Carta IEDI
Progresso do Brasil na indústria mundial em 2024
No 1º trim/24, o Brasil destoou do restante do mundo e registrou aumento de sua produção industrial, avançando no ranking de 116 países construído pelo IEDI a partir de dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization). A redução de nossas taxas de juros foi fundamental para isso, dinamizando os ramos com mercados mais sensíveis às condições financeiras. A interrupção recente da queda da Selic pelo Banco Central coloca em xeque a continuidade deste movimento.
O mais recente relatório trimestral publicado pela UNIDO mostra que a produção física da indústria de transformação mundial apresentou sinais de desaceleração no início de 2024, devido à piora no quadro dos países industrializados de alta renda e nos ramos de maior intensidade tecnológica.
No 1º trim/24, a produção manufatureira global ficou praticamente estacionada, registrando apenas +0,1% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, implicando importante perda de ritmo em relação ao resultado anterior (+0,9% no 4º trim/23).
Frente ao mesmo período do ano passado, com ajuda de uma base de comparação mais modesta, o ritmo de expansão no 1º trim/24 foi o mesmo do último trimestre do ano passado: +1,4%.
A principal mudança no início de 2024 se deu no grupo de economias industrializadas de alta renda, sobretudo na Europa. Sua produção manufatureira passou de um avanço de +0,6% no 4º trim/23 para um recuo de -1,3% no 1º trim/24 ante o trimestre anterior. Na comparação interanual, a intensidade da queda quase dobrou, de -0,9% no 4º trim/23 para -1,6% no 1º trim/24.
Entre as economias emergentes, na China houve manutenção de um dinamismo superior ao agregado mundial, mas com resultados muito próximos aos do final do ano passado. Frente ao 4º trim/23, a manufatura chinesa cresceu +1,3% e em comparação com o 1º trim/23 a alta foi de +4,8%.
Já o grupo de países da América Latina e Caribe registrou queda na produção industrial, sendo a segunda região que mais perdeu nas duas comparações. Ficou atrás apenas da Europa. Frente ao 4º trim/23 variou -0,4%, totalizando 6 trimestres seguidos sem crescimento no constraste com o período imediatamente anterior. Ante o 1º trim/23 teve queda de -1,6%, em linha com o 4º trim/23 (-1,5%).
Diferentemente de Argentina e México, o Brasil se destacou por atenuar a situação regional, pois a produção de nossa indústria de transformação cresceu +1,0% ante o 4º trim/23 e +1,7% frente ao 1º trim/23, sempre com ajuste sazonal.
Cabe destacar que este foi o primeiro trimestre que a indústria brasileira ficou acima da evolução do agregado mundial do setor (+0,1% ante o 4º trim/23 e +1,4% frente ao 1º trim/23). Isso deve-se muito à fase de redução das taxas de juros e melhora das condições de crédito, lembrando que a alta dos juros no Brasil ocorreu antes do restante do mundo e por isso também começou a ceder primeiro.
Como resultado dessa discrepância a nosso favor, neste início de 2024 melhorou a posição brasileira no ranking da evolução da produção da indústria de transformação que o IEDI constrói a partir de dados a UNIDO para 116 países.
No 1º trim/24, tomada a comparação frente ao mesmo período do ano anterior, ficamos na 45ª posição, isto é, 15 postos acima da posição ocupada no 4º trim/23 (60ª). A melhora é ainda mais significativa vis-à-vis a nossa posição na entrada de 2023, quando ocupávamos a 68ª posição.
Com isso, passamos a figurar na metade superior do ranking, não muito distante do 1/3 dos países na liderança, com resultados acima de +2,2% no 1º trim/24 ante o 1º trim/23. Ficamos atrás de potências industriais, como Coreia do Sul (+6,0%) e China (+4,8%), além de Índia (+4,6%), Reino Unido (+2,2%) e Malásia (+2,0%), mas superamos os resultados de países como França (+0,4%), México (+0,1%), EUA (-0,2%) e Japão (-4,4%).
Nossa melhora no ranking tem muito a ver com o fato do ciclo recente de juros do país ter se antecipado ao do restante do mundo, como dito anteriormente. No ano passado, ao começarmos a reduzi-las, dinamizamos a produção sobretudo daqueles ramos de bens duráveis, de consumo e de investimento, mais sensíveis às condições financeiras.
A interrupção recente da queda da taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central indica, porém, que este movimento de escalada do Brasil no ranking global da indústria pode se arrefecer ou mesmo se inverter, como resultado de um ritmo mais modesto de crescimento de nossa produção industrial, que, como sabemos, ainda refletirá o impacto negativo do desastre ambiental no Rio Grande do Sul.
A indústria de transformação mundial no início de 2024
Os dados divulgados pelo relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) contendo os dados mais recentes indicam que a indústria de transformação permaneceu estacionada na passagem do 4º trim/23 para o 1º trim/24.
Nos primeiros três meses do presente ano, a produção industrial mundial variou apenas +0,1% na comparação com o trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, enquanto no 4º trim/23 havia registrado variação de +0,9%, o que denota importante desaceleração.
Cabe destacar que nesta comparação o resultado do 4º trim/23 foi o único significativo desde o fim de 2022; todos os outros ficaram muito próximos de zero: +0,2% no 4º trim/22; +0,1% no 1º trim/23; +0,3% no 2º trim/23 e +0,2% no 3º trim/23. Deste modo, a entrada de 2024 retoma este período de morosidade da indústria global.
De acordo com a UNIDO, no passado recente, a economia global teve de enfrentar vários desafios, tais como taxa de inflação elevada, embora agora em declínio, preços voláteis de energia, perturbações persistentes na cadeia de abastecimento e as ramificações de conflitos regionais. A combinação destas perturbações levou ao enfraquecimento da confiança dos consumidores e uma menor demanda, entre outros aspectos.
Além disso, o impacto da escassez de mão-de-obra qualificada na produção em alguns setores da indústria, bem como as crescentes ocorrências de catástrofes naturais, tendem a aumentar os obstáculos, a menos que seja acordada uma resposta coordenada e sustentável a nível global.
No contraste com o mesmo período do ano anterior, a produção industrial avançou +1,4% em jan-mar/24, a mesma variação registrada no trimestre anterior. Portanto, sem progressos adicionais.
Em termos regionais, durante o 1º trim/24 a indústria de transformação continuou a enfrentar perdas de produção em comparação com o trimestre anterior na maioria das regiões. Mesmo as regiões que assinalaram crescimento de produção, tiveram resultados modestos.
Neste último caso encontram-se África, com variação de somente +0,2%, e Ásia e Oceania, que assinalou avanço maior, de +0,5%, mas não deixou de acusar importante perda de ritmo, já que havia crescido +1,2% nos dois trimestres anteriores.
Os resultados nas demais regiões, ainda em comparação com 4º trim/23 mantiveram o padrão anterior e ficaram em terreno negativo. Já corrigidos os efeitos sazonais, houve variação de -0,1% na América do Norte, -0,4% na América Latina e -1,0% na Europa.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, a maior parte das regiões também assinalou decréscimo de produção: América do Norte (-0,4%), América Latina e Caribe (-1,6%) e Europa (-2,1%), mantendo-se em terreno negativo desde o segundo semestre de 2023.
A África (+0,1%) permaneceu praticamente no mesmo patamar que o do 1º trim/23, enquanto a Ásia e Oceania representou a única região a registrar crescimento significativo nessa comparação, com variação de +3,5%.
A indústria de transformação na Ásia e na Oceania assinalou a variação positiva mais elevada na comparação com o trimestre imediatamente anterior, ao registrar alta de +0,5%, resultado que se deve ao desempenho da indústria chinesa (+1,3%). Quando excluímos esse país do grupo, o resultado do 1º trim/24 frente ao 4º trim/23 torna-se de -0,7%. Na comparação com mesmo trimestre do ano anterior, a região cresceu +3,5%, contando com a contribuição da China, cuja alta foi de +4,8%
Em relação ao 4º trim/23, o desempenho de outros países com contribuição significativa para a produção industrial desta região divergiu: Índia (+1,3%), Indonésia (+1,1%) e Taiwan (+1,3%), por exemplo, cresceram mais de +1,0% na comparação com ajuste sazonal, enquanto Japão (-5,2%), Coreia do Sul (-0,6%) e Tailândia (-1,1%) sofreram recuos de produção.
A indústria dos países europeus ao recuar -1,0% no 1º trim/24 frente ao 4º trim/23, foi responsável pelo pior resultado regional, segundo os dados da Unido. Assim, a alta de +1,1% no 4º trim/23 parece ser uma exceção à longa sequência de recuos pelo que o setor vem passando na Europa (-0,1% no 1º trim/23, -0,2% no 2º trim/23 e -2,1% no 3º trim/23).
Dentre os países desta região, a UNIDO destacou o desempenho negativo da França (-0,6%), Itália (-0,9%), Países Baixos (-2,1%) e Suíça (-1,0 %), enquanto a produção na Alemanha (+0,8%), Rússia (+2,2%), Espanha (+0,6%) e Reino Unido (+1,4%) apresentaram alta. Na comparação interanual, por sua vez, a indústria europeia decresceu -2,1% em seu agregado.
Quanto à América Latina e no Caribe, a produção caiu novamente no 1º trim/24, com variação de -0,4% em comparação com trimestre anterior, mantendo tendência negativa iniciada no final de 2022.
As duas maiores economias latino-americanas, México e Brasil, registaram resultados divergentes na mesma base de comparação: enquanto a produção do Brasil cresceu +1,0%, a do México permaneceu estável (-0,1%). Além disso, Argentina (-5,5%), Colômbia (-0,8%), Peru (-1,2%) e Uruguai (-1,6%) assinalaram quedas.
Frente ao mesmo trimestre de 2023, a indústria latino americana recuou -1,6%, quarto resultado negativo consecutivo nessa comparação. Foi a segunda reião que pior se saiu, ficando atrás apenas da Europa.
Dentre as maiores economias latino-americanas, enquanto na Argentina a produção descresceu a uma taxa de dois dígitos (-12,8%), o México ficou estável (+0,1%) e o Brasil assinalou alta de +1,7%.
Da mesma forma, a América do Norte também experimentou resultados trimestrais negativos desde o final de 2022. Para o 1º trim/24, o nível de produção industrial desta região estagnou (-0,1%), correspondendo ao desempenho dos Estados Unidos (-0,1%), já que a produção do Canadá sofreu perda de -0,6%. Na comparação interanual, foi observada uma contração de -0,4%, a quinta consecutiva. Esse resultado deveu-se a variação de -0,2% nos Estados Unidos e de -2,1% no Canadá.
Os dados disponíveis para as economias africanas acusaram variação de +0,2% na passagem do 4º trim/23 para o 1º trim/24. O padrão de crescimento dos diferentes países divergiu bastante: Egito (+0,3%), Nigéria (+0,7%) e Ruanda (+2,6%), por exemplo, mantiveram-se em território positivo, enquanto Senegal (-0,6%) e África do Sul (-0,9%) registaram reduções de produção em comparação com o trimestre anterior.
Na comparação interanual, os países africanos assinalaram igualmente um quadro de virtual estabilidade (+0,1%), após quatro recuos consecutivos. Nigéria (+2,2%) e África do Sul (+0,3%) tiveram altas, enquanto Senegal (-2,2%) e Egito (-4,9%) registraram reduções na produção.
O desempenho das economias industrializadas
As economias industrializadas representam 91% do valor agregado na indústria mundial de acordo com os dados da UNIDO. No 1º trim/24, o setor manufatureiro dessas economias estagnou na comparação com trimestre anterior (0%), mantendo-se estável desde o início de 2023, exceto pelo 4º trim/23, quando a produção cresceu +0,9%.
Cabe observar que a UNIDO classifica como industrializados os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
Analisando os dados com maior detalhe, as economias deste grupo continuaram a apresentar padrões de crescimento diversos. Austrália (+0,9%), Bielorrússia (+3,4%), Malásia (+2,7%), Suécia (+1,3%) e Taiwan (+1,3%), por exemplo, registaram aumento da produção de diferentes magnitudes.
Por outro lado, a produção industrial na Argentina (-5,5%), Irlanda (-19,5%), Japão (-5,2%) e Cingapura (-6,2%) teve recuou mais intenso do que -5,0% em comparação com o 4º trim/23.
Tomando o mesmo trimestre de 2023 como ponto de referência, este grupo de países cresceu +1,3%, mesma variação do trimestre anterior.
Dados desagregados por renda mostram declínio da atividade manufatureira nos países industrializados de alta renda, com uma redução de -1,3% no 1º trim/24 frente ao 4º trim/23, após alta de +0,6% no trimestre anterior. Na comparação interanual, por sua vez, houve recuo de -1,6%.
Por outro lado, o grupo das economias industrializadas de rendimento médio (incluindo a China) observou um aumento da produção de +1,2%. Este grupo segue muito influenciado pela trajetória da manufatura chinesa, dada a grande participação deste país.
Quando excluimos a China do grupo de países industrializados de renda média, o crescimento é mais tímido: +0,9% na comparação com trimestre anterior. Alguns países desse grupo cresceram a um ritmo dinâmico, incluindo o Sri Lanka (+5,4%) e a Turquia (+3,7%), enquanto outros contraíram a uma taxa significativa, como Bulgária (-1,7%), Peru (-1,2%) e Tailândia (-1,1%). Na comparação com igual trimestre do ano anterior, esse grupo assinalou alta de +2,0%.
Desempenho das outras economias em industrialização
Este grupo de 55 países, que responde por uma parcela pequena da produção global, é extremamente heterogêneo, incluindo, por exemplo, Chile, Hong Kong, Dinamarca, Taiwan, Grécia, Portugal, entre outros.
O nível de produção do grupo tem aumentado gradualmente ao longo dos últimos anos e atingiu um crescimento trimestral da produção de +1,4% no 1º trim/24, deixando para trás as economias industrializadas, que relataram estagnação da produção. De acordo com o relatório da UNIDO, essas tendências sugerem que poderá estar em curso um processo de convergência entre esses dois grupos. Frente ao trimestre anterior, a variação foi +3,4%, enquanto das economias industrializadas foi de +1,3%.
A análise de subgrupos específicos revela maiores detalhes: a produção nas outras economias de alta renda em industrialização expandiu +2,2% na comparação trimestral, superando uma desaceleração observada desde o início de 2023. Este resultado foi alcançado principalmente pelo desempenho positivo da Arábia Saudita (+6,4%) e do Chile (+0,8%). Na comparação com 1º trim/23, a variação da produção desses países foi de +2,3%
A produção nas outras economias de renda média cresceu +1,2%, enquanto a produção nas economias de baixa renda diminuiu -0,5%, continuando a trajetória volátil observada desde 2020. Na comparação interanual, por sua vez, a variação desses dois grupos foi de +3,7% e +0,8%, respectivamente.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo das economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas que igualmente apresentaram forte crescimento.
Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Nos últimos três trimestres, expandiu-se mais de +1,0% na comparação trimestral, e no 1º trim/24, a produção manufatureira desses países cresceu +1,3%.
Numa análise por país, a indústria de transformação cresceu frente ao trimestre anterior em todos os países observados em pelo menos +1,0%. Malásia (+2,7%) e Ruanda (+2,6%) foram os países líderes em termos de taxa de crescimento, seguidos pela China e pela Índia, ambos com um crescimento de +1,3%. Além disso, cabe destacar os resultados do Vietnã e Indonésia, que avançaram +1,2% e +1,1%, respetivamente.
Análise setorial
De acordo com a UNIDO, os dados do 1° trim/24 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo e desempenho robusto em meio a muitos desafios.
Em média, as indústrias classificadas como de média-alta e alta tecnologia superaram outros setores manufatureiros. No entanto, este grupo registou uma ligeira redução da produção de -0,1% entre o 4º trim/23 e 1º trim/24, enquanto a sua produção aumentou pelo menos +1,0% nos trimestres anteriores.
Outros setores da indústria de transformação, por outro lado, registaram um crescimento de +0,8% na mesma comparação, mas permaneceram estáveis ou mesmo diminuíram nos trimestres anteriores.
O desempenho das indústrias de maior tecnologia foi impactado negativamente pela fraca produção nos setores automotivo (-2,9% ante o 4º trim/23), de máquinas (-1,0%) e equipamentos elétricos (-0,5%). Os melhores resultados foram alcançados pela fabricação de computadores e eletrônicos (+1,6%) e produtos químicos (+1,0%).
O setor automotivo enfrentou uma queda de produção de -2,9% na comparação trimestral, o que pode ser um importante sinal de desaceleração deste setor, segundo a UNIDO.
Analisando os dados de produção a nível nacional, os principais produtores de automóveis registaram grandes reduções na produção, incluindo a China (-3,2%), Japão (-12,7%) e Alemanha (-3,6%).
A transição para motores elétricos e outras tecnologias emergentes, juntamente com a gradual redução dos níveis de emissões constituem desafios globais consideráveis e a superação frente a essas mudanças determinarão o futuro do setor já no curto prazo, observa a UNIDO.
O desempenho das indústrias por conteúdo tecnológico diferiu entre os grupos de países. As economias industrializadas registaram aumentos moderados frente ao trimestre imediatamente anterior em muitas indústrias de baixa tecnologia e perdas significativas nas indústrias de alta tecnologia.
As economias em industrialização superaram as economias industrializadas na produção de produtos farmacêuticos, onde esta última sofreu uma queda de -2,8%. Em contraste, as economias em industrialização impulsionaram ainda mais a produção de computadores e produtos eletrônicos (+4,5%).
Ranking Indústria de Transformação Mundial
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 116 países para o 1º trim/24.
Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO em todas as comparações possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE utilize dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados para o Brasil divulgados pelo IBGE.
No 1º trim/24, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação positiva de +1,7% frente ao 1º trim/23. Vale lembrar que as variações interanuais ao longo de 2023 assinalam resultado negativo, com indicativo de melhora marginal a partir do 3° trim/23: -1,2% no 1º trim/23, -1,5% no 2º trim/23, -0,9% no 3° trim/23 e de +0,1% no 4° trim/23.
Assim, no 1º trim/24, a indústria brasileira ficou um pouco acima do resultado para o agregado do setor no mundo, que, como vimos, foi de +1,4% nesta comparação. Isso não ocorria desde o 2º trim/21, no contexto de assincronias das ondas de contágio de Covid-19 no mundo.
Em comparação com o trimestre anterior, o setor manufatureiro brasileiro também cresceu acima do ritmo mundial, variando +1,0%, enquanto a indústria mundial cresceu apenas +0,1%.
Dentre os 116 países da amostra da UNIDO, considerado o desempenho do 1º trim/24 frente ao 1º trim/23, o Brasil apresentou progresso no ranking na comparação com o final do ano passado: passamos a ocupar a 45ª colocação (+1,7%), após termos ficado na 60ª posição no 4º trim/23 (+0,1%).
Na comparação com nossa colocação na entrada de 2023, o avanço da produção industrial brasileira no ranking é ainda mais significativo, pois subimos 23 posições, da 68º para o 45º lugar.
Dessa forma, a indústria de transformação no Brasil superou países como França (+0,4%), México (+0,1%), EUA (-0,2%), Itália (-3,1%), Japão (-4,4%) e Colômbia (-4,5%). Ficaram muito à nossa frente potências industriais como Coreia do Sul (+6,0%) e China (+4,8%), mas também Índia (+4,6%), Reino Unido (+2,2%) e Malásia (+2,0%).
Entre as primeiras posições ficaram Montenegro, Armênia, Macau e Mongólia, todos com variações de dois dígitos. A Rússia continua se destacando, crescendo +9,7% no 1º trim/24 frente ao mesmo período de 2023, a despeito dos embargos ocidentais, e ocupou a 5ª posição no ranking. Entre as últimas posições encontram-se, Estado da Palestina (-29,3%), Irlanda (-19,8%) e Argentina (-12,8%).
Mais Informações
Tabela: Desempenho da Produção da Indústria de Transformação - Países Selecionados
Var % com Ajuste Sazonal Frente a Igual Período do Ano Anterior (clique aqui)