Análise IEDI
Entre altos e baixos
As vendas do comércio varejista cresceram +1,8% entre mar/21 e abr/21, já descontados os efeitos sazonais, segundo os dados de hoje do IBGE. Considerado em seu conceito ampliado, que inclui as vendas de veículos, autopeças e material de construção, a alta foi de +3,8%.
Foi um resultado bastante favorável. Na série com ajuste sazonal, desde 2000 não havia um mês de abril tão positivo, sendo uma variação excepcional também no conceito ampliado do varejo. Além disso, este crescimento teve grande amplitude setorial: 9 dos 10 segmentos identificados pelo IBGE ficaram no azul.
A reabertura das lojas em grandes centros urbanos, como São Paulo, na segunda metade do mês, depois de algumas semanas com restrições para combater o novo surto de Covid-19, contribuiu para isso. É um fator que, associado à liberação do novo auxílio emergencial, pode vir a continuar favorecendo as vendas.
Por outro lado, dada a volatilidade dos últimos resultados, há o risco desta alta de abr/21 não ser o início de uma retomada mais consistente do setor. Depois de uma sequência de meses muito próximos da estabilidade entre set/20 e nov/20, a vendas passaram a alternar altas e baixas de dez/20 até agora em abr/21. No caso do varejo ampliado, o nível de vendas não está muito longe do final do ano passado (-0,4% ante dez/20).
Feita esta ressalva, vamos ao desempenho dos diferentes ramos do varejo na passagem de mar/21 para abr/21. O único no negativo foi o de supermercados, alimentos, bebidas e fumo, com -1,7% já descontados os efeitos sazonais. Como responde por cerca de 1/3 do varejo ampliado, freou o resultado geral. As variações a seguir mostram como se saíram os demais segmentos.
• Varejo restrito: -0,1% em jan/21; +0,7% em fev/21; -1,1% em mar/21 e +1,8% em abr/21;
• Varejo ampliado: -2,3%; +3,4%; -5,0% e +3,8%, respectivamente;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: -1,7%; +0,8%; +3,3% e -1,7%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -8,2%; +3,6%; -16,1% e +13,8%;
• Móveis e eletrodomésticos: -3,5%; +5,6%; -21,3% e +24,8%;
• Veículos e motos, partes e peças: -4,3%; +8,6%; -19,8% e +20,3%;
• Material de construção: 0%; +2,0%; -10,2% e +10,4%, respectivamente.
Os ramos de móveis e eletrodomésticos; veículos e autopeças; tecidos, vestuário e calçados e material de escritório, informática e comunicação foram os que apresentaram maiores taxas de crescimento em abr/21, na série com ajuste sazonal. Para todos estes, entretanto, a alta recente vem apenas compensar o tempo perdido.
É o que sugere a comparação dos níveis de venda de abr/21 com dez/20. Móveis e eletrodomésticos não saíram do lugar em 2021, isto é, 0% nesta comparação. Material de escritório, informática e comunicação e veículos e autopeças ficaram somente 0,3% acima de dez/20. Já tecidos, vestuário e calçados retrocederam: -9,1% ante dez/20.
Por ora, 2021 é tempo perdido porque para a maioria deles o nível de vendas permanece aquém do pré-pandemia, isto é, abaixo de fev/20. Tecidos, vestuário e calçados é quem está mais longe: -19,4%, seguido por material de escritório, informática e comunicação (-8,7%) e veículos e autopeças (-5,4%). Móveis e eletrodomésticos, devido à reação de mai-ago/20, está 1,4% acima do pré-pandemia.
Outro ramo merece destaque: material de construção, cujo avanço de mar/21 a abr/21 também foi intenso (+10,4%). Este resultado compensou perdas de meses anteriores, mas o ramo vem se sai melhor do que acima mencionados. Na comparação de abr/21 com dez/20 registra alta de +1,2% e com relação a fev/20, de +19,9%.
A partir dos dados de abril de 2021 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, verificou-se que o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou expansão de 1,8% frente ao mês imediatamente anterior (março/2021) na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de abril de 2020, houve expansão de 23,8%. Para o acumulado nos últimos doze meses e para o acumulado no ano (jan-abr) aferiu-se expansão de 3,6% e 4,5%, respectivamente.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação positiva de 3,8% em relação a março de 2021, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de abril de 2020, houve variação positiva de 41,0%. Para o acumulado nos últimos 12 meses e para o acumulado no ano (jan-abr) verificou-se aumento de 3,5% e 9,2%, respectivamente.
A partir de dados dessazonalizados, sete dos oito setores analisados apresentaram expansão frente ao mês imediatamente anterior (março/2021): móveis e eletrodomésticos (24,8%), tecidos, vestuário e calçados (13,8%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (10,2%) outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,7%), livros, jornais, revistas e papelaria (3,8%), combustíveis e lubrificantes (3,4%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,9%).Por outro lado, o setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo registrou variação negativa de -1,7%. Ainda na mesma base de comparação, o comércio varejista ampliado registrou expansão de 3,8%, com variação positiva nos setores de veículos, motos, partes e peças (20,3%) e material de construção (10,4%).
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (abril de 2020), registraram-se expansões em sete das oito atividades analisadas: tecidos, vestuário e calçados (301,2%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (104,4%), livros, jornais, revista e papelaria (95,9%), móveis e eletrodomésticos (71,3%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (47,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (34,1%) e combustíveis e lubrificantes (19,9%). Em sentido oposto, houve queda no setor de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-1,7%). Para o comércio varejista ampliado, registrou-se variação positiva de 41,0%, de modo que o setor de veículos e motos, partes e peças apresentou expansão de 132,1% e o setor de material de construção obteve incremento de 44,4%.
Na análise do acumulado do ano (janeiro-abril de 2021), aferiu-se expansão de 4,5% no comércio varejista, com crescimento em quatro dos oito segmentos analisados: outros artigos de uso pessoal e doméstico (27,6%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (16,2%), móveis e eletrodomésticos (13,1%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (1,1%). Em sentido oposto, os segmentos restantes apresentaram decréscimos: livros, jornais, revista e papelaria (-33,9%), tecidos, vestuário e calçados (3,6%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-2,3%) e combustíveis e lubrificantes (-1,2%). No comércio varejista ampliado houve variação positiva de 9,2% no período, sendo que veículos e motos, motocicletas, partes e peças apresentou acréscimo de 17,7% e material de construção expansão de 25,6%.
Por fim, comparando março de 2021 com o mesmo mês do ano anterior, as 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo as maiores: Amapá (86,0%), Rondônia (75,0%), Amazonas (53,4%), Acre (41,3%), Piauí (42,2%), Pará (40,4%), Pernambuco (37,3%), Bahia (36,8%), Roraima (32,3%) e Maranhão (30,2%).