Análise IEDI
Sudeste: eixo do declínio industrial
Os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que o declínio de -0,6% da indústria em out/21 foi concentrado em um número minoritário de parques regionais do setor. Esta é a boa notícia. A má notícia é que atingiu mais duramente a indústria paulista, uma das mais completas e diversificadas do país.
Dos 15 parques regionais acompanhados pelo IBGE, 5 ficaram no vermelho na passagem de set/21 para out/21, já descontados os efeitos sazonais. Entre as maiores perdas está o estado de São Paulo, que registrou -3,1%, sua quinta variação negativa consecutiva nesta comparação. Em relação a out/20, a indústria paulista não só recuou como apresentou uma taxa de dois dígitos: -12,3%.
Outras localidades com perdas importantes na produção industrial foram Minas Gerais, Pará e Santa Catarina. Goiás e Rio de Janeiro, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir, ficaram estagnados. Com isso, 11 das 15 localidades, isto é, 73% do total está atualmente com uma produção menor do que estavam logo antes do choque da Covid-19.
• Brasil: -0,8% em ago/21; -0,6% em set/21 e -0,6% em out/21;
• São Paulo: -0,2%; -1,7% e -3,1%, respectivamente;
• Minas Gerais: -0,9%; -1,3% e -3,9%;
• Rio de Janeiro: +0,5%; +1,0% e +0,1%;
• Rio Grande do Sul: +1,4%; +1,1% e +2,7%;
• Nordeste: -8,5%; +5,1% e +5,1%, respectivamente.
A evolução particularmente ruim de São Paulo juntamente com a estagnação do Rio de Janeiro e recuos em Minas Gerais e também no Espírito Santo fizeram do Sudeste o principal eixo do enfraquecimento industrial em out/21. Metade dos seus estados já voltou a níveis de produção inferiores ao pré-pandemia, notadamente São Paulo: 6,1% abaixo de fev/20.
No Sul do país, assim como no Norte, o quadro é assimétrico. Enquanto Santa Catarina perdeu produção, a indústria do Rio Grande do Sul se manteve em crescimento e a do Paraná aproximou-se da estabilidade. No Norte, Amazonas cresceu pouco e Pará caiu, como mencionamos anteriormente.
O Nordeste foi a grande exceção do mês de out/21. A região como um todo registrou a alta mais intensa frente a set/21, de +5,1%, o que implicou a preservação do ritmo de reação que obteve no mês anterior. Apesar disso, a indústria nordestina segue como uma das mais distantes em relação ao nível de produção pré-pandemia. Ficou 11,5% abaixo do patamar de fev/20.
Na passagem de setembro para outubro de 2021, a produção industrial brasileira registrou variação negativa de 0,6% a partir de dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisado 9 registraram acréscimo, sendo as maiores em: região Nordeste (5,1%), Mato Grosso (4,8%), Ceará (4,1%), Bahia (2,7%) e Rio Grande do Sul (2,7%). Por outro lado, os outros 5 locais pesquisados apresentaram variação negativa, sendo as maiores observadas em: Santa Catarina (-4,7%), Pará (-4,2%), Minas Gerais (3,9%), São Paulo (-3,1) e Espírito Santo (-1,0%). Para essa mesma de comparação, o estado de Goiás apresentou estabilidade (0,0%) no período.
Analisando em relação a outubro de 2020, registrou-se variação negativa de 7,8% da indústria nacional. Entre os 15 locais pesquisado, 2 registraram variação positiva: Rio de Janeiro (6,6%) e Espírito Santo (6,1%). Nos outros 14 locais pesquisados observou-se retração nessa base de comparação, sendo as maiores em: Pará (-14,2%), Santa Catarina (-12,5%), São Paulo (-12,3%), Bahia (-10,3%) e Ceará (-9,8%).
Analisando para o acumulado no ano (jan-out), registrou-se acréscimo de 5,7% na produção da indústria nacional. Considerando os 15 locais pesquisados, 10 apresentaram acréscimo, sendo os maiores observados em: Santa Catarina (13,8%), Paraná (11,2%), Rio Grande do Sul (12,7%), Minas Gerais (12,0%), Amazonas (9,4%) e Ceará (8,9%). Em sentido oposto, as 5 regiões restantes apresentaram queda na produção: Bahia (-13,1%), Região Nordeste (-5,0%), Mato Grosso (-5,2%), Goiás (-4,7%) e Pará (-3,7%).
São Paulo. Na comparação do mês de outubro com o mês de setembro de 2021, a produção da indústria paulista registrou retração de 3,1% segundo dados dessazonalizados. Em relação a outubro de 2020, houve variação negativa de 12,3% e analisando os dados acumulados no ano, registrou-se acréscimo de 7,2%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (33,9%), metalurgia (26,7%), máquinas e equipamentos (25,7%), produtos de minerais não-metálicos (23,2%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (20,8%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-23,7%), produtos alimentícios (-16,6%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-15,2%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e higiene pessoal (-3,7%) e bebidas (-1,1%).
Rio de Janeiro. Em outubro de 2021 frente a setembro, a produção da indústria fluminense apresentou expansão de 0,1%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a outubro de 2020, houve acréscimo de 6,6%. No acumulado no ano houve variação positiva de 3,8%. Os setores que registraram as maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (53,3%), veículos automotores, reboques e carrocerias (43,9%), metalurgia (21,0%), produtos de mineiras não-metálicos (19,8%) e produtos de borracha e de material plástico (17,2%). Em sentido oposto, os maiores decréscimos foram observados nos setores de coque, produtos derivados do petróleo e bicombustíveis (-4,2%), produtos alimentícios (-3,2%), indústrias extrativas (-2,9%) e impressão e reprodução de gravações (-2,8%).
Paraná. Na passagem de setembro para outubro de 2021, a produção da indústria paranaense registrou variação positiva de 0,6% a partir de dados livres de efeitos sazonais. Frente a outubro de 2020, houve retração de 4,9%. No acumulado no ano, aferiu-se variação positiva de 11,2%. Os setores com as maiores contribuições positivas no acumulado no ano foram: máquinas e equipamentos (63,6%), veículos automotores, reboques e carrocerias (36,3%),produtos de madeira (29,2%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (24,3%) e produtos de minerais não-metálicos (15,7%). De outro lado, as maiores variações negativas foram percebidas nos segmentos de produtos alimentícios (-6,5%) e celulose, papel e produtos de papel (-1,0%).