Análise IEDI
Melhora só no Sudeste
Em 2022, a indústria brasileira amargou mais um ano de declínio de sua produção (-0,7%), fazendo com que, na última década, os anos ruins superassem os momentos de expansão. Os dados divulgados hoje pelo IBGE permitem avaliar a distribuição do dinamismo, ou da sua falta, nos diferentes parques regionais do setor.
Das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE, 8 ficaram no vermelho no ano passado. Em 3 delas o sinal negativo também havia marcado o desempenho de 2021. Pela sequencia de recuos, a região Nordeste como um todo chama atenção, pois se considerarmos as variações de +0,2% de 2014 e de 2018 mera estabilidade, a indústria nordestina não cresce desde 2013.
Já do ponto de vista da intensidade da queda, estados com indústrias muito concentradas no ramo extrativo é que se destacam. Em jan-dez/22, a produção industrial do Pará caiu -9,1% e do Espírito Santo -8,4%. Ainda assim, os problemas não chegaram a ser localizados, dado que perderam produção 71% dos ramos do parque industrial do Pará e 80% do parque do Espírito Santo.
São Paulo, que tem a maior e mais diversificada indústria do país, evitou o terreno negativo, mas nem por isso cresceu. Ficou virtualmente estagnado ao registrar +0,2% em jan-dez/22, com 44% de seus ramos perdendo produção. A boa notícia, como mostram as variações interanuais a seguir, é que a indústria paulista voltou a se expandir com alguma força no 4º trim/22, embora, em parte, devido a bases baixas de comparação.
• Brasil: -0,7% em jan-dez/22 e +0,5% no 4º trim/22;
• São Paulo: +0,2% e +5,9%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +4,6% e +6,2%
• Minas Gerais: -1,3% e +1,7%
• Nordeste: -1,0% e -6,3%
• Rio Grande do Sul: +1,1% e -0,7%, respectivamente.
Junto com São Paulo, somente em mais dois parques industriais o 4º trim/22 foi acompanhado de uma melhora dos resultados: Minas Gerais, que acumulou queda de -1,3% no ano, mas teve expansão de +1,7% em out-dez/22, e Rio de Janeiro, apontando para uma aceleração de seu crescimento (+4,6% e +6,2%, respectivamente).
Com isso, vale enfatizar que a melhora registrada pela indústria brasileira no último quarto de 2022 foi muito concentrada na região Sudeste do país, nas indústrias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Em praticamente todos os outros casos houve intensificação das quedas ou desaceleração.
Pernambuco registrou o mesmo resultado no acumulado de jan-dez/22 e no 4º trim/22, de -2,3%. O Rio Grande do Sul, que cresceu +1,1% no ano, terminou 2022 no vermelho (-0,7%), mesma involução registrada pela Bahia, embora neste caso em um movimento bem mais pronunciado: +2,4% em jan-dez/22 e -6,4% no 4º trim/22.
Em dezembro de 2022, quando a produção industrial nacional registrou estabilidade frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, dez dos quinze locais pesquisados apresentaram taxas positivas, sendo os maiores: Mato Grosso (5,8%), Amazonas (5,6%), Ceará (4,3%) e Pernambuco (2,7%). Em sentido oposto, Espírito Santo (-6,8%), Minas Gerais (-4,9%), Goiás (-3,7%) e São Paulo (-1,2%) apontaram os recuos mais elevados no período.
Analisando em relação a dezembro de 2021, registrou-se queda de 1,3% da indústria nacional. Entre os quinze locais pesquisados, quatro registraram expansão da produção, sendo observadas em: Rio de Janeiro (5,7%), São Paulo (2,0%), Mato Grosso (1,2%) e Rio Grande do Sul (0,7%). Os locais pesquisados restantes que registraram as maiores retrações da produção nessa base de comparação foram: Espírito Santo (-21,9%), Pará (-10,3%), Goiás (-10,2%) e Paraná (-10,0%).
Analisando o acumulado no ano (jan-dez), registrou-se decréscimo de 0,7% na produção industrial brasileira. Dos quinze locais pesquisados, sete apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Mato Grosso (19,4%), Rio de Janeiro (4,6%), Amazonas (3,8%) e Bahia (2,4%). Por outro lado, os oito locais restantes apresentaram queda, sendo as maiores observadas em: Pará (-9,1%), Espírito Santo (-8,4%), Ceará (-4,9%) e Santa Catarina (-4,3%).
São Paulo. Na comparação do mês de dezembro de 2022 com o mês de novembro, a produção da indústria paulista registrou queda de 1,2% a partir de dados dessazonalizados. Frente a dezembro de 2021, houve variação positiva de 2,0%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se acréscimo de 0,2%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (20,7%), produtos têxteis (17,8%) e coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (4,3%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: produtos de borracha e de material plástico (-8,3%), metalurgia (-7,0%) e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-6,5%).
Mato Grosso. Em dezembro de 2022 frente a novembro, a produção da indústria mato-grossense apresentou aumento de 5,8% na série com ajuste sazonal. Em relação a dezembro de 2021, houve crescimento de 1,2%. No acumulado no ano verificou-se variação positiva de 19,4%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (35,8%), produtos alimentícios (23,0%) e bebidas (11,2%). Em sentido oposto, os maiores decréscimos foram observados nos seguintes setores: outros produtos químicos (-19,7%) e produtos de madeira (-14,1%).
Espírito Santo. A partir de dados dessazonalizados, no mês dezembro de 2022 a produção da indústria capixaba apresentou redução de 6,8% frente ao mês de novembro. Em relação a dezembro de 2021, houve variação negativa de 21,9%. No acumulado no ano registrou-se decréscimo de 8,4%. O único setor com contribuição positiva no comparativo do acumulado no ano foi: celulose, papel e produtos de papel (7,3%). Por fim, as seções com maiores decréscimos nessa base de comparação foram: produtos de minerais não metálicos (-10,1%) e metalurgia (-4,7%).