro destaque a ser feito é que o desempenho dos ramos de maior intensidade tecnológica, que no mundo caminharam à frente da indústria de transformação como um todo, como mencionado anteriormente, também tem ocorrido no Brasil. Na verdade, esta é uma marca do resultado industrial de 2024 no país.
É o que mostra o levantamento período feito pelo IEDI a partir dos dados do IBGE, que foi abordado em detalhes na Carta IEDI n. 1296 “A reação da indústria de alta tecnologia”.
No 3º trim/24, o agregado da indústria de alta e média-alta tecnologia registrou expansão de +9,4%, segundo estes dados do IEDI, mais do que o dobro do resultado da indústria de transformação nacional. É uma realidade bastante distinta daquela do final de 2023, quando havia recuo de -17,3% frente ao mesmo período do ano anterior.
Ao longo de 2024, a trajetória tem sido de sistemática aceleração da produção industrial no Brasil, favorecida pela fase anterior de redução das taxas de juros no país e consequente melhora das condições de crédito. Este fator, somado ao reforço da atuação do BNDES em direção à inovação, digitalização e sustentabilidade, mobilizou a produção de bens de capital e de bens de consumo duráveis, que possuem muitas atividades classificadas como alta e média-alta tecnologia.
Os programas governamentais de transferência de renda e a retomada dos investimentos, notadamente os privados em infraestrutura, também estimularam a demanda por bens industriais. Ademais, a desvalorização do real contribuiu para canalizá-la à produção nacional, ainda que a pressão concorrencial de importados tenha se mostrado intensa em alguns setores.
O aspecto preocupante é que a nova fase da política monetária no Banco Central do Brasil, que já sinalizou novos aumentos e em ritmo mais acentuado, tende a deprimir a evolução industrial que temos visto no país, com risco de abortar o início de retomada que estamos assistindo.
Ao menos inicialmente, este efeito pode ser contrabalanceado, pelo programa de depreciação super acelerada, pelo reforço do funding de BNDES por meio das LCDs, e pelo fato de o mercado de trabalho levar algum tempo para sentir os efeitos da desaceleração econômica que os juros mais altos devem provocar.
De todo modo, é provável que se reduza o diferencial de crescimento da nossa indústria com a indústria mundial, dado que os juros internacionais não reverteram sua tendência, ainda que cortes menores sejam esperados nos EUA, devido a potenciais efeitos inflacionários de políticas protecionistas do governo Trump. E que pese a desorganização de cadeias industriais mundiais caso o aumento de tarifas seja amplo e expressivo.
A indústria de transformação mundial no 3º trim/2024
Os dados mais recentes sobre a evolução da produção industrial mundial, divulgados pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization), incorporaram o desempenho do 3° trim/24, quando a indústria de transformação global voltou a apresentar desaceleração na comparação com o trimestre imediatamente anterior e manutenção do ritmo de crescimento no contraste com o mesmo período de 2023, já corrigidos os efeitos sazonais.
O resultado foi de +0,4% no 3º trim/24 ante o 2º trim/24, isto é, menos da metade da variação do trimestre anterior (+0,9%), mas ainda assim superior à virtual estagnação da entrada do ano (+0,1% no 1º trim/24).
Na comparação interanual, isto é, frente ao mesmo período do ano anterior, por sua vez, a produção manufatureira mundial avançou +2,3%, mantendo a mesma variação registrada no 2º trim/24 do trimestre anterior. Com isso, o resultado médio trimestral de 2024 foi de 2%, o dobro da média dos três primeiros trimestres de 2023.
De acordo com a UNIDO, a evolução global recente reflete um conjunto de fatores desafiadores, como uma taxa de inflação volátil, devido a flutuações nos preços de energia, instabilidades políticas e repercussões de conflitos regionais, que levam a interrupções na cadeia de suprimentos.
Além disso, a escassez de mão de obra qualificada em alguns setores e desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos também têm restringido o crescimento da produção manufatureira mundial.
No 3º trim/24, a desaceleração frente ao 2º trim/24 foi ensejada pelas economias industrializadas do Hemisfério Norte. Em seu conjunto, a Europa saiu de um crescimento de +0,1% para -0,5% e a América do Norte, embora também no vermelho, aproximou-se mais da estabilidade, com variação de -0,2%.
Em contrapartida, os países da América Latina foram os que lideraram o aumento de produção na passagem do 2º para o 3º trim/24, registrando alta de +1,7%, já corrigidos os efeitos sazonais. Cabe ressaltar que este foi o primeiro resultado positivo desde o 2° trim/23 (+0,1%).
A Ásia e Oceania (incluindo China) alcançou o segundo melhor desempenho nesta comparação mais de curto prazo, com uma expansão de +0,8%, após alta de +1,5% no 2° trim/24. Muito disso devido à China, já que, Ásia e Oceania excluindo o gigante asiático, assinalou alta de apenas +0,2%, frente a variação de +1,5% no trimestre anterior.
Por esse resultado, pode-se verificar a importância da indústria chinesa nessa região. Ainda na comparação com trimestre anterior, a produção da China teve variação de +1,1%, mostrando uma desaceleração, mas ainda assim com certa dose de resiliência, trimestre após trimestre desde meados de 2023: +1,8% no 3º trim/23; +1,7% no 4º trim/23; +1,4% no 1º trim/24 e +1,5% no 2º trim/24, sempre na série com ajuste sazonal.
As economias africanas tiveram variação de +0,6% ante +0,5% no 2° trim/24; mantendo ritmo estável de crescimento na comparação com trimestre imediatamente anterior.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, a indústria de transformação mundial cresceu +2,3%, resiliente em relação ao resultado anterior, também de +2,3% no 2º trim/24. Regionalmente, isso foi obtido com melhora na América Latina e Europa em compensação à desaceleração na Ásia.
A Europa, que tem apresentado taxas negativas nesta comparação desde o 3º trim/23, recuou novamente no 3º trim/24 (-0,4%), porém em um ritmo bem menos intenso do que nos demais trimestres de 2024 (-2,2% no 1º trim/24 e -1,5% no 2º trim/24).
Canadá e EUA, por sua vez, também assinalaram queda na comparação interanual (-0,6%), em magnitude próxima daquela do trimestre anterior (-0,5%). Com isso, as economias industrializadas do Hemisfério Norte continuaram restringindo o dinamismo industrial mundial nesta comparação interanual.
Enquanto Europa e América do Norte ficaram em terreno negativo, a América Latina e Caribe reverteu o sinal da produção manufatureira, obtendo alta de +1,1% frente a queda de -1,6% do trimestre anterior. Foi a primeira taxa positiva desde o 1º trim/23 e contou com a ajuda do Brasil, como veremos mais à frente.
A indústria da África assinalou expansão de +1,9% no 3º trim/24, mantendo trajetória crescente. Já a Ásia e Oceania manteve-se na liderança dentre as regiões. Quando a China é incluída no grupo, a variação foi de +4,2%, e sozinho, o país cresceu +5,9%. Por outro lado, quando excluímos a China, a variação deste grupo segue positiva, mas bem mais modesta (+1,6%).
Por dentro das regiões
Na passagem do 2º trim/24 para o 3º trim/24, na série com ajuste sazonal, a produção industrial na América Latina e no Caribe apresentou o maior crescimento dentre as regiões (+1,7%), como mencionado anteriormente. Este resultado foi impulsionado pelo forte desempenho dos maiores fabricantes da região: Argentina, Brasil e México.
Nesta base de comparação, enquanto a produção do Brasil cresceu +1,7%, e a do México, +1,3%. A Argentina, contando com bases de comparação muito baixas devido ao quadro econômico do país, cresceu +4,5%, após quatro trimestres consecutivos de recuos. No Chile, a indústria de transformação assinalou alta de +3,9%.
Já frente ao mesmo trimestre de 2023, a indústria latino-americana cresceu +1,1%. O destaque ficou por conta do Brasil, que obteve expansão de +4,6%. A produção industrial também cresceu no México (+0,9%), enquanto na Argentina voltou a ficar no vermelho (-7,6%). Cabe observar que a taxa negativa da indústria argentina se tornou bem menos intensa do que as dos trimestres anteriores (-12,9% no 1° trim/24 e -16,2% no 2° trim/24).
A região da Ásia e a Oceania (exceto China), que apresentou volatilidade na primeira metade de 2024 (-0,7% no 1º trim/24 e +1,5% no 2º trim/24), aproximou-se da estabilidade no 3º trim/24: +0,2%. Índia (+0,7%) e Taiwan (+1,9%) aumentaram produção, enquanto Japão (-0,3%), Coreia do Sul (-1,4%) e Turquia (-1,5%) reduziram produção. Por sua vez, a China assinalou alta de +1,1% nesta comparação.
Na comparação interanual, os países asiáticos (exceto China) assinalaram crescimento de +4,2%, com crescimento na produção industrial de Taiwan (+12,6%), Coréia do Sul (+1,9%), Índia (+3,3%) e Malásia (+5,9%), enquanto Japão (-1,8%) e Turquia (-4,3%) continuam registrando redução na produção.
Dados limitados para a África indicam um aumento na produção industrial na passagem do 2º trim/24 para o 3º trim/24 de +0,6%. No entanto, os padrões de crescimento nas economias africanas variaram significativamente. Por exemplo, Nigéria (+0,3%), África do Sul (+0,2%) e Togo (+3,2%) experimentaram crescimento de produção em diferentes intensidades, enquanto Burundi (-6,9%), Ruanda (-1,5%) e Senegal (-0,9%) tiveram declínios significativos.
Na comparação interanual, os países africanos assinalaram crescimento de +1,9% na produção industrial, com destaques positivos para África do Sul (+0,3%), Nigéria (+0,6%) e Senegal (+0,6%).
A produção industrial dos países europeus, por sua vez, decresceu (-0,5%) no 3º trim/24 frente ao trimestre anterior, como visto anteriormente. De acordo com a UNIDO, esta região continua em trajetória volátil, lutando contra obstáculos importantes, como a inflação alta e a fraca demanda dos consumidores.
Entre os principais produtores da região, a indústria da França (0,0%) ficou estagnada, enquanto Alemanha (-1,8%), Itália (-1,3%) e Suíça (-1,2%) experimentaram declínio. Em contraste, a produção na Áustria (+0,6%), Rússia (+1,4%) e Suécia (+0,7%) mostrou crescimento.
Na comparação entre o 3º trim/24 e 3º trim/23, a indústria europeia recuou -0,4%, com quedas na França (-1,0%), Alemanha (-4,6%), Itália (-4,2%) e Reino Unido (-1,1%), enquanto Irlanda e Rússia avançaram +6,3% e +6,6%, respectivamente.
No trimestre jul-set/24 frente ao trimestre imediatamente anterior, a produção industrial na América do Norte registrou -0,2%, impulsionada pela virtual estabilidade nos Estados Unidos (-0,2%) e retração no Canadá (-1,6%). Na comparação com mesmo período de 2023, a queda foi de -0,6%, com recuos de -0,4% nos Estados Unidos e de -3,6% no Canadá.
O desempenho das economias industrializadas
As economias industrializadas (de renda alta e média) representam 93% do valor agregado na indústria mundial de acordo com a UNIDO. No 3º trim/24, a indústria de transformação dessas economias cresceu na comparação com o trimestre anterior (+0,3%, com ajuste), mantendo-se em terreno positivo.
Cabe observar que a UNIDO classifica como industrializados os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
Uma análise mais detalhada revela diversos padrões de crescimento entre essas economias. Por exemplo, Argentina (+4,5%), Bélgica (+2,6%), Malásia (+2,1%) e Cingapura (+12,3%) alcançaram crescimento bem superior à média desse grupo no período entre jul-set/24 frente ao trimestre anterior. Por outro lado, a produção industrial caiu em países como Canadá (-1,6%), Alemanha (-1,8%) e Irlanda (-3,1%) na mesma comparação.
Dados desagregados revelaram um desempenho volátil de economias industriais de alta renda nos últimos trimestres, culminando em uma redução de produção de -0,3% no 3º trim/24. Enquanto Croácia (+2,8), Cingapura e Taiwan (+1,9%) foram destaques positivos, Austrália (-0,8%), Alemanha e Coreia do Sul (-1,4%) ficaram no vermelho.
Em contraste, a China e o grupo de economias industriais de renda média (excluindo China) apresentaram avanços de produção de +1,1% e +0,8%, respectivamente na comparação com o trimestre imediatamente anterior. Dada a participação substancial da China na produção geral das economias industriais de renda média, a análise da UNIDO destaca individualmente a China.
Outras economias industriais de renda média com desempenho positivo no 3º trim/24 incluem Brasil (+1,7%), Malásia (+2,1%) e México (+1,3%), enquanto Colômbia (-0,4%), Filipinas (-1,3%) e Tailândia (-1,3%) aparecem entre as poucas economias neste grupo que sofreram redução de produção.
Desempenho das economias em industrialização
Este grupo de países, que responde por apenas 7% da produção global, é extremamente heterogêneo quanto a seu nível de renda per capita, incluindo, por exemplo, Chile, Hong Kong, Dinamarca, Grécia, Portugal, entre outros, segundo a classificação da UNIDO.
O nível de produção desse grupo aumentou gradualmente nos últimos anos e, no 3° trim/24, atingiu um crescimento de produção frente ao trimestre anterior de +0,5%, acima da taxa observada em economias industriais.
De acordo com a UNIDO, esse maior dinamismo das economias em industrialização nos últimos trimestres sugere que um processo de convergência entre esses dois grupos pode estar em andamento. Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, a variação foi +3,1%, enquanto a das economias industrializadas foi de +2,2%.
A análise de subgrupos específicos revela maiores detalhes: a produção nas economias em industrialização de alta renda expandiu marginalmente (+0,3%) na comparação trimestral. Dentro deste grupo, Chile (+3,9%), Dinamarca (+2,1%) e Noruega (+2,8%) apresentaram as maiores contribuições positivas, enquanto a Arábia Saudita experimentou declínio de -2,1%.
Enquanto isso, a produção de economias em industrialização de renda média cresceu +0,5%, com Quirguistão (+2,8%), Montenegro (+5,2%) e Moldávia (+2,9%) como destaques.
O número de economias em industrialização de baixa renda relatando dados de produção industrial diminuiu nos últimos trimestres. Atualmente, a cobertura de dados do país é insuficiente e, portanto, este grupo foi excluído da análise da UNIDO. No entanto, dados de países específicos destacam a assimetria nesta região.
Por exemplo, Togo relatou crescimento de +3,2%, enquanto Burundi e Ruanda experimentaram declínios de -6,9% e -1,5%, respectivamente. Cabe destacar que todas as variações são em relação ao trimestre anterior com ajuste sazonal.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo especial de economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas onde o setor apresenta igualmente forte crescimento.
Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Nos últimos cinco trimestres anteriores, expandiu em mais de +1,0% na comparação trimestral, incluindo um crescimento de +1,1% no 3° trim/24.
Na análise por país, a indústria de transformação mostrou um forte dinamismo frente ao trimestre anterior. Malásia (+2,1%) e China (+1,1%) lideraram este grupo, crescendo mais de 1,0% no 3º trim/24 frente ao 2º trim/24. Bangladesh (+0,5%) e Vietnã (+0,4%) também assinalaram aumentos, embora moderados, enquanto Ruanda sofreu uma perda de produção.
Análise setorial
De acordo com a UNIDO, os dados do 3° trim/24 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo em meio aos muitos desafios apontados anteriormente.
Embora tenham experimentado uma desaceleração temporária no 1º trim/24, as indústrias de média alta e alta tecnologia retornaram ao crescimento no trimestre seguinte, com aumento de produção de +1,5%.
Essa tendência ascendente continuou no 3º trim/24, com expansão de +1,0%. Por outro lado, os setores industriais de menor tecnologia permaneceram estáveis.
O desempenho dos setores de alta tecnologia foi impulsionado principalmente pela produção de produtos farmacêuticos (+2,6%), computadores e eletrônicos (+2,1%) e equipamentos elétricos (+1,0%). O setor de máquinas e equipamentos, por outro lado, mostrou o pior desempenho no trimestre atual entre as indústrias de média-alta e alta tecnologia.
A produção de produtos farmacêuticos tem experimentado volatilidade significativa nos últimos tempos. No entanto, mais recentemente, esta indústria mostra resiliência, com dois trimestres consecutivos de crescimento excedendo +2,0%. Os dois maiores fabricantes, os Estados Unidos (+4,7%) e a China (+0,9%), foram os principais motores para esse crescimento.
Embora o agregado mundial tenha se expandido, o desempenho das indústrias por conteúdo tecnológico diferiu entre os grupos de países. As economias em industrialização exibiram um desempenho diversificado em todas as indústrias. Todos os setores de alta tecnologia experimentaram crescimento, enquanto as indústrias de baixa tecnologia, particularmente metais básicos (-3,2%) e produtos minerais não metálicos (-2,7%) tiveram quedas.