Carta IEDI
A lenta e descontínua recuperação em 2018
2018 poderia ter sido o ano de consolidação da recuperação. Não foi. Fatores excepcionais contribuíram parcialmente para a trajetória frustrante do ano passado, como a greve dos caminhoneiros em maio, as eleições em outubro e a crise da Argentina dos últimos meses, ao perturbarem o fluxo normal de mercadorias, ampliarem a incerteza e restringirem as exportações de manufaturados.
É preciso reconhecer também que, além destes fatores, não há plenamente um motor de crescimento econômico em operação a impulsionar a atividade industrial. Isto é, continuam existindo entraves importantes de caráter mais sistêmicos que impedem que a retomada da indústria deslanche. É o caso, por exemplo, do desemprego em patamares elevados, das condições de financiamento não totalmente normalizadas, de investimentos públicos congelados, das inversões em infraestrutura muito insuficientes e de problemas de longa data da competitividade da produção nacional.
O resultado foi uma variação de apenas +1,1% da produção industrial em 2018, ou seja, menos da metade daquela de 2017 (+2,5%). O quadro nos últimos meses do ano foi ainda pior do que sugere o acumulado de janeiro a dezembro. No 4º trim/18, a indústria voltou ao vermelho: -1,1% frente ao mesmo período do ano anterior, depois de ter avançado +5% no 4º trim/17. Esta involução tampouco ficou restrita a poucos ramos industriais.
Como assinala o IBGE, metade dos 26 ramos identificados em sua pesquisa ficou no negativo no acumulado de 2018, uma proporção duas vezes maior do que a registrada em 2017 (7 ramos no negativo). O levantamento do IEDI com 93 segmentos da indústria, realizado a partir de dados mais desagregados do IBGE, mostra igualmente uma profusão de sinais negativos.
Destes 93 segmentos, 43 registraram declínio no ano passado, ou seja, 46% do total. Outros 50 conseguiram crescer (54% do total). Em 2017, tinham sido 58 segmentos em alta e 35 em queda. Isto é, a proporção daqueles em retrocesso avançou 23% e aquela dos segmentos com crescimento recuou 14%, indicando que mais ramos industriais tiveram dificuldade de dar prosseguimento à saída da crise.
Agrava a situação o fato de que, embora pouco mais da metade dos segmentos tenham crescido, nem por isso se livraram da desaceleração. Dos 93 segmentos, 53 registraram um resultado mais fraco do que no ano anterior, ou seja, 57% do total. Esta proporção é mais do o triplo daquele de verificada em 2017.
Deste modo, praticamente todos os macrossetores da indústria encontraram dificuldades para manter seu nível de atividade. O movimento foi forte em bens de consumo duráveis, que passaram de +13,2% em 2017 para +7,6% em 2018, e em bens intermediários, de +1,7% para somente +0,4% respectivamente. Para bens de consumo semi e não duráveis, as implicações foram mais prejudiciais: saíram de +0,8% em 2017 para -0,3% em 2018. A única exceção se deu em bens de capital, com alta de +6,2% em 2017 e de +7,4% em 2018, embora a perda de ímpeto no 4º trim/18 tenha sido notável (+3,4%).
Geograficamente, o enfraquecimento industrial também foi bastante disseminado: 10 das 15 localidades identificadas pelo IBGE se saíram pior em 2018 do que em 2017, embora a maioria (11) tenha conseguido crescer no acumulado do ano. Em 2017, o saldo havia sido melhor: 13 localidades em alta e todas com aceleração frente a 2016. Não bastasse, o quarto trimestre de 2018 foi negativo para metade dos parques regionais, ao atingir 7 das 15 localidades.
Apesar desta elevada amplitude, o que mais preocupa é que São Paulo, que possui o parque mais diversificado e moderno do país, é um dos líderes do processo, com dois trimestres seguidos de queda que se aprofundou rapidamente, passando de -1% no 3º trim/18 para -3,7% no 4º trim/18. No acumulado do ano, a indústria paulista só evitou o terreno negativo graças aos primeiros meses do ano e, ainda assim, aproximou-se muito da estagnação: apenas +0,8% frente a 2017.
É verdade que boa parte das dificuldades da indústria de São Paulo deve-se ao ramo alimentício, sobretudo, ao sucroalcooleiro, em função de fatores climáticos desfavoráveis e de problemas financeiros das empresas, mas sua piora é mais difundida do que isso: 61% dos ramos presentes no estado perderam ímpeto e 44% acumularam queda em 2018, incluindo confecção, têxteis, higiene e limpeza, informática e eletrônicos, além de alimentos e outros mais.
Um comentário adicional: os resultados de 2017 e 2018 refletem apenas uma reativação conjuntural da atividade industrial. Uma real mudança deste quadro, com o efetivo revigoramento da indústria, necessário sobretudo para enfrentar os desafios da nova revolução tecnológica, implica ações estruturais em prol da produtividade e da competitividade, a exemplo da reforma tributária, e da adoção de políticas industriais modernas e adequadas aos novos tempos, muito em linha com as sugestões e reflexões que o IEDI vem fazendo e que foram sintetizadas no documento “Indústria e o Brasil do Futuro”.
Resultados da Indústria
Em dezembro de 2018, a produção industrial variou +0,2% na comparação com o mês anterior, já descontados os efeitos sazonais, depois de ter registrado três meses seguidos de queda, entre julho e setembro, e de ter ficado virtualmente estagnada também em outubro (+0,3%) e novembro (-0,1%). Assim, o desempenho do setor na segunda metade do ano tem se mostrado pior do que o esperado. Dos 12 meses de 2018 com resultados oficiais já conhecidos, o saldo está longe de favorável: 6 meses negativos na série com ajuste sazonal, isto é, metade do ano no vermelho.
O resultado da indústria em comparação com o mesmo período do ano anterior, que já havia registrado variação negativa em novembro (-1,0%), aprofundou ainda mais sua queda em dezembro: -3,6%. Sendo assim, a tendência de enfraquecimento do crescimento industrial em 2018 teve continuidade no último trimestre do ano. Depois de um avanço de +5% no 4º trim/17, os resultados da indústria encolheram para: +2,8% no 1º trim/18; +1,8% no 2º trim/18; +1,2% no 3º trim/18 e finalmente resvalaram para a faixa negativa no 4º trim/18: -1,1%, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em relação aos macrossetores, na comparação com novembro, descontados os efeitos sazonais, os resultados foram negativos em dois deles. Houve retrocesso de -5,7% na produção de bens de capital e de -2,1% em bens de consumo duráveis. Bens de consumo semi e não duráveis ficaram praticamente estáveis (+0,2%), enquanto os bens intermediários cresceram +0,7%.
Já na comparação de dezembro de 2018 com dezembro de 2017, todos os macrossetores registraram perdas. Bens de consumo duráveis foi o macrossetor que mais declinou: -14,3%, tendo sido seguido por bens de capital (-5,6%), bens de consumo semi e não duráveis (-2,5%) e por bens intermediários (-2,3%).
Em dezembro, o declínio interanual de -2,3% de bens intermediários foi o quarto resultado negativo consecutivo. As principais influências negativas couberam aos intermediários de produtos alimentícios (-11,1%), de veículos automotores, reboques e carrocerias (-15,2%), de produtos de borracha e de material plástico (-10,6%), de outros produtos químicos (-6,1%), de metalurgia (-4,2%) e de máquinas e equipamentos (-9,2%), entre outros. Já as pressões positivas vieram de indústrias extrativas (+6,5%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+2,8%) e produtos de minerais não-metálicos (+0,9%).
O declínio de bens de consumo semi e não duráveis em dezembro de 2018, de somente -2,5% veio depois de quatro meses seguidos de queda. Dentre as influências negativas estão o grupamento de alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (-4,8%) e os subsetores de semiduráveis (-4,3%) e de carburantes (-5,1%).
Já o macrossetor de bens de capital, que decresceu -5,6% ante dezembro de 2017, teve desempenho explicado pelos recuos verificados nos grupamentos de bens de capital para fins industriais (-12,1%) e para equipamentos de transporte (-5,9%), seguidos por bens de capital de uso misto (-12,3%) e para construção (-8,1%). Os impactos positivos vieram de bens de capital agrícolas (+20,2%) e energia elétrica (+0,5%).
Por fim, o macrossetor de bens de consumo duráveis, que caiu 14,3% ante dezembro de 2017, a queda mais intensa desde jul/16 (-16,1%) na comparação interanual, teve desempenho explicado por: fabricação de automóveis (-16,9%), eletrodomésticos da “linha marrom” (-23,0%) e da “linha branca” (-2,7%), móveis (-12,4%), motocicletas (-4,2%) e outros eletrodomésticos (-2,4%).
No acumulado de janeiro a dezembro de 2018, a indústria geral apresentou resultado de apenas +1,1% frente a igual período do ano anterior, isto é, bastante inferior ao ritmo de crescimento de 2017 como um todo: +2,5%. O resultado acumulado no ano foi condicionado notadamente por bens de consumo duráveis (+7,6%) e bens de capital (+7,4%), impulsionados, em grande parte, pela ampliação na fabricação de automóveis, eletrodomésticos da “linha marrom”; bens de capital para equipamentos de transporte (+13,8%) e para construção (+25,2%). O setor de bens intermediários (+0,4%) cresceu menos e bens de consumo semi e não-duráveis acumularam queda de -0,3%.
Por dentro da Indústria de Transformação
A variação de +0,2% da produção industrial geral em dezembro de 2018 foi acompanhada de retração (-0,4%) na indústria de transformação e de expansão de +1,3% no ramo extrativista, já realizado o ajuste sazonal. No primeiro caso, foi a última de uma série de seis taxas negativas consecutivas. Em relação a dezembro de 2017, os resultados da indústria geral e de transformação também foram negativos: de -3,6% e de -5,2%, respectivamente, enquanto o setor extrativista registrou +6,5%.
Frente a novembro de 2018, na série com ajuste sazonal, o acréscimo de +0,2% da indústria geral foi acompanhado por 11 dos 26 ramos pesquisados. As principais influências positivas vieram de produtos alimentícios (+1,5%), produtos diversos (+6,9%) e coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+0,6%), além das indústrias extrativas (+1,3%). Dos quinze ramos em queda, destacaram-se veículos automotores, reboques e carrocerias (-3,1%), máquinas e equipamentos (-2,5%), outros produtos químicos (-1,3%), metalurgia (-1,3%), celulose, papel e produtos de papel (-1,8%) e móveis (-4,7%), entre outros.
Na comparação com igual mês do ano anterior, em que a indústria geral apresentou queda de -3,6% na produção, variações negativas marcaram o desempenho de 21 dos 26 ramos, 56 dos 79 grupos e 62,5% dos 805 produtos pesquisados. O destaque desfavorável ficou a cargo de produtos alimentícios (-7,8%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-12,0%), produtos de borracha e de material plástico (-10,5%), outros produtos químicos (-6,2%), equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-19,0%), máquinas e equipamentos (-6,2%), outros equipamentos de transporte (-18,5%), produtos têxteis (-11,1%), celulose, papel e produtos de papel (-3,0%), entre outros. Já entre os cinco setores que apontaram ampliação na produção, destacaram-se os produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+25,1%), além das indústrias extrativas (+6,5%).
Já no acumulado do ano de janeiro a dezembro de 2018, frente a igual período do ano anterior, o setor industrial mostrou expansão de +1,1%, com resultados positivos em 13 dos 26 ramos, 42 dos 79 grupos e 50,9% dos 805 produtos pesquisados. Os principais resultados positivos foram verificados em veículos automotores, reboques e carrocerias (+12,6%), metalurgia (+4,0%), celulose, papel e produtos de papel (+4,9%), máquinas e equipamentos (+3,4%), produtos farmoquímicos e farmacêuticos (+6,1%), coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (+1,0%), entre outros, além das indústrias extrativas (+1,3%). Por sua vez, entre as treze atividades em queda, destacaram-se produtos alimentícios (-5,1%), artigos de confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,3%) e de couro, artigos para viagem e calçados (-2,3%).
Exportação
Segundo os dados da Funcex, divulgados pelo IBGE conjuntamente com os resultados da produção industrial, o quantum das exportações de manufaturados no mês de dezembro de 2018 declinou -5,3% depois de forte alta em novembro (+21,8%), frente ao mesmo período do ano anterior. Com disso, o resultado no acumulado do ano foi de +2,8%, isto é, o mesmo de 2017 (+2,7%), mas muito abaixo daquele de 2016 (+7,9%)
Por sua vez, as importações em quantum de matérias-primas para a indústria também recuaram -3,7% na comparação de dezembro 2018 com dezembro 2017. No acumulado dos doze meses do ano passado, contudo, houve expansão de +5,0% frente ao mesmo período do ano passado. Este resultado ficou abaixo daquele de 2017 (+7,0%), mas implicou uma velocidade mais do que duas vezes superior ao dinamismo das exportações de 2018.
Utilização de Capacidade
O nível de utilização da capacidade instalada da indústria de transformação, de acordo com a série da FGV com ajustes sazonais, foi de 74,8% em dezembro de 2018, 0,5 p.p. menor do que o patamar de novembro. Assim, o 4º trim/18 registrou nível médio de utilização da capacidade instalada de 75,5%, isto é, menor que o do 3º trim/18 (76,2%). Ademais, o atual nível de utilização continua muito baixo, inferior à média histórica do próprio indicador (80,2%) iniciada em janeiro de 2001.
Já o indicador da CNI, mostrou pequeno avanço do nível de utilização da capacidade, ao passar de 77% em novembro para 77,5% em dezembro de 2018, já descontados os efeitos sazonais. Assim como ocorre no caso do indicador da FGV, a utilização aferida pela CNI permanece razoavelmente abaixo da média histórica do indicador, iniciado em jan/03, e que é de 81%.
A permanência da utilização da capacidade em níveis historicamente baixos e sem uma trajetória inconteste de acentuada melhora não é um indício favorável para a evolução futura do investimento, isso porque máquinas e equipamentos atualmente ociosos deverão ser postos em funcionamento antes de os empresários pensarem em ampliar sua capacidade de produção. Em contrapartida, a existência de capacidade ociosa significa que existem plenas condições de oferta para garantir uma recuperação da atividade econômica sem pressões inflacionárias.
Estoques
De acordo com os dados da Sondagem Industrial da CNI, os estoques de produtos finais da indústria em dezembro de 2018 assinalaram índice de 46,6 pontos, voltando a ficar abaixo da marca dos 50 pontos, assim como em novembro, depois de quatro meses consecutivos acima dela, entre jul/18 e out/18. Vale lembrar que o indicador acima de 50 pontos indica aumento dos estoques e abaixo, redução deles. No caso do segmento da indústria de transformação, o indicador de estoques ficou em 46,7 pontos (-1,7 ponto frente a nov/18) e para a indústria extrativa em 43,5 pontos (-6,1 pontos frente a nov/18).
Na avaliação dos empresários, os estoques efetivos da indústria geral continuaram acima do nível planejado (isto é acima de 50 pontos), como tem ocorrido desde o mês de março, atingindo o patamar de 48,9 pontos em dezembro (-1,3 ponto frente a nov/18). No caso do setor extrativo e no caso da indústria de transformação, o indicador de satisfação dos estoques ficou em 48,6 pontos e em 48,9 pontos, respectivamente. Em outras palavras, com desaceleração da produção e redução dos indicadores de estoques, parece ter ocorrido um movimento de relativo ajustamento dos estoques no final de 2018.
No grupo industrial da indústria de transformação, 22 dos 26 ramos acompanhados pela CNI tiveram estoques iguais ou menores do que o planejado (50 pontos) em dezembro de 2018, como nos ramos de borracha (41 pontos), bebidas (41,5 pontos), biocombustíveis (41,7 pontos) e produtos de metal (44,9 pontos), entre outros. Cabe observar que, pela primeira vez no segundo semestre o número de setores com estoques iguais ou abaixo do planejado voltou a superar aquele de junho (20 ramos), mês a partir do qual houve reduções persistentes. Em contraste, ficaram com estoques efetivos acima do planejado em dezembro os setores de couros (55,4 pontos), têxteis (52,1 pontos), máquinas e equipamentos (51,6 pontos ) e máquinas e materiais elétricos (50,9 pontos), entre outros.
Confiança e Expectativas
Apesar da patente desaceleração do crescimento industrial no final de 2018, a evolução recente do Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Transformação da CNI (ICEI) dá indicativo favorável para a evolução futura do setor: não só voltou a ficar acima do patamar de 50 pontos como registrou expressivo avanço, atingindo 64,9 pontos em janeiro de 2019. A tendência de alta tem sido forte e persistente desde outubro de 2018, quando se encontrava em 53,9 pontos. Com isso, houve recomposição completa do patamar do indicador em relação ao nível de 59 pontos verificado no primeiro trimestre de 2018. Vale mencionar, contudo, que, por ora, o forte reforço da confiança pouco ou nada se refletiu em aumento efetivo da produção, tal como captada pela estatística oficial do IBGE. Por isso, cabe cautela sobre a evolução de janeiro de 2019.
O desempenho da confiança em janeiro do presente ano resultou principalmente de seu componente de expectativas para o futuro, que atingiu a marca de 70 pontos neste mês, o melhor registro desde março de 2010 (70,1 pontos). Isto é, em relação ao futuro, os empresários da indústria de transformação têm se tornado cada vez mais otimistas.
O componente de avaliação das condições atuais dos negócios também progrediu, retornando aos níveis da passagem de 2017 para 2018, mas de modo muito menos pronunciado do que as expectativas em relação ao futuro. Depois de cinco meses seguidos abaixo da linha dos 50 pontos, entre julho e outubro de 2018, indicando pessimismo dos empresários, voltou a superá-la em nov/18 (53,4 pontos), melhorando marginalmente desde então: 54,2 pontos em dez/18 e 54,7 pontos em jan/19.
Abre-se, então, a possibilidade de o quadro corrente dos negócios ir validando, pouco a pouco, as expectativas bem mais favoráveis em relação ao futuro, em uma dinâmica positiva para a criação de condições de uma reativação dos investimentos do setor. O descompasso da velocidade entre um e outro componente da confiança traz, porém, o risco de alguma correção nos próximos meses. O que se pode afirmar com certeza, por ora, é que as estatísticas oficiais do IBGE não captaram na evolução efetiva do setor uma melhora compatível com o reforço da confiança dos empresários do setor.
Por sua vez, o Índice de Confiança da Indústria de Transformação da FGV, que tinha voltado a indicar otimismo desde fevereiro de 2018 (100,4 pontos), já registra por 6 meses seguidos patamares inferiores a 100 pontos, indicando pessimismo dos empresários. Este comportamento tem se mostrado mais coerente com a evolução captada pelas estatísticas oficiais do IBGE para o período recente. Em janeiro de 2019, entretanto, o pessimismo dos empresários ficou menos substancial, à medida que o indicador voltou a se aproximar da linha dos 100 pontos: atingiu 98,2 pontos frente a 95,6 pontos em dez/18.
Seu componente de avaliação das condições correntes, por sua vez, também continuou abaixo da linha de 100 pontos, como tem sido a regra desde o mês de junho. Em janeiro registrou patamar de 97 pontos, acima daquele de dezembro (96 pontos), sugerindo uma redução do pessimismo. Seu componente expectacional, que também se encontra na região pessimista desde set/18 (97,1 pontos), registrou 99,7 pontos em jan/19, em uma trajetória que pode levá-lo acima da linha dos 100 pontos em breve.
Outro indicador frequentemente utilizado para se avaliar a perspectiva do dinamismo da indústria é o Purchasing Managers’ Index – PMI Manufacturing, calculado pela consultoria Markit Financial Information Services. Seu nível vinha se mantendo acima de 50 pontos desde abril de 2017, atingindo 52,5 pontos no 1º trim/18, o que indicava melhora das condições de negócio. Em junho de 2018, porém, caiu para 49,8 pontos e se recuperou apenas parcialmente no terceiro trimestre do ano (50,8 pontos). Desde então, este movimento tem tido continuidade, atingindo 52,7 pontos em janeiro de 2019. Vale mencionar que este nível tem sido praticamente o mesmo desde nov/18.
Os indicadores de confiança acima mencionados, notadamente seu componente referente às avaliações dos negócios correntes, sugerem que o desempenho industrial em janeiro pode ser muito próximo ao de dezembro ou ligeiramente superior, não restabelecendo o mesmo dinamismo registrado na virada de 2017 para 2018.
Anexo Estatístico
Mais Informações
Tabela: Produção Física - Subsetores Industriais
Variação % em Relação ao Mesmo Mês do Ano Anterior (clique aqui)