Carta IEDI
Experiências recentes de políticas de suporte à inovação segundo a OCDE
O apoio de Estado à inovação no setor empresarial tem uma longa história nos países da OCDE, compondo, ao lado de outras políticas, suas estratégias industriais. Entretanto, as características mais frequentes destes instrumentos passaram por modificações importantes ao longo do tempo.
A Carta IEDI de hoje trata das principais tendências políticas no apoio às atividades de inovação na indústria e nas pequenas e médias empresas (PMEs) em importantes economias do mundo, a partir do documento da OCDE intitulado “Innovation support in the enterprise sector: Industry and SMEs”, elaborado por Gernot Hutschenreiter e Johannes Weber, pesquisadores da STI/OCDE e por Christian Rammer do Centro Europeu de Pesquisa Econômica (ZEW).
Da ênfase às “missões” no imediato pós Segundo Guerra, do caráter defensivo na década de 1970 e do enfoque horizontal na década de 1990, a política industrial na área da OCDE atualmente tem assumido uma perspectiva sistêmica com uma nova abordagem “orientada para a missão”, com iniciativas que buscam enfrentar e moldar as transformações em larga escala, que estão sendo impulsionadas por mudanças tecnológicas e sociais e pelos grandes desafios da sociedade, como envelhecimento populacional e mudança climática.
No conjunto de países da OCDE, a maioria dos governos opera um grande número de programas e instrumentos que buscam diretamente apoiar, aprimorar, e até certo ponto moldar, as atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) e inovação no setor empresarial. Essa combinação abrangente de políticas cumpre várias funções, incluindo:
• Provisão de incentivos para as empresas investirem na geração de novos conhecimentos e na tecnologia necessária para a inovação;
• Estímulo à adoção de novas tecnologias e novas formas de fazer negócios;
• Incentivo à transformação das indústrias existentes e ao desenvolvimento de indústrias estratégicas.
A partir do estudo de doze iniciativas de política industrial e de suporte à inovação adotadas em sete países membros da OCDE (Áustria, Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Israel, Reino Unido e Suécia), os autores analisam a composição de políticas voltadas ao fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor empresarial e discutem possíveis caminhos para melhorá-la frente às novas tendências tecnológicas e às necessidades da sociedade.
Para tanto, se concentraram em três áreas de política: (1) apoio a empresas inovadoras, incluindo clusters de inovação e parques tecnológicos; (2) desenvolvimento de setores estratégicos, particularmente para o setor industrial; e (3) a transição para os novos métodos de produção da Indústria 4.0.
Em cada uma dessas áreas foram examinadas quatro dimensões críticas para o sucesso da política. Embora as dimensões críticas para a implementação efetiva dessas iniciativas variem de acordo com a sua natureza e seus objetivos, foram identificadas características comuns que sugerem boas práticas.
Na área de política de apoio a empresas inovadoras, as características comuns compartilhadas são:
• Avaliação e monitoramento;
• Estabilidade e previsibilidade do apoio público;
• Direcionamento do apoio às necessidades específicas da empresa;
• Apoio às PME inovadoras por meio de compras públicas.
Na área de política de promoção ao desenvolvimento de setores industriais estratégicos, as características compartilhadas pelas iniciativas examinadas incluem:
• Colaboração entre indústria e ciência: as iniciativas de apoio à pesquisa conjunta entre empresas e institutos de pesquisa;
• Desenvolvimento de clusters regionais.
• Combinação de conhecimento e potencial de diferentes tipos de empresas.
Na área de política de apoio à transição para novos métodos de produção da Indústria 4.0, as características compartilhadas são:
• Desenvolvimento de habilidades e competências;
• Engajamento das partes interessadas por meio de plataformas e redes;
• Difusão de novas tecnologias;
• Avaliação de instituições e iniciativas de difusão.
Introdução
A Carta IEDI de hoje resume os principais pontos de documento recém-publicado pela Divisão de Ciência e Tecnologia e Inovação da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (STI/OCDE), intitulado “Innovation support in the enterprise sector: Industry and SMEs”, de outubro de 2019. Elaborado por Gernot Hutschenreiter e Johannes Weber, pesquisadores da STI/OCDE, e por Christian Rammer, do Centro Europeu de Pesquisa Econômica (ZEW), o documento mapeia as principais tendências das políticas de apoio às atividades de inovação na indústria e nas pequenas e médias empresas nos países da OCDE.
A partir do estudo de doze iniciativas de política industrial e de suporte a inovação adotadas em sete países membros da OCDE (Áustria, Alemanha, Dinamarca, Estados Unidos, Israel, Reino Unido e Suécia), os autores analisam a composição de políticas voltadas ao fortalecimento da pesquisa, desenvolvimento e inovação no setor empresarial e discutem possíveis caminhos para melhorá-la frente às novas tendências tecnológicas e às necessidades da sociedade. Para tanto, se concentraram em três áreas de política:
i) apoio a empresas inovadoras, incluindo clusters de inovação e parques tecnológicos;
ii) desenvolvimento de setores estratégicos, particularmente para o setor industrial;
iii) a transição para os novos métodos de produção da Indústria 4.0.
Em cada uma dessas três áreas foram examinadas as dimensões críticas para o sucesso de quatro iniciativas de política: i) o Programa Central de Inovação para PMEs (ZIM) e Fundo de Startups de Alta Tecnologia (HTGF) na Alemanha, o Centro Catapulta de Indústria de Alto Valor (HVMC) no Reino Unido e o programa de Pesquisa em Inovação para Pequenas Empresas (SBIR) nos Estados Unidos; ii) o Centro COMET Veículo Virtual da Áustria, o programa Laboratórios de Inovação de Israel, o programa Manufacturing USA e o Cluster de Nanotecnologia do estado de Nova York nos Estados Unidos; iii) a Academia Dinamarquesa da Indústria de Transformação (MADE), os programas Indústria 4.0 e PME (Mittelstand) 4.0, ambos na Alemanha, e Produktion2030 da Suécia. Um quadro-resumo dos estudos de casos selecionados é apresentado no final desta Carta IEDI.
Antecedentes do apoio a P&D e inovação no setor empresarial
O suporte governamental à inovação no setor empresarial tem uma longa história nos países da OCDE. Exemplo que foi seguido pelas economias emergentes em diversas ondas de catching-up.
Durante a Segunda Guerra Mundial e no imediato pós-guerra, algumas políticas dos países tecnologicamente mais avançados se concentraram em “missões”, as quais estavam frequentemente relacionadas à defesa e à segurança, concentrando-se em tecnologias e sistemas em larga escala, inclusive nos setores nuclear, aeroespacial, de transportes e de energia. Essa abordagem incluía desde tecnologias de uso dual e outros setores estratégicos até tecnologias facilitadoras.
Na década de 1970, as iniciativas de política industrial nos países industrializados tiveram um caráter essencialmente “defensivo” e buscavam sustentar e consolidar indústrias em dificuldades, afetadas pelo ajuste estrutural em resposta à recessão. No entanto, dada a persistência dos problemas estruturais, esse tipo de resposta se tornou cada vez mais insustentável e foi sendo progressivamente abandonado.
No final da década de 1980, a política de ciência, tecnologia e inovação (CTI) emergiu como o núcleo de uma nova política industrial destinada a modernizar e fortalecer a competitividade da indústria nos países da OCDE. O suporte às principais tecnologias facilitadoras, como microeletrônica, biotecnologia e novos materiais, consideradas relevantes para uma ampla gama de indústrias, foi o elemento crítico dessa mudança de orientação da política.
Segundo os autores, durante a era da globalização acelerada nos anos 1990, a política industrial tornou-se mais “horizontalmente” orientada, com foco em condições estruturais favoráveis às empresas e ao suporte público genérico à inovação, sem, contudo, abandonar completamente a dimensão setorial. O uso do apoio público direto tornou-se mais estritamente regulamentado, embora o apoio à pesquisa e desenvolvimento (P&D) industrial tenha sido geralmente menos restrito do que subsídios para outras finalidades.
As políticas também se concentraram cada vez mais nas pequenas e médias empresas (PMEs), com o reconhecimento de que essas empresas enfrentam obstáculos específicos à inovação. Ademais, as empresas startup inovadoras com capacidade de aumentar sua escala de ação desempenharam um papel importante no rejuvenescimento da economia.
Ainda na década de 1990, a abordagem dos sistemas nacionais de inovação, enfatizando a combinação de aspectos funcionais na geração, difusão e uso do conhecimento, ganhou força como referência para a política de inovação. No contexto desses sistemas, a qualidade da interação e da transferência de conhecimento e novas tecnologias entre os setores de ciência e negócios e entre empresas tornou-se uma prioridade política.
Atualmente, uma perspectiva sistêmica é utilizada no debate político sobre “políticas transformadoras”, que buscam enfrentar e moldar transformações em larga escala impulsionadas por mudanças tecnológicas e sociais e os grandes desafios da sociedade. Nesse contexto, há um debate em curso sobre uma nova abordagem “orientada à missão” nas políticas de CTI.
Segundo os autores, políticas de inovação desenhadas para ter um impacto direto no desempenho da inovação das empresas são uma maneira importante pela qual os governos empregam uma ampla gama de instrumentos de políticas para aprimorar, e até certo ponto moldar, a atividade de P&D e inovação das empresas. Essa combinação abrangente de políticas cumpre várias funções, incluindo:
• Provisão de incentivos para as empresas investirem na geração de novos conhecimentos e na tecnologia necessária para a inovação: os instrumentos de política de apoio à P&D incluem doações, empréstimos e participação no capital, além de incentivos fiscais para P&D. Nos últimos anos, novas e, algumas vezes, abrangentes abordagens foram desenvolvidas para enfrentar os desafios específicos do setor industrial, reforçando e alinhando as atividades de pesquisa e inovação entre vários atores, dentro e entre setores.
• Estímulo à adoção de novas tecnologias e novas formas de fazer negócios: isso é alcançado por meio de um conjunto de instrumentos financeiros e não financeiros, incluindo programas de conscientização, informações e iniciativas de demonstração e vários tipos de suporte à infraestrutura. Medidas do lado da demanda, como contratos públicos, também desempenham um papel importante.
• Incentivo à a transformação das indústrias existentes e o desenvolvimento de indústrias estratégicas: isso é feito, por exemplo, promovendo novos caminhos de desenvolvimento de tecnologia e novos modelos de negócios.
O documento ressalta que outras políticas impactam de maneira indireta, mas ainda assim altamente significativa, no desempenho da inovação do setor privado. A atividade de inovação empresarial depende criticamente de os governos fornecerem condições estruturais favoráveis à inovação e ao empreendedorismo, tais como:
• Estruturas de concorrência que impulsionam a inovação;
• Regras tributárias favoráveis à inovação e estruturas regulatórias nos mercados de produtos e trabalho;
• Regimes internacionais favoráveis de comércio e investimento;
• Acesso a infraestrutura e recursos críticos (por exemplo, humanos, financeiros e relacionados à informação; e
• Sistema eficaz de direitos de propriedade intelectual.
Além disso, a capacidade de educação e desenvolvimento de habilidades de um país, bem como a capacidade de suas instituições de ensino superior e institutos de pesquisa públicos e privados de atrair talentos de classe mundial, tornaram-se fatores-chave em seu desempenho em inovação.
Os países mais inovadores tendem a ter condições estruturais favoráveis, bem como instituições públicas de pesquisa e ensino superior de alto desempenho, embora o nível de apoio governamental às empresas varie amplamente. Em alguns casos, intervenções políticas dedicadas à inovação são empregadas para compensar deficiências nas condições gerais da estrutura.
Em toda a área da OCDE, os governos se esforçam para reforçar a competitividade internacional por meio de uma variedade de iniciativas políticas que apoiam a inovação no setor privado. Atualmente, a maioria dos governos opera um grande número de programas e instrumentos que apoiam P&D e inovação no setor empresarial. Um elemento crítico a esse respeito é a coordenação de programas e esquemas individuais por meio de uma melhor governança, por exemplo, designar agências dedicadas para operar conjuntos de instrumentos relacionados. Para os países que oferecem incentivos fiscais para P&D e inovação, o desenho adequado desses instrumentos, bem como sua interação com programas e instrumentos de apoio público direto, é outra área importante para atenção política.
Políticas de apoio à PMEs inovadoras
O apoio à inovação em empresas privadas, incluindo PMEs, tem sido uma prioridade política nos países da OCDE há várias décadas. De acordo com os autores, a ênfase nas PME baseia-se na percepção de que essas empresas enfrentam obstáculos específicos ao se engajar em pesquisa e desenvolvimento e inovação, muitos dos quais podem ser imputados às falhas de mercado.
A maioria dos governos da área da OCDE opera um grande número de programas que apoiam P&D e inovação nas empresas de menor porte, bem como programas e instrumentos que buscam melhorar os resultados da inovação. Os programas governamentais apoiam especificamente a colaboração em P&D e a transferência de conhecimento e tecnologia - ou, numa perspectiva multidirecional e interativa, a cocriação envolvendo atores de outras partes do sistema de inovação, como como universidades e institutos públicos de pesquisa.
O documento de política da OCDE examina quatro iniciativas de apoio a empresas inovadoras: o Programa Central de Inovação para PMEs (ZIM) e Fundo de Startups de Alta Tecnologia (HTGF) na Alemanha, o Centro Catapulta de Indústria de Alto Valor (HVMC) no Reino Unido e o programa de Pesquisa em Inovação para Pequenas Empresas (SBIR) nos Estados Unidos, destacando as dimensões críticas para determinar o sucesso ou fracasso dos programas.
Segundo os autores, as dimensões consideradas críticas para a implementação de um programa governamental de apoio diferem de acordo com o tipo e a natureza do programa. Para “programas básicos” que visam fornecer suporte genérico para P&D, sobretudo para PMEs, as dimensões críticas são baixas barreiras de acesso, flexibilidade nos procedimentos de aplicação, baixos custos de transação e conformidade e fornecimento de serviços úteis de consultoria orientada ao cliente pelas as agências encarregadas de executar o programa.
Programa ZIM. Criado em 2008, o Programa Central de Inovação para PMEs (ZIM) da Alemanha financia atividades de P&D das PMEs mediante o fornecimento de recursos concessionais que cobrem entre 25% e 55% dos custos de P&D realizados diretamente pelas empresas ou em colaboração com universidade e institutos de pesquisa.
De acordo com os autores, uma dimensão crítica que contribuiu para a implementação bem-sucedida do ZIM foi sua estabilidade ao longo do tempo, combinada com ajustes regulares na margem, por exemplo, da taxa de subsídio por tipo de empresa e tipo de projeto. Esse aspecto fornece às empresas o grau necessário de certeza sobre os níveis reais de financiamento que recebem, o que as ajuda a planejar suas atividades de P&D.
Outros fatores de sucesso, do ponto de vista das empresas financiadas, incluem a ausência de prazos fixos e pré-definidos para pedidos de subvenção, a abertura do programa a todos os campos da tecnologia e áreas temáticas, liberdade na escolha dos parceiros do projeto, baixa nível de burocracia e apoio competente da administração do programa. Um fator recente de sucesso do programa ZIM é o aumento da transparência sobre as oportunidades de financiamento disponíveis e um sistema de apoio mais coerente, resultante de uma fusão de vários esquemas.
Fundo de Startups de Alta Tecnologia (HTGF). Criado em 2005 para diminuir a lacuna no financiamento de capital semente para startups de alta tecnologia na Alemanha, o HTGF tem como sua dimensão crítica o desempenho como “formador de mercado” e como instituição que realiza uma triagem de qualidade entre possíveis objetivos de investimento, o que parece ter levado a um aumento substancial do investimento privado. Ao reduzir os riscos de investimento e, ao mesmo tempo, contribuir para o crescimento das startups financiadas, as atividades do HTGF também permitiram que empresas privadas de capital de risco (VC) investissem conjuntamente em empresas promissoras.
Esse fundo alemão tem estimulado de forma sustentável o mercado de financiamento de capital-semente, com mais de 500 investimentos. As ofertas para financiamento em estágio inicial aumentaram substancialmente graças ao crescimento dos investidores-anjo, bem como ao surgimento de novos modelos de cooperação e financiamento, como incubadoras e aceleradoras.
Centro Catapulta de Indústria de Alto Valor (HVMC). Criado em 2011 no âmbito do programa Catapultas do Reino Unido, o HVMC é uma rede de sete institutos de P&D público-privados colaborativos, que atua com o objetivo de melhorar a competitividade do setor industrial, concentrando-se na comercialização de novas tecnologias industriais. O HVMC fornece tecnologia escalável industrialmente, tornando-o um ativo crítico em apoio à indústria britânica de transformação. Mais de 40% dos clientes do HVMC são PMEs.
Uma dimensão crítica de seu sucesso são os 2.000 engenheiros e cientistas que trabalham nos centros de HVMC, cuja capacidade e massa crítica lhes permitem desenvolver conhecimento em tecnologias avançadas de produção. Outro fator de sucesso reside no modelo de financiamento de três pilares (dotação governamental, financiamento competitivo de P&D colaborativo e recursos privados) que ajuda a manter um equilíbrio entre assumir riscos, colaborar e estimular a inovação.
Programa de Pesquisa em Inovação para Pequenas Empresas (SBIR). Criado em 1982 e continuamente renovado pelo Congresso norte-americano, o SBIR é o programa de apoio à inovação das PMES mais longevo entre as iniciativas governamentais na área da OCDE. O programa SBIR apoia a inovação tecnológica investindo recursos orçamentários do governo federal em pesquisa em áreas prioritárias consideradas críticas para os Estados Unidos e incentivando as pequenas empresas a comercializar a inovação derivada do financiamento federal de P&D. O SBIR também fornece às agências governamentais soluções novas e econômicas para atender a necessidades específicas.
O objetivo do SBIR de atender às necessidades estratégicas das agências governamentais norte-americanas e ao mesmo tempo mobilizar a inovação nas PME faz dele um programa-marco nas compras públicas, que inspirou programas semelhantes em vários outros países da OCDE, bem como em economias emergentes.
Várias dimensões contribuem para o sucesso do programa SBIR nos Estados Unidos, permitindo que as PMEs desenvolvam inovações técnicas. Um fator de sucesso é o papel dos prêmios SBIR na certificação da qualidade das empresas. A combinação do programa de apoio público à P&D com a triagem ex-ante de empreendimentos com potencial de crescimento ajuda a aliviar as restrições financeiras, certificando a qualidade do empreendimento para potenciais financiadores. Isso ajuda as empresas a atrair investimentos adicionais de investidores-anjo e de capital de risco em suas atividades de pesquisa e desenvolvimento, aumentando o sucesso do programa. Assim, o SBIR pode ser visto como um fundo semente, reduzindo significativamente os riscos para os provedores de private equity para financiamento subsequente e comercialização de produtos.
O foco no SBIR em pesquisa e desenvolvimento de alto risco incentiva efetivamente novas pesquisas e desempenha um papel catalítico em um estágio inicial do ciclo de desenvolvimento tecnológico. Além disso, o SBIR fornece uma ponte entre a pesquisa universitária e o mercado, apoiando a comercialização da pesquisa acadêmica. A flexibilidade do programa ajuda a atender aos múltiplos requisitos de missão das respectivas agências governamentais.
Para os empresários, ter o governo como cliente fornece uma fonte crítica de fluxo de caixa antecipado para empreendimentos em estágio inicial. O programa SBIR concede às empresas de sucesso um contrato de “fonte única” para o desenvolvimento subsequente de tecnologias e produtos derivados do prêmio SBIR. O programa fornece às pequenas empresas um caminho alternativo para entrar no sistema de compras governamentais.
Tendências. Dado o escopo e o volume do apoio público existente para P&D e inovação e as crescentes necessidades do setor empresarial em resposta à concorrência global e às mudanças tecnológicas, o foco das políticas está mudando. Os governos dos países analisados no documento da OCDE enfatizam os seguintes aspectos de políticas:
• Design de uma combinação coerente de instrumentos fiscais e de apoio direto à P&D.
• Aumento da eficácia e da eficiência de programas e instrumentos de apoio público para P&D e inovação nas empresas;
• Ênfase nos benefícios da inovação aberta;
• Fortalecimento de PMEs de alta tecnologia e empresas jovens com potencial de expansão;
• Apoio aos clusters de modo a ajudar na redução dos custos de P&D e na introdução de inovações no mercado.
Políticas voltadas ao desenvolvimento de setores industriais estratégicos
O apoio a setores industriais estratégicos inclui a transformação de indústrias existentes e a facilitação do surgimento de indústrias estratégicas usando o potencial de mudança tecnológica para inovação radical. Segundo os autores, o futuro da produção industrial nas economias avançadas depende da capacidade das empresas de desenvolver e se beneficiar de tecnologias, tais como biotecnologia, nanotecnologia, fotônica, novos materiais e microeletrônica, que abrem caminhos radicalmente novos de inovação. Como o desenvolvimento tecnológico nessas áreas é fortemente orientado pela ciência, é essencial uma cooperação estreita e eficaz entre a indústria e a ciência.
As políticas governamentais tendem a se concentrar no financiamento de P&D, incluindo P&D colaborativo entre empresas e institutos de pesquisa e universidades. Também apoiam o desenvolvimento de clusters regionais.
O documento da OCDE examina quatro iniciativas de políticas adotadas com o objetivo de desenvolver setores industriais estratégicos: o Centro COMET Veículo Virtual na Áustria, o programa israelense Laboratórios de Inovação, o programa Manufacturing USA e o Cluster de Nanotecnologia de Nova Iorque, ambos nos Estados Unidos.
Centro COMET Veículo Virtual. Criado em 2008 na Áustria, no âmbito do programa Centros de Competência para Excelência Tecnológica (COMET), o Veículo Virtual é importante centro internacional de pesquisa e desenvolvimento para as indústrias automotiva e ferroviária. O COMET Veículo Virtual funciona como centro para pesquisa colaborativa de instituições de pesquisa e parceiros do setor industrial, com transferência de tecnologia e treinamento.
Segundo o documento da OCDE, o centro de pesquisa Veículo Virtual ajuda a alinhar interesses estratégicos entre a indústria e a academia, com base em pesquisas cooperativas lideradas pelo setor empresarial em novos e promissores campos de tecnologia. Essas atividades apoiam substancialmente o crescimento e a internacionalização do Styrian Mobility Cluster, que se articula em torno de uma rede de cerca de 300 empresas e institutos de pesquisa que operam nas indústrias automotiva, aeroespacial e ferroviária.
Uma avaliação realizada em 2015 revelou que o centro COMET Veículo Virtual foi bem-sucedido em termos de publicações de alto impacto, resultados de inovação, qualificação de jovens pesquisadores e estabelecimento de parcerias internacionais de longo prazo. Porém, ainda não produziu inovações radicais.
Programa Laboratórios de Inovação. Criado em 2018, o Programa Laboratórios de Inovação em Israel incentiva processos abertos de inovação, estimulando a colaboração entre empresas especializadas, que estabelecem um laboratório de inovação, e empresas iniciantes, que, operando nesse laboratório, têm acesso a meios avançados de produção, capacidades de P&D e canais de vendas O programa tem como alvo indústrias, tecnologias e experiências com potencial para crescer e desenvolver novas competências e atividades econômicas relacionadas em Israel.
De acordo com os autores, a capacidade do programa de incentivar a colaboração em pesquisa e inovação, a fim de se beneficiar do acesso a conhecimentos complementares, será fundamental para o seu sucesso. As empresas iniciantes podem acessar a infraestrutura tecnológica e a experiência industrial estabelecida que, de outra forma, seriam demoradas e caras, ajudando a diminuir o tempo para obter provas de conceito. Para as grandes empresas especializadas estabelecidas e com experiência substancial em um campo específico, esse tipo de cooperação facilita o acesso a conhecimentos novos e complementares que são críticos para suas atividades de inovação.
O documento aponta que outra dimensão crítica para o sucesso do programa é o seu modelo de financiamento, que ajuda a reduzir os riscos assumidos pelas empresas participantes. A Autoridade de Inovação de Israel não adquire participação acionária no capital das empresas iniciantes e os financiamentos com recursos públicos são reembolsáveis, a uma taxa de 3% ao ano, apenas no caso de os produtos terem sucesso comercial.
Programa Manufacturing USA. Lançado em 2011 pelo governo Obama, o programa Manufacturing USA promoveu a criação de um uma rede de institutos de pesquisa que apoiam a inovação em manufatura avançada por meio de pesquisa cofinanciada e colaborativa entre indústria, universidades e governo. Os institutos participantes do Manufacturing USA tratam de uma ampla gama de questões tecnológicas em comparação com iniciativas nacionais semelhantes, indicando que uma revolução na indústria pode ter consequências de longo alcance.
O Manufacturing USA utiliza organizações privadas sem fins lucrativos para conectar uma rede de empresas e universidades que desenvolvem padrões e protótipos. É um exemplo de parceria tecnológica que também oferece oportunidades para intercâmbio tácito e formal de conhecimento, agrupamento de capacidades e especialidades, acordo sobre protocolos comuns e alavancagem de fontes de patrocínio por meio de pedidos de fundos privados para corresponder ao financiamento público.
Essa organização permite novas formas de parcerias que ultrapassam as fronteiras setoriais, trazendo o portfólio de conhecimentos e capacidades necessários para atender efetivamente à lacuna de “ampliação” entre pesquisa e produção comercial para implantação de tecnologia avançada. O programa garante P&D e adoção de tecnologia em uma infinidade de empresas industriais, particularmente PMEs, que frequentemente enfrentam restrições mais rígidas que as grandes empresas.
O modelo de parceria público-privada dos institutos Manufacturing USA é outro fator de sucesso. Facilita colaborações que melhoram o investimento em P&D em manufatura, superam problemas de ação coletiva no setor, reduzem barreiras à inovação, possibilitam melhor acesso à propriedade intelectual e cortam riscos e custos através do acesso compartilhado a ativos.
A sustentabilidade da rede também é crítica para seus resultados. Essa sustentabilidade é garantida por uma abordagem de portfólio personalizada que cria valor para o cliente, uma massa crítica e conectividade dos membros do instituto, o que incentiva outras pessoas a ingressarem e permanecerem como membros, e o alinhamento do instituto com o estímulo de clusters econômicos regionais.
Cluster de Nanotecnologia do Estado de Nova York. Lançado em 2001, o Cluster de Nanotecnologia reúne em empresas e institutos de pesquisa relacionados às indústrias de nanotecnologia. Ao transformar a região norte do estado de Nova York em um importante centro de P&D em nanotecnologia, esse cluster concentra o investimento público em pesquisas acadêmicas de excelência em disciplinas relevantes para a nanotecnologia e facilita parcerias público-privadas entre a academia e empresas comerciais ativas em P&D e produção de nanotecnologia.
De acordo com os autores, as iniciativas e atividades de atores públicos, privados e acadêmicos contribuíram para o sucesso da iniciativa do governo do estado de Nova York de alavancar sua indústria emergente de nanotecnologia como impulsionador do crescimento econômico regional. Esse compromisso foi sustentado pelo investimento público, independentemente das mudanças na liderança política do estado.
Além disso, o envolvimento das empresas privadas desempenhou um papel fundamental na condução da indústria de semicondutores, bem como no avanço do sistema educacional e da infraestrutura de pesquisa do estado de Nova York. As colaborações de pesquisa entre a universidade e o setor industrial, sem restrições pelas regras acadêmicas, ajudaram a reduzir a burocracia administrativa e acelerar os processos de tomada de decisão.
Tendências e desafios. O documento ressalta que os setores industriais considerados estratégicos têm mudado ao longo do tempo. Desde siderurgia e outros setores da indústria de base no período de reconstrução pós-Segunda Guerra Mundial, passando pelas áreas de defesa, energia e transporte, por meio de missões envolvendo tecnologia nuclear e aeroespacial, e por tecnologias facilitadoras, como a microeletrônica nos anos 1980, diversos setores foram considerados de alta importância estratégica nos países da OCDE bem como em inúmeros países em desenvolvimento.
Com a globalização e a fragmentação das cadeias de valor ganhando velocidade a partir dos anos 1990, a indústria de transformação nos países da OCDE foi desafiada pela nova concorrência de economias emergentes em rápido crescimento. Uma resposta a esse desafio foi transformar a atividade industrial, avançando ao longo das cadeias de valor, integrando setores de clientes e explorando novas oportunidades para aumentar e capturar valor adicionado por meio da servitização.
Nos últimos anos, as mudanças tecnológicas transformadoras, como a digitalização, que não se limitam a setores e indústrias específicos, e os grandes desafios da sociedade têm avançado nas agendas dos formuladores de políticas. Essas mudanças e desafios têm várias implicações para a política de P&D e inovação, incluindo:
• Transformar os setores industriais “tradicionais” existentes e aproveitar novas oportunidades industriais. Normalmente, isso requer estratégias de alto nível, envolvendo todos os atores relevantes da indústria e do governo, de uma variedade de ministérios e agências (às vezes nos níveis nacional e regional), bem como atores de pesquisa.
• Ampliar a aplicação de novas tecnologias facilitadoras importantes e novos impulsos de “tecnologias externas”, que até agora não estavam no cerne do desenvolvimento de tecnologia no setor. Isso significa atualmente recorrer à digitalização, vinculando os conceitos de indústria a abordagens de servitização.
• Vincular o apoio à inovação aos grandes desafios da sociedade. A inovação no setor empresarial é um elemento crítico de qualquer resposta efetiva aos grandes desafios que as sociedades industriais enfrentam atualmente, incluindo mudanças climáticas, escassez de recursos naturais, envelhecimento da população e segurança. Assim, vincular o apoio à inovação a esses desafios tornou-se uma característica essencial da política de inovação na maioria dos países da OCDE. Enfrentar esses desafios requer abordagens interdisciplinares e intersetoriais.
Estratégias e políticas para estimular a transição para a Indústria 4.0
Frente à relativa estagnação da produtividade nas últimas décadas, o que compromete o crescimento e melhoria dos padrões de vida a longo prazo, muitos governos da OCDE formularam e adotaram estratégias e políticas e criaram novas instituições para acelerar a transição para a Indústria 4.0 em seus próprios países. Dentre essas se destacam as instituições de difusão que, sob a forma de plataformas e redes que identificam desafios, desenvolvem soluções e disseminam informações, desempenham um papel central na adoção de tecnologias relevantes para a Indústria 4.0.
O documento da OCDE destaca os aspectos-chave de quatro iniciativas governamentais para estimular a transição para novos métodos de produção da Indústria 4.0: a iniciativa de inovação interindustrial Academia da Indústria da Dinamarca (MADE), as iniciativas alemãs Indústria 4.0 e SME (Mittelstand) 4.0 e programa Produktion2030, da Suécia.
Academia da Indústria da Dinamarca (MADE). Financiada pelo governo, por meio do Fundo de Inovação, e pelo setor privado, a iniciativa MADE promove a colaboração aberta entre a indústria e a academia em projetos de pesquisa industrial que façam avançar a indústria dinamarquesa. Os temas de pesquisa e inovação da MADE estão focados no desenvolvimento e implementação de manufatura avançada e de soluções para indústria 4.0 no setor industrial dinamarquês.
A estrutura básica da iniciativa foi elaborada pelos parceiros acadêmicos e industriais envolvidos, com mínima interferência do governo. O conselho de administração e o conselho consultivo da MADE são compostos principalmente por representantes do setor, com pouca representação da academia e nenhuma do governo dinamarquês.
Na avaliação dos autores, a governança enxuta e o design da MADE são os aspectos críticos para sua implementação e operação eficientes, pois suas estruturas enxutas de governança facilitam o compartilhamento de conhecimento entre parceiros industriais e acadêmicos. Embora a MADE como organização independente seja gerenciada pela indústria, seus projetos de pesquisa e atividades de inovação são definidos por ambas as partes em colaboração.
O MADE expande o conhecimento disponível por meio de empresas participantes, conferências de inovação, oficinas, pesquisas e visitas a empresas manufatureiras que não estão diretamente envolvidas nos projetos de pesquisa.
Indústria 4.0. Lançado em 2011, o programa Indústria 4.0 tem como objetivo manter e desenvolver a posição de liderança da Alemanha na produção industrial, aumentando a digitalização do setor; apoio à pesquisa, criação de redes de parceiros do setor e padronização, reforçando o diálogo abrangente das partes interessadas para disseminar a compreensão da indústria 4.0.
Os pesquisadores da OCDE consideram que a iniciativa Indústria 4.0 da Alemanha transferiu com êxito os resultados das pesquisas para a prática, principalmente por meio do suporte a bancos de testes de tecnologia, que ajudam a produzir produtos de qualidade personalizados em massa a custos competitivos.
PME 4.0. Lançada em 2015, a iniciativa PME (Mittelstand) 4.0 da Alemanha tem como objetivo apoiar as PMEs na transição para a Indústria 4.0 por meio de uma rede de 26 centros de competência que ajudam essas empresas a aproveitar melhor as oportunidades de digitalização e a se preparar para os próximos desafios da economia digital.
Essa iniciativa mobiliza parceiros experientes, principalmente de associações regionais da indústria e institutos Fraunhofer, com altas competências na indústria 4.0 para fornecer melhores serviços sob medida para às PME. Os institutos de pesquisa, universidades, associações industriais e organizações do setor privado recebem incentivos para combinarem seus recursos e redes existentes de modo a difundir as tecnologias associadas à indústria 4.0 entre as empresas de menor porte.
Na avaliação dos pesquisadores da OCDE, essa abordagem é superior em termos de custo e velocidade em comparação com a criação de novos centros greenfield. Com recursos limitados, a iniciativa conseguiu criar uma rede nacional abrangente de centros de competência regionais e de parceiros industriais que facilitam o acesso das PMEs ao conhecimento crítico necessário para realizar projetos de digitalização.
Produktion2030. Criado em 2013, o programa Produktion2030, um dos 17 programas de inovação estratégica da Suécia, tem como objetivo apoiar a indústria de transformação sueca a se tornar líder em tecnologias de produção sustentável até 2030. Com suporte da Vinnova, agência estatal sueca de financiamento às atividades de P&D e inovação, bem como da agência sueca de energia e do Formas, conselho sueco de pesquisa para o desenvolvimento sustentável, o Produktion2030 atua para transformar conhecimento em inovações comerciais e também para reforçar as colaborações entre diferentes indústrias e setores.
O documento ressalta que o Produktion2030 aplicou uma abordagem de baixo para cima, confiando às partes interessadas as principais responsabilidades para desenvolver o programa e alcançar seus objetivos. Desse modo, é com alto grau de autonomia que esse programa apoia consórcios liderados pelas empresas industriais.
Segundo os autores, o sucesso da Production2030 é evidenciado pelo forte interesse dos atores da indústria e da pesquisa em participar do programa, inclusive por projetos de cofinanciamento, garantindo sua relevância para as necessidades da indústria de transformação sueca. O programa também habilita jovens pesquisadores, levando-os a liderar grupos de especialistas.
No entanto, alcançar e manter o equilíbrio desejado entre grandes e pequenas empresas, e especialmente assegurar um envolvimento suficiente das PMEs, é um desafio persistente. Além disso, a maioria dos projetos diz respeito à inovação de processos, redução de custos e eficiência.
Tendências e desafios. Segundo a OCDE, a confluência de uma gama de tecnologias, incluindo tecnologias digitais, novos materiais, impressão 3D, nanotecnologia e biotecnologia industrial, está promovendo a transformação da produção industrial. O uso crescente na produção industrial de tecnologias digitais recentes, e muitas vezes interconectadas, que permitem processos novos e mais eficientes, e que em alguns casos produzem novos bens e serviços, está tornando a distinção entre indústria e serviços cada vez menos relevante. Como um todo, os desenvolvimentos e a convergência entre essas tecnologias podem ter consequências de longo alcance para produtividade, emprego e habilidades, distribuição de renda, comércio, bem-estar e meio ambiente.
Diversas iniciativas nacionais para manufatura avançada proliferaram nos últimos anos. Isso inclui a iniciativa Indústria 4.0 da Alemanha (Platform Industrie 4.0), Manufacturing USA, Estratégia Robô do Japão e Made in China 2025 da República Popular da China. Essas iniciativas visam enfrentar os seguintes principais desafios e metas prioritárias:
• Aproveitar as oportunidades de digitalização para inovação industrial, incluindo o uso da digitalização na produção e na entrega de produtos, o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias digitais (por exemplo, inteligência artificial, blockchain, computação em nuvem), o fornecimento de uma infraestrutura (incluindo padronização) favorável de suporte técnico e jurídico (regulatório) e melhor integração da digitalização em programas de educação e iniciativas de aprendizagem ao longo da vida.
• Enfrentar possíveis gargalos de habilidades. O crescente uso de tecnologias avançadas de informação e comunicação, como análise de dados, aumentou a demanda por novos tipos de habilidades. No entanto, pesquisas apontam a falta de especialistas qualificados em dados na área da OCDE como um dos maiores impedimentos ao uso da análise de dados nos negócios.
• Incentivar investimentos em P&D nas principais TICs facilitadoras. A digitalização da produção industrial requer investimento em P&D em bens e serviços digitais, incluindo a Internet das Coisas, análise de dados e computação. Os países com capacidades aprimoradas para fornecer e adotar esses bens e serviços estarão em melhor posição para se beneficiar das vantagens de pioneirismo decorrentes da digitalização da produção.
Conclusões
Segundo os autores, os estudos de caso nas três áreas de política analisadas apresentam um conjunto de características compartilhadas, que sugere boas práticas.
i) Apoio a empresas inovadoras, incluindo clusters de inovação
• Avaliação: para garantir o impacto das iniciativas políticas, o monitoramento e a avaliação se tornaram parte integrante de muitas iniciativas de apoio.
• Estabilidade e previsibilidade do apoio público, oferecendo uma margem de ajuste para responder temporariamente (em tempos de recessão) e adaptação (às novas necessidades emergentes) contribuem para o sucesso das iniciativas de apoio.
• Direcionando o apoio às necessidades específicas da empresa: algumas iniciativas relacionadas às startups concentram-se em suas necessidades específicas e levam em consideração todo o ciclo de financiamento. O acesso a conhecimento técnico especializado e infraestrutura de pesquisa para empresas iniciantes e PMEs facilita a transformação de novos conceitos em novos produtos e serviços.
• Apoio às PME inovadoras por meio de compras públicas: as compras públicas são alavancadas ao alinhar as necessidades estratégicas dos governos e ao desenvolvimento de conhecimentos e capacidades em startups e PMEs especializadas e ao apoiar a comercialização de produtos e serviços inovadores.
ii) Desenvolvimento de setores industriais estratégicos, particularmente na indústria de transformação
• Colaboração entre indústria e ciência: as iniciativas de apoio à pesquisa conjunta entre empresas e institutos de pesquisa desempenham um papel importante na transformação das indústrias existentes e no apoio aos setores emergentes.
• Desenvolvimento de clusters regionais: a construção de parcerias público-privadas envolvendo consórcios de pesquisa cooperativa entre a academia e a indústria, ajuda a estabelecer uma infraestrutura de pesquisa tecnicamente competitiva.
• Combinação de conhecimento e potencial de diferentes tipos de empresas: vincular o conhecimento e as capacidades das grandes empresas multinacionais à criatividade das PME e startups é um recurso emergente de algumas novas iniciativas que utilizam recursos complementares e reduzem os riscos financeiros para as empresas participantes.
iii) Transição para novos métodos de produção da Indústria 4.0
• Desenvolvimento de habilidades e competências: Novas iniciativas de apoio à transição tendem a enfatizar tanto a pesquisa e o desenvolvimento (para novas tecnologias e processos de produção) quanto o desenvolvimento complementar das habilidades e competências da força de trabalho.
• Engajamento das partes interessadas por meio de plataformas e redes: o envolvimento de atores públicos e privados na identificação de desafios tem sido útil para alinhar a pesquisa e as crescentes necessidades da indústria.
• Difusão de novas tecnologias: As instituições para difusão de novas tecnologias desempenham um papel central na transição para novos métodos de produção relevantes para a Indústria 4.0. Algumas iniciativas bem-sucedidas se baseiam nas redes existentes e incentivam as partes interessadas (universidades, intermediários, organizações privadas) a reunir recursos.
• Avaliação de instituições e iniciativas de difusão: As avaliações necessárias requerem a aplicação de novas métricas de avaliação, levando em devida conta as características dos novos processos de produção e suas propriedades sistêmicas.