Análise IEDI
Indústria do Nordeste: exceção em abr/25
Como mostraram os últimos dados do IBGE para a indústria brasileira, divulgados semana passada, o setor não cresceu em abr/25, embora tenha evitado o terreno negativo. A produção da indústria como um todo ficou virtualmente estagnada, ao registrar apenas +0,1%, livre de efeitos sazonais, fazendo da alta de mar/25 (+1,2%), por ora, um dado isolado na primeira metade do ano.
Hoje, o IBGE divulgou o perfil regional deste desempenho agregado pouco animador. Uma parcela majoritária de 60% dos parques industriais não conseguiu ampliar produção na passagem de mar/25 para abr/25 na série com ajuste sazonal.
Os estados da região Sudeste, cuja estrutura industrial é mais diversificada, foi quem liderou as perdas, seguida pela indústria do Norte do país. Os parques industriais do Sul acompanharam o agregado nacional e ficaram virtualmente estagnados.
Como sugerem as variações com ajuste sazonal a seguir, apenas o Nordeste cresceu em abr/25, mas isso devido a poucos parques: à Bahia, que desacelerou em relação a mar/25, e notadamente Pernambuco, cujo avanço de +31,3% deve-se à reativação de unidades produtivas associadas à atividade petrolífera.
• Brasil: +0,1% em fev/25; +1,2% em mar/25 e +0,1% em abr/25;
• Nordeste: +0,2%; -4,9% e +7,2%, respectivamente;
• Amazonas: -2,8%; +6,0% e -1,3%;
• São Paulo: -0,5%; +2,0% e -1,7%;
• Rio de Janeiro: +0,2%; +4,9% e -1,9%;
• Rio Grande do Sul: -0,4%; -1,1% e +0,1%;
• Santa Catarina: -0,3%; 0% e +0,1%, respectivamente.
Se compararmos a situação atual da indústria com um ano atrás, 61% dos parques regionais ficaram no negativo em abr/25 e um pouco mais da metade deles, isto é, 55% se considerado o acumulado dos quatro primeiros meses de 2025.
São indicativos do esmorecimento do ímpeto industrial que vimos em 2024 e na origem disso está a elevação das taxas de juros no país e todo o contexto de incerteza devido à guerra comercial no mundo e à condução da nossa política fiscal.
A produção da indústria paulista apresenta queda importante de -5,3% em abr/25 ante abr/24, bem mais intensa do que do agregado nacional (-0,3%). No acumulado jan-abr/25 frente ao mesmo período do ano passado, a queda é de -0,7%, não estando entre as mais intensas. Ainda assim, está longe do desempenho nacional (+1,4% ante jan-abr/24).
Nestes primeiros quatro meses do ano, o recuo de São Paulo foi condicionado pela produção do setor farmacêutico e farmoquímicos, extrativo, papel e celulose e de alimentos, entre outros. De todo modo, metade dos ramos da indústria paulista teve aumento de produção em jan-abr/25, com destaque positivo para têxteis, veículos, máquinas e equipamentos e produtos químicos.
Outros parques regionais com resultados mais adversos do que São Paulo incluem o Nordeste (-3,1% em jan-abr/25), com 73% de seus ramos no vermelho, Espírito Santo (-5,4%), devido sobretudo aos ramos extrativo e minerais não metálicos, e a indústria do Rio Grande do Sul (-1,1%), onde uma parcela minoritária de 43% dos seus ramos registra perda de produção no acumulado até abr/25.
Em direção oposta, algumas indústrias regionais mantêm expansão mais robusta em 2025, dando certa resiliência ao agregado nacional. São os casos das indústrias do Pará (+10%), Santa Catarina (+6,4%) e Paraná (+5,3%), que também se saíram bem no ano passado como um todo.