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                          Carta IEDI

                          Edição 1322
                          Publicado em: 01/08/2025

                          O Brasil e a indústria de transformação mundial em 2024

                          Sumário

                          Os últimos dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) apontam para um crescimento mais robusto da indústria manufatureira mundial no 1º trim/25, puxada pela aceleração na China e a recuperação dos países europeus e dos EUA. 

                          Do ponto de vista setorial, o destaque segue sendo os ramos de alta intensidade tecnológica, sobretudo outros equipamentos de transporte, computadores, eletrônicos e equipamentos elétricos. A UNIDO destaca também o papel do aumento dos gastos com defesa e os esforços de modernização militar nas principais economias como fatores impulsionadores da indústria neste início de ano.

                          No 1º trim/25, a produção da indústria de transformação global registrou variação de +1,3% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, ganhando velocidade em relação à alta de +1,0% registrada no 4º trim/24. A indústria brasileira, por sua vez, registrou desaceleração nesta comparação, assinalando variação nula (0,0%) no mesmo período. 

                          Em relação com o mesmo período do ano passado, também com correção sazonal, o desempenho foi de +4,0% para a indústria mundial, bem acima do avanço de +2,8% no trimestre anterior. Por sua vez, o Brasil, pela primeira vez depois de quatro trimestres consecutivos, teve desempenho inferior ao agregado mundial, ao registrar 2,4% na mesma comparação. 

                          Fatores internos, como o aumento das taxas de juros no país e incertezas a respeito do equilíbrio fiscal, tiveram peso para explicar esta divergência. Mas também se destaca o bom desempenho da indústria chinesa no início de 2025, puxada pelas exportações e por medidas de política industrial, a despeito das tensões em incertezas na governança do comércio mundial. 

                          Vale lembrar que protecionismo dos EUA se agravou a partir de abr/25 e, por isso, seus efeitos não estão inteiramente contemplados nestes resultados divulgados pela Unido.

                          Na China, a indústria manufatureira manteve o mesmo ritmo de crescimento do 4º trim/24, com variação positiva de +1,9% no 1º trim/25, em relação ao período imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2024, a manufatura teve alta de +7,2%, o melhor resultado desde 2º trim/23 (+7,8%). 

                          O restante da Ásia seguiu trajetória contrária: depois de variar +1,2% no 4º trim/24, a Ásia e Oceania exceto China registrou avanço de +0,6% em jan-mar/25 frente ao período anterior. Na comparação com mesmo trimestre de 2024, por sua vez, houve aceleração de +2,3% para +3,7%.

                          Os países da América do Norte e Europa apresentaram alto crescimento da produção industrial, marcando uma forte recuperação após um período de resultados voláteis, mas majoritariamente negativos. 

                          EUA e Canadá, na comparação entre jan-mar/25 e out-dez/24, tiveram mudança de sinal, que foi de -0,4% no 4º trim/24 para +1,1% no 1º trim/25. Em relação ao mesmo trimestre de 2024, a manufatura desses países cresceu +0,8%, após queda de -0,6% no trimestre anterior. Os EUA foram o grande responsável pelo resultado positivo do trimestre em questão.

                          A indústria europeia avançou +1,4% no 1º trim/25 frente ao 4º trim/24, após recuo de -0,1%. Nesta comparação, as influências positivas mais importantes ficaram a cargo da Alemanha, Itália e Reino Unido. Frente ao 1º trim/24, a indústria de transformação da Europa, após seis trimestres consecutivos de retrações, cresceu +1,6%.

                          Na comparação com o 4º trim/24, África (+0,1%) perdeu o dinamismo, enquanto a América Latina e Caribe (+0,2%) assinalou mesma variação do trimestre anterior, ficando próximas da estabilidade. Frente ao 1º trim/24, enquanto a indústria da África apresentou pequena desaceleração (+4,0%), América Latina e Caribe (+1,9%) apresentou trajetória contrária.

                          Na América Latina e Caribe, a manutenção do quadro de virtual estabilidade industrial frente ao trimestre imediatamente anterior se deu em função dos resultados dos seus maiores produtores: Brasil (0,0%), México (0,0%) e Argentina (+0,3%). Frente ao 1º trim/24, bases deprimidas de comparação ajudaram o desempenho argentino (+5,4%) e embora em desaceleração o resultado brasileiro (+2,4%) continuou superior ao total da América Latina e Cariba (+1,9%).

                          A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI constrói periodicamente um ranking da evolução da produção industrial destacando a posição do Brasil. A amostra nesta Carta IEDI conta com 80 países, em função da disponibilidade de informações para o 1º trim/25.

                          Deste conjunto de países, tomada a comparação frente ao mesmo período de 2024, o Brasil ocupou a 37ª colocação no 1º trim/25. A desaceleração industrial do início do ano nos fez descer 10 posições em contraste com o lugar ocupado no 4º trim/24 (27º). 

                          Ainda assim, ficamos à frente de outros países latino-americanos, como Colômbia (+0,9%) em 47º e México (-0,2%) em 53º lugar, mas também de outros emergentes de destaque, como Turquia (em 52º lugar, com -0,1%) e África do Sul (em 68º lugar, com -2,4%) e de alguns países desenvolvidos, como EUA (em 46º, com +1%), Espanha (em 56º, com -0,8%) e Alemanha (em 65º, com -2%).

                          Cabe mencionar que em relação à colocação do primeiro trimestre de 2024, quando ocupamos a 26ª colocação do ranking formado pelos mesmos 80 países com dados mais recentes disponíveis, caímos 11 posições. Praticamente voltamos onde estávamos antes da evolução favorável de 2024, já que no 4º trim/23 estávamos na 38ª posição.

                          A indústria de transformação mundial no 1º trim/2025

                          O último relatório divulgado pela UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) contendo os dados do 1° trim/25 indicam que a indústria de transformação global registrou nova aceleração do ritmo de crescimento na comparação com trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal: +1,3%, após crescer +0,7% no 3° trim/24 e +1,0% no 4º trim/24.  

                          Como ilustra o gráfico a seguir, este resultado representa um dos períodos mais fortes de crescimento da indústria desde a pandemia de COVID-19, segundo a UNIDO.

                           

                          Na comparação interanual (trimestre frente ao mesmo período do ano anterior), por sua vez, a produção industrial avançou +4,0%, sendo a maior variação positiva dos últimos 2 anos.

                          De acordo com a UNIDO, a economia global tem demonstrado notável resiliência, apesar dos inúmeros desafios, incluindo tensões comerciais, taxas de inflação voláteis, interrupções na cadeia de suprimentos, instabilidade política e conflitos armados regionais. Prova disso é o fato de que a atividade manufatureira global não registrou um único trimestre de crescimento negativo desde o início de 2022. 

                          O relatório enfatiza o papel do aumento dos gastos com defesa e os esforços de modernização militar nas principais economias como fatores impulsionadores da indústria. Por outro lado, a escassez de mão de obra em setores-chave e o crescente impacto de desastres naturais continuam a aumentar a pressão sobre a produção industrial. 

                           

                          A atividade manufatureira global registrou crescimento trimestral (trimestre/trimestre anterior) em todas as regiões no 1º trim/25, porém com bastante variação entre elas. Cabe destacar que, em termos gerais, as economias industrializadas do hemisfério Norte apresentaram importante aceleração.   

                           

                          Os países da Ásia e Oceania (incluindo China) alcançaram o melhor desempenho nesta comparação pelo segundo trimestre consecutivo, com uma expansão de +1,5%, após alta de +1,6% no 4°trim/24. Por sua vez, Ásia e Oceania excluindo a China, assinalou alta de apenas +0,6%, metade da variação registrada no trimestre imediatamente anterior (+1,2%). 

                          Por esse resultado, verifica-se a importância da indústria chinesa para esse grupo de países. Na comparação com trimestre anterior, a produção industrial da China variou positivamente: +2,0%, praticamente o mesmo resultado (+1,9%) do trimestre anterior. 

                          A produção manufatureira na Europa (+1,4%) e América do Norte (+1,1%) apresentaram forte aceleração no 1º trim/25 frente ao 4° trim/24, invertendo os resultados negativos do trimestre anterior, quando recuaram -0,1% e -0,4%, respectivamente.

                          A indústria na América Latina e no Caribe ficou praticamente estável, com variação de +0,2% (repetindo o resultado do trimestre anterior), semelhante ao desempenho da África, onde dados limitados indicam uma variação trimestral modesta de apenas +0,1%.

                           

                          Na comparação com o mesmo trimestre de 2024, a indústria de transformação mundial cresceu +4,0%, com variações positivas em todas as regiões.  

                          A manufatura da região da Ásia e Oceania (incl. China) manteve-se na liderança, ao expandir +5,9% no comparativo entre o 1º trim/25 e 1º trim/24. Quando excluímos a China desse grupo de países, a variação foi de +3,7%, e sozinha, a indústria chinesa cresceu +7,2%.  

                          A Europa, que tem apresentado taxas negativas nesta comparação desde o 3º trim/23, teve expansão de +1,6% no 1º trim/25, após recuar -0,4% no trimestre anterior. Canadá e EUA, que também haviam assinalado queda na comparação interanual no 4º trim/24 (-0,6%), ficaram em terreno positivo no 1º trim/25, com variação de +0,8% na mesma comparação. 

                          Por sua vez, os países da América Latina e Caribe apontaram aceleração do crescimento, atingindo variação de +1,9% no 1º trim/25, terceiro aumento consecutivo nessa base de comparação, depois de cinco trimestres de retração. Já a indústria africana assinalou expansão de +4,0% no 1ºtrim/25, variação abaixo dos +4,7% do trimestre anterior.

                            

                          Por dentro das regiões

                          No 1º trim/25 frente ao trimestre anterior, a produção industrial na América do Norte e na Europa assinalaram expansão de +1,1% e +1,4%, respectivamente, após queda no trimestre anterior.  

                          O avanço da América do Norte foi condicionado pela maior produção nos Estados Unidos (+1,2%) e no Canadá (+0,4%). No trimestre jan-mar/25 frente ao mesmo trimestre do ano anterior, a produção industrial na América do Norte avançou +0,8%, com produção em alta nos Estados Unidos (+1,0%), enquanto o Canadá continua a registrar queda nesta comparação (-1,5%).

                          O setor manufatureiro europeu apresentou queda significativa nos trimestres anteriores, com o último aumento significativo ocorrendo no final de 2022. O forte desempenho atual frente ao trimestre anterior (+1,4%) foi impulsionado principalmente pela Alemanha (+1,8%) e pelo Reino Unido (+0,9%). 

                          Outras economias da região apresentaram padrões de crescimento mais diversificados: Itália e França cresceram apenas marginalmente (+0,1% e +0,2%, respectivamente), enquanto a Espanha apresentou uma ligeira queda na produção (-0,1%).

                          Na comparação entre o 1º trim/25 e o 1º trim/24, a indústria europeia cresceu +1,6%, com avanços significativos na Irlanda e Rússia, que avançaram +33,6% e +6,1%, respectivamente. Por outro lado, França (-0,9%), Alemanha (-2,0%), Itália (-3,0%) e Reino Unido (-0,4%) continuaram a registrar variações negativas.

                          A produção industrial na região da Ásia e a Oceania (exceto China) continua apresentando comportamento volátil, mas majoritariamente positivo nos últimos períodos, tendo um crescimento moderado de +0,6% no 1º trim/25 em relação ao 4º trim/24, na série com ajuste sazonal. 

                          O crescimento atual da região refletiu o desempenho irregular de seus principais produtores: Índia (+0,9%), Coreia do Sul (+0,5%) e Taiwan (+1,8%) ficaram no positivo, enquanto o Japão permaneceu estagnado nesse período (0,0%).

                          Na comparação interanual, os países asiáticos (exceto China) assinalaram crescimento de +3,7%, com crescimento na produção industrial de Taiwan (+13,9%), Vietnã (+11,4%), Malásia (+4,2%), Índia (+4,0%), Coréia do Sul (+3,5%) e Japão (+2,6%), sendo que esse último obteve alta após seis semestres seguidos de quedas. 

                          América Latina e Caribe, por ua vez, registrou moderado dinamismo: +0,2% frente ao 4º trim/24, mesma variação do trimestre anterior. Nesta base de comparação, os países da região apresentaram padrões de crescimento variados. Os dois maiores fabricantes da região, México e Brasil, registraram níveis de produção estagnados no trimestre atual (0,0%), enquanto Argentina (+0,3%), Colômbia (+0,6%) e Peru (+0,6%) apresentaram crescimento em relação ao trimestre anterior.

                          Frente ao mesmo trimestre de 2024, a indústria latino-americana cresceu +1,9%. Os resultados dos maiores produtores industriais da região foram díspares: o Brasil obteve expansão de +2,4%, a despeito de sua desaceleração, e a Argentina avançou +5,4%, ajudada por bases baixas de comparação, enquanto o México recuou pelo segundo trimestre consecutivo, variando -0,2%.

                          Dados limitados para a África indicam um aumento na produção industrial na passagem entre out-dez/24 e jan-mar/25 de apenas +0,1%. Como de costume, os padrões de crescimento nas economias africanas variaram significativamente. 

                          Por exemplo, Egito (+1,0%), Ruanda (+1,1%), Senegal (+1,2%) e Togo (+8,2%) registraram crescimento da produção em ritmos diferentes, enquanto a produção industrial na Costa do Marfim (-2,0%) e na África do Sul (-2,3%) sofreu grandes quedas.

                          Na comparação interanual, os países africanos assinalaram crescimento de +4,0% na produção industrial, com variações positivas no Egito (+10,1%), Ruanda (+7,2%) e Senegal (+2,8%), enquanto África do Sul (-2,5%) assinalou recuo nesta comparação.

                           

                          O desempenho das economias industrializadas

                          As economias industrializadas representam 87,7% do valor agregado na indústria mundial, de acordo com a UNIDO, e incluem os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.

                          No 1º trim/25, a indústria de transformação deste grupo de economias cresceu +1,4% na comparação com trimestre anterior, melhorando o resultado obtido no 3º trim/24 e (+0,6%) e 4º trim/25 (+0,8%).

                          Irlanda (+11,3%), Lituânia (+6,1%), Suíça (+5,1%) e Vietnã (+3,8%) alcançaram um crescimento significativo em comparação com o 4º trim/24. Por outro lado, a produção manufatureira na Dinamarca (-7,6%), Cingapura (-5,2%) e Suécia (-4,0%) apresentou declínios significativos.

                           

                          Dados desagregados destacam o desempenho volátil das economias industriais de alta renda nos últimos trimestres, com o aumento de +1,0% no trimestre atual revertendo dois trimestres de produção estagnada. 

                          O desempenho dentro desse grupo variou consideravelmente, com resultados fortes na Áustria (+3,6%), Alemanha (+1,8%) e Noruega (+1,6%), enquanto Austrália (-0,7%), Hungria (-2,1%), Israel (-0,3%) e Espanha (-0,1%) registraram queda na produção. 

                          China teve crescimento de +1,9%, enquanto o grupo das demais economias industriais de renda média apresentou resultado de +0,8% na comparação trimestre/trimestre anterior. 

                          O desempenho dentro deste grupo foi misto: Costa Rica (+1,5%), Malásia (+1,9%) e Turquia (+1,6%) registraram ganhos consistentes, enquanto Bósnia e Herzegovina (-0,9%) e África do Sul (-2,3%) apresentaram quedas significativas na produção.

                          De acordo com o relatório da UNIDO, desde 2015, todos os grupos têm apresentado crescimento constante, com exceção da contração relacionada à pandemia em 2020. A China tem superado consistentemente outros grupos industriais, apesar de ter experimentado outra desaceleração no início de 2022. Em contraste, as economias industriais de alta renda apresentaram crescimento apenas modesto na última década.

                          Desempenho das economias em industrialização

                          Apesar de incluir quase 70% dos países, esse grupo de economias em industrialização representa uma parcela de 12,3% da produção industrial global em 2024, segundo a UNIDO.

                          Apesar da sua diversidade, os países deste grupo, em todos os níveis de renda, poderiam se beneficiar substancialmente do fortalecimento de seus setores manufatureiros e da transição para uma estrutura econômica impulsionada por uma indústria de alta produtividade. Nos últimos anos, o desempenho industrial do grupo tem melhorado gradualmente, alcançando um crescimento da produção trimestral de +0,8% no 1º trim/25.  

                          A produção industrial de economias em industrialização de alta renda avançou +0,9%, após uma alta significativa de +2,5 no trimestre anterior, continuando a trajetória volátil observada desde o início de 2022.

                          Nas economias em industrialização de renda média, o maior grupo da UNIDO em termos de número de países, o aumento de produção foi de +0,8%. Moldávia (+9,3%), Quirguistão (+3,2%) e Bangladesh (+2,2%), registraram aumentos importantes no 1º trim/25, enquanto Armênia (-8,5%), Costa do Marfim (-2,0%), Maldivas (-0,7%) e Filipinas (-0,2%) apresentaram declínios na produção.

                          O número de economias em industrialização de baixa renda que relataram dados de produção industrial diminuiu nos últimos trimestres. Atualmente, a cobertura de dados do país é insuficiente e, portanto, este grupo foi excluído da análise da UNIDO. No entanto, dados de países específicos destacam a volatilidade nesta região. 

                          Por exemplo, Togo relatou acréscimo de +8,2%, enquanto Ruanda experimentou avanço de +1,1%. Cabe destacar que todas as variações são em relação ao trimestre anterior com ajuste sazonal.

                           

                          Desempenho das Economias Emergentes

                          O grupo especial de economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui 12 países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas onde o setor apresenta igualmente forte crescimento. 

                          Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Desde meados de 2023, suas taxas de crescimento trimestral têm consistentemente ultrapassado 1%, incluindo um aumento robusto de 1,9% no trimestre atual, enquanto a média mundial foi de +1,3%. 

                          Em nível nacional, todas as economias com dados disponíveis relataram forte crescimento da indústria no período jan-mar/25 frente a out-dez/24. O Vietnã liderou o grupo, registrando um crescimento trimestral de +3,8%. O país tem seguido uma trajetória volátil nos últimos anos, com taxas de crescimento trimestrais de até 6%, acompanhadas de quedas acentuadas ocasionais. 

                          Outras economias industriais emergentes, como Bangladesh (+2,2%), China (+1,9%), Índia (+0,9%), Malásia (+1,9%) e Ruanda (+1,1%), também registraram ganhos significativos neste trimestre.

                           

                          Análise setorial

                          De acordo com a UNIDO, os dados do 1° trim/25 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo em meio a muitos desafios.

                          Em período recente, os setores de média-alta e alta tecnologia têm consistentemente superado outros setores manufatureiros. Após uma breve desaceleração 1º trim/24, esses setores se recuperaram fortemente no segundo trimestre e, desde então, mantiveram um crescimento trimestral acima de +1%. Essa tendência positiva continuou no 1º trim/25, com um sólido aumento de +1,8%. Em contraste, os setores manufatureiros de menor tecnologia permaneceram atrás, embora os dados mais recentes tenham mostrado um aumento moderado da produção de +0,9%. 

                           

                          O desempenho da indústria de transformação de alta tecnologia no 1º trim/25 foi impulsionado principalmente pela produção de outros equipamentos de transporte (+6,4%), computadores e eletrônicos (+2,6%) e equipamentos elétricos (+2,5%). Esses setores também registraram aumentos substanciais em relação ao ano anterior. No geral, todos os setores registraram crescimento no trimestre atual, com exceção de papel (-0,1%) e derivados de petróleo (-0,3%).

                           

                          Outros equipamentos de transporte incluem, entre outros, navios, aeronaves e espaçonaves e veículos militares. A produção deste setor manteve um crescimento trimestral constante, superior a +1% nos últimos três anos, com apenas algumas exceções. 

                          A expansão do setor durante o 1º trim/25 foi impulsionada principalmente pelo forte desempenho da China (+7,7%), da Coreia do Sul (+10,9%) e dos Estados Unidos (+13,9%). O desempenho desta indústria no início de 2025 pode ser explicado, pelo menos em parte, pelos recentes esforços de modernização da defesa em curso em muitas economias, segundo a UNIDO.

                          As economias industrializadas apresentaram crescimento consistente na maioria dos setores. Em contrapartida, as economias em processo de industrialização apresentaram declínios em vários setores. Notavelmente, a produção em duas indústrias de alta tecnologia, nomeadamente equipamento elétrico (-0,8%) e máquinas e equipamentos (-0,6%), caiu neste grupo de economias.

                          Ranking Indústria de Transformação Mundial

                          A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 80 países para o 1º trim/25. 

                          Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE use dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados divulgados pelo IBGE. 

                          No 1º trim/25, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação positiva de +2,4% frente ao 1º trim/24. Nesta comparação, a indústria brasileira ficou abaixo do resultado para o agregado do setor no mundo pela primeira vez desde o 4º trim/23.

                           

                          Em comparação com o trimestre anterior, entretanto, o setor manufatureiro brasileiro ficou estagnado (0,0%) no 1° trim/25, enquanto a indústria global cresceu +1,3%.

                           

                          Dentre os 80 países da amostra de dados disponíveis da UNIDO, considerado apenas o desempenho do 1º trim/25 frente ao 1º trim/24, o Brasil apresentou piora em relação à posição do trimestre anterior: aparecemos na 37ª colocação (+2,4%), após termos ficado na 27ª posição no 4º trim/24 (+3,8%). 

                          Em contraste com a posição que ocupamos no 1º trim/24 (26ª posição), também houve piora, como mostra a tabela abaixo, dado que o Brasil caiu 11 colocações no ranking.

                           

                          Dessa forma, a indústria de transformação no Brasil superou países como EUA (+1,0%), México (-0,2%), Reino Unido (-0,4%), França (-0,9%) e Alemanha (-2,0%) no 1º trim/25.

                           

                          Entre as primeiras posições do ranking ficaram Irlanda, Mongólia, Togo, Taiwan, Vietnã, Quirguistão e Egito, com variações de dois dígitos. A Rússia continua se destacando, crescendo +6,1% no 1º trim/25 frente ao mesmo período de 2024, a despeito dos embargos ocidentais, e ocupou a 8ª posição no ranking. Entre as últimas posições encontram-se: Maldivas e Armênia.

                           

                          Exportações globais e regionais de produtos manufaturados

                          Devido às tensões comerciais crescentes, o relatório da UNIDO sobre a produção da indústria manufatureira global passou também a incluir informações sobre o comércio mundial destes produtos.

                          De acordo com os dados mais recentes sobre comércio exterior, após estagnação no trimestre anterior, as exportações mundiais de manufaturados continuaram em trajetória volátil, com um crescimento de +1,4% na comparação entre o 1º trim/25 e o 4º tim/24. 

                          Cabe destacar que o relatório da UNIDO abrange apenas os primeiros três meses de 2025. Durante esse período, os Estados Unidos aumentaram as tarifas sobre as importações de certos países. No entanto, os aumentos tarifários mais significativos foram anunciados a partir de abr/25, o que levou a medidas retaliatórias de alguns de seus parceiros comerciais. Espera-se que os efeitos dessas políticas sejam refletidos no próximo relatório, que abrangerá o segundo trimestre de 2025.

                          Atualmente, o comércio global de manufaturados enfrenta desafios crescentes, incluindo tensões geopolíticas intensificadas, ameaças às principais rotas comerciais e uma disputa tarifária em curso entre as principais economias, incluindo China, União Europeia e Estados Unidos, contribuindo para perspectivas cada vez mais instáveis e imprevisíveis para o comércio internacional.

                          Em termos regionais, as exportações de manufaturados da América do Norte e América Latina e Caribe superaram as de outras regiões no 1º trim/25, com crescimento trimestral de +2,9% e +2,3%, respectivamente. Esses acréscimos foram impulsionados principalmente pelos principais exportadores de manufaturados das duas regiões, Estados Unidos e México. 

                          A Ásia e a Oceania (exceto China) também registrou crescimento sólido no trimestre atual, liderados por Taiwan, Hong Kong, Japão e Vietnã. Em contrapartida, a China registrou uma taxa de crescimento relativamente modesta de +0,6% nos primeiros três meses do ano, provavelmente já impactada pelos aumentos tarifários dos Estados Unidos sobre as importações chinesas, introduzidos em fevereiro e março de 2025. 

                          Após um período de volatilidade nos trimestres anteriores, a Europa alcançou uma taxa de crescimento de +1,1% no 1º trim/25, impulsionada pelo forte desempenho da Irlanda, Itália, Suíça e outros países. Os dados limitados disponíveis para a África indicam um declínio nas exportações de manufaturados do continente.

                          Dentre os setores, as exportações de bens de alta tecnologia apresentaram melhor desempenho, crescendo +2,3% no mesmo período, enquanto as exportações de outros produtos manufaturados permaneceram praticamente estáveis, registrando apenas um crescimento marginal de +0,2%.

                           

                          Essa tendência é consistente entre as principais regiões. No 1º trim/25, a América do Norte registrou o maior crescimento trimestral entre todas as regiões observadas, superando todos os outros grupos e seu próprio desempenho recente (+3,4%). 

                          As exportações de bens de alta tecnologia da Ásia e Oceania (exceto China) apresentaram aumento de +3,2%, impulsionado principalmente por Taiwan (+9,0%). 

                          A América Latina e o Caribe mantiveram a tendência positiva observada nos últimos trimestres, registrando um aumento de +2,1%, enquanto a Europa manteve sua trajetória volátil, com taxa de crescimento de +1,8% no trimestre analisado.

                           

                          Na comparação entre as taxas de crescimento da produção e das exportações globais da indústria manufatureira, pode-se observar que as exportações geralmente apresentam maior volatilidade do que a produção, tanto para o total de bens manufaturados quanto para os bens de alta tecnologia.

                          Um desfasamento temporal também é evidente, com as exportações tipicamente acompanhando com atraso as tendências observadas na produção. No entanto, no 1º trim/25, as taxas de crescimento da produção e das exportações convergiram: a produção manufatureira aumentou +1,3%, enquanto as exportações aumentaram +1,4%. Para bens de alta tecnologia, a produção cresceu +1,8% e as exportações, +2,3%.

                           

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                          No 1º trim/25, os grupos de maior intensidade tecnológica foram os que mais desaceleraram, embora tenham se mantido com um desempenho superior ao agregado da indústria de transformação.

                           

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                          Publicado em: 06/06/2025

                          Embora não faltem especulações sobre ganhadores e perdedores da elevação de tarifas comerciais pelos EUA, os cenários mais recentes dos organismos multilaterais indicam enfraquecimento do PIB global e do comércio internacional. 

                           

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                          Publicado em: 23/05/2025

                          No 1º trim/2025, o déficit da balança de bens da indústria de transformação voltou a aumentar, devido a um desempenho inferior dos ramos de menor intensidade tecnológica.

                           

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                          Publicado em: 13/05/2025

                          No 1º trim/25, a indústria cresceu menos do que vinha crescendo na segunda metade de 2024, sendo que bens de capital e intermediários ficaram entre os que mais perderam dinamismo.

                           

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