Análise IEDI
Perda intensa no Norte e no Sul do país
Na indústria, cujo declínio no mês de março de 2020 chegou a -9,1% ante o mês anterior, as perdas foram amplamente disseminadas entre seus diferentes ramos e, segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, também entre seus vários parques regionais. Todos ficaram no vermelho.
Dos 26 segmentos da indústria, 23 perderam produção na passagem de fevereiro para março, já descontados os efeitos sazonais, assim como todas as 15 localidades pesquisadas pelo IBGE, embora alguns parques não tenham registrado quedas tão excepcionais quanto outros.
São Paulo, que possui o maior número de casos de covid-19 confirmados e um dos primeiros a determinar o isolamento social, não está entre os piores resultados. Ainda na série com ajuste sazonal, a variação de -5,4% da indústria paulista foi a mais intensa desde a paralisação dos caminheiros. Apesar disso, manteve-se longe do nível da retração de mai/18 (-12,4%) e se saiu melhor do que o total Brasil agora em mar/20.
Outros estados cuja redução da produção industrial não chegou a destoar do padrão recente e também apresentaram resultados menos graves que o Brasil como um todo compreenderam Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Mato Grosso e Goiás.
Assim, o Sudeste, muito provavelmente em função da maior diversidade de sua indústria, e o Centro-Oeste, com forte concentração na produção de alimentos e no processamento de produtos agrícolas, conseguiram amortecer os impactos iniciais da crise do coronavírus. Os estados do Sul, Norte e Nordeste do país não tiveram esta sorte e recuaram fortemente, como mostram as variações com ajuste sazonal abaixo.
• Brasil: +1,3% em jan/20; +0,7 em fev/20; -9,1% em mar/20;
• São Paulo: +1,3%; -1,3% e -5,4%, respectivamente;
• Nordeste: +2,7%; +2,0% e -9,3%;
• Amazonas: +0,5%; -2,5% e -11,0%;
• Santa Catarina: +0,8%; +1,0% e -17,9%;
• Rio Grande do Sul: +3,9%; +2,9 e -20,1%, respectivamente.
O desempenho do Nordeste como um todo se aproximou muito do total Brasil, mas entre os estados acompanhados pelo IBGE que compõem a região há grande disparidade de resultados. Enquanto a indústria na Bahia registrou -5,0%, a queda chegou a nada menos do que -21,8% no Ceará.
Perdas de dois dígitos foram mais comuns no Norte e no Sul do país. Foram os casos de Amazonas, com -11%, e Pará, com -12,8%. Por sua vez, Santa Catarina e Rio Grande do Sul registraram as quedas mais intensas de toda série histórica com ajuste sazonal: -17,9% e -20,1%, superando, em ambos os casos, o tombo provocado pela greve dos caminhoneiros em mai/18 (-14,8% e -13,9%, respectivamente).
Na passagem de fevereiro para janeiro de 2020, a produção industrial brasileira registrou recuo de 9,1%, a partir dos dados dessazonalizados. Todos os 15 locais pesquisados registraram decréscimos nessa base de comparação: Ceará (-21,8%), Rio Grande do Sul (-20,1%), Santa Catarina (-17,9%), Pará (-12,8%), Amazonas (-11,0%), Região Nordeste (-9,3%), Pernambuco (-7,2%), Espírito Santo (-6,2%), São Paulo (-5,4%), Bahia (-5,0%), Paraná (-4,9%), Mato Grosso (-4,1%), Goiás (-2,8%), Rio de Janeiro (-1,3%) e Minas Gerais (-1,2%).
Analisando em relação a março de 2019, registrou-se retração de 3,8% da indústria nacional. Entre 15 locais pesquisados quatro registraram variação positiva: Rio de Janeiro (9,4%), Bahia (5,8%), Pernambuco (1,4%) e, Paraná (1,6%). Para as demais regiões, no comparativo com março de 2019, observaram-se variações negativas: Santa Catarina (-15,6%), Rio Grande do Sul (-13,7%), Espírito Santo (-14,2%), Ceará (-10,5%), Amazonas (-5,7%), Minas Gerais (-4,2%), São Paulo (4,2%), Pará (-2,4%), Mato Grosso (-2,2%), Goiás (-1,2%) e Região Nordeste (-1,0%).
Analisando para o acumulado do ano, registrou-se decréscimo de 1,7%, sendo que dos 15 locais pesquisados cinco apresentaram incrementos: Rio de Janeiro (9,8%), Bahia (7,1%), Pernambuco (5,6%), Nordeste (4,3%) e, Paraná (2,6%). Por outro lado, as demais regiões apresentaram decréscimos: Espírito Santo (-13,3%), Minas Gerais (-8,4%), Santa Catarina (-5,1%), Rio Grande do Sul (-4,7%), São Paulo (-2,3%), Mato Grosso (-1,8%), Ceará (-1,4%), Amazonas (-1,2%), Goiás (-1,2%) e, Pará (-0,8%).
São Paulo. Na comparação do mês de março com o mês de fevereiro de 2020, a produção da indústria paulista registrou retração de 5,4%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a março de 2019, houve variação negativa de 4,2%, e analisando os dados acumulados do ano, registrou-se decréscimo de 2,3%. Os setores com maiores expansões no comparativo com o acumulado do ano foram: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,0%), máquinas e equipamentos (6,8%), produtos de perfumaria e higiene (4,6%), outros produtos químicos (3,9%) e, celulose, papel e produtos de papel (3,2%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-30,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,9%), confecção de artigos de vestuário e acessórios (-11,0%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-5,7%) e, produtos alimentícios (-4,4%).
Nordeste. Na comparação de março com o mês de fevereiro de 2020, a produção da indústria nordestina registrou decrescimento de 9,3% a partir de dados dessazonalizados. Em relação a março de 2019, houve recuo de 1,0%. No acumulado do ano, aferiu-se variação positiva de 4,3%. Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado do ano foram: coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (36,5%), produtos alimentícios (13,8%), celulose, papel e produtos de papel (8,5%) e indústrias de transformação (5,5%). De outro lado, os seguintes segmentos apresentaram as maiores retrações: metalurgia (-17,6%), artigos de couro (-12,1%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-11,6%), indústrias extrativas (-9,8%) e, máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-7,3%).
Minas Gerais. Na comparação de março frente a fevereiro de 2020, a produção da indústria mineira apresentou variação negativa de 1,2%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a março de 2019, houve decréscimo de 4,2%. No acumulado do ano verificou-se retração de 8,4%. Os setores que registraram as maiores variações positivas, na comparação do acumulado do ano, foram: produtos têxteis (26,2%), produtos do fumo (7,6%), produtos alimentícios (6,1%), celulose, papel e produtos de papel (2,9%) e, máquinas e equipamentos (2,0%). Por fim, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: indústrias extrativas (-30,7%), produtos de minerais não metálicos (-11,4%), veículos automotores, reboques carrocerias (-10,8%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-10,3%) e coque, produtos derivados do petróleo e bicombustíveis (-5,5%).