Carta IEDI
Aquecimento da indústria global no 2º trim/24
Os últimos dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) apontam uma aceleração importante na indústria mundial no 2º trim/24, puxada pelos países industrializados de alta renda e pelos ramos de maior intensidade tecnológica.
No 2º trim/24, a produção manufatureira global registrou variação de +1,0% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, enquanto no trimestre anterior a indústria tinha ficado estagnada (+0,1%).
Em comparação com o mesmo período do ano passado, por sua vez, o ritmo de expansão foi ainda melhor: +2,5%, após ter passado dois trimestres consecutivos com crescimento de +1,5%.
Em ambas as comparações, foi o melhor desempenho da indústria de transformação mundial desde o final de 2023.
Diferentemente dos primeiros meses do ano, os setores industriais classificados como de média-alta e alta tecnologia cresceram à frente da indústria como um todo no 2º trim/24, registrando +1,6% frente ao trimestre anterior, enquanto a produção das indústrias de baixa tecnologia permaneceu estável.
Quem melhor capturou esta reação foi o grupo de economias industrializadas de alta renda, onde se deu a principal mudança de um trimestre para outro. Sua produção manufatureira passou de um recuo de -1,3% no 1º trim/24 para uma expansão de +0,8% no 2º trim/24, sempre em relação ao trimestre anterior e com ajuste sazonal.
Frente ao ano anterior, houve apenas uma amenização da queda para este grupo de países, de -1,7% no 1º trim/24 para -0,7% no 2º trim/24. Já são seis trimestres consecutivos de perdas na comparação interanual, embora esta última tenha sido a mais branda, apontando para uma fase mais promissora, especialmente diante dos cortes recentes das taxas básicas de juros dos EUA e da Europa.
A melhora relativa foi percebida sobretudo na indústria europeia, cuja produção saiu de uma queda de -1,0% no 1º trim/24 para uma variação positiva de +0,2% no 2º trim/24 ante o trimestre anterior. Uma inversão de sinal também foi observada na América do Norte, de -0,3% para +0,5%, respectivamente.
Em relação ao quadro de um ano atrás, a trajetória também capta um progresso, com desaceleração do recuo da produção industrial de -2,2% no 1° trim/24 para -1,4% no 2° trim/24 na Europa e de -0,7% para -0,3% na América do Norte.
Na China, a indústria apresentou certa resiliência trimestre após trimestre, variando +1,8% e +1,7% nos dois últimos trimestres de 2023, +1,4% no 1º trim/24 e então +1,5% no 2º trim/24, sempre em relação ao período imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
No contraste com um ano antes, houve aceleração no 2º trim/24: +6,7% frente a +5,2% no 1º trim/24. Esta foi a melhor marca dos últimos quatro trimestres, mas ficou aquém do resultado registrado em abr-jun/23 (+7,8%).
O grupo de países da América Latina e Caribe foi o único a registrar queda na produção industrial passagem do 1º trim/24 para o 2º trim/24: -0,3%, mantendo a evolução em torno da estagnação que tem apresentado desde o final de 2022. Ante o mesmo período do ano anterior, a queda de -1,0% foi o quinto sinal negativo consecutivo.
Diferentemente de Argentina e México, que contribuíram negativamente para o desempenho da indústria latino-americana, o Brasil se destacou pelo crescimento da produção. Ademais, a expansão de nossa indústria de transformação seguiu de perto o resultado do agregado mundial.
Tomando os dados sempre com ajuste sazonal, tal como faz a UNIDO para os demais países, a indústria de transformação brasileira aumentou sua produção em +0,9% na comparação com o 1º trim/24 ante +1% da indústria global, como visto anteriormente. Frente ao mesmo período do ano passado, o Brasil registrou +2,9% versus +2,5% do total mundial.
No acumulado do 1° sem/24, por sua vez, a indústria de transformação no Brasil cresceu +2,3% ante +2,0% no total mundial. Ao se sair melhor do que média global, conseguimos galgar algumas posições no ranking internacional da indústria.
O IEDI constrói periodicamente um ranking da evolução da produção industrial no mundo a partir de dados a UNIDO. A amostra conta com 116 países, cobrindo a quase totalidade do setor no mundo.
No 2º trim/24, tomada a comparação frente ao mesmo período de 2023, ficamos na 40ª colocação, subindo três posições em comparação com o 1º trim/24 (43º). A melhora é ainda mais notável no contraste com o 2º trim/23, quando ocupávamos a 70ª posição.
Com isso, no 2º trim/24, o Brasil se posicionou melhor do que outros países latino-americanos de destaque, como Chile (-0,6%), que apareceu na 71ª posição, México (-1%) em 75º lugar, Colômbia (-3%) em 95º e Argentina (-17,1%) em 115º lugar.
No acumulado de jan-jun/24 frente a igual semestre de 2023, nosso resultado de +2,3% nos colocou na 40ª posição, uma melhora significativa em relação a jan-jun/23, quando a produção industrial brasileira encolhia -1,4% e ocupávamos a 70ª colocação do ranking.
A indústria de transformação mundial no 2º trim/24
O relatório mais recente divulgado pelo relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) contendo os dados do 2° trim/24 indicam que a indústria de transformação global mostrou sinais de aceleração significativa, crescendo +1,0% na comparação com trimestre imediatamente anterior (série com ajuste sazonal), após ter ficado estagnada no 1° trim/24 (+0,1%).
Na comparação interanual (trimestre frente ao mesmo período do ano anterior), por sua vez, a produção industrial avançou +2,5%, 1 ponto percentual acima dos resultados dos dois trimestres anteriores e o melhor desempenho dos últimos dois anos.
De acordo com a UNIDO, no passado recente, a economia global teve que superar uma combinação de desafios, como uma alta, embora decrescente taxa de inflação, voláteis preços de energia, interrupções na cadeia de suprimentos e ramificações de conflitos regionais.
Além disso, a escassez de mão de obra qualificada em alguns setores tem impactado negativamente a produção e levado ao enfraquecimento da confiança dos consumidores e, consequentemente, uma menor demanda.
Em comparação ao trimestre imediatamente anterior, corrigidos os efeitos sazonais, a produção manufatureira mundial cresceu +1,0%, após variação de apenas +0,1% no trimestre anterior. Cabe destacar que o resultado do 2º trim/24 foi o mais significativo desde o 3° trim/22 (+1,7%).
Em termos regionais, durante o 2º trim/24, a indústria de transformação se recuperou das perdas de produção anteriores na maior parte das regiões em comparação com o trimestre anterior.
Ásia e Oceania (excluindo China) alcançou o melhor desempenho nesta comparação, com uma expansão de +1,7%, após um recuo de -0,6% no 1° trim/24. Por sua vez, Ásia e Oceania incluindo a China, assinalou alta de +1,6%, frente a variação de +0,6% no trimestre anterior.
Três outras regiões conseguiram reverter o sinal da variação da produção na passagem do primeiro para o segundo trimestre de 2024: África, com variação de +0,1% ante -0,2% no 1° trim/24; Europa, com +0,2% ante -1,0% no 1° trim/24; e América do Norte, que assinalou avanço de produção de +0,5% após variação de -0,3% no trimestre anterior.
A América Latina, por sua vez, foi a única a recuar na comparação com o 1º trim/24, Registrou -0,3%, já corrigidos os efeitos sazonais, mantendo as oscilações muito próxima da estabilidade que têm apresentado desde final de 2022.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, a despeito do crescimento do agregado mundial, a maior parte das regiões assinalou novamente decréscimo de produção.
A Europa, tal como na entrada do ano, foi a região que mais perdeu produção industrial: -1,4% no 2º trim/24 ante o 2º trim/23. Foi seguida pela América Latina e Caribe, que registrou -1,0%, e então pela América do Norte, cujo resultado de -0,3% indica mais um quadro de estabilidade do que de retração.
Enquanto Europa e América do Norte amenizaram seu ritmo de queda e comparação com o resultado do 1º trim/24, a America Latina e Caribe intensificou um pouco mais sua perda, tendo sido a única região com piora entre o 1º e o 2º trim/24 na comparação interanual.
Em direação oposta, a África assinalou expansão de +0,6% no 2º trim/24 ante apenas +0,1% no 1º trim/24. Já a Ásia e Oceania manteve-se na liderança dentre as regiões, tanto incluindo como excluindo a China deste grupo: +5,0% e +2,5%, respectivamente.
Na China, a indústria apresentou certa resiliência trimestre após trimestre, variando +1,8% e +1,7% nos dois últimos trimestres de 2023, +1,4% no 1º trim/24 e então +1,5% no 2º trim/24, sempre em relação ao período imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
No contraste com um ano antes, houve aceleração no 2º trim/24: +6,7% frente a +5,2% no 1º trim/24. Esta foi a melhor marca dos últimos quatro trimestres, mas ficou aquém do resultado registrado em abr-jun/23 (+7,8%).
Por dentro das regiões
Em relação ao 1º trim/24, na série com ajuste sazonal, com apenas algumas exceções, os maiores fabricantes da Ásia e Oceania tiveram um desempenho positivo no 2°trim/24. A produção no Japão (+2,7%), Taiwan (+5,5%) e Tailândia (+1,7%), entre outros, variaram mais de +1,0% na comparação trimestral. Por outro lado, Turquia (-4,3%) e Cingapura (-1,3%) estiveram entre aquele que sofreram perdas.
A produção industrial dos países europeus, por sua vez, cresceu marginalmente (+0,2%) no 2º trim/24 frente ao trimestre anterior, como visto anteriormente. De acordo com a UNIDO, esta região continua em trajetória volátil, lutando com desafios como inflação alta e fraca demanda dos consumidores.
As maiores economias industriais europeias registraram resultados negativos nesta mesma base de comparação, como França (-0,9%), Alemanha (-1,0%), Itália (-0,9%) e Reino UNIDO (-0,6%). A produção na Irlanda (+6,2%), Rússia (+1,6%) e Suíça (+5,0%), em contraste, experimentou crescimento com magnitudes variadas.
A produção industrial na América Latina e no Caribe caiu novamente no 2º trim/24, com variação negativa de -0,3% em comparação com trimestre anterior, mantendo tendência negativa iniciada no final de 2022. As duas maiores economias latino-americanas, México e Brasil, registaram resultados divergentes.
Nesta base de comparação, enquanto a produção do Brasil cresceu +0,9%, a do México diminuiu ligeiramente: -0,2%. Além disso, Argentina (-4,7%), Colômbia (-0,3%) e Chile (-2,6%) assinalaram resultados negativos.
Frente ao mesmo trimestre de 2023, quando a indústria latino americana recuou -1,0%, a Argentina descresceu a uma taxa de dois dígitos, de -17,1%, enquanto o México recuou mais moderadamente: -1,0%. O Brasil assinalou alta de +2,9% nesta comparação.
Os países da América do Norte, que vinham apresentando resultados trimestrais negativos desde o final de 2022, ampliaram sua produção em +0,5% no 2º trim/24. Este resultado corresponde ao desempenho dos Estados UNIDOs (+0,6%), enquanto a produção do Canadá sofreu uma perda de -0,2%. Na comparação com o 2° trim/23, a manufatura desses países decresceu -0,3%, com declínio no Canadá (-2,8%) e virtual estabilidade nos EUA (-0,1%).
Os dados para as economias africanas revelam estabilidade na passagem do 1º trim/24 para o 2º trim/24, atingindo variação de +0,1%. O padrão de crescimento dos diferentes países divergiu bastante, segundo a UNIDO. Enquanto a produção industrial no Egito e na África do Sul cresceu +0,9%, na Costa do Marfim e na Nigéria caiu -3,1% e - 0,7%, respectivamente.
Na comparação interanual, os países africanos assinalaram crescimento de +0,6% na produção industrial. Nigéria (+0,5%), e Senegal (+3,6%) e Egito (+0,1%) assinalaram altas, enquanto África do Sul (-1,0%) registrou redução na produção.
O desempenho das economias industrializadas
As economias industrializadas (de renda alta e média) representam 91% do valor agregado na indústria mundial de acordo com a UNIDO. No 2º trim/24, a indústria de transformação dessas economias expandiu na comparação com trimestre anterior (+1,0%, com ajuste), mantendo-se em uma fase de crescimento positivo, embora volátil.
Cabe observar que a UNIDO classifica como industrializados os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
Neste grupo, Irlanda (+6,2%), Vietnã (+6,3%) e Taiwan (+5,5%), por exemplo, registraram forte crescimento trimestral, acima de +5,0%. Em contraste, Argentina (-4,7%), Bélgica (-1,7%), Suécia (-1,6%) e Turquia (-4,3%) viram sua produção industrial encolher, em ritmos distintos, na passagem do 1º para o 2º trim/24.
Tomando o mesmo trimestre de 2023 como ponto de referência, este grupo de países cresceu +2,4%, quase o dobro da variação do trimestre anterior (+1,3%). Foi o melhor resultado desde o 3º trim/22 (+3,3%).
Dados desagregados mostram um desempenho volátil nas economias industriais de alta renda nos últimos trimestres, incluindo um aumento trimestral de +0,8% durante o 2° trim/24, que não chegou a compensar o recuo de -1,3% do trimestre anterior.
Por outro lado, o grupo de economias industriais de renda média (incluindo a China) assinalou aumento trimestral de +1,2%. A produção industrial desse grupo segue de perto a trajetória da China, devido à grande participação do país na produção geral do grupo. No período, a indústria chinesa registrou +1,5%.
Quando excluimos a China do grupo de países industrializados de renda média, o crescimento mostra-se mais tímido: +0,5% frente ao trimestre anterior, com ajuste sazonal.
Alguns países desse grupo apresentaram destacado dinamismo, como Bielorrússia (+2,7%), Costa Rica (+3,0%), Malásia (+3,1%), Sri Lanka (+4,7%) e Vietnã (+6,3%), enquanto outros, como Bulgária (-0,3%), Colômbia (-0,3%) e Jordânia (-1,3%), tiveram recuos na produção. Na comparação com igual trimestre do ano anterior, esse grupo assinalou alta de +1,5%.
Desempenho das outras economias em industrialização
Este grupo de países, que responde por uma parcela pequena da produção global, é extremamente heterogêneo e inclui, por exemplo, Chile, Hong Kong, Dinamarca, Taiwan, Grécia, Portugal, entre outros, segundo a classificação da UNIDO.
O nível de produção desse grupo aumentou gradualmente nos últimos anos e, no 2° trim/24, atingiu um crescimento de produção frente ao trimestre anterior de +1,1%, semelhante à taxa observada em economias industriais.
De acordo com a UNIDO, esse maior dinamismo das economias em industrialização nos últimos trimestres sugere que um processo de convergência entre esses dois grupos pode estar em andamento. Frente ao trimestre anterior, a variação foi +4,3%, enquanto a das economias industrializadas foi de +2,4%.
A análise de subgrupos específicos revela maiores detalhes: a produção nas outras economias de alta renda em industrialização expandiu notáveis +2,3% na comparação trimestral, superando uma desaceleração observada desde o início de 2023. Este resultado foi alcançado principalmente pelo desempenho positivo de Arábia Saudita (+4,4%) e Dinamarca (+5,0%). Na comparação com 2º trim/23, a variação da produção desses países foi de +6,4%
A produção nas outras economias de renda média cresceu +0,7%, enquanto a produção nas economias de baixa renda permaneceu estagnada, após trajetória volátil observada desde 2020. Na comparação interanual, por sua vez, a variação desses dois grupos foi de +3,6% e +2,5%, respectivamente.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo especial de economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas onde o setor apresenta igualmente forte crescimento.
Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Nos quatro trimestres anteriores, expandiu em mais de +1,0% na comparação trimestral, incluindo um crescimento de +1,5% no 2° trim/24.
Na análise por país, a indústria de transformação mostrou um forte dinamismo frente ao trimestre anterior. Ruanda (+7,1%), Vietnã (+6,3%) e Malásia (+3,1%) foram os países líderes em termos de taxa de crescimento, seguidos por China e Índia, com crescimento de +1,5% e +0,8%, respectivamente.
Análise setorial
De acordo com a UNIDO, os dados do 2° trim/24 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo em meio a muitos desafios.
Em média, as indústrias classificadas como de média-alta e alta tecnologia superaram outros setores manufatureiros, com exceção do 1° trim/24, quando as indústrias de alta tecnologia permaneceram estagnadas.
No entanto, o desempenho deste grupo retornou à tendência no 2° trim/24, registrando um aumento significativo de produção de +1,6% em comparação ao trimestre anterior, enquanto a produção das indústrias de baixa tecnologia permaneceu estável.
O desempenho das indústrias de alta tecnologia foi impulsionado por quase todos os setores, liderados por computadores e eletrônicos (+2,6%) e o setor automotivo (+2,3%).
O único resultado negativo nesse grupo veio de máquinas e equipamentos, com uma ligeira contração de -0,2% frente ao 1° trim/24, o que representou uma atenuação no ritmo de queda registrado no primeiro trimestre do ano (-0,9%).
O setor automotivo apresentou importante reviravolta, passando de -3,3% no 1º trim/24 para +2,3% no 2° trim/24, na comparação trimestral com ajuste. Manteve assim a trajetória volátil do período recente.
Analisando os dados de produção do setor em nível nacional, os principais produtores de automóveis registaram grandes altas na produção, incluindo a China (+3,8%), Japão (+7,7%), Alemanha (+2,1%) e EUA (+2,4%).
A transição para motores elétricos e outras tecnologias emergentes, juntamente com a gradual redução dos níveis de emissões constituem desafios globais consideráveis, segundo a UNIDO, e sua superação determinará o desempenho do setor já no curto prazo.
Embora o agregado mundial tenha se expandido, o desempenho das indústrias por conteúdo tecnológico diferiu entre os grupos de países. As economias industriais viram aumentos trimestrais notáveis para muitas indústrias de alta tecnologia e desenvolvimentos variados de indústrias de baixa tecnologia.
Por sua vez, as economias em industrialização impulsionaram ainda mais a fabricação de produtos farmacêuticos (+2,9%) e outros equipamentos de transporte (+3,5%), enquanto as perdas registradas na fabricação de máquinas (-0,9%) foram significativas.
Ranking Indústria de Transformação Mundial
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 116 países para o 2º trim/24 e o acumulado na primeira metade de 2024.
Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE use dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados divulgados pelo IBGE.
No 2º trim/24, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação positiva de +2,9% frente ao 2º trim/23. Nesta comparação, a indústria brasileira tem ficado, em 2024, acima do resultado para o agregado do setor no mundo, registrando +1,7% em janeiro-março ante +1,5% no total mundial e +2,9% ante +2,5% em abril-junho.
Em comparação com o trimestre anterior, o setor manufatureiro brasileiro ficou muito próximo do ritmo mundial no 2° trim/24, variando +0,9%, enquanto a indústria mundial cresceu +1,0%.
Dentre os 116 países da amostra da UNIDO, considerado apenas o desempenho do 2º trim/24 frente o 2º trim/23, o Brasil apresentou melhora em relação à posição do trimestre anterior: aparecemos na 40ª colocação (+2,9%), após termos ficado na 43ª posição no 1º trim/24 (+1,7%). Em relação ao 2º trim/23 (quando o país ficou na 70ª posição), a melhora foi mais significativa, dado que o Brasil avançou 30 posições no ranking.
Dessa forma, a indústria de transformação no Brasil superou países como EUA (-0,1%), Reino UNIDO (-0,5%), México (-1,0%), França (-1,5%), Japão e Itália (-2,9%) no 2º trim/24.
Entre as primeiras posições do ranking ficaram Trinidad e Tobago, Armênia, Ruanda, Kuwait e Taiwan, todos com variações de dois dígitos. A Rússia continua se destacando, crescendo +7,7% no 2º trim/24 frente ao mesmo período de 2023, a despeito dos embargos ocidentais, e ocupou a 13ª posição no ranking. Entre as últimas posições encontram-se: Estado da Palestina, Togo e Argentina.
No acumulado de jan-jun/24 frente mesmo semestre de 2023, a indústria brasileira também ocupou a 40ª posição no ranking (+2,3%). Trinidad e Tobago (+69,3%), Armênia (+37,8%) e Ruanda (+16,4%) ocuparam as primeiras posições, enquanto Palestina (-28,9%), Argentina (-15,1%) e Irlanda (-15,0%) ocupam as últimas nessa comparação.