Análise IEDI
Sem crescimento
A indústria brasileira caminha para encerrar 2025 quase sem crescimento. O resultado dos dez primeiros meses do ano, de acordo com a divulgação de hoje do IBGE, indica um nível de atividade industrial de apenas ¼ do que era em igual acumulado em 2024: +0,8% contra +3,4%. Com isso, seguimos mantendo uma importante defasagem (-12%) em relação ao momento anterior à crise de 2014-2016.
O elevado patamar de taxas de juros no país permanece como um obstáculo de grande proporção aos investimentos no setor, que, ademais, também vem enfrentando as mudanças no comércio global, restringindo mercados externos, como no caso do tarifaço dos EUA, e ampliando a concorrência com importados no mercado interno.
Mais uma vez, uma conjuntura macroeconômica desfavorável joga contra o anseio do país por modernização de sua estrutura produtiva. A viabilização do investimento é um caminho incontornável para termos uma indústria mais produtiva, mais verde e mais competitiva. O custo de capital elevado é um muro que se ergue no meio deste caminho.
• Indústria geral: +3,4% em jan-out/24 e +0,8% em jan-out/25;
• Indústria de transformação: +3,8% e +0,2%;
• Indústria extrativa: +1,2% e +4,7%, respectivamente.
Na passagem de set/25 para out/25, já descontados os efeitos sazonais, a produção industrial variou tão somente +0,1%. Dos 10 meses já cobertos pelas estatísticas do IBGE, o resultado do setor foi igual ou menor do que +0,1% em 8 deles. Ou seja, um ano em que a regra foi ficar estagnado.
Em geral, quem tem evitado um quadro mais fraco é o ramo extrativo. Agora em out/25, por exemplo, enquanto este ramo expandiu sua produção em +3,6%, a indústria de transformação encolheu -0,6%, com mais da metade de seus ramos sem crescimento.
Em contraste com o mesmo período do ano passado, a indústria geral caiu -0,5%, puxada igualmente pela indústria de transformação, com -2,2%, não totalmente compensada pela alta de +10,2% da indústria extrativa.
Entre os macrossetores, bens de capital registrou seu quinto resultado negativo consecutivo (-2,9% ante abr/24) e semi e não duráveis (-1,6%), seu sétimo mês de retrocesso. Bens intermediários acusaram -0,1% na comparação interanual e -0,8% no contraste com set/25, com ajuste sazonal.
Bens de consumo durável, embora não tenham escapado dos efeitos de taxas de juros mais altas, implicando uma trajetória mensal mais errática, vêm conseguindo preservar o sinal positivo. Frente a abr/24, sua produção cresceu +0,4% em relação a set/25, +2,7%, anulando a queda anterior.
A tendência trimestral para esta parcela da indústria, contudo, não deixa dúvida do processo de desaceleração. Entre ago/24 e mar/25, apresentou taxas de crescimento de dois dígitos e desde ago/25, entrou em terreno negativo. No trimestre findo em out/25, houve declínio de -0,3%.






