Análise IEDI
Um passo à frente
Após quatro meses consecutivos sem crescer, a indústria brasileira volta a dar um passo à frente em ago/25: +0,8% já descontados os efeitos sazonais. É o segundo melhor resultado mensal do ano na comparação de curto prazo, perdendo apenas para março (+1,7%).
A rigor, só houve expansão industrial mesmo nestes dois meses do ano. A se ver, porém, se ago/25 não virá a ter outra semelhança com mar/25, a de ser um avanço pontual e não um início de melhora.
Ago/25 e mar/25 também se aproximam quanto à difusão do crescimento: 64% ante 68% dos ramos identificados pelo IBGE, respectivamente, ficaram no azul e a parcela daqueles que se expandiram mais do que o agregado industrial foi de 44% e 40%.
Em ambos os meses contribuição importante para o resultado total veio de dois setores. Farmacêuticos e farmoquímicos tiveram forte alta da produção (+12,9% em mar/25 e +13,4% em ago/25) e coque, derivados de petróleo e biocombustíveis apresentaram crescimento (+3,6% e +1,8%, respectivamente), após uma fase de resultados fracos ou adversos.
Para estes dois ramos, o sinal positivo de mar/25 não se sustentou nos meses seguintes, por isso cabe precaução. A parcela da indústria mais sensível ao elevado nível de juros, por sua vez, segue restringida. Bens de capital caíram novamente em ago/25 (-1,4%) e bens de consumo duráveis estão próximos de zero (+0,6%).
A despeito da boa notícia, ago/25 também não conseguiu recompor integralmente as perdas dos meses anteriores. Já descontados os efeitos sazonais, o nível de produção ainda está -0,4% abaixo daquele de mar/25.
O sinal negativo também aparece no contraste com o ano anterior: -0,7%, ainda que um efeito calendário adverso (1 dia útil a menos do que ago/24) tenha ajudado nisso. Dos quatro macrossetores, 3 perderam produção nesta comparação, como pode ser visto abaixo, em uma intensidade mais expressiva.
• Indústria geral: -1,3% em jun/25; +0,2% em jul/25 e -0,7% em ago/25
• Bens de capital: -3,2%; -0,4% e -5,0%;
• Bens intermediários: +1,6%; +2,4% e +2,0%;
• Bens de consumo duráveis: 0%; -3,4% e -4,0%;
• Bens de consumo semi e não duráveis: -8,1%; -3,7% e -5,1%, respectivamente.
Os recuos em bens de capital (-5,0% ante ago/24) e bens de consumo duráveis (-4,0%) foram os mais intensos do ano na comparação interanual. A reversão em 2025 destes dois macrossetores, dependentes de crédito, juros e confiança, é patente. Ambos cresciam a taxas positivas de dois dígitos na entrada do ano e agora amargam perdas de -2,7% e -3,7% no bimestre jul-ago/25, respectivamente.
Bens de consumo semi e não duráveis, em boa medida vulneráveis a eventos climáticos, que impactam a produção de alimentos e biocombustíveis, é o outro macrossetor no vermelho e isso desde abril. Em ago/25 ante ago/24 recuou -5,1% e -4,4% no último bimestre coberto pelo IBGE.
Quem segue resiliente são os bens intermediários, cuja produção aumentou +2,0% em ago/25 e +2,2% no bimestre jul-ago/25, apoiada em defensivos agrícolas (+24,2%), têxteis (+12,0%) e celulose (+9,4%). Já siderurgia, insumos para construção civil e intermediários da indústria automobilística foram os que mais desaceleraram ao longo de 2025, sob efeito do tarifaço americano, da concorrência chinesa e dos juros elevados.