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                          Carta IEDI

                          Edição 1009
                          Publicado em: 19/06/2020

                          A economia sob efeito da Covid-19

                          Sumário

                          No Brasil, abril de 2020 foi o primeiro mês integralmente sujeito aos efeitos da pandemia de Covid-19, cujo rápido contágio exigiu a adoção de medidas de redução da mobilidade, distanciamento físico e isolamento social ao redor do mundo. 

                          Os dados divulgados pelo IBGE para este mês evidenciam a gravidade do impacto econômico destas medidas, bem como do medo do desemprego, da perda de renda em muitas famílias e do forte aumento da incerteza que acompanham a crise sanitária. Frente a março, a indústria recuou -18,8%, o comércio varejista ampliado, -17,5% e o setor de serviços, -11,7%, já corrigidos os efeitos sazonais. 

                          As quedas de abr/20 foram recordes, aprofundando muito o declínio que já tinha marcado a evolução do mês de março. Desta forma, até o momento a crise do coronavírus provocou perdas intensas para todos os grandes setores da economia: -29% para o varejo ampliado, -26% para a indústria e -18% para os serviços.

                          Ou seja, não há quem se salve integralmente: atividades mais ou menos intensivas em mão de obra, consideradas mais ou menos essenciais, ou então com maior ou menor capacidade de recorrer ao teletrabalho ou a vendas online vêm tendo seu desempenho prejudicado pela pandemia. Além de intensa, a crise de Covid-19 mostra-se de grande amplitude. 

                          O Banco Central, por meio de seu índice IBC-Br, que funciona como uma proxy do PIB, avalia que o nível geral de atividade econômica tenha se reduzido em -9,73% na passagem de mar/20 para abr/20, com ajuste sazonal. Com isso, o efeito da pandemia já somaria perda de -15,3% para a economia entre fev/20 e abr/20.

                          Embora os setores de serviços e comércio tenham tido muitas de suas empresas fechadas em função das medidas de isolamento social, em abril foi a indústria quem registrou o pior desempenho. Muito disso deve-se à antecipação de férias e lay-off em setores importantes como a indústria automobilística, em resposta à queda da demanda, mas também à necessidade de se definir e implementar protocolos de segurança sanitária.

                          De todo modo, o recuo foi generalizado na indústria: atingiu 84% de seus ramos e 87% dos parques regionais acompanhados pelo IBGE. Todos os macrossetores industriais ficaram no vermelho, com bens de consumo duráveis (-79,6% ante mar/20) e bens de capital (-41,5%) apresentando as quedas mais intensas.

                          Regionalmente, recuos de dois dígitos predominaram em abr/20, chegando a mais de 90% dos casos negativos, sendo que mais da metade deles se saíram pior que o total Brasil. Estas localidades com perdas abruptas incluem a indústria do Amazonas (-46,5%), o Nordeste como um todo (-29%), Paraná, São Paulo (-23,2%) e Rio Grande do Sul (-21%).

                          À semelhança da indústria, no comércio varejista os resultados mais adversos frente ao mês de março couberam a ramos que comercializam bens duráveis, cujo consumo normalmente exige recurso ao crédito e pode ser adiado pelas famílias em momentos de recuo da confiança. Foram os casos de veículos e autopeças e de materiais de escritório e informática, mas também de outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as vendas das lojas de departamento, e tecidos, vestuário e calçados.

                          Os segmentos do varejo que comercializam bens não duráveis, muitos deles considerados essenciais, caíram em ritmo semelhante ao varejo total, como o de supermercados, alimentos, bebidas e fumo (-11,8%). O único ramo a apresentar declínio moderado foi o de material de construção (-1,9%), cujas atividades não foram interrompidas pela pandemia. 

                          Nos serviços, a retração também foi amplamente difundida, atingindo todos os seus cinco segmentos. Dois deles lideram as perdas com larga vantagem: os serviços prestados às famílias (-44,7%, com ajuste sazonal) e os serviços de transporte (-17,8%), respondendo diretamente pela menor mobilidade das pessoas, mas também indiretamente pela redução do nível geral de atividade econômica. 

                          Em contrapartida, embora também no vermelho, o desempenho dos demais ramos de serviços foi menos grave. Isso porque muitas destas atividades ou são melhor adaptáveis ao teletrabalho ou encontram demanda adicional em função do distanciamento social. São os casos de serviços de informação e comunicação e de serviços profissionais, administrativos e complementares.

                           

                          Indústria

                          A produção industrial sofreu um colapso na passagem de março abril de 2020, recuando -18,8% já descontados os efeitos sazonais. Contribuíram para tanto as medidas de isolamento social, mas também a queda acentuada das exportações de manufaturados, rupturas de cadeias de fornecedores e o quadro de elevado medo e incerteza, bloqueando decisões de investimento e de consumo de muitos bens industriais.

                          Em abr/20, houve perda de produção nos quatro macrossetores industriais e em 84% dos ramos pesquisados pelo IBGE. Em 65% deles, as quedas foram fulminantes, isto é, entre -10% e -90%. O tombo mais intenso foi registrado pelos bens de consumo duráveis (-79,6% com ajuste), em grande medida devido à quase paralisação do ramo automobilístico.

                          O resultado de bens de capital não ficou muito atrás: -41,5% ante mar/20, seguido por bens intermediários, com -14,8%, e por bens de consumo semi e não duráveis, com -12,4% na mesma comparação.

                          O desempenho negativo da indústria em abril de 2020, além de ser um dos piores da história do setor e disseminado setorialmente, também se mostrou bastante generalizado em termos geográficos. Poucos conseguiram evitar o efeito adverso da crise de Covid-19. Entre mar/20 e abr/20, livre de sazonalidade, 13 das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE apresentaram perda de produção. Ou seja, uma proporção de 87% do total.

                          Ainda mais grave, quedas de dois dígitos foram as que predominaram: atingiram mais de 90% dos casos negativos, sendo que mais da metade deles se saíram pior que o total Brasil. Estas localidades com perdas abruptas incluem a indústria do Amazonas (-46,5%), o Nordeste como um todo (-29%), Paraná, São Paulo (-23,2%) e Rio Grande do Sul (-21%).

                          A indústria paulista, que é uma das maiores e mais diversificadas do país, apresentou queda recorde em abr/20, bem como vários outros parques industriais. Com isso, devido à crise de Covid-19, o nível de produção de São Paulo já encolheu 27% (abr20/fev20 com ajuste). 

                          Frente ao mesmo mês do ano passado, a indústria paulista recuou ainda mais, ficando quase 1/3  menor, condicionada por 83% de seus ramos, com perdas muito fortes em bebidas (-50,1%), outros equipamentos de transporte (-74,1%) e vestuário (-75,1%). A indústria automobilística em São Paulo praticamente parou, registrando declínio de -91,6% ante abr/19.

                          Os estados da região Sul e o Nordeste como um todo são outros casos de perdas intensas provocadas pela Covid-19. Em todos eles, a comparação do nível de produção em abr/20 com o de fev/20 indica quedas de mais de 30%.

                          Em alguns estados onde o ramo extrativo é importante na estrutura industrial, como em Minas Gerais (-15,9%) e Rio de Janeiro (-13,9%), o retrocesso, embora também tenha sido de dois dígitos, foi em certa medida amortecido, já que a extração mineral costuma ser menos intensiva em mão de obra. Vale lembrar que no total Brasil o ramo extrativo ficou estável na passagem de março para abril.

                          O Pará, em que o setor extrativo responde por quase 80% de sua indústria, conseguiu cresceu +4,9% na série com ajuste sazonal. Foi um dos dois únicos casos no azul. O outro foi Goiás (+2,3%), para quem a indústria de alimentos também é importante. No caso de Mato Grosso, a resiliência da demanda por alimentos e a evolução favorável das atividades agropecuárias podem ter ajudado a obter um nível moderado de declínio (-4,3%).

                          Comércio

                          A pandemia do coronavírus provocou perdas semelhantes na indústria e no comércio varejista. Em ambos os casos as quedas de dois dígitos no mês de abril foram recordes: -18,8% para a produção industrial e -17,5% para as vendas reais do varejo ampliado, já descontados os efeitos sazonais. Em seu conceito restrito, que não considera os segmentos de veículos e material de construção, o resultado do varejo foi de -16,8% ante mar/20.

                          Além da intensidade da queda, a pior dos últimos vinte anos, outra semelhança entre indústria e comércio foi a disseminação de sinais negativos entre seus ramos. Os dados divulgados pelo IBGE mostram que todos os 10 segmentos do comércio caíram na passagem de março para abril e caíram muito na grande maioria dos casos.

                          Esta difusão de perdas deixa clara a amplitude da crise por que passamos. Não há quem se salve integralmente: atividades mais ou menos intensivas em mão de obra, consideradas mais ou menos essenciais, ou então com maior ou menor capacidade de recorrer ao teletrabalho ou a vendas online vêm tendo seu desempenho prejudicado pela pandemia.

                          Isso porque a crise impôs um choque de oferta provocado, principalmente, pelas necessárias medidas de isolamento social, mas também se desdobrou em choques de demanda, em função do medo do desemprego, perda de renda de muitas famílias, restrição ao acesso ao crédito, elevação da incerteza etc. A crise de Covid-19 já retirou quase 1/3 da atividade do varejo: -28,8% na comparação de abr/20 com fev/20, com ajuste sazonal.

                          Em abril, os piores resultados do varejo frente ao mês anterior couberam a ramos que comercializam bens duráveis, cujo consumo normalmente exige recurso ao crédito e pode ser adiado pelas famílias em momentos de recuo da confiança.

                          As vendas de tecidos, vestuário e calçados; veículos e autopeças; materiais de escritório e informática e outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as vendas das lojas de departamento, registraram os retrocessos mais intensos em um quadro duas a três vezes mais grave que o varejo como um todo.

                          O ramo de livros, jornais, revistas e papelaria perderam -43,3% de suas vendas de mar/20 a abr/20, já descontados os efeitos sazonais. Neste caso, a crise de Covid-19 se sobrepõe a uma mudança estrutural destes mercados em função da digitalização de muitos dos seus produtos.

                          Já os segmentos que comercializam bens de consumo não duráveis, muitos deles considerados essenciais, caíram em ritmo semelhante ao varejo total. As vendas de supermercados, alimentos, bebidas e fumo registraram -11,8%, anulando a maior parte da alta de mar/20, produzida pelo pico de compras no início da quarentena. Combustíveis e lubrificantes perderam -15,1% e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e perfumaria, -17,0%.

                          O único ramo do varejo a apresentar declínio moderado em abr/20 foi o de material de construção, com -1,9%. Este resultado pode se justificar pelo fato de a construção civil ter sido considerada atividade essencial em muitas cidades, não tendo suas atividades interrompidas, e também pela dificuldade de suspenção de obras já iniciadas. Vale lembrar que o setor havia registrado -17,3% em mar/20.

                          Serviços

                          Os dados do IBGE mostram que o setor de serviços, assim como ocorreu com a indústria e o comércio, não escapou de uma queda recorde no mês de abril de 2020, registrando -11,7% frente ao mês de março, descontados os eventuais efeitos sazonais.

                          Com isso, a pandemia de Covid-19 já retirou dos serviços 17,9% de seu faturamento real, distanciando ainda mais o setor de seu pico histórico obtido em nov/14: em abr/20 o nível de atividade dos serviços encontrava-se 27% abaixo desta marca.

                          A exemplo de outros setores, a retração dos serviços devido ao coronavírus foi amplamente difundido entre seus segmentos, atingindo todos os cinco acompanhados pelo IBGE. Dois ramos, porém, lideram as perdas com larga vantagem. 

                          O primeiro deles são os serviços prestados às famílias, cujo faturamento real caiu -44,7% na passagem de mar/20 a abr/20, já com ajuste sazonal, fazendo deste o ramo mais afetado pela pandemia: -61,6% na comparação de abr/20 com fev/20. 

                          Trata-se do efeito direto das medidas de isolamento social e dos protocolos de distanciamento físico, que tendem a afetar atividades mais intensivas em mão de obra. Este declínio dos serviços prestados às famílias também é resultado da elevação do desemprego e da perda de renda de muitos daqueles que preservaram suas ocupações. Seu componente mais afetado foi o de serviços de alojamento e alimentação (-64,6% para abr20/fev20).

                          O segundo ramo a liderar as perdas na pandemia são os serviços de transporte, respondendo diretamente pela menor mobilidade das pessoas, mas também indiretamente pela redução do nível geral de atividade econômica. Em abr/20 seu faturamento real declinou -17,8%, mas como já havia caído muito em mar/20, a perda acumulada na pandemia chega a -24,9%.

                          Em contrapartida, embora também no vermelho, desempenho dos demais ramos de serviços não é tão grave quanto estes dois anteriores. Isso porque muitas destas atividades ou são melhor adaptáveis ao teletrabalho ou encontram demanda adicional em função do distanciamento social. Tais serviços têm mitigado as perdas do setor como um todo.

                          É o caso dos serviços de informação e comunicação, que registraram -3,6% em abr/20, enquanto seu componente de telecomunicações manteve-se no azul, variando +0,1%. É também o caso dos serviços profissionais, administrativos e complementares (-8,6%), especialmente os que requerem maior qualificação, isto é, o componente tecno-profissionais, cuja queda foi de apenas -3,5% em abr/20. 

                           
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