Análise IEDI
Vendas sem crescimento
Ao que tudo indica não é apenas a indústria que não consegue sair do vermelho, o comércio varejista também passou a registrar sequência de perdas sistemáticas. Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que as vendas reais do varejo recuaram, em out/21, -0,9% em seu conceito ampliado e -0,1% em seu conceito restrito, já corrigidos os efeitos sazonais.
Com isso, são três meses seguidos de encolhimento das vendas, tendo como resultado levar as vendas de volta a níveis inferiores ao pré-pandemia. O comércio ampliado está 2,8% abaixo de fev/20 e o restrito 0,1% aquém deste patamar. Ou seja, a indústria não está só ao perder tudo o que havia conquistado no segundo semestre do ano passado, quando as medidas emergenciais adotadas pelo governo estavam plenamente em atuação.
Frente a 2020, com bases de comparação menos deprimidas, as variações interanuais também não escondem mais a perda de dinamismo do comércio. Houve perdas nos últimos três meses e agora em out/21, o varejo registrou -7,1% em ambos os conceitos.
Seja qual for a comparação utilizada, a queda de out/21 mostrou-se claramente difundida entre os diversos ramos do setor. Na comparação interanual, todos os 10 ramos ficaram no negativo. Na série com ajuste sazonal, frente a set/21, 70% apresentaram queda, embora geralmente menos intensa que nos meses anteriores.
Como mostram as variações com ajuste a seguir, material de construção, veículos e autopeças e móveis e eletrodomésticos, estiveram entre as maiores perdas.
• Varejo restrito: -4,1% em ago/21; -1,1% em set/21 e -0,1% em out/21;
• Varejo ampliado: -3,1%; -1,0% e -0,9%, respectivamente;
• Combustíveis e lubrificantes: -3,1%; -2,8% e -0,3%;
• Supermercado, alimentos e bebidas: -0,9%; -1,3% e -0,3%;
• Móveis e eletrodomésticos: -2,9%; -3,4% e -0,5%;
• Veículos e autopeças: +0,3%; -1,7%; -0,5%;
• Material de construção: -1,1%; -1,0% e -0,9%, respectivamente.
Ainda na série com ajuste sazonal, não conseguiram crescer um mês sequer desde a virada do semestre os seguintes ramos do varejo: material de construção, móveis e eletrodomésticos e combustíveis e lubrificantes. Só o primeiro deles tem o atenuante de se manter acima do pré-pandemia, em grande medida, devido às compras estimuladas pelos meses de isolamento social.
Com uma sequência de quedas mais recentes estão dois dos segmentos de maior peso: veículos e autopeças e supermercados, alimentos e bebidas, que juntos respondem por cerca de 55% do varejo ampliado total. Ambos ficaram virtualmente estagnados por alguns meses antes de apresentarem recuos seguidos, de modo que, desde final da primeira metade de 2021, estes ramos não estão se saindo bem.
Por fim, os únicos que conseguiram ampliar vendas em out/21, na comparação com set/21, já descontados os efeitos sazonais, foram: equipamentos de escritório, informática e comunicação (+5,6%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+1,4%), mas só após recuos intensos em meses anteriores; e o ramo de tecidos, vestuário e calçados (+0,6%), que compensou parte da perda de set/21 (-1%).
A partir dos dados de outubro de 2021 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou retração de 0,1% frente ao mês imediatamente anterior (setembro/2021), na série com ajuste sazonal. Em comparação com o mês de outubro de 2020, houve retração de 7,1%. Para o acumulado nos últimos doze meses e para o acumulado no ano (jan-out) aferiu-se expansão de 2,6% e crescimento de 2,6%, respectivamente.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação negativa de 0,9% em relação a setembro de 2021, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de outubro de 2020, houve retração de 7,1%. Para o acumulado nos últimos 12 meses e para o acumulado no ano (jan-out) verificou-se aumento de 6,3% e expansão de 5,7%, respectivamente.
A partir de dados dessazonalizados, considerando a comparação com o mês imediatamente anterior (setembro/2021), três dos oito setores analisados apresentaram expansão: equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (5,6%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (1,4%) e tecidos, vestuário e calçados (0,6%). Por outro lado, os cinco setores analisados restantes registraram variação negativas frente ao mês imediatamente anterior: livros, jornais, revistas e papelaria (-1,1%), móveis e eletrodomésticos (-0,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,3%), combustíveis e lubrificantes (-0,3%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (0,2%). Para o comércio varejista ampliado registrou-se retração de 0,9%, de maneira que o setor de veículos, motos, partes e peças registrou variação negativa de 0,5%, enquanto material de construção apresentou decréscimo de 0,9%.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (outubro de 2020), houve queda nos oito setores analisados: móveis e eletrodomésticos (-22,1%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-11,0%), livros, jornais, revista e papelaria (-7,9%), combustíveis e lubrificantes (-7,7%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-7,2%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-5,6%), tecidos, vestuário e calçados (-2,0%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-0,2%). Para o comércio varejista ampliado, registrou-se retração de 7,1% nessa base de comparação, de modo que o setor de veículos e motos, partes e peças apresentou retração de 4,1% e o setor de material de construção declinou 13,7%.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-outubro de 2021), aferiu-se expansão de 2,6% no comércio varejista, com crescimento em quatro dos oito segmentos analisados: tecidos, vestuário e calçados (20,4%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (18,3%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (10,9%), combustíveis e lubrificantes (1,7%). Em sentido oposto, os quatro segmentos analisados restantes apresentaram decréscimo: livros, jornais, revista e papelaria (-18,5%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-3,2%) e equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-1,0%). Para o comércio varejista ampliado houve variação positiva de 6,3% no período, sendo que veículos e motos, motocicletas, partes e peças apresentou acréscimo de 18,4% e material de construção registrou expansão de 6,8%.
Por fim, comparando outubro de 2021 com o mesmo mês do ano anterior (outubro/2020), uma das 27 unidades federativas apresentou crescimento no volume de vendas do comércio varejista: o estado do Rio Grande do Sul (0,4%). Por sua vez, as 26 unidades federativas restantes apresentaram decréscimo na mesma base de comparação, sendo as maiores: Bahia (-14,1%), Sergipe (-12,6%), Paraíba (-12,2%), Maranhão (-11,9%), Rio de Janeiro (-11,8%), Ceará (-11,6%) e Distrito Federal (-11,4%).