Carta IEDI
Recomposição parcial das perdas
Em mai/23, a maioria dos grandes setores econômicos aumentou seu nível de atividade e recompôs, mesmo que parcialmente, as quedas registradas no mês anterior. Seja como for, em jan-mai/23, a situação na indústria ainda é de estagnação, os serviços seguem em alta, mas com acomodação, e o varejo, embora as taxas de juros elevadas não ajudem, vem sendo puxado pela venda de bens considerados essenciais.
Na passagem de abr/23 para mai/23, já descontados os efeitos sazonais, os serviços aumentaram seu faturamento real em +0,9%, depois do recuo de -1,5% no mês anterior, enquanto a produção industrial variou +0,3%, isto é, metade da queda de abr/23 (-0,6%). As vendas do varejo ampliado, por sua vez, voltaram a cair: -1,1% em mai/23 e -2,4% em abr/23.
No interior da indústria, este resultado foi obtivo com difusão do sinal positivo em 76% dos ramos industriais pesquisados pelo IBGE e 73% dos parques regionais do setor. Nos serviços, esta proporção atingiu 80% de seus segmentos e no varejo apenas metade evitou o terreno negativo.
No acumulado de 2023 até o mês de maio, que dá o tom do setor no primeiro semestre, houve um revés para o agregado da indústria nacional vis-à-vis o desempenho da segunda metade do ano passado e desaceleração do crescimento do faturamento de serviços. O varejo, prejudicado pela inflação no ano passado, agora dá sinais de algum ganho de velocidade, com base em bens de consumo não duráveis.
Na indústria, a expansão de +0,4% no 2º sem/22 deu lugar a um declínio de -0,4% em jan-mai/23, frente ao mesmo período do ano anterior. Isso foi influenciado pelo agravamento das perdas de dois macrossetores, bens de capital e intermediários, e pelo retorno ao negativo de três parques regionais, estando dois deles entre os mais importantes do país.
São Paulo passou de uma expansão de +2,8% no 2º sem/22 para queda de -1,8% em jan-mai/23, enquanto o Rio Grande do Sul saiu de +1,1% para -6,4% e o Mato Grosso, de +14,8% para -1,6%, respectivamente. Os dois primeiros casos seguiram em queda também no último bimestre em análise (abr-mai/23), a despeito de alguma amenização, sinalizando pouca mudança de quadro no período mais recente.
No setor de serviços, as variações continuam positivas, mas não tão expressivas como anteriormente. A alta de +8,9% no 1º sem/22 refluiu pata +7,7% no 2º sem/22 e então para +4,8% em jan-mai/23, sempre em comparação com o mesmo período do ano anterior. O último bimestre em tela, isto é, de abr-mai/23 (+3,7%) sugere ainda que a desaceleração do setor está em curso.
Esta tendência agregada tem sido ensejada por três dos cinco ramos analisados. Serviços prestados às famílias, que até boa parte do ano passado contavam com bases deprimidas de comparação, é quem apresenta desaceleração mais intensa em 2023 (+36,2% no 1º sem/22 para +5,9% em jan-mai/23). Os outros dois ramos são: serviços profissionais, administrativos e complementares (de +8,4% para +4,6%) e serviços de transporte, armazenagem e correios (de +13,9% para +5,7%).
Diferentemente da indústria e dos serviços, o varejo registra progressos, passando de -1,4% no 2º sem/22 para +3,1% em jan-mai/23, no conceito ampliado, devido a ramos de bens de consumo não duráveis considerados essenciais para a população, como supermercados, alimentos, bebidas e fumo (+2,5% em jan-mai/23), atacarejo alimentício (+5,6%), combustíveis e lubrificantes (+15,5%), responsáveis pelo melhor resultado em jan-mai/23, e artigos farmacêuticos, ortopédicos e de perfumaria (+1,9%).
A evolução do varejo, contudo, mostra-se restringida pelos ramos de bens de consumo duráveis e semiduráveis, cujas vendas, em maior ou menor grau, demandam crédito para ocorrerem. Outros artigos de uso pessoal e doméstico; tecidos, vestuário e calçados e material de construção estão no vermelho e móveis e eletrodomésticos e material de escritório, informática e comunicação muito próximos da mera estabilidade.
Indústria
Em mai/23, a produção geral da indústria do país variou +0,3% na série com ajuste sazonal, um resultado insuficiente para anular a queda registrada no mês anterior (-0,6%). Apesar do pouco crescimento, houve disseminação de taxas positivas, alcançando 76% dos ramos industriais pesquisados pelo IBGE e 73% dos parques regionais do setor.
Além disso, muitos ramos e parques da indústria tiveram um desempenho bastante superior ao do agregado nacional na série com ajuste sazonal, como por exemplo, máquinas e equipamentos (+12,3%), outros equipamentos de transporte (+10,2%) e derivados de petróleo (+7,7%), no recorte setorial, e Amazonas (+12,8%), Pernambuco (+5,6%), Paraná (+5,3%) e São Paulo (+2,9%), no recorte regional.
A maioria destes casos, porém, também tinham apresentado recuos intensos no mês de abr/23 e apenas compensaram as perdas anteriores. Foi o que aconteceu com o macrossetor de bens de consumo duráveis, responsável pela alta mais intensa na passagem de abr/23 para mai/23: +9,8%, já descontados os efeitos sazonais, após -4,5% no mês anterior. A mesma coisa para bens de capital: +4,2% e -11,8%, respectivamente.
Entre as 15 localidades pesquisadas, 2/3 tiveram altas mais fortes do que o total Brasil. São Paulo, registrou +2,9%, após dois meses seguidos de resultados muito fracos na série com ajuste. O Nordeste (+1,5%), assim como outros parques, recuperou parcialmente o declínio de abr/23 (-2,4%). Este também foi o caso do Amazonas, cuja produção industrial liderou a expansão em mai/23.
No acumulado de 2023 até o mês de maio, que dá o tom do setor no primeiro semestre, houve um revés para o agregado da indústria nacional, ao passar de um resultado de +0,4% no 2º sem/22 para -0,4%. Isso foi influenciado pelo agravamento das perdas de dois macrossetores, bens de capital e intermediários, e pelo retorno ao negativo de três parques regionais, estando dois deles entre os mais importantes do país.
São Paulo passou de uma expansão de +2,8% no 2º sem/22 para queda de -1,8% em jan-mai/23, enquanto o Rio Grande do Sul saiu de +1,1% para -6,4% e o Mato Grosso, de +14,8% para -1,6%, respectivamente. Os dois primeiros casos seguiram em queda também no último bimestre em análise (abr-mai/23), a despeito de alguma amenização, sinalizando pouca mudança de quadro no período mais recente.
Na indústria paulista, 61% de seus ramos perderam produção no acumulado de jan-mai/23, com destaque para equipamentos de informática, extrativa e minerais não metálicos. Na indústria gaúcha, por sua vez, o recuo foi ainda mais difundido: 73% de seus ramos no vermelho, sobretudo, derivados de petróleo, metalurgia e produtos de metal. No Mato Grosso, 57% dos ramos caíram.
O Rio de Janeiro também perdeu força, mas não o suficiente para colocá-lo no negativo, passando de +6,0% de jul-dez/22 para +2,8% jan-mai/23. Apesar disso, o bimestre abr-mai/23 (-0,6%) apontou deterioração mais forte.
Em contrapartida, outros quatro parques ou voltaram a crescer ou cresceram mais intensamente em jan-mai/23, compensando, ao menos em parte, o enfraquecimento da indústria nas quatro localidades anteriormente mencionadas. Foram eles: Amazonas (+10,4% ante jan-mai/22) e Minas Gerais (+6,2%), com reforço de suas altas, e Pará (+5,2%) e Paraná (+0,7%), que voltaram ao azul depois das perdas acumuladas no 2º sem/22.
Por fim, quase metade das indústrias regionais estava no negativo na segunda metade de 2022 e assim seguiram em jan-mai/23, por mais que tenha havido alguma melhora em alguns casos. Ao todo, foram 7 parques nessa situação, em geral, concentrados na região Nordeste (-5,1% e -4,0%, respectivamente), como Ceará, Pernambuco e Bahia.
Comércio
Em mai/23, pela segunda vez consecutiva, as vendas reais do comércio varejista variaram negativamente. Tomado em seu conceito ampliado, que inclui os segmentos de veículos, autopeças e material de construção, o resultado foi de -1,1% ante o mês anterior, com ajuste sazonal. O varejo restrito caiu -1,0%.
Deste modo, foi o setor que pior se saiu neste mês em questão, já que os serviços e a indústria conseguiram ficar no azul, com a ajuda de uma base de comparação favorável, devido ao recuo registrado em abr/23.
No varejo, dos 10 segmentos acompanhados pelo IBGE, 5 perderam venda na passagem de abr/23 para mai/23. Um dos piores resultados foi o de supermercados, alimentos, bebidas e fumo (-3,2%, com ajuste), que devolveu praticamente todo avanço do mês anterior (+3,6%). Tecidos, vestuário e calçados (-3,3%), bem como outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,3%), por sua vez, colecionam variações negativas há mais tempo.
No acumulado de 2023 até o mês de maio, o varejo registra expansão mais forte em alguns de seus ramos, notadamente em bens não duráveis. Em contraste, ramos de bens de consumo duráveis e semiduráveis, cujas vendas, em maior ou menor grau, demandam crédito para ocorrerem, restringiram o desempenho geral do setor.
Entre estes em situação desfavorável, os piores casos são outros artigos de uso pessoal e doméstico, que incluem as lojas de departamento, com recuo de -13,5% no acumulado destes primeiros cinco meses de 2023, e tecidos, vestuário e calçados, com queda de -9,7%. Para ambos, a segunda metade de 2022 já havia sido marcada por recuos de dois dígitos. Material de construção (-3,8%) também está na mesma situação.
Para móveis e eletrodomésticos (+0,7% em jan-mai/23) e material de escritório, informática e comunicação (+0,9%), não chegou a haver declínio, mas o desempenho em 2023, por ora, é baixo. No primeiro caso, agravado pelo fato de ter registrado queda tanto na primeira metade como na segunda metade do ano passado.
A exceção neste grupo é o ramo de veículos e autopeças, cujas vendas melhoraram em 2023 vis-à-vis o 2º sem/22, registrando +2,9% ante -3,7%, respectivamente. Cabe ressaltar, contudo, que este desempenho recente vem sendo suficiente apenas para compensar o recuo anterior e que o resultado do 1º sem/22 (+0,4%) já tinha sido fraco, desenhando um quadro de quase estabilidade para este segmento. No último bimestre em tela, isto é, abr-mai/23, o resultado foi de -0,1% ante abr-mai/22.
O maior dinamismo do varejo como um todo está associado a ramos de bens de consumo não duráveis, em geral, artigos considerados essenciais para a população. É o caso de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, cuja alta de +2,5% manteve o ritmo de expansão do 2º sem/22, e do atacarejo alimentício (+5,6%), mas também de combustíveis e lubrificantes (+15,5%), responsáveis pelo melhor resultado em jan-mai/23; e de artigos farmacêuticos, ortopédicos e de perfumaria (+1,9%).
Serviços
Após declínio de -1,5% no mês de abril, o faturamento real do setor de serviços recobrou parte do terreno perdido e se expandiu +0,9% em mai/23, já descontados os efeitos sazonais, com apenas um de seus ramos no vermelho. A trajetória segue sendo de acomodação, mas majoritariamente positiva.
Entre os cinco ramos acompanhados pelo IBGE apenas os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,0%) registraram recuo na passagem de abr/23 para mai/23, condicionados pelo seu segmento de serviços técnico-profissionais (-8,5%), geralmente aqueles de maior qualificação contratados pelas empresas.
Os demais ramos, totalizando 80% do setor, ampliaram seu faturamento na série com ajuste sazonal. A liderança coube a transportes, armazenagem e correios (+2,2% ante abr/23), com alta expressiva no segmento aéreo (+10,1%), mas com expansão também em transportes terrestres (+1,8%), suficiente para compensar apenas parcialmente sua queda anterior (-3,4%).
A despeito da difusão de variações positivas, o setor de serviços dá mostra de acomodação em seu ritmo de crescimento, à medida que a maior parte de suas atividades já fechara o gap provocado pela pandemia de Covid-19.
Para o setor como um todo, o acumulado de jan-mai/23, que dá um indicativo de desempenho deste primeiro semestre do ano, aponta para um ritmo de crescimento de quase metade daquele apresentado na primeira metade de 2022 (+4,8% ante +8,9%, respectivamente) e bastante inferior àquele do 2º sem/22 (+7,7%).
A comparação do último bimestre em tela, isto é, de abr-mai/23 sugere ainda que a desaceleração do setor está em curso, ao registrar +3,7% ante +5,5% no 1º trim/23, sempre em relação ao mesmo período do ano anterior.
Esta tendência agregada tem sido ensejada por três dos cinco ramos analisados. Serviços prestados às famílias, que até boa parte do ano passado contavam com bases deprimidas de comparação, é quem apresenta desaceleração mais intensa em 2023, passando de +36,2% no 1º sem/22 para +5,9% em jan-mai/23, sendo que o bimestre abr-mai/23 acusa ritmo ainda mais baixo de crescimento: +2,8% ante abr-mai/22.
Os outros dois ramos em nítida desaceleração são: serviços profissionais, administrativos e complementares, de +8,4% no 1º sem/22 para +4,6% em jan-mai/23, tendo registrado +3,9% no bimestre abr-mai/23, e serviços de transporte, armazenagem e correios, de +13,9% para +5,7%, respectivamente, sendo o último bimestre com dados disponíveis registrou +4,6%, devido a transporte aéreo e terrestre de passageiros.
O ramo de outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades, por ora, não registra deterioração em 2023, mas também não reage. No 2º sem/22 bem como em jan-mai/23, seu faturamento manteve-se estagnado: 0% e +0,2%, respectivamente.
Por fim, a única exceção foi o ramo de serviços de informação e comunicação, que avançou de +2,9% em jan-jun/22 para +3,7% em jul-dez/22 e então para +5,1% em jan-mai/23. No bimestre abr-mai/23 (+4,0% ante abr-mai/22), foi pequena a perda de dinamismo. Tal desempenho não é sem importância, já que este ramo responde por quase ¼ do faturamento do setor de serviços como um todo.