Carta IEDI
Destaques do comércio exterior do Brasil
No contexto de intensificação do protecionismo comercial no mundo, a Carta IEDI de hoje examina o comércio brasileiro de bens manufaturados em 2024. A análise destaca os pólos dinâmicos, isto é, os países de destino e de origem cujos valores exportados e importados registraram as maiores altas no ano passado, detalhando para cada um deles os produtos na origem do desempenho.
Vale ressaltar desde já que os EUA, que vêm promovendo profundas mudanças no comércio internacional sob o governo Trump, foram o único caso entre os principais a figurar como pólo dinâmico em ambos os fluxos de comércio. Ou seja, estão entre aqueles para quem mais ampliamos nossas exportações em termos absolutos e também entre aqueles de quem mais importamos no ano passado. Em 2025, nossa corrente de comércio com os EUA continuou se expandindo (+12% no 1º trim/25 ante +9% em jan-dez/24).
No agregado, o saldo de comércio da economia brasileira somou superávit de US$ 75 bilhões em 2024, cifra 24,6 % inferior à registrada em 2023. No que tange a bens manufaturados, o saldo foi novamente deficitário: US$ -1,3 bilhão, o que representa um aumento de +20% frente a 2023. Este resultado reflete a virtual estagnação das exportações destes bens (US$ 96,5 bilhões), que cresceram apenas +0,4% frente a 2023, e o avanço de +11% das importações (US$ 227 bilhões) na mesma base de comparação.
Devemos lembrar que o comércio de bens manufaturados se insere em cadeias produtivas globais e refletem estratégias empresariais, dificultando mudanças significativas no curto prazo em função de movimentos da taxa de câmbio, notadamente, quando estes são acompanhadas de incertezas e em um quadro de aquecimento da demanda interna como foi em 2024.
A estabilidade das cotações das commodities também pode ter contribuído para a evolução mais modesta de nossas exportações de bens manufaturados de início de cadeia, derivados de produtos primários. Ademais, cabe observar que o ritmo de crescimento da economia mundial não vem apresnetando aceleração nos últimos anos, mantendo-se abaixo da média de 2000-2019, como discutido na Carta IEDI n. 1288 “PIB global: sem aceleração no horizonte” de nov/24.
No 1º trim/25, as exportações de manufaturados do Brasil reagiram, crescendo +9,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, o que pode não se manter, dada a esperada desaceleração da economia global devido à guerra comercial. Além disso, a assimetria com as importações se manteve, já que nossas compras exteras avançaram +16,2% em jan-mar/25.
No Brasil, tanto as exportações e como as importações de bens manufaturados são concentradas em termos de destino e origem. No caso das exportações, os 20 principais países de destino representam quase 80% do total de bens manufatuados exportados. Em 2024, em apenas 8 deles ampliamos nossas vendas externas, notadamente, para os EUA, Bélgia e Coreia do Sul, que apresentaram os maiores aumentos em termos absolutos.
Nos dois útimos casos, esta evolução trouxe uma diversificação localizada, já que Bélgica e Coreia do Sul não ocupam posição de destaque entre os principais destinos de nossas exportações (13º e 19º, respectivamente). Os EUA, como se sabe, é o principal mercado para manufaturados exportados pelo Brasil.
Para os EUA e a Coreia do Sul, o aumento de nossos embarques não melhorou o saldo de comércio com estes países, pois foi superado pelo avanço das importações deles. Com a Bélgica, deixamos de ter um déficit de US$ 1,4 bilhão em 2023 e passamos a ter um superávit de US$ 174 milhões em 2024.
No caso de nossas compras externas, os 20 principais países de origem representam pouco mais de 80% do total de bens manufaturados importados. Em 2024, 18 deles aumentaram seus embarques para o Brasil. Ou seja, compramos mais e de mais parceiros internacionais do que conseguimos ampliar e diversificar nossas exportações: é este quadro que devemos progressivamente reverter se quisermos nos beneficiar das profundas mudanças pelas quais o comércio mundial está passando.
Os três países de quem mais aumentamos nossas compras de manufaturados foram China, EUA e Argentina, que ocupam, respectivamente, a 1ª, 2ª e 3ª posição entre as principais origens de importados. Podemos dizer, assim, que 2024 reforçou a posição de liderança dos maiores exportadores para o Brasil.
A análise da composição por produto das exportações para os EUA, Bélgica e Coreia do Sul revela uma grande diversidade no leque de produtos que se destacaram em termos de aumento anual do valor exportado em 2024, refletindo fatores pontuais que podem não se repetir em 2025. Este é o caso, sobretudo, de produtos exportados para a Bélgica e Coreia do Sul que registraram taxas de crescimento muito elevadas, como “gelatinas e colas para usos industriais” e “fornos industriais ou de laboratório, não elétricos”.
Contudo, alguns produtos que já tinham participação relevante na pauta exportadora bilateral e, assim, mercados consolidados, também se destacaram, dentre os quais “aviões”, “gasolina” e “suco de laranja não concentrado” para aos EUA, “suco de laranja não-congelado” para a Bélgica e “hidrocarbonetos e seus derivados” e “aquecedor, secador ou trocador de calor, partes e peças” para a Coreia do Sul.
O aumento do protecionismo comercial e seus efeitos negativos sobre o dinamismo da economia global tendem a intensificar o desvio de comércio e acirrar a concorrência internacional, sobretudo, naqueles países menos preparados para este contexto, seja por uma política de comércio exterior menos ativa, seja por problemas de competitividade, como o Brasil. No nosso caso, a pressão exercida pela China vem sendo documentada por estudos do IEDI, a exemplo das Cartas n. 1297 “O efeito China no aumento das importações brasileiras” e n. 1294 “A complexidade das exportações brasileiras e a concorrência da China”.
Entretanto, também podem existir oportunidades para as exportações brasileiras a serem exploradas, a depender de como se dará o efetivo aumento de alíquotas, após retaliações e tentativas de negociações bilaterais com os EUA. Tarifas expressivas sobre o agregado de bens da China, divulgadas neste primeiro quadrimestre de 2025, podem abrir oportunidades, como discutido na Carta IEDI n. 1305 “O Brasil e a guerra comercial entre EUA e China”, embora efeitos secundários, isto é, ao longo das cadeias produtivas e em reação a desvios de comércio, não devam ser subestimados.
Introdução
No contexto de intensificação do protecionismo comercial no mundo, promovida pelo governo Trump, esta Carta IEDI examina os fluxos de comércio exterior brasileiro de bens manufaturados em 2024. A análise detalha a evolução das nossas exportações e importações desses bens, com foco nos três países de destino e origem cujos valores exportados e importados registraram as maiores altas anuais em termos de valores absolutos.
A primeira seção apresenta os resultados gerais da balança comercial brasileira em 2024. A segunda seção analisa nosso comércio exterior de bens manufaturados e a terceira e quarta seções detalham a composição por produto das exportações e importações nos países selecionados.
Resultados gerais
O saldo de comércio de bens da economia brasileira somou US$ 75 bilhões em 2024, cifra 24,6 % inferior à registrada em 2023. Este resultado decorreu da queda de 0,8% das exportações e do aumento de 9% das importações, que somaram, respectivamente, US$ 337 bilhões e US$ 262 bilhões. Como consequência, a corrente de comércio aumentou somente 3,5% no período analisado. A diferença de ritmos de expansão intensificou-se no 4º trimestre, quando as compras externas avançaram 12% e as vendas externas recuaram 5%, resultando numa redução de 42% do saldo neste período.
Considerando a defasagem entre as decisões de exportação e importação e os embarques efetivos (6 meses em média), é possível identificar fatores externos e internos que contribuíram para esses resultados.
Do lado externo, a relativa estabilidade do dinamismo do PIB mundial estimado pelo FMI no seu cenário para o desempenho da economia global de outubro passado (Carta IEDI n. 1288) foi confirmada na atualização do cenário do FMI no World Economic Outlook Update de janeiro de 2025. Segundo o Fundo, o PIB mundial cresceu 3,2% em 2024 mantendo o ritmo de 2023, devendo se repetir em 2025-2026 (3,3%). Já os preços de todas categorias de commodities manteve-se estável. São evoluções que moderam nosso impulso exportador.
Do lado interno, a taxa de câmbio real efetiva depreciou-se 20% entre dez/23 e dez/24, sobretudo no primeiro semestre. Há entretanto uma defasagem entre decisões de exportação e importação e os embarques efetivos a serem contabilizados. Além disso, desvalorizações cambiais envoltas em aumento de incerteza, como foi o caso de 2024, tendem a não ensejar grandes mudanças estratégias das empresas para ampliar a exportação, já que o câmbio pode rapidamente voltar a se apreciar.
Isto é tão mais verdade quanto mais aquecida estiver a demanda interna. A evolução da demanda interna em 2024, ademais, contribuiu para o crescimento das importações. Como destaca a Análise IEDI de 7/03/2025, o PIB do Brasil cresceu +3,4% em 2024, puxado pelo dinamismo do nosso mercado interno.
Em comparação com o ano anterior, 2024 se distingue pela piora do setor externo e o forte aumento da demanda interna, puxada pela alta do investimento (+7,3% ante -3,0% em 2023) e aceleração do consumo das famílias (+4,8% ante +3,2%).
Muito deste dinamismo da demanda interna ajudou a indústria de transformação crescer. Seu PIB avançou 3,8% contra um recuo de 1,3% em 2023. Mas além das importações do setor terem corrido na frente, como será analisado posteriormente, vale lembrar que a penetração de insumos importados na indústria brasileira cresceu estruturalmente nas últimas décadas, como reflexo dos nossos problemas de competitividade, como o IEDI vem discutindo em outras oportunidades, a exemplo da Carta IEDI n. 929 “Indústria brasileira e sua dependência de insumos importados” e da Carta IEDI n. 1297 “O efeito China no aumento das importações brasileiras”. Ou seja, quando a indústria cresce, aumenta a importação de vários de seus intermediários.
O comércio exterior de bens manufaturados em 2024
Ao contrário do total do comércio de bens, tradicionalmente superavitário, o comério exterior brasileiro de bens manufaturados tornou-se deficitário no final dos anos 1990. Em 2024, o déficit foi de US$ 1,3 bilhão, 20% superior ao registrado em 2023 e o maior desde 2000. Este resultado reflete a virtual estagnação das exportações – que cresceram apenas 0,4% frente a 2023, somando US$ 97 bilhões - e um avanço de 11% das importações na mesma base de comparação, que atingiram US$ 227 bilhões.
Vale lembrar ao leitor que, embora manufatura e indústria de transformação costumem ser usados como sinônimos, há uma diferença importante para estes termos nas estatísticas de comércio exterior do Brasil. Bens manufaturados excluem muitos dos produtos de início de cadeia, decorrentes do processamento industrial de bens primários, e, por isso, apresenta um valor menor do que a classificação de bens da indústria de transformação.
No Brasil, tanto as exportações como as importações de bens manufaturados são bastante concentradas em termos de destino e origem.
No caso das exportações, os 20 principais países de destino representam quase 80% do total de bens manufatuados exportados. Entre 2023 e 2024, nossas exportações de bens manufaturados aumentaram somente para 8 desses destinos, sendo que os maiores aumentos em termos absolutos foram registrados nas nossas vendas externas para os EUA (+US$ 1.686 milhões), Bélgica (+US$ 281 milhões) e Coreia do Sul (+US$ 232 milhões). Ademais, nos três casos, o 4º trim/24 trouxe reforço do nosso ímpeto exportador.
Esse desempenho resultou no aumento da participação desses destinos no total das nossas exportações de bens manufaturados – mas não em mudança na posição no ranking -, enquanto as participações dos demais destinos mantiveram-se constantes ou recuaram, como mostra o gráfico abaixo.
Com isso, entre 2023 e 2024, a participação dos EUA, que ocupa a 1ª posição no ranking, avançou de 20,5% para 22% do total, da Bélgica (13ª posição), de 1,5% para 1,8% e da Coreia do Sul (19ª posição) de 0,8% para 1,1%.
Já as maiores quedas em termos absolutos em nossas exportações ficaram a cargo de destinos na América Latina, notadamente, a Argentina (-US$ 942 milhões), cujo quadro econômico tem se mostrado bastante adverso, mas também Bolívia (-US$ 456 milhões) e México (-US$ 408 milhões).
No caso das importações, os 20 principais países de origem representam pouco mais de 80% do total de bens manufaturados exportados. Nossas importações desses bens aumentaram em 18 desses países de origem em 2024, ou seja, de forma bem mais espalhada do que nos casos dos de destino de nossas exportações.
Os maiores aumentos em termos absolutos couberam às seguintes origens de importação: China (+US$ 10.666 milhões), EUA (+US$ 3.065 milhões) e Argentina (+US$ 1.230 milhões). Nos três casos, o 4º trim/24 também trouxe reforço do resultado.
Em termos da participação dos 20 principais países de origem no total, somente a China registrou aumento, de 25,5% para 27,6%. Houve queda em 5 países e os demais mantiveram-se praticamente estáveis. Entre os recuos, os Países Baixos registraram a maior queda (-US$ 575 milhões).
Quando consideramos o saldo da balança comercial de bens manufaturados em 2024 com os três países de destino das nossas exportações e de origem das nossas importações que se destacaram em termos de avanços absolutos, tivemos superávit somente com Argentina. Ainda assim, nosso superávit de bens manufaturados com a Argentina recuou 53%, devido ao aumento das importações.
No caso da Bélgica, revertemos um déficit de mais de US$ 1 bilhão em 2023 em um superávit de US$ 174 milhões, graças ao avanço das nossas exportações. No caso da Coreia do Sul, nosso déficit aumentou, pois as importações aumentaram mais do que as exportações.O mesmo ocorreu com os EUA.
Apesar das nossas exportações de bens manufaturados terem registrado o maior aumento absoluto para os EUA, que é atualmente o principal destino para manufaturados brasileiros, nosso déficit comercial aumentou 10%, já que as importações brasileiras avançaram ainda mais.
Finalmente, o déficit com a China, principal país de origem das nossas importações de manufaturados, aumentou 21% como reflexo, exclusivamente, da alta das importações, pois nossas exportações para esse destino mantiveram-se no mesmo patamar de 2023.
O avanço da penetração de produtos manufaturados importados da China em nosso mercado interno foi analisado em detalhe na Carta IEDI n. 1297 “O efeito China no aumento das importações brasileiras”, de janeiro de 2025.
Vale notar que o déficit da balança comercial de bens manufaturados que o Brasil apresenta com a China é praticamente 4 vezes maior do que o déficit que temos com os EUA, assim como o ritmo de deterioração do saldo tembém foi muito mais intenso (o dobro). Em termos absolutos, entre 2023 e 2024, nosso déficit com a China aumentou US$ 10,6 bilhões enquanto o aumento de déficit com os EUA foi de US$ 1,4 bilhão.
A seguir, analisamos a composição por produto em 2024 das nossas exportações de bens manufaturados para os EUA, Bélgica e Coreia do Sul e das nossas importações de bens manufaturados da China, EUA e Argentina, países que se destacaram em cada caso em termos de avanços absolutos.
Por dentro das exportações de bens manufaturados
De um total de 277 produtos manufaturados que o Brasil exportou para os EUA em 2024, os 10 principais responderam por 42% do total e os 20 principais por 55%, sendo que a concentração aumentou frente a 2023 (quando os percentuais foram de 39,4% e 52,3%, respectivamente). Com exceção dos produtos dos setores aeroviários e automobilístico, os produtos derivados de commodities predominaram.
O principal produto foi aviões, que não somente se manteve na primeira posição no ranking (11% do total), mas registrou uma alta de 28% no valor exportado. Esta foi a quarta maior alta, sendo que os maiores avanços ocorreram em produtos derivados de commodities: “óleos combustíveis” (+395%), “gasolina” (+40%) e “suco de laranja não concentrado” (37%).
Dentre os 20 principais produtos, somente quatro registraram redução do valor exportado em 2025 frente à 2024. A maior queda (-20%) ocorreu em “veículos de carga”.
Nossas exportações de produtos manufaturados para a Bélgica são muito mais concentradas do que para os EUA. De um total de 198 produtos exportados em 2024, os 10 principais responderam por 79% do total e os 20 principais por 87%, sendo que a concentração aumentou quando consideramos os 20 principais e diminuiu quando consideramos os 10 principais produtos frente a 2023 (percentuais de 83% e 93%, respectivamente). A pauta dos 20 principais produtos é composta por um mix de produtos derivados e não-derivados de commodities.
O principal produto exportado foi “suco de laranja não-congelado”, que seguiu na 1ª posição no ranking (40% do total) e registrou uma alta de 37% no valor exportado frente a 2023. Contudo, os maiores avanços anuais ocorreram nos seguintes produtos, em ordem decrescente: “gelatinas e colas para usos industriais” (quase 800 vezes); “carbonetos” (7 vezes); “leveduras e outros microorganismos monoceluares mortos” (3,5 vezes), “éteres alcoólicos e seus derivados” (2,8 vezes), “máquinas e aparelhos para uso agrícola (exceto trator)” (+93%), iodetos (+88%) e “tubos de ferro fundido, ferro ou aço e seus acessórios (+74%)”.
Dentre os 20 principais produtos, somente cinco registraram redução do valor exportado em 2024 frente à 2023. A maior queda ocorreu em “máquinas e aparelhos para terraplanagem, perfuração, e afins” (-36,2%).
Nossas exportações de produtos manufaturados para a Coreia do Sul são mais concentradas do que para os EUA e menos concentradas do que para a Bélgica. De um total de 144 produtos manufaturados exportados em 2024, os 10 principais responderam por 73,7% do total e os 20 principais por 78%, sendo que a concentração diminuiu em 2024 frente a 2023 (quando esses percentuais foram 74,5% e 83,3%, respectivamente). A pauta dos 20 principais produtos é composta por um mix de produtos derivados e não-derivados de commodities.
No caso da Coreia do Sul, o desempenho por produto foi bem diferente do observado nos EUA e Bélgica. Dos 20 principais produtos, em 11 o valor exportado recou em 2023 frente a 2024, incluindo o principal produto exportado, etanol, que registrou queda de 19,6%, o que resultou na redução da sua participação no total de 66% em 2023 para 41% em 2024.
A maior alta entre os 9 produtos cujo valor exportado aumentou foi registrada em “fornos industriais ou de laboratório, não elétricos” (864 vezes maior), produto cujo valor exportado atingiu US$ 7 milhões em 2024. Sua participação no total, que era praticamente nula em 2023, aumentou para 0,7%, um percentual ainda bem pequeno.
A segunda alta foi registrada em “centrifugadores e aparelhos para filtrar ou depurar”, cujo valor exportado aumentou de somente US$ 397 mil em 2023 para US$ 185 milhões em 2024 (um avanço de 466 vezes). Com isso, esse produto, que não figurava na lista dos 20 principais em 2023, subiu para a 2ª posição no ranking, respondendo por 18% do total em 2024. Os demais destaques em termos de taxas de crescimento anual foram “hidrocarbonetos e seus derivados” (+292%) e “aquecedor, secador ou trocador de calor, partes e peças” (+178%).
Por dentro das importações de bens manufaturados
De um total de 346 produtos manufaturados que o Brasil importou da China em 2024, os 10 principais responderam por 32% do total e os 20 principais por 46%, sendo que a concentração manteve-se praticamente constante frente a 2023 (quando os percentuais foram de 32% e 45%, respectivamente).
Na nossa pauta importadora da China, predominam produtos manufaturados de média e alta intensidade tecnológica. O principal produto importado foi automóveis de passageiros, cujo valor quase dobrou em comparação ao registrado em 2023 – a maior alta nessa base de comparação (+189%) -, resultando num avanço da 8ª para a 1ª posição no ranking.
Os demais destaques em termos de taxa de crescimento foram: “aparelhos de ar condicionado” (+78%), “máquinas e aparelhos para terraplanagem, perfuração e afins” (+53%), “bombas, compressores, ventiladores, elevadores de líquifação, coifas aspirantes e suas partes” (+50%) e “partes e peças para veículos automóveis e tratores” (39%). Em contrapartida, dentre os 20 principais produtos importados, somente dispositivos semicondutores registraram recuo (-31%).
A pauta importadora do Brasil dos EUA é bem menos concentrada que a da China. De um total de 134 produtos manufaturados importados em 2024, os 10 principais responderam por 26% e os 20 pricipais por 31%, percentuais ligeiramente superiores aos registrados em 2023 (24% e 30%, respectivamente).
Na nossa pauta importadora dos EUA, predominam produtos de alta e média intensidade tecnológica, sobretudo dos setores de máquinas e equipamentos, químico e aeroviário. Os primeiro e segundo principais produtos importados em 2023 e 2024 foram, respectivamente, “partes de motores e turbinas para aviação”e “motores e turbinas para aviação e suas partes”, que registraram avanços em termos de valor importado de 33,4% e 20,3%. Contudo, dentre os 9 produtos que registraram avanço anual no valor importado, as maiores taxas de crescimento foram registradas em “álcoois acíclicos e seus derivados” (54,5%), “gás propano liquefeito” (53,2%) e “máquinas automáticas para processamento de dados e suas unidades” (39%).
Dentre os 11 produtos cujo valor importado recuou no período analisado, os destaques foram “coque de petróleo” (-28,2%) e “compostos organo-inorgânicos” (-26%).
A pauta importadora do Brasil da Argentina é a mais concentrada dentre os três países analisados. De um total de 247 produtos manufaturados importados em 2024, os 10 principais responderam por 76% do total e os 20 principais por 85%, praticamente os mesmos percentuais que em 2023.
A nossa pauta importadora da Argentina é menos intensiva em tecnologia que a pauta chinesa e estadunidense, sendo composta por um mix de produtos derivados e não-derivados de commodities. Nestes predominam produtos do setor automobilístico (média intensidade tecnológica), reflexo da cadeia regional de valor deste setor. Os primeiro e segundo principais produtos importados em 2023 e 2024 foram deste setor – respectivamente, “veículos de carga” e “automóveis de passageiros”, que registraram avanços em termos de valor importado de 25% e 7%. Contudo, as maiores taxas de crescimento foram registradas em “queijos e requeijão” (47%), “obras de alumínio, outras” (43%), “ônibus e outros veículos com capacidade => 10 pessoas” (32%) e “álcoois acíclicos e seus derivados halogenados, sulfonados, nitrados ou nitrosados” (29%).
Dentre os 20 principais produtos importados, cinco registraram recuo, com destaque para “aceleradores de reação e preparações catalíticas (-35%), que passou para a última posição no ranking, e “motores para veículos automóveis e suas partes” (14%).