Análise IEDI
Moderação em andamento
Assim como a indústria e o varejo – à exceção das vendas de veículos, impulsionadas pelo corte de impostos realizado pelo governo – o setor de serviços praticamente não se moveu no final da primeira metade de 2023. Na passagem de mai/23 para jun/23, seu faturamento real variou apenas +0,2%, já descontados os efeitos sazonais.
Embora fraco para o agregado do setor, o sinal negativo marcou um número minoritário de seus ramos: 2 dos 5 acompanhados pelo IBGE. Foram eles: transportes, armazenagem e correios (-0,3%) e outros serviços (-0,2%), que reúnem um conjunto diversificado de atividades, como serviços financeiros, imobiliários e de saneamento.
Com isso, os serviços seguiram sua trajetória de acomodação, registrando taxas de crescimento cada vez mais modestas, como mostram as variações interanuais a seguir. Ainda assim, é importante constatar que continua sendo o setor da economia que mais se expandido em 2023.
• Serviços – total: +7,3% no 4º trim/22; +5,5% no 1º trim/23 e +4,0% no 2º trim/23;
• Serviços prestados às famílias: +9,5%; +8,1% e +3,7%, respectivamente;
• Serviços de info. e comunicação: +3,7%; +5,8% e +4,8%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +7,6%; +5,0% e +3,9%;
• Transportes, armazenagem e correios: +11,0%; +6,5% e +4,7%;
• Outros serviços: +5,8%; +0,5% e -0,5%, respectivamente.
Enquanto a indústria acumula perda de -0,3% no acumulado de jan-jun/23 e o varejo cresce +1,3% em seu conceito restrito e +4% em seu conceito ampliado, devido sobretudo às vendas de veículos, o setor de serviços registra +4,7% nesta primeira metade do ano. Este ritmo de crescimento, porém, é cerca de metade do registrado no 1º sem/22 (+8,9%), o que ilustra a desaceleração de sua atividade.
O desempenho trimestral deixa mais clara a evolução recente. A alta de +8,1% no 3º trim/22, refluiu para +7,3% no 4º trim/22 e então para +5,5% no 1º trim/23 e +4,0% no 2º trim/23. Todos os segmentos registraram moderação ao longo destes primeiros meses de 2023, mas em alguns casos isso foi mais intenso.
Em outros serviços, por exemplo, a expansão de +5,8% no último trimestre de 2022 se converteu em uma variação de apenas +0,5% no 1º trim/23. No trimestre seguinte, isto é, em abr-jun/23 este segmento perdeu o pouco que havia crescido no período anterior. Foi o único caso de retração no 2º trim/23: -0,5% ante o 2º trim/22.
Outro caso de desaceleração mais intensa foi o dos serviços prestados às famílias, após passar pelo processo de recomposição com o controle da pandemia de Covid-19. Seu ritmo de crescimento no 2º trim/23 (+3,7% ante o 2º trim/22) é quase 1/3 do era no 4º trim/22 (+9,5%). Os serviços de alojamento foram os que mais perderam ritmo.
Também é importante mencionar a evolução dos serviços de transporte, seus auxiliares, armazenagem e correios, por sua relação direta com o nível geral de atividade econômica do país. Este ramo crescia a uma taxa de dois dígitos no 4º trim/22 (+11,0%), que caiu para +4,7% no 2º trim/23, devido a transporte terrestre, aéreo e serviços de armazenagem.
Entre os demais ramos, por sua vez, desaceleraram de +7,6% para +3,9% do 4º trim/22 para o 2º trim/23 os serviços profissionais, administrativos e complementares, enquanto os serviços de informação e comunicação foram os que melhor se saíram, não só por terem registrado a maior taxa de crescimento no 2º trim/23 (+4,8%), mas também por terem evitado a trajetória de perda significativa de dinamismo.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de junho/2023 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,2% frente a maio, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (junho/2022), aferiu-se incremento de 4,1%. Quanto à variação acumulada no ano, houve crescimento de 4,7%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 6,2%.
Na comparação do mês de junho de 2023 com o mês imediatamente anterior (maio/2023), na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos analisados apresentaram crescimento: serviços prestados às famílias (1,9%), serviços profissionais, administrativos e complementares (0,8%) e serviços de informação e comunicação (0,5%). Já os setores com queda foram: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-0,3%) e outros serviços (-0,4%). No segmento de atividades turísticas, houve variação de -0,4% em relação ao mês imediatamente anterior.
Na comparação do mês de junho de 2023 frente ao mesmo mês do ano anterior (junho/2022), quatro de cinco segmentos registraram crescimento: serviços prestados às famílias (5,8%), serviços de informação, transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (5,6%), serviços de informação e comunicação (4,7%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (3,5%). A categoria de outros serviços decresceu (-1,4%). No segmento das atividades turísticas houve expansão de 9,7% na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, quatro dos cinco segmentos analisados apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (10,2%), transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (9,1%), serviços profissionais, administrativos e complementares (5,8%) e informação e comunicação (4,5%). A categoria outros serviços registrou estabilidade no período. Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 13,3% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de junho de 2023 em comparação com o mesmo mês do ano anterior (junho/2022), 23 das 27 unidades federativas apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Mato Grosso (26,6%), Alagoas (19,6%), Paraíba (18,6%), Roraima (14,8%) e Paraná (13,6%). Por outro lado, as quatro unidades federativas que apresentaram variação negativa nessa base de comparação foram Ceará (-0,1%), São Paulo (-0,6%), Mato Grosso do Sul (-4,5%) e Amapá (-8,0%).
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado nos últimos 12 meses, 26 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Mato Grosso (15,5%), Tocantins (14,2%), Paraíba (13,0%), Roraima (10,5%) e Minas Gerais (10,1%). A única UF com redução no período foi Mato Grosso do Sul (-1,3%).