Análise IEDI
Sem avanços adicionais
Em outubro de 2020, o setor de serviços conseguiu crescer mais do que a indústria e o comércio varejista, mas isso porque ainda conta com bases muito deprimidas de comparação. O setor segue atrasado na recuperação das perdas da Covid-19. Já descontados efeitos sazonais, seu faturamento real subiu +1,7% frente a set/20.
Embora na direção correta, não houve avanços adicionais. A recomposição do faturamento do setor deu novamente sinais de desaceleração, mesmo estando longe dos patamares pré-pandemia. Cabe lembrar que, entre os meses de julho e setembro, as taxas de crescimento foram superiores a 2%. A recente perda de ritmo foi influenciada por resultados mais restringidos de serviços prestados às famílias e outros serviços.
Assim, o setor como um todo permaneceu 6,1% abaixo do patamar de faturamento de fev/20, isto é, de antes do surto de coronavírus no país. Em comparação com o ano passado, seu nível de atividade também continua fraco: registrou queda de -7,4% ante out/19, a oitava taxa negativa consecutiva. Esta não é uma boa notícia para o emprego, que continua escasso no país.
As dificuldades de reação dos serviços resultam da própria natureza de suas atividades, que tendem a exigir maior contato físico e cuja demanda se reduz com o isolamento social. Ademais, a adoção de protocolos de segurança sanitária altera o funcionamento das empresas e pode restringir sua capacidade de oferta.
Na passagem de set/20 para out/20, com ajuste sazonal, tal como mostram as variações a seguir, apenas um ramo de serviços ficou no vermelho. Os outros quatro ramos, segundo a classificação do IBGE, tiveram aumento de faturamento real.
• Serviços – total: +2,9% em ago/20; +2,1% em set/20 e +1,7% em out/20;
• Serviços prestados às famílias: +35,8%; +9,1% e +4,6%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: -0,9%; +2,0% e +2,6%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +1,4%; -0,4% e +0,8%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: +3,9%; +1,5% e +1,5%;
• Outros serviços: +0,9%; +5,6% e -3,5%, respectivamente.
Com uma defasagem de -32,3% em relação a fev/20, a maior entre os ramos do setor, os serviços prestados às famílias assinalaram perda importante de dinamismo, com sua taxa caindo pela metade de set/20 para out/20. A alta de +4,6% foi condicionada pela desaceleração do seu componente “alojamento e alimentação” e pelo declínio de “outros serviços prestados às famílias”.
Já os serviços profissionais, administrativos e complementares, que são demandados pelas empresas, pouco variaram em out/20, embora tenham se saído melhor do que no mês anterior. Seu baixo crescimento, de +0,8%, teve influência da virtual estagnação do componente “serviços administrativos e complementares”, que reúnem atividades de melhor qualificação, geralmente terceirizadas. O segmento como um todo permanece 11,3% aquém de fev/20.
Em out/20, os serviços de transportes repetiram o resultado de set/20, isto é, não houve ganho de vigor em sua recuperação. Transporte aéreo, fortemente atingido pela Covid-19, quase não reagiu, e transporte terrestre, mais associado ao nível geral de atividade econômica do país, desacelerou.
A melhor situação é a do ramo de informação e comunicação, cujos serviços têm sido ainda mais estratégicos em tempos de pandemia. Ganhou mais velocidade de set/20 para out/20 e já superou o nível de faturamento de fev/20 (2,5% acima). Em comparação com 2019, encerrou longa sequência de quedas e ficou estável no mês de outubro.
Por fim, o ramo de outros serviços, que reúne um conjunto diversificado de atividades, sofreu uma acomodação em out/20, como mencionado anteriormente. Neste caso, porém, isso pode ter sido influenciado por bases maiores de comparação, já que seu faturamento ultrapassou em 1,5% o nível de fev/20 e apresenta crescimento em relação a 2019 (+8,7% ante out/19).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de outubro, divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou expansão de 1,7% frente a setembro de 2020, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (outubro/2019), aferiu-se redução de 7,4%. No acumulado em 12 meses houve decréscimo de 6,8% e para o acumulado do ano (janeiro-outubro) registrou-se variação negativa de 8,7%.
Para a comparação com o mês imediatamente anterior, na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram variações positivas: serviços prestados às famílias (4,6%), serviços de informação e comunicação (2,6%) e transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (1,5%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%). O segmento analisado restante apresentou decréscimo: outros serviços (-3,5%). Já no segmento das atividades turísticas registrou-se variação positiva de 7,1% na comparação com o mês imediatamente anterior, com ajuste sazonal.
Na comparação com outubro de 2019, um dos cinco segmentos analisados apresentou variação positiva: a categoria outros serviços (8,7%). Três dos cinco segmentos analisados registraram decréscimos: serviços prestados às famílias (-30,2%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-13,5%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,2%). Na mesma base de comparação, a categoria serviços de informação e comunicação manteve estabilidade. Já para o segmento de atividades turísticas houve retração de 37,4% frente a outubro de 2019.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-outubro), um dos cinco segmentos analisados registrou variação positiva: a categoria outros serviços (6,4%). Por sua vez, os demais setores apresentaram variações negativas no período: serviços prestados às famílias (-37,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (-12,0%), transporte, serviços auxiliares dos transportes e correio (-8,5%) e serviços de informação e comunicação (-2,3%). Para a mesma base de comparação, o segmento de atividades turísticas aferiu variação negativa de 38,2%.
Na análise por unidade federativa, no mês de outubro de 2020 frente ao mesmo mês do ano anterior (outubro/2019), aferiu-se que 4 dos 27 estados apresentaram variações positivas: Roraima (8,5%), Mato Grosso do Sul (7,6%), Pará (2,6%) e Santa Catarina (2,5%). Em sentido oposto, as 23 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Rondônia (-18,0%), Alagoas (-15,5%), Sergipe (-15,0%), Amapá (-13,1%), Pernambuco (-12,7%), Ceará (-12,6%), Rio Grande do Norte (-12,5%), Rio Grande do Sul (-11,7%) e Acre (-11,2%).
Por fim, na análise do acumulado no ano por unidade federativa, uma das 27 unidades federativas apresentou variação positiva: Rondônia (1,2%). Por outro lado, as 26 unidades federativas restantes apresentaram variações negativas, sendo as maiores: Alagoas (-19,0%), Bahia (17,2%), Rio Grande do Norte (-16,5%), Piauí (15,8%), Sergipe (-15,6%), Ceará (-14,8%) e Rio Grande do Sul (-13,8%).