Carta IEDI
Exportações industriais no 3º trim/22: resiliência da média-alta e média-baixa tecnologia
O desempenho da balança comercial da indústria vem repetindo o ritmo de expansão das exportações nos últimos meses, mas com resultados mais robustos para as importações. O resultado é a deterioração adicional do déficit externo do setor: US$ 47,06 bilhões, o maior desde 2014 para o acumulado jan-set e +26% acima do valor do ano passado.
No 3º trim/22, as exportações da indústria de transformação cresceram +26,2% frente ao mesmo período do ano anterior, com pequena desaceleração em comparação com o 2º trim/22 (+29,8%). Em contrapartida, as importações do setor avançaram +32,3%, um pouco mais do que no trimestre anterior (+31,5%).
Nas exportações, esta evolução foi assegurada pelos grupos de média-alta e média-baixa intensidade tecnológica, que apresentaram relativa manutenção do ritmo de crescimento entre o 2º e o 3º trim/22. A indústria de alta e de média tecnologia caminharam em direção oposta.
Os grupos industriais por intensidade tecnológica, cujo comércio exterior é analisado nesta Carta IEDI, foram definidos segundo metodologia divulgada pela OCDE: alta, média-alta, média e média-baixa. Na faixa de baixa intensidade estão os produtos da agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura, mas não encampa bens da indústria de transformação.
A indústria de média-alta tecnologia registrou alta nas exportações de +30,6% no 2º trim/22 e de +30,5% no 3º trim/22, sempre em relação a igual período do ano passado. Esta resiliência recebeu contribuição importante da aceleração do ramo de veículos, manutenção do dinamismo de máquinas e equipamentos e, a despeito de uma desaceleração, taxa expressiva de expansão de químicos.
Na média-baixa intensidade tecnológica, por sua vez, a alta das exportações foi de +30,6% no 2º trim/22 e de +30,4% no 3º trim/22, apoiada no crescimento de alimentos e no ganho de velocidade de derivados de petróleo e biocombustíveis.
Já as vendas externas da alta tecnologia passou de +7,3% para +16,0% do 2º trim/22 para o 3º trim/22. A fabricação de aeronaves não se saiu bem, caindo -2% neste último trimestre, mas do que compensada em termos absolutos pela forte expansão da indústria farmacêutica, cujas exportações saltaram +51,8% no 3º trim/22.
Em sentido oposto, a indústria de média intensidade tecnológica, que tinha registrado +31,1% no 2º trim/22, refluiu para +12,2%, em grande medida pela perda de dinamismo das exportações de metalurgia e minerais não metálicos.
Quanto às importações da indústria de transformação, o crescimento verificado no 3º trim/22 foi bastante concentrado em dois segmentos: derivados de petróleo e biocombustíveis, com alta de +106,2% ante o 3º trim/21, e químicos, com +57,5%. Juntos, responderam por 74% da alta das importações neste trimestre. Isso se deu devido a um fator preço, mas também por maiores quantidades importadas.
Assim, as maiores altas couberam aos grupos de: média-baixa intensidade tecnológica, com +66,1%, devido a acelerações difundidas em todos os seus ramos industriais, com destaque para derivados de petróleo e biocombustíveis; e de média-alta tecnologia, que apesar de um ritmo menor de expansão do que no 2º trim/22, ainda assim cresceu +37,4%, devido ao ganho de ritmo de veículos, máquinas e equipamentos, e ao forte resultado de químicos.
A indústria de média tecnologia também progrediu, apresentando alta de +4,5%, depois de dois trimestres seguidos de declínio. Muito disso deveu-se à importações de borracha e plástico, minerais não metálicos e bens diversos.
O grupo de alta tecnologia, por sua vez, foi o único a apontar menor expansão de suas importações, passando de +19,8% no 2º trim/22 para +7,6% no 3º trim/22, sob influência principalmente da indústria farmacêutica, cujas bases de comparação em 2021 também refletiam a importação de vacinas e insumos para vacinas contra a Covid-19.
Com ¾ do ano coberto por estatísticas do Ministério da Economia, já é possível identificar o significado de 2022 para o comércio exterior da indústria. Foi um período de deterioração do saldo, como mencionamos no início, mas as exportações, em termos nominais, atingiram o patamar recorde de US$ 135,9 bilhões em jan-set/22, uma alta de +29,9% ante jan-set/21. Ou seja, no ano, as vendas externas do setor ainda avançam marginalmente mais do que suas importações: +28,9%.
Tal como no 3º trim/22, no acumulado do ano até set/22 quem puxou a expansão geral foram a indústria de média-alta (+30,2% ante jan-set/21) – com destaque para a retomada exportadora da indústria automobilística (+34%), aproximando-se dos valores de 2017-2018, e da indústria química (+34,8%) sob efeito preço positivo – e a indústria de média-baixa tecnologia (+34%), apoiada sobretudo em derivados de petróleo e biocombustíveis (+86,2%).
Na alta tecnologia, vale mencionar ainda o desempenho da indústria farmacêutica, cujas exportações e jan-set/22 atingiram o maior patamar desde 2014, com alta de +30,6% ante jan-set/21. Com isso, o setor representou 27% das exportações totais da indústria de alta tecnologia, quase o dobro da sua participação antes da pandemia (15% em jan-set/19).
Bens típicos da indústria de transformação e a balança comercial
O acumulado até o nono mês de 2022 apresentou saldo comercial superavitário de US$ 47,7 bilhões para a balança comercial total do país, o segundo maior da série em dólares correntes para janeiro-setembro, atrás somente do registrado em 2021.
As exportações totais cresceram 18,9%, saindo de US$ 213,3 bilhões para US$ 253,7 bilhões, o maior montante exportado para o acumulado em questão em toda a série. As importações tiveram aumento ainda maior, de 31,3%, alcançando US$ 206,0 bilhões, o maior volume importado em dólares correntes para os primeiros nove meses de toda a série.
Esse superávit decorreu do resultado positivo de US$ 94,8 bilhões dos demais produtos, mormente agropecuários, da pesca e minerais, recorde para o acumulado até o nono mês. Suas exportações chegaram a US$ 117,8 bilhões, nível também sem igual em dólares correntes para janeiro-setembro.
Em se tratando dos bens tipicamente oriundos da indústria de transformação, o déficit aumentou frente ao mesmo período de 2021, saindo de US$ 37,3 bilhões para US$ 47,1 bilhões. Desde 2014, o déficit não era tão elevado para esses itens no acumulado dos noves primeiros meses.
As exportações da indústria de transformação cresceram 29,9%, para US$ 135,9 bilhões, seu maior montante exportado de toda a série para esse período. Suas importações foram ampliadas em 28,9%, atingindo US$ 183,0 bilhões, também o maior da série em dólares correntes.
Em suma, o saldo dos bens típicos da indústria de transformação se deteriorou nos nove meses iniciais vis-à-vis igual período de 2021, apesar do avanço de suas exportações ao longo dos trimestres. O superávit dos demais bens – agropecuários, da pesca e minerais – em janeiro-setembro ficou US$ 1 bilhão acima do observado nem igual acumulado do ano passado.
Atendo-se ao terceiro trimestre do ano, o saldo positivo de US$ 13,4 bilhões menor do que o registrado tanto no segundo trimestre de 2022 quanto no terceiro trimestre de 2021. As exportações aumentaram 16,1% frente a julho-setembro de 2021, atingindo a US$ 89,5 bilhões. As importações avançaram ainda mais, 32,1%, alcançando US$ 76,1 bilhões.
No terceiro trimestre de 2022, o superávit também se deveu aos demais produtos (bens agropecuários e minerais em destaque): saldo de US$ 32,8 bilhões. As exportações desses produtos em relação ao mesmo período de 2021 aumentaram 5,7%, chegando a US$ 40,1 bilhões, enquanto as importações cresceram 30,2%.
Quanto aos bens típicos da indústria de transformação, suas exportações cresceram 26,2% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, chegando a US$ 49,5 bilhões. Suas importações avançaram 32,3%, alcançando US$ 68,9 bilhões. Desse modo, o déficit chegou a US$ 19,4 bilhões, acima do registrado em julho-setembro do ano passado, déficit de US$ 12,9 bilhões.
A balança por intensidade tecnológica
Conforme exposto em carta anterior, a nova classificação por intensidade de pesquisa e desenvolvimento (P&D) ou tecnológica constante de publicação da OCDE passou a abranger todas as atividades econômicas, não só as da indústria de transformação do esforço anterior.
Ademais, no lugar de quatro faixas de intensidade (alta, média-alta, média-baixa e baixa), passaram a ser cinco segmentos: de alta intensidade, de média-alta, média, média-baixa e de baixa intensidade de P&D. No caso dos produtos da indústria de transformação, estes se fazem presentes nas quatro primeiras faixas, não havendo bens dessa atividade na de baixa intensidade.
Na faixa de alta intensidade, as atividades da indústria de transformação são as mesmas da classificação anterior. Acompanhando-as estão duas de serviços, P&D científico e publicação de software. A partir da divulgação na plataforma Comexstats dos dados de exportação e importação segundo a Classificação Industrial Internacional Uniforme, pode-se averiguar que não houve transações de produtos oriundos de tais serviços na balança comercial.
No segmento de média-alta, dois agrupamentos de bens foram acrescidos àqueles tipicamente fabricados por atividades dessa faixa: equipamento bélico pesado, armas e munições; e instrumentos e materiais de uso médico e odontológico e artigos óticos. Ademais os serviços de tecnologia de informação (TI) e prestação de serviços de informação passaram a compor o segmento de média-alta, embora não tenham itens transacionados na balança comercial.
Quanto ao segmento de média intensidade, guarda semelhança com a versão anterior da faixa de média-baixa intensidade, sendo que, o grupo dos produtos metálicos e da metalurgia foi dividido, ficando na faixa de média apenas os da metalurgia. Também abarca os produtos diversos e a atividade de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos. Esta é a única faixa na qual todas as atividades são da indústria de transformação.
Já a faixa de média-baixa intensidade conta com boa parte dos ramos da indústria de transformação que, antes, eram considerados de baixa intensidade (a exceção ficou por conta dos bens diversos, que foi para a de média intensidade), com a adição dos produtos de metal e da fabricação de coque, derivados de petróleo refinado e demais combustíveis. O segmento de média-baixa conta ainda com os serviços profissionais, científicos e técnicos; telecomunicações; e edição (com ou sem impressão), e com a indústria extrativa (extração mineral).
A faixa de baixa intensidade tecnológica não abarca nenhuma atividade da indústria de transformação, embora encampe duas atividades industriais: construção; e a produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos. A agropecuária, produção florestal, pesca e aquicultura também compõe essa faixa, afora os serviços que não foram mencionados acima.
Com base em tanto, a balança comercial brasileira pode ser esmiuçada a partir da versão atualizada da taxonomia por intensidade tecnológica, tendo por base os esforços de P&D.
Tomando o desempenho no acumulado do ano, a balança comercial de bens produzidos por atividades classificadas como de alta intensidade tecnológica experimentou déficit de US$ 32,0 bilhões em janeiro-setembro, o maior da série em dólares correntes para tal acumulado. O intercâmbio desses produtos é todo ele relativo a bens da indústria de transformação. Suas exportações cresceram 6,7% em relação a igual período de 2021, chegando a US$ 4,3 bilhões.
Tal incremento exportador se deveu à ampliação nas vendas externas de produtos do complexo eletrônico e nos farmacêuticos, enquanto as de aeronaves, principal item de exportação dessa faixa, retrocederam. Desse modo, as exportações ainda não retornaram ao nível pré-pandêmico. Ademais, todos os três ramos experimentaram déficit. O complexo eletrônico respondeu por quase dois terços desse déficit, saldo negativo de US$ 20,5 bilhões.
Quanto à faixa de média-alta intensidade, experimentou déficit de US$ 63,0 bilhões, nível recorde para janeiro-setembro, afora ser o maior dentre as cinco faixas. Suas exportações aumentaram 30,2% no contraponto entre iguais acumulados de 2022 e de 2021, chegando a US$ 31,9 bilhões. Ainda assim, embora superado o nível pré-pandêmico, de janeiro-setembro de 2019, encontra-se aquém do que o país já exportou no mesmo acumulado de 2008, de 2011 e de 2012.
A expansão das exportações desta faixa ocorreu em todos os seus ramos. Pode-se destacar o crescimento das vendas externas de produtos químicos, 34,8%, tornando-se o maior ramo em termos de exportação dessa faixa, enquanto as de máquinas e equipamentos mecânicos e não especificados noutras atividades e as de veículos automotores, reboques e carrocerias cresceram 26,3% e 34,0%, respectivamente. Também cresceu bem o pouco representativo em termos de exportações, mas superavitário ramo de equipamentos bélicos pesados, armas e munições. Os produtos químicos e máquinas e equipamentos registraram os maiores déficits no acumulado, com o de químicos representando praticamente 70% do déficit dessa faixa.
Os bens tipicamente oriundos de atividades de média intensidade tecnológica, todas da indústria de transformação, registraram superávit recorde de US$ 10,8 bilhões no acumulado até setembro, superando o saldo positivo do mesmo período do ano anterior. Suas exportações avançaram 23,6%, atingindo US$ 26,7 bilhões. As importações, por sua vez, retrocederam 2,3%.
O saldo maior da média tecnologia decorreu principalmente do aumento no superávit dos produtos metalúrgicos, que chegou a US$ 13,4 bilhões, cujas exportações avançaram 24,9%, atingindo US$ 23,0 bilhões. Os produtos de minerais não-metálicos também lograram resultado positivo. Os demais ramos experimentaram déficit, sendo o de maior magnitude o de produtos de borracha e de material plásticos, saldo negativo de US$ 2,4 bilhões.
Já o grupamento dos bens típicos das atividades de média-baixa intensidade tecnológica, seu superávit alcançou US$ 77,3 bilhões em janeiro-setembro de 2022, o segundo maior resultado para tal acumulado da série em dólares correntes, perdendo apenas para igual período do ano passado.
Suas exportações avançaram 11,2%, atingindo US$ 130,2 bilhões, patamar recorde. As exportações de minérios declinaram 8,8% ficando em US$ 57,0 bilhões, mas ainda registrando superávit, de US$ 40,2 bilhões. A vendas externas dos bens da indústria de transformação dessa faixa cresceram 34,0%, alcançando o recorde de US$ 73,1 bilhões e contribuindo para o superávit de US$ 37,1 bilhões. Para esses patamares recordes dos bens da indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica concorreu bastante o avanço dos produtos alimentícios industriais, bebidas e tabaco, com exportações e superávits recordes.
Na média-baixa, também registraram exportações e superávit sem iguais, os produtos industriais madeireiros, seus derivados, móveis, papel, celulose e impressos. No sentido contrário, coque, produtos de petróleo refinado e biocombustíveis experimentaram aumento no déficit frente a janeiro-setembro de 2021, mesmo com exportações no maior nível histórico. Apesar do déficit maior, não atingiu o déficit já registrado noutros anos para esse acumulado.
Quanto à faixa de baixa intensidade, na qual se destacam os produtos agropecuários e pescados observou superávit recorde de US$ 54,3 bilhões, com ampliação de 32,5% das exportações, chegando a US$ 59,8 bilhões. Esse incremento é quase o mesmo das vendas externas de gêneros agropecuários e da pesca e aquicultura, 32,2%, dados o pouco peso dos bens oriundos da produção e distribuição de eletricidade, gás e água e daqueles originados por serviços. Cumpre lembrar que esse segmento não inclui bens da indústria de transformação.
Passando para a comparação entre julho-setembro de 2022 e período equivalente de 2021, no segundo trimestre de 2022, o déficit da faixa de alta intensidade aumentou de US$ 10,2 bilhões para US$ 10,7 bilhões. As exportações cresceram 16,0%, chegando a US$ 1,6 bilhão. As exportações dos produtos eletrônicos e farmacêuticos avançaram na casa dos dois dígitos, porém a de aeronaves, o principal em termos de vendas externas, sofreu recuo. As importações cresceram 7,6%, com aumento de dois dígitos em aeronaves e bens do complexo eletrônico, enquanto as aquisições externas de produtos químicos recuaram 26,3%.
Passando para o segmento de média-alta, este experimentou déficit de US$ 24,4 bilhões, US$ 7,0 bilhões a mais que no mesmo trimestre do ano passado e, também, maior que os dois trimestres anteriores de 2022. As exportações subiram 30,5%, atingindo US$ 11,7 bilhões, com aumento generalizado nas vendas externas, com expressão maior de automóveis, reboques e carrocerias, 47,1%. Com peso pequeno nas vendas externas os outros produtos de transporte terrestre tiveram a segunda maior expansão exportadora, seguida dos produtos químicos, os mais representativos dessa faixa em termos de exportações.
As importações de mercadorias do segmento de média-alta, por sua vez, cresceram 37,4%, puxadas pela ampliação de nas compras internacionais de produtos químicos, quer pela taxa, quer pelo montante, ainda que o aumento nas compras externas de equipamentos bélicos, armas e munições tenha sido o maior, mais que dobrando o montante importado.
Julho-setembro de 2022 para a faixa de média intensidade foi superavitário, US$ 3,4 bilhões, expressivo, superando com sobras os resultados do mesmo período de 2021, embora tenha ficado aquém do segundo trimestre do ano. Suas exportações cresceram 12,2%, chegando a US$ 9,0 bilhões.
As importações de bens da indústria de transformação dessa faixa, a seu turno, cresceram 4,5%, o que foi disseminado entre seus ramos, excetuando-se as aquisições de produtos metalúrgicos, que retrocederam. Os produtos da metalurgia, com superávit de US$ 4,4 bilhões, responderam em larga medida pelo saldo maior, bem como pelo desempenho exportador, aumento de 11,7%. Os produtos plásticos e de borracha registraram o maior déficit dessa faixa, mas inferior com o maior incremento exportador dessa faixa.
Quanto aos fluxos comerciais da faixa de média-baixa intensidade tecnológica no terceiro trimestre de 2022, suas exportações, US$ 47,6bilhões, representaram avanço de 6,6% frente a julho-setembro de 2021. As exportações de minérios diminuíram 14,3%, ficando em US$ 20,4 bilhões, enquanto as de produtos da indústria de transformação dessa faixa aumentaram 30,4%, alcançando expressivos US$ 27,2 bilhões.
Assim, o superávit de todos os produtos do segmento de média-baixa intensidade foi de US$ 27,9 bilhões, aquém do patamar recorde mesmo período de 2021. Essa redução se deveu às importações dessa faixa, que cresceram 58,6%. A força do agronegócio do país fica evidente nesse segmento por conta da indústria de alimentos e bebidas, cujas exportações aumentaram 29,3% nessa base de comparação.
A faixa de baixa intensidade apresentou aumento no superávit no terceiro trimestre, chegando a US$ 17,5 bilhões, devido ao de incremento de 41,1% nas exportações, atingindo US$ 19,4 bilhões. Suas importações cresceram 4,4%. Tal comportamento é notavelmente ditado pelos gêneros agropecuários.
Bens da indústria de transformação de alta intensidade tecnológica
No acumulado dos três primeiros trimestres, como visto, o déficit dos produtos da indústria de transformação de alta intensidade aumentou vis-à-vis o mesmo período de 2021, chegando a US$ 32,0 bilhões, o maior da série para tal acumulado. Esse déficit maior ocorreu mesmo com ampliação de 6,7% nas exportações em dólares correntes, chegando a US$ 4,3 bilhões, mas trata-se de patamar bem aquém daquele de igual acumulado de 2019. As importações cresceram 18,5%.
Os produtos típicos da indústria aeronáutica registraram saldo negativo de US$ 4,1 bilhões, configurando o maior déficit de toda a série para esse acumulado. Suas vendas externas recuaram 5,9%, ficando em US$ 2,0 bilhões. As exportações de bens eletrônicos, a seu turno, cresceram dois dígitos, 13,3%, mas sobre um montante de pouca expressão, enquanto suas importações avançaram 20,4%, consubstanciando um volume importado de US$ 21,5 bilhões e déficit de US$ 20,5 bilhões.
No caso dos produtos farmacêuticos, suas vendas externas aumentaram 30,6%, US$ 1,2 bilhão, enquanto as importações ficaram praticamente estáveis, 0,1%. Apesar de tais taxas, seu saldo continuou negativo, déficit de US$ 7,5 bilhões.
Em julho-setembro, o saldo dos bens das indústrias de alta intensidade apresentou déficit de US$ 10,9 bilhões, superando em US$ 665 milhões o déficit do mesmo período de 2021. Suas exportações cresceram 16,0%, chegando a US$ 1,6 bilhão. As importações também avançaram, aumento de 7,6%, atingindo US$ 12,4 bilhões.
Os equipamentos aeronáuticos e aeroespaciais registraram déficit de US$ 1,6 bilhão em julho-setembro. Suas exportações retrocederam 2,0%, ficando em US$ 675 milhões. As importações cresceram 33,6%, levando-as ao patamar de US$ 2,3 bilhões.
Os bens típicos do complexo eletrônico, como tem sido recorrente, concorreram sobremaneira para essa balança negativa dos produtos da indústria de alta intensidade tecnológica, déficit de US$ 7,0 bilhões. As exportações cresceram 17,4%, mas sobre uma base baixa, chegando assim a US$ 387 milhões, enquanto as importações foram de US$ 7,4 bilhões, expansão de 20,4%.
Os produtos farmacêuticos experimentaram saldo negativo de US$ 2,2 bilhões. Suas exportações aumentaram bastante, 51,8%, vendendo US$ 505 milhões para outros países. As importações desses bens, a seu turno, diminuíram 26,3%, caindo para US$ 2,7 bilhões.
Bens da indústria de transformação de média-alta intensidade tecnológica
O segmento de média-alta intensidade apresentou déficit de US$ 63,0 bilhões em janeiro-setembro de 2022, o maior dentre todas as faixas de intensidade e o maior de toda a sua série para tal acumulado. Suas exportações cresceram 30,2%, subindo para US$ 31,9 bilhões. As importações cresceram ainda mais, 34,6%, chegando a US$ 94,9 bilhões.
Os produtos da indústria automobilística experimentaram saldo negativo de US$ 3,2 bilhões, déficit menor do que o observado no mesmo acumulado do ano passado. Suas exportações aumentaram 34,0%, chegando a US$ 10,3 bilhões, com as importações crescendo 11,5%. Os equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas etc.) observaram déficit de US$ 703 milhões, maior do que no mesmo acumulado de 2021, com aumento de 8,5% nas exportações, ficando em US$ 162 milhões.
Os dois grupamentos ligados a bens de capital presenciaram déficits um pouco maiores do que os registrados em janeiro-setembro de 2021, além de aumentos de dois dígitos nas exportações. O de equipamentos não especificados noutras atividades, M&E, teve déficit de US$ 9,3 bilhões, exportando 26,3% mais do que em igual período de 2021, alcançando US$ 7,5 bilhões. Suas importações cresceram 13,2% na mesma base comparativa.
Quanto aos materiais e equipamentos elétricos, tiveram resultado negativo de US$ 5,4 bilhões, déficit ligeiramente menor do que nos nove primeiros meses do ano passado, com exportações de US$ 2,5 bilhões, 14,5% maior do que o montante exportado em igual acumulado de 2021. As importações avançaram menos, 5,6%.
Quanto aos produtos químicos, experimentaram déficit de US$ 43,2 bilhões, configurando 69,0% do déficit de toda a faixa de média-alta intensidade tecnológica. O Brasil exportou US$ 10,8 bilhões desses bens, incremento de 34,8%, sendo que as importações aumentaram 61,7%, atingindo US$ 54,0 bilhões.
Os instrumentos e materiais médico-hospitalares e artigos óticos registraram déficit de US$ 1,4 bilhão, com ampliação de 11,9% nas exportações, chegando a US$ 295 milhões. Suas importações retrocederam 3,3%.
Por fim, o saldo dos equipamentos bélicos, armas e munições registrou superávit de US$ 214 milhões, com ampliação de 33,3% nas exportações, chegando a US$ 327 milhões, enquanto as importações cresceram 9,7%.
No terceiro trimestre, o déficit desse segmento foi de US$ 24,6 bilhões, com aumento de 30,5% nas exportações frente a julho-setembro de 2021, chegando a US$ 11,7 bilhões. Paralelamente, as importações avançaram ainda mais, 37,4%.
As exportações de produtos químicos (exclusive farmacêuticos) cresceram 27,7%, subindo para US$ 3,9 bilhões. Já as importações cresceram de modo ainda mais impressionante, 57,5% na mesma comparação entre terceiros trimestres, atingindo US$ 21,4 bilhões. Assim o déficit alcançou US$ 17,5 bilhões, respondendo por mais de 70% do saldo negativo dessa faixa.
Os equipamentos de transporte fabricados por indústrias de média-alta intensidade tecnológica totalizaram déficit de US$ 1,4 bilhão no terceiro trimestre de 2022. Os automóveis, reboques e carrocerias responderam por US$ 1,1 bilhão deste montante. As exportações destes últimos foram de US$ 3,9 bilhões, incremento de 47,1% frente ao mesmo período de 2021. Suas importações cresceram 18,7%.
Quanto ao grupo dos equipamentos ferroviários e outros de transporte (motocicletas, entre outros), suas exportações aumentaram 31,6%, enquanto as importações avançaram 12,2%, mas sobre uma base mais expressiva, levando, assim, ao resultado negativo de US$ 236 milhões.
A balança comercial de máquinas e equipamentos mecânicos ou não especificados noutros segmentos e a de máquinas elétricas registraram déficits de US$ 3,3 bilhões e de US$ 2,0 bilhões, respectivamente, ambos maiores que os respectivos déficits registrados no mesmo trimestre de 2021. As exportações de M&E subiram 23,5%, chegando a US$ 2,8 bilhões, enquanto as importações cresceram 17,6%. Já as exportações de aparelhos e materiais elétricos avançaram 9,9%, chegando a US$ 885 milhões, enquanto as aquisições externas aumentaram 13,1%.
Quanto aos I&M de uso médico e odontológico e artigos óticos, o país exportou US$ 101 milhões no terceiro trimestre do ano, 12,9% a mais do que em igual período de 2021. Suas importações recuaram 6,4%, parando em US$ 552 milhões, levando ao déficit de US$ 451 milhões.
Já o intercâmbio de equipamentos bélicos, armas e munições registrou superávit de US$ 41 milhões no terceiro trimestre de 2022, com suas exportações crescendo 14,9%, alcançando US$ 101 milhões, enquanto suas importações avançaram sobremaneira 146,1%.
Bens da indústria de transformação de média intensidade tecnológica
Em janeiro-setembro, as exportações em dólares correntes de gêneros típicos de indústrias de média intensidade tecnológica avançaram 23,6% em relação a igual período de 2021, chegando a US$ 26,7 bilhões. As importações sofreram retração de 2,3%. Desse modo, a balança comercial apresentou superávit maior, de US$ 10,8 bilhões, recorde para esse acumulado.
As embarcações e demais produtos do setor naval-náutico tiveram a única redução nas exportações dentre os ramos dessa faixa, variação de -8,7%. Suas importações retrocederam ainda mais, 73,3%, ficando em US$ 187 milhões. Dessa maneira, o intercâmbio desses produtos registrou déficit de US$ 141 milhões.
Os produtos da metalurgia lograram superávit recorde de US$ 13,4 bilhões nos três primeiros trimestres de 2022. O Brasil exportou US$ 22,0 bilhões, 24,9% a mais do que em janeiro-setembro do ano anterior. Já as importações desses itens retrocederam 3,4%, contribuindo também para o superlativo saldo.
O outro ramo superavitário, o de produtos minerais não-metálicos obteve saldo de US$ 360 milhões, maior do que no mesmo acumulado de 2021. Suas exportações avançaram 13,1%, chegando a US$ 1,8 bilhão, sendo que as importações cresceram menos, 6,2%.
Os dois grupos de bens restantes registraram resultado negativo no acumulado até setembro. O déficit dos produtos de borracha e material plástico atingiu US$ 2,4 bilhões, déficit menor do que o observado em igual acumulado de 2021. Para tanto concorreu o aumento de 21,7% nas exportações, chegando US$ 2,4 bilhões, enquanto as importações crescendo 4,5%, atingindo US$ 4,7 bilhões.
Já os bens diversos (exclusive I&M médicos e odontológicos e artigos óticos) tiveram déficit de US$ 141 milhões, com expansão de 17,8% nas exportações e de 20,9% nas importações.
Atendo-se ao terceiro trimestre de 2022, as exportações de bens oriundos da indústria de média intensidade tecnológica aumentaram 12,2% frente a igual período de 2021, subindo para US$ 9,0 bilhões. As importações, a seu turno, cresceram 4,5%, após dois trimestres de retração nessa base comparativa. Dessa forma, o superávit do segmento aumentou de US$ 2,6 bilhões em julho-setembro de 2021 para US$ 3,4 bilhões no terceiro trimestre último.
As embarcações e demais produtos da construção naval foram o único ramo com quedas nas exportações dentre os ramos da presente faixa, taxa de -51,4%, exportando somente US$ 19 milhões. Já as importações desses itens cresceram 157,0%, para US$ 65 milhões, configurando déficit de US$ 46 milhões.
Os superavitários produtos metalúrgicos lograram saldo de US$ 4,4 bilhões, quase US$ 1 bilhão a mais do que no mesmo trimestre do ano passado. Cabe realçar que suas exportações cresceram 11,7%, chegando a US$ 7,2 bilhões. As importações diminuíram 5,6%.
Os produtos de minerais não-metálicos registraram superávit de US$ 148 milhões, com exportações aumentando 8,6%, chegando a US$ 660 milhões, enquanto as importações cresceram 7,5%.
Passando para os dois outros conjuntos de bens, os produtos de borracha e de material plástico apresentaram resultado negativo de US$ 888 milhões, com ampliação de 23,0% nas vendas para o exterior, exportando, assim, US$ 864 milhões, e aumento de 15,9% nas importações.
Quanto aos bens diversos, seu déficit de US$ 215 milhões foi acompanhado de avanço de 14,2% nas exportações, chegando a US$ 168 milhões, e expansão de 33,1% nas importações.
Bens da indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica
As vendas externas de bens produzidos pela indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica cresceram 34,0% em janeiro-setembro de 2022, alcançando US$ 73,1 bilhões. Com isso, o superávit atingiu US$ 37,1 bilhões, o maior da série para esse acumulado. Suas importações aumentaram 46,2%, chegando a US$ 35,9 bilhões.
Seu ramo mais pujante, o de produtos industriais alimentícios, bebidas e tabaco, registrou expansão de 30,1% nas exportações, que atingiu US$ 45,8 bilhões, enquanto suas importações aumentaram 16,3%, levando ao saldo de US$ 39,5 bilhões.
Já o intercâmbio de bens industriais madeireiros e seus derivados, incluindo produtos de papel, celulose e impressos logrou superávit de US$ 11,3 bilhões, exportando US$ 12,6 bilhões, 25,4% a mais do que nos três trimestres iniciais de 2021.
A balança de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis, por sua vez, registrou déficit de US$ 10,1 bilhões, bem acima do déficit observado no mesmo acumulado do ano passado, mas uma grandeza menor, para tal período, que nos anos de 2011 a 2013. Suas exportações avançaram 86,2%, chegando a US$ 10,2 bilhões, enquanto as importações cresceram 90,4%. Dessa forma, esse ramo contrabalançou os anteriores dessa faixa, que contribuíram para ampliar o superávit.
O conjunto dos artigos têxteis, de vestuário, de couro e calçados registrou saldo negativo de US$ 1,4 bilhão, superando o déficit do mesmo período do ano anterior. Suas exportações aumentaram 18,1% pela mesma base comparativa, chegando a US$ 2,9 bilhões. As importações desses itens cresceram 19,6%.
O déficit dos produtos metálicos teve ligeira redução, déficit de US$ 2,2 bilhões em janeiro-setembro de 2022. Suas exportações aumentaram 17,0%, chegando a US$ 1,5 bilhão, enquanto as importações tiveram acréscimo de 4,4%.
Atendo-se ao terceiro trimestre de 2022, o Brasil vendeu para o exterior 30,4% a mais dos bens tipicamente oriundos dos ramos da indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica, alcançando US$ 27,2 bilhões. O País importou US$ 14,6 bilhões desses produtos, aumento de 66,1% em relação a julho-setembro de 2021.
Mesmo com tal diferença nas taxas, como a base das importações era bem menor que a das exportações, o superávit atingiu US$ 12,6 bilhões no terceiro trimestre, o maior para terceiro trimestre da série.
A balança de alimentos da indústria, bebidas e tabaco teve saldo positivo de US$ 15,3 bilhões, US$ 3,3 bilhões acima do registrado em julho-setembro de 2021. Esse saldo maior decorreu do aumento de 29,3% nas exportações, atingindo US$ 17,4 bilhões, enquanto suas importações cresceram 39,1%.
Os produtos madeireiros, de papel e celulose também obtiveram superávit de monta, US$ 3,8 bilhões, com exportações de 4,3 bilhões, incremento de 17,9%. Suas importações, por sua vez, cresceram 8,0%.
Quanto às exportações de derivados de produtos de petróleo e afins, lograram a maior taxa de expansão na comparação entre terceiros trimestres, 79%, dentre os ramos dessa faixa. As exportações atingiram de US$ 3,7 bilhões. Suas importações cresceram ainda mais, 106,2%, concorrendo para um déficit, de US$ 5,2 bilhões, bem acima do déficit registrado no mesmo trimestre de 2021 e do que nos dois trimestres iniciais do ano.
Passando para os dois outros agrupamentos de bens típicos da indústria de média-baixa intensidade, ambos registraram déficit. As vendas externas de produtos de metal, de US$ 501 milhões, significaram queda de 7,2% frente a julho-setembro de 2021. Suas importações cresceram 11,4%, culminando no saldo negativo de US$ 759 milhões, grandeza maior do que o déficit de igual período de 2021.
Sobre os artigos das indústrias têxtil, de vestuário, couro e calçados, seu déficit também aumentou em relação ao terceiro trimestre de 2021, déficit de US$ 603 milhões. Suas exportações cresceram 6,5%, chegando a US$ 939 milhões, enquanto as importações avançaram 33,8%