Carta IEDI
Nova queda do Brasil no ranking dos maiores exportadores e importadores mundiais
De acordo com as informações do relatório anual da Organização do Comércio Mundial (OMC), em 2017 o comércio mundial de bens apresentou crescimento substancial quando comparado aos anos anteriores recentes, voltando a ser superior ao PIB mundial em cerca de 50%, alcançando para os níveis históricos calculados pela OMC desde 1990. O crescimento de volume de comércio foi de 4,7% e o crescimento do PIB mundial foi de 3,0% em 2017.
Os principais fatores de crescimento citados pela OMC foram a forte atividade econômica com aumento de gastos com investimento e consumo principalmente nas economias desenvolvidas; o aumento de preços das commodities (energia, minerais e metais não ferrosos); base de comparação depreciada pela redução do comércio em 2015 e 2016.
O valor das exportações mundiais de mercadorias apresentou aumento de 11% em 2017. O item com aumento mais expressivo nas exportações foi o de combustíveis e produtos de mineração, com aumento de 28%. As exportações de produtos agrícolas aumentaram 9%, enquanto as exportações de produtos manufaturados cresceram 8%, em dólares constantes.
Não houve mudanças significativas no ranking entre os principais de exportadores e importadores de mercadorias em 2017. A China (com crescimento de 7,9%, detendo 12,8% do total mundial), EUA, Alemanha, Japão e Holanda compõem os 5 principais exportadores. O Brasil perdeu uma posição em relação a 2016, figurando na 26ª colocação, a despeito do crescimento de 17,5% das exportações em valor em relação ao ano anterior.
No ranking das importações de bens, Estados Unidos (com cresceram 7,1%, detendo 13,4% da participação mundial) e, com China, Alemanha, Japão e Reino Unido compõem o ranking das 5 primeiras colocações. O Brasil também apresentou queda de uma posição, da 28ª em 2016 para 29ª em 2017, porém apresentou crescimento de 10% nas importações versus ano anterior.
Quanto às exportações de produtos manufaturados, 80% se concentrou nos dez maiores exportadores de 2017. A União Europeia respondeu por quase 39% nas exportações mundiais, enquanto China e Estados Unidos concentraram 17% e 9% do valor total mundial, respectivamente. O Brasil, com 0,6% da participação mundial, manteve a 30ª posição no ranking em 2016 e 2017, embora também tenha assinalado crescimento de quase 10% nas exportações da indústria de transformação.
Combustíveis e minérios compuseram 22% da pauta das exportações brasileiras em 2017, tendo sido 18% em 2016, em contrapartida à redução de participação das manufaturas de 39% para 36%. Produtos agrícolas e alimentos se mantiveram como o principal grupo de mercadorias exportadas, tendo 41% da composição total (sendo 43% em 2016).
Nas importações, manufaturas continuam como o maior grupo representando 74% do comércio mundial de bens em 2017, com redução frente a 2016 (77%). Houve aumento da participação de combustíveis e minérios (de 14% em 2016 para 18% em 2017). Dentre os grupos de manufaturas, produtos químicos mantiveram sua participação 25%, e o subgrupo de maquinas e equipamentos de transporte apresentou redução na sua participação (de 37% para 34%). Produtos agrícolas e alimentos manteve sua participação basicamente estável, saindo de 9% em 2016 para 8% em 2017.
Tomando-se as importações de manufaturas por país, o ranking mundial permanece com Estados Unidos, China, Alemanha e Hong Kong entre os líderes mundiais, seguido pela Franca, que em 2016 passou o Reino Unido e se tornou a 5ª maior importadora mundial. O Brasil caiu uma posição, de 29º em 2016 para 30º em 2017.
O Brasil é destacado no relatório da OMC como um dos maiores exportadores e importadores em alguns mercados. Em 2017 manteve-se na 3ª colocação como maior exportador de produtos agrícolas e alimentos, e apresentou o maior crescimento na exportação de produtos automotivos (+32%, seguido da Turquia com +22%), saindo da 12ª para a 10ª colocação. O Brasil em 2017 foi o 8º maior exportador de ferro e aço, com crescimento de 37%. Como importador, manteve a 10ª colocação em produtos químicos em 2017, correspondendo a 1,8% do mercado demandante mundial.
Cenário do comércio internacional de mercadorias
O relatório sobre comércio mundial 2018 da Organização Mundial do Comércio (OMC) mostra que no ano passado as exportações mundiais totais foram de US$ 23,1 trilhões, sendo 77% de mercadorias e 23% de serviços comerciais. As trocas mundiais de bens apresentaram em 2017 o maior crescimento em 6 anos, atingindo 4,7% de variação versus ano anterior. Em 2016 e 2015 essa variação tinha sido de 1,3% e 2,6% respectivamente. Como o PIB mundial medido a taxas de câmbio de mercado cresceu 3,0%, em 2017, o ritmo de comércio voltou ao patamar histórico medido de pela OMC de 1,5x superior ao PIB em média.
O comércio de mercadorias em valor, que apontou variação negativa de 14% em 2015 e 3% em 2016, cresceu 11% em 2017 apresentando crescimento robusto na maioria das regiões e especialmente nos países em desenvolvimento. Neste grupo, as exportações cresceram 12%, atingindo o patamar de 43% do valor total de exportações globais, e observando que mais da metade desse comércio ocorreu com outros países em desenvolvimento.
As razões principais para o crescimento substancial em valor são principalmente fatores cíclicos, liderados pela forte atividade econômica em 2017 e aumento de gastos com investimentos (principalmente nos EUA) e com consumo (notadamente no Japão). China e União Europeia mantiveram estáveis suas taxas de crescimento. As tensões comerciais observadas no primeiro semestre de 2018 ainda tem efeito incerto sobre o comércio mundial, havendo risco, segundo a OMC, de um ciclo de retaliações impactar o crescimento global e de comércio. Ainda assim, baseada em projeções do início de 2018, o cenário para o comércio é extensamente positivo, pautado em crescimento de investimentos e empregos além de incremento na confiança dos empresários e do consumidor.
O crescimento no volume de comércio de 4,7% em 2017 voltou a valores próximos à média de 4,8% apurada desde 1990, ainda que explicado parcialmente pelo fraco desempenho do comércio nos dois anos anteriores – ou seja, compara-se a uma base mais baixa para a expansão atual. Já o valor das exportações mundiais de mercadorias ao final apresentou aumento de 11% em 2017.
Ressalta-se que o crescimento maior no valor do comércio internacional comparada ao volume reflete o aumento tanto de quantidades quanto dos preços, influenciados pelas taxas de câmbio e pelos preços das commodities. Após cinco anos de queda ou estagnação dos preços das commodities, 2017 mostrou aumentos de preços de energia (+26%) e minerais e metais não-ferrosos (+24%) enquanto os preços de importação de matérias-primas agrícolas e de alimentos e bebidas permaneceram estáveis.
O item com aumento mais expressivo nas exportações de bens foi o de combustíveis e produtos de mineração, de 28%. As exportações de produtos agrícolas aumentaram 9%, enquanto as exportações de produtos manufaturados cresceram 8%. A participação de combustíveis e produtos de mineração nas exportações mundiais alcançou 15% em 2017 versus de 13% em 2016. Ainda assim, os valores de exportação de mercadorias continuam abaixo dos níveis de 2014.
Mais de 80% das exportações de produtos manufaturados está concentrada nos dez maiores exportadores. A União Europeia continua sendo o maior exportador de produtos manufaturados, com um valor de exportação de US$ 4,67 trilhões em 2017 (crescimento de 9%), tendo uma participação de quase 39% nas exportações mundiais. A China, por sua vez, representa 18% das exportações mundiais (US$2,13 trilhões, crescimento de 8%) e os Estados Unidos tem uma participação de 9% (US$1,13 trilhão, crescimento de 4%). Japão e Coréia figuram na quarta e quinta colocação respectivamente, sendo que este último apresentou o maior aumento nas exportações de bens manufaturados (15% versus 2016).
Houve poucas mudanças importantes no ranking de exportadores e importadores de mercadorias em 2017, sendo a China o maior exportador de bens e os Estados Unidos o maior importador em 2017. No ranking dos maiores exportadores de mercadorias de 2017 (incluindo comércio intra-europeu), a China cresceu 7,9% e alcançou US$2,3 trilhões de valor exportado, principalmente devido ao aumento nas exportações de equipamentos de escritório e telecomunicações, detendo 12,8% do total mundial. Nas colocações seguintes ficaram EUA (8,7% de participação), Alemanha (8,2%), Japão (3,9%) e Holanda (3,7%). A Coreia retomou duas colocações e voltou à 6ª posição como maior exportadora, apresentado crescimento expressivo de 15,8%. Hong Kong e França figuram na 7ª e 8ª posição, respectivamente. Outros países com crescimento expressivo foram Rússia (+25,3%), Vietnã (+21,4%), Emirados Árabes (+20,4%) e Austrália (19,9%). Desses citados, destaca-se a mudança de ranking dos Emirados Árabes, da 19ª para 15ª posição, principalmente devido aos preços mais altos do petróleo. O único país que apresentou redução nas exportações entre os 30 primeiros colocados foi a Suíça (-1,1%).
Já no ranking das importações de bens, os Estados Unidos cresceram 7,1% e alcançaram US$2,4 trilhões, detendo 13,4% da participação mundial. China (10,2% de participação), Alemanha (6,2%), Japão (3,7%) e Reino Unido (3,6%) compõem os 5 primeiros colocados no ranking. O Japão ultrapassou o Reino Unido como o quarto maior importador de mercadorias do mundo, enquanto o Canadá caiu do 9º para o 12º lugar. Demais destaques de crescimento de importações são a Rússia (com 24,1% de crescimento), Índia (+23,8%) e Vietnã (+21%).
O superávit comercial da China, o maior entre os cinco principais países do comércio internacional, foi de US$421 bilhões em 2017, 14% menor que o nível de 2016. Ainda no grupo dos principais, a Alemanha obteve superávit de US$281 bilhões, liderado pelas exportações de produtos automotivos e farmacêuticos, e a Holanda obteve superávit de US$78 bilhões. Os Estados Unidos registraram um déficit comercial de US$863 bilhões, 8% a mais que em 2016, explicado principalmente pelo aumento do consumo privado e do investimento, segundo a OMC.
A inserção do Brasil no comércio internacional
O Brasil seguiu a tendência global e apresentou crescimento em valor tanto das exportações quanto importações em 2017, revertendo o movimento apresentado nos últimos 5 anos. A variação percentual foi de 18% para as exportações e 10% para as importações. A participação do Brasil em valor nas exportações mundiais de bens subiu marginalmente para 1,23% em 2017 versus 1,16% em 2016. Ainda assim, o Brasil caiu mais uma posição no ranking dos exportadores (dado que a Arábia Saudita ganhou 2 posições no ranking de valor) e importadores (sendo ultrapassado pela República Tcheca), figurando em 26º lugar e 29º lugar respectivamente.
O valor absoluto das exportações em 2017 ainda se encontra abaixo dos apurados em 2014. O valor máximo na última década foi em 2011, quando alcançou 1,4% do total mundial, considerando o comércio intra-União Europeia, tendo sido o 22º maior exportador mundial naquele ano.
A participação de combustíveis e minérios na composição da pauta das exportações de bens do Brasil apresentou aumento de 18% para 22% em 2017 versus 2016, seguindo o movimento de preços das commodities, em contrapartida à redução de participação das manufaturas de 39% para 36%. Produtos agrícolas e alimentos se mantiveram como o principal grupo de mercadorias exportadas, com 41% da composição total (tendo sido 43% em 2016).
Nas importações de bens, as manufaturas representaram 74% do total em 2017, com redução frente a 2016 (77%), movimento também explicado pelo aumento da participação de combustíveis e minérios (de 14% em 2016 para 18% em 2017). Dentre os grupos de manufaturas, produtos químicos mantiveram sua participação em 25%, e o subgrupo de maquinas e equipamentos de transporte apresentou redução de 37% para 34%. Produtos agrícolas e alimentos manteve sua participação basicamente estável, saindo de 9% em 2016 para 8% em 2017.
No ranking do comércio internacional de manufaturas em 2017, o Brasil se manteve na 30ª colocação como maior exportador, porém caiu uma posição no ranking de importações versus 2016, ocupando também a 30ª colocação. A parcela de comércio das exportações de manufaturas brasileiras se manteve estável em 0,61%, enquanto para as importações a parcela brasileira caiu ligeiramente de 0,92% para 0,89%.
Em valores, tanto exportações como importações seguiram o movimento de crescimento mundial do comércio da indústria de transformação. O valor das exportações de manufaturas brasileiras atingiu US$77 bilhões em 2017, aumento de 9,8% versus 2016 – crescimento acima da variação mundial, de 8,1%. O valor das importações atingiu US$112 bilhões em 2017, crescimento de 5,7% versus ano anterior, e inferior à média mundial de 8,5%. Já variação das exportações de manufaturas manteve-se alinhada com o crescimento mundial.
No perfil do comércio externo brasileiro em 2017, os principais itens de exportação agrícolas foram: grãos de soja, cana de açúcar, carnes, farelo/ óleo de soja e milho. Dentre os produtos não agrícolas, o minério de ferro, petróleo cru, carros, celulose e outros produtos de aeronaves figuram entre os 5 principais. Os principais produtos agrícolas importados foram trigo, álcool, malte, vinho e outros vegetais congelados, enquanto os principais bens não agrícolas foram processados do petróleo, partes para carros, circuitos eletrônicos, carvão e medicamentos.
O Brasil é destacado no relatório da OMC entre os maiores exportadores e importadores em alguns mercados. Em 2017 manteve-se na 3ª colocação como maior exportador de produtos agrícolas e alimentos, e apresentou o maior crescimento na exportação de produtos automotivos (+32%, seguido da Turquia com +22%), saindo da 12ª para a 10ª colocação. O Brasil em 2017 foi o 8º maior exportador de ferro e aço, com crescimento de 37%. Como importador, manteve a 10ª colocação em produtos químicos em 2017, com 1,8% do mercado.
Os principais parceiros comerciais do Brasil no comércio de bens são concentrados em quatro principais origens e destinos: China, União Europeia, Estados Unidos e Argentina. Esses quatro países concentram 58% das exportações e 62% das importações. Individualmente, a China é o principal destino das exportações com 21,8%, seguida da União Europeia (16%), Estados Unidos (13%) e Argentina (8%), enquanto a União Europeia é a principal origem das importações brasileiras, com 21%, seguida da China (18%), Estados Unidos (17%) e Argentina (6%).