Análise IEDI
Panorama regional da reação industrial
Em julho de 2020, como visto na semana passada, a indústria se manteve no caminho da superação do impacto inicial da Covid-19. A alta na entrada da segunda metade do ano foi de +8% na série com ajuste sazonal. Os dados de hoje do IBGE mostram que o avanço foi partilhado pela grande maioria dos parques industriais regionais.
Na passagem de junho para julho, houve aumento de produção em 12 das 15 indústrias regionais, já descontados os efeitos sazonais. Entre as três localidades no vermelho, duas ficaram praticamente estagnadas: Paraná e Goiás, que variaram -0,3%. Mato Grosso foi a outra localidade com perda de produção, com -4,2%, retirando apenas parcialmente a alta dos meses anteriores.
Este panorama, ao mostrar grande difusão de resultados positivos, traz uma boa sinalização para o setor industrial, embora não esteja claro o perfil de crescimento que será posto em marcha após os compensação das perdas imediatas da Covid-19. Isso porque pode levar algum tempo para certos efeitos serem mitigados, como o aumento do endividamento do setor público e do setor privado e os altos níveis de desemprego.
Em jul/20, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir, importantes parques regionais obtiveram avanços, como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul. Em alguns casos houve, inclusive, aceleração.
• Brasil: +8,7% em mai/20; +9% em jun/20 e +9,7% em jul/20;
• São Paulo: +9,9%; +10,7% e +8,6% , respectivamente;
• Rio de Janeiro: +4,9%; +1,6% e +7,6%;
• Minas Gerais: +7,1%; +6,0% e +9,2%;
• Rio Grande do Sul: +17%; +12,9% e +7,0%
• Nordeste: +14,7%; +7,4% e +17,5%.
Apesar das altas recentes, a grande maioria dos polos industriais ainda não conseguiu voltar ao nível de produção anterior ao choque da Covid-19. Das 15 localidades, 11 estão no negativo na comparação de jul/20 com fev/20, já descontados os efeitos sazonais. Ou seja, 73% do total.
As maiores defasagens estão na Bahia e no Rio Grande do Sul, para quem o nível de produção de jul/20 com relação a fev/20, resulta em variações de -12,2% e -11,2%, respectivamente. São Paulo e Rio de Janeiro também estão em níveis inferiores ao pré pandemia. No primeiro caso, encontra-se 6% abaixo de fev/20, tal como o total Brasil. No segundo caso, a diferença é de -3,4%.
A região Nordeste, em muito devido à indústria baiana, está igualmente no vermelho em relação a fev/20: -7,5%, embora tenha apresentado importante reforço de seu resultado em julho, ao passar de +7,4% em jun/20 para +17,5%, na série livre de efeitos sazonais.
As quatro localidades cujos avanços dos últimos meses já foram capazes de colocá-las em patamares superiores a fev/20 foram: Pernambuco (4% acima), Amazonas (3,8% superior), Minas Gerais (3,4% superior) e Goiás (3% acima).
Na passagem de junho para julho de 2020, a produção industrial brasileira registrou um incremento de 8,0%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, 12 registraram variações positivas: Ceará (34,5%), Espírito Santo (28,3%), Região Nordeste (17,5%), Amazonas (14,6%), Bahia (11,1%) Santa Catarina (10,1%), Pernambuco (9,5%), Minas Gerais (9,2%), São Paulo (8,6%), Rio de Janeiro (7,6%), Rio Grande do Sul (7,0%) e Pará (2,1%). Por outro lado, os três locais pesquisados que apresentaram variações negativas foram: Mato Grosso (-4,2%), Paraná (-0,3%) e Goiás (-0,3%),
Analisando em relação a julho de 2019, registrou-se retração de 3,0% da indústria nacional. Entre os 15 locais pesquisados, sete registraram variações positivas: Pernambuco (17,0%), Amazonas (6,0%), Goiás (4,0%), Ceará (2,7%), Minas Gerais (1,5%), Rio de Janeiro (1,0%) e Região Nordeste (0,9%). Nos oito locais restantes observaram-se variações negativas nessa base de comparação: Espírito Santo (-13,4%), Paraná (-9,1%), Rio Grande do Sul (-7,5%), Pará (-7,5%), Bahia (-5,7%), Santa Catarina (-4,9%), Mato Grosso (-4,4%) e São Paulo (-3,3%).
Analisando o acumulado no ano, registrou-se decréscimo de 9,6%, sendo que dos 15 locais pesquisados, dois apresentaram incrementos: Rio de Janeiro (2,1%) e Goiás (1,7%). Por outro lado, as demais regiões apresentaram decréscimos: Ceará (-18,2%), Amazonas (-15,9%), Rio Grande do Sul (-14,5%), Espírito Santo (-13,4%), Santa Catarina (-13,4%), São Paulo (-12,4%), Minas Gerais (-9,2%), Região Nordeste (-8,0%), Paraná (-8,6%), Bahia (-7,1%), Pará (-2,0%), Mato Grosso (-1,5%) e Pernambuco (-0,7%).
São Paulo. Na comparação do mês de julho frente ao mês de junho, a produção da indústria paulista registrou incremento de 8,6%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2019, houve variação negativa de 3,3%, e analisando os dados acumulados do ano, registrou-se decréscimo de 12,4%.
Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: produtos alimentícios (8,4%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (7,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (2,7%).
Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-48,7%), veículos automotores, reboques e carrocerias (-42,8%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,4%), produtos têxteis (-28,8%) e produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-18,3%).
Nordeste. Na comparação de julho com o mês de junho de 2020, a produção da indústria nordestina registrou incremento de 17,5%, segundo dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2019, houve um aumento de 0,9%. No acumulado no ano, aferiu-se variação negativa de 8,0%.
Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado no ano foram: coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (26,1%), celulose, papel e produtos de papel (10,0%) e produtos alimentícios (9,0%).
De outro lado, os seguintes segmentos apresentaram as maiores retrações: veículos automotores, reboques e carrocerias (-51,5%), preparação de couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-36,2%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-32,3%), produtos têxteis (-25,1%) e metalurgia (-24,3%).
Minas Gerais. Na comparação de julho com o mês de junho de 2020, a produção da indústria mineira apresentou variação positiva de 9,2%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a julho de 2019, houve acréscimo de 1,5%. No acumulado do ano houve retração de 9,2%.
Os setores que registraram as maiores variações positivas, na comparação do acumulado no ano, foram: outros produtos químicos (27,9%), produtos alimentícios (11,5%), produtos do fumo (10,2%) e celulose, papel e produtos de papel (0,1%). Por fim, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (-37,8%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-26,4%), máquinas e equipamentos (-23,5%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-18,2%) e metalurgia (14,0%).