Análise IEDI
Bimestre de estagnação
Em fev/23, as vendas do varejo voltaram a se expandir depois de meses seguidos em um quadro de relativa estabilidade. Em seu conceito ampliado, que inclui os segmentos de veículos, autopeças e material de construção, o varejo registrou +1,7% frente a jan/23, já descontados os efeitos sazonais.
Muito da alta, entretanto, deveu-se às vendas de veículos e autopeças, que cresceram +1,4% em relação ao mês anterior. Já situação no restante do setor não foi tão animadora. Dos 10 ramos do comércio identificados pelo IBGE, 7 ficaram no negativo, como indicam as variações com ajuste a seguir.
• Varejo ampliado: +0,8% em dez/22; +0,2% em jan/23 e +1,7% em fev/23;
• Varejo restrito: -2,8%; +3,8% e -0,1%, respectivamente;
• Supermercado, alimentos, bebidas e fumo: -0,8%; +1,3% e -0,7%;
• Tecidos, vestuário e calçados: -6,6%; +27,9% e -6,3%;
• Móveis e eletrodomésticos: -1,7%; +1,2% e -1,7%;
• Eq. de escritório, informática e comunicação: -0,6%; +7,9% e -10,4%;
• Veículos e autopeças: +2,4%; 0% e +1,4%;
• Material de construção: +1,9%; +2,8% e -2,0%, respectivamente.
Além de veículos e autopeças, os outros ramos em expansão foram: artigos farmacêuticos, médicos e ortopédicos e de perfumaria (+1,4%), que não conseguiram compensar os recuos anteriores; e livros, jornais, revistas e papelaria (+4,7%), depois de quatro meses seguidos de queda.
Na direção oposta, as maiores perdas de fev/23 ficaram por conta de ramos mais dependentes das condições de financiamento e, por isso, com desempenho mais restringido pelos patamares elevados de taxas de juros.
Foram os casos, em maior ou menor grau, de equipamentos de escritório, informática e comunicação (-10,4%), tecidos, vestuário e calçados (-6,3%), material de construção (-2,0%) e móveis e eletrodomésticos (-1,7%), assim como de outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,0%), que incluem as lojas de departamento.
Deste modo, no primeiro bimestre do ano, as vendas reais do varejo ampliado se mostram estagnadas, com variação de apenas +0,1% em relação ao mesmo período do ano passado. Este resultado sucedeu um declínio de -1,0% em nov-dez/22, derivado das fracas vendas na Black Friday e no Natal.
Esta melhora relativa no 1º bim/23 deveu-se principalmente ao retorno ao positivo do ramo de veículos e autopeças, que registrou +1,5%, depois de quedas seguidas desde o terceiro bimestre do ano passado. Outros ramos com progressos foram livros, jornais, revistas e papelaria e equipamentos de escritório, de informática e comunicação.
Material de construção, por sua vez, não voltou a crescer neste início de ano, mas reduziu bastante seu nível de queda, de -9,2% e nov-dez/22 para -2,3% em jan-fev/23. O mesmo ocorreu com tecidos, vestuário e calçados (de -13,6% para -3,5%).
Ao todo, 60% dos ramos do varejo conseguiram crescer no 1º bim/23 frente a 1º bim/22, mas metade deles arrefeceu seu dinamismo, o que ajudou a levar o varejo como um todo à situação de virtual estabilidade.
Um dos casos de desaceleração de destaque foi a do ramo de supermercado, alimentos, bebidas e fumo (de +2,6% em nov-dez/22 para +1,6% em jan-fev/23), já que representa 1/3 do varejo como um todo.
Segundo os dados de fevereiro de 2023 da Pesquisa Mensal do Comércio divulgados hoje pelo IBGE, o índice de volume de vendas do comércio varejista nacional registrou diminuição de 0,1% frente ao mês imediatamente anterior (janeiro/2023), na série com ajuste sazonal. Frente ao mês de fevereiro de 2022, houve um aumento de 1,0%. Para o acumulado dos últimos doze meses aferiu-se crescimento de 1,3%.
No que se refere ao volume de vendas do comércio varejista ampliado, que inclui vendas de veículos, motos, partes e peças e de materiais de construção, registrou-se variação positiva de 1,7% em relação a janeiro de 2023, a partir de dados livres de influências sazonais. Com relação ao desempenho comparado ao mês de fevereiro de 2022, houve variação de -0,2%. No acumulado nos últimos 12 meses verificou-se queda de 0,5%.
A partir de dados dessazonalizados, na comparação com o mês imediatamente anterior (janeiro/2023), dois dos oito setores analisados apresentaram expansão: livros, jornais, revistas e papelaria (4,7%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (1,4%). Em sentido oposto, os seis setores restantes apresentaram retração: equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-10,4%), tecidos, vestuário e calçados (-6,3%), outros artigos de uso pessoal e doméstico (-2,0%), móveis e eletrodomésticos (-1,7%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,7%) e combustíveis e lubrificantes (-0,3%). Para o comércio varejista ampliado, a atividade de veículos e motos, partes e peças cresceu em 1,4% e a de material de construção diminuiu 2,0% no período. O setor de atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo ainda não tem dados suficientes para o ajuste sazonal.
Em relação ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro de 2022), houve expansão em dois dos oito segmentos: combustíveis e lubrificantes (19,7%) e hiper e supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,0%). Nos seis setores restantes houve queda: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-12,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (-9,5%), tecidos, vestuário e calçados (-9,2%), equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-4,5%), móveis e eletrodomésticos (-1,9%) e artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-0,7%). Nos três setores do comércio varejista ampliado registrou-se queda nessa base de comparação: veículos e motos, partes e peças apresentou (-1,5%), material de construção (-5,9%) e atacado de produtos alimentícios, bebidas e fumo de (-9,5%).
Na análise do acumulado no ano (janeiro-fevereiro) frente a igual período de 2022, os resultados mostram que cinco dos oito setores cresceram: combustíveis e lubrificantes (23,2%), equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (4,9%), livros, jornais, revistas e papelaria (3,8%), hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,6%) e móveis e eletrodomésticos (0,9%). Os setores restantes apresentaram retração no período: outros artigos de uso pessoal e doméstico (-9,4%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-4,3%) e tecidos, vestuário e calçados (-3,5%).
Por fim, comparando fevereiro de 2022 com o mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2022), 14 das 27 unidades federativas apresentaram crescimento no volume de vendas do comércio varejista, sendo os maiores: Tocantins (13,7%), Maranhão (9,7%), Roraima (9,4%), Rio Grande do Sul (7,5%), Mato Grosso do Sul (7,0%) e Sergipe (5,6%). Por sua vez, apresentaram decréscimos no volume de vendas do comércio varejista (na mesma base de comparação) quatro unidades federativas: Distrito Federal (-2,9%), Bahia (-2,7%), Rondônia (-2,5%) Paraná (1,9%), Pará (1,8%) e Pernambuco (-1,5%).