Análise IEDI
Placar divido para o varejo em out/22
Em out/22, pela terceira vez consecutiva, as vendas reais do comércio varejista se ampliaram, já descontados os eventuais efeitos sazonais. A alta, porém, foi menor do que no mês anterior. Os dados divulgados hoje pelo IBGE apontam variação de +0,4% no comércio restrito e de +0,5% no comércio ampliado, que inclui os ramos de veículos, autopeças e material de construção.
A expansão neste começo do último quarto de 2022 se espalhou por metade dos dez segmentos do varejo identificados pelo IBGE. As maiores altas na série com ajuste sazonal couberam a móveis e eletrodomésticos (+2,5% ante set/22), equipamentos e materiais de escritório, informática e comunicação (+2,0%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (+2,0%), ramos que no geral estão com fraco desempenho neste ano.
Entre os recuos mais acentuados, ficaram as vendas de livros jornais e papelaria (-3,8%), de material de construção (-3,5% ante set/22) e de tecidos, vestuário e calçados (-3,4%). O ramo de veículos e autopeças também teve declínio em ritmo não desprezível (-1,7%), depois de virtual estabilidade em set/22 (+0,1%).
Frente ao mesmo mês do ano passado, o placar setorial ficou igualmente dividido: 5 ramos no vermelho e 5 no azul. Tecidos, vestuário e calçados e material de construção registraram perdas de dois dígitos, como mostram as variações a seguir. A maior alta coube a combustíveis e lubrificantes, em que a alteração na cobrança de impostos contribuiu muito para a inflexão de preços.
• Varejo restrito: +1,6% em ago/22; +3,2% em set/22 e +2,7% em out/22;
• Varejo ampliado: -0,7%; +0,9% e +0,3%, respectivamente;
• Combustíveis e lubrificantes: +30,3%; +34,7% e +34,2%;
• Supermercados, alimentos, bebidas e fumo: +1,4%; +3,8% e +2,6%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -5,5%; -9,5% e -14,8 %;
• Móveis e eletrodomésticos: -8,7%; -6,1% e -0,5%;
• Material de construção: -7,0 %; -8,2% e -12,7%;
• Veículos e autopeças: -4,1%; -1,2% e -0,7%, respectivamente.
Com a maior parte do ano coberta pelas estatísticas do IBGE para o comércio, já dá para saber a que veio 2022. Em seu conceito ampliado, embora pequena, o conjunto do setor registra perda no acumulado de jan-out/22: -0,5%, muito concentrada em ramos de bens de consumo duráveis.
A piora das condições de crédito com a elevação das taxas de juros, a recomposição da parcela de serviços no orçamento das famílias, notadamente, daquelas de maior renda, que conseguiram preservar mais seu poder de compra ao longo da pandemia, e a possibilidade de adiar a aquisição de bens de duráveis influenciaram os resultados negativos destes segmentos.
Foram os casos de móveis e eletrodomésticos, com -8,7% em jan-out/22 ante jan-out/21, material de construção, com -8,6%, e veículos e autopeças, com -1,3%, mas também de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,2%), que incluem lojas de departamento, e em alguma medida suas vendas dependem do crédito.
Do lado positivo, combustíveis e lubrificantes avançaram +14,9% em jan-out/22 e supermercados, alimentos, bebidas e fumo, cujas vendas pesam muito do total do varejo, reverteram a queda de -2,5% em jan-dez/21 e voltaram a crescer em 2022: +1,1% em jan-out/22.
A partir dos dados de outubro de 2022 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou aumento de 0,4% frente ao mês imediatamente anterior (setembro/2022), na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de outubro de 2021, houve aumento de 2,7%. Para o acumulado nos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 0,1%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação positiva de 0,5% em relação a setembro de 2022, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de outubro de 2021, houve variação positiva de 0,3%. Para o acumulado nos últimos 12 meses verificou-se queda de -1,0%.
A partir de dados dessazonalizados, na comparação com o mês imediatamente anterior (setembro/2022), cinco dos oito setores analisados apresentaram expansão: móveis e eletrodomésticos (2,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,0%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (2,0%), combustíveis e lubrificantes (0,4%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,2%). Os três setores restantes recuaram: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,4%), tecidos, vestuário e calçados (-3,4%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-3,8%). Para o comércio varejista ampliado, a atividade de veículos e motos, partes e peças diminuiu em -1,7% e material de construção em -3,5%.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (outubro de 2021), houve crescimento em cinco dos oito segmentos: combustíveis e lubrificantes (34,2%), livros, jornais, revistas e papelaria (13,6%), equipamentos e material para escritório informática e comunicação (8,1%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (5,2%) e hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,6%). Houve queda nos três setores restantes: móveis e eletrodomésticos (-0,5%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,5%) e tecidos, vestuário e calçados (-14,8%). Para o comércio varejista ampliado, o setor de veículos e motos, partes e peças apresentou decréscimo de -0,7% e o setor de material de construção recuou -12,7%.
Na análise do acumulado no ano (janeiro-outubro), houve crescimento em seis dos oito setores do varejo restrito: livros, jornais, revistas e papelaria (18,5%), combustíveis e lubrificantes (14,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (7,0%), tecidos, vestuário e calçados (4,0%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (2,1%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,1%). Nos dois setores restantes houve queda: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-8,2%) e móveis e eletrodomésticos (-8,7%). No varejo ampliado, o setor veículos, motos, partes e peças caiu -1,3% e a categoria material de construção decresceu -8,6%.
Por fim, comparando outubro de 2022 com o mesmo mês do ano anterior (outubro/2021), 22 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Paraíba (31,3%), Amapá (23,4%), Roraima (16,4%), Mato Grosso do Sul (14,2%) e Alagoas (8,5%). Por sua vez, apresentaram decréscimos no volume de vendas do comércio varejista as cinco das unidades federativas restantes: Rio de Janeiro (-0,7%), Pernambuco (-0,8%), Rondônia (-1,2%), Bahia (-1,6%) e Tocantins (-3,8%).