Análise IEDI
Predomínio das quedas
No mês de jul/23, a indústria não apenas voltou ao negativo como registrou o maior número do ano de parques regionais em declínio. Já descontados os efeitos sazonais, o resultado de -0,6% para o total nacional veio acompanhado de retrocessos em 14 dos 15 parques industriais identificados pelo IBGE.
A única exceção coube ao estado do Ceará, cuja produção industrial cresceu +1,2% frente a jun/23 com ajuste sazonal. Embora positivo, este resultado pouco compensou a queda anterior (-6,0%) e não evitou que a produção industrial da região Nordeste como um todo encolhesse -2,0%.
Os piores resultados do mês estão no Nordeste e no Norte do país. Nesta última região, as indústrias do Amazonas e do Pará caíram -8,8% e -4,4%, respectivamente, agravando o quadro do mês anterior. A Bahia, por sua vez, registrou a segunda maior queda: -6,0% frente a jun/23, com ajuste sazonal.
Os estados do Sul e do Sudeste, que em meses anteriores apresentavam resultados mais fracos do que o total Brasil, desta vez amenizaram suas perdas e em alguns casos se saíram melhor que o agregado nacional, como mostram as variações com ajuste a seguir.
• Brasil: +0,3% em mai/23; 0% em jun/23 e -0,6% em jul/23;
• Rio Grande do Sul: -0,2%; -1,2% e -0,1%, respectivamente;
• São Paulo: +2,5%; -2,7% e -0,5%;
• Minas Gerais: +1,1%; -1,5% e -0,9%;
• Nordeste: +1,5%; -4,0% e -2,0%;
• Amazonas: +12,1%; -5,1% e -8,8%, respectivamente.
São Paulo foi um destes casos. A indústria paulista, na série livre de efeitos sazonais, só conseguiu crescer acima do total nacional no mês de mai/23 e, dos sete meses já cobertos pelas estatísticas do IBGE, ficou no vermelho em cinco deles. Agora em jul/23, reduziu seu ritmo de queda para -0,5%.
O Rio Grande do Sul é outro exemplo. Sua produção industrial também encolheu em cinco dos sete meses conhecidos, mas agora em jul/23 ficou próximo da estabilidade ao registrar apenas -0,1%. Outros estados do Sul e Sudeste com recuos menos intensos do que no mês anterior foram Minas Gerais (-0,9%) e Paraná (-1,4%).
Estas evoluções, porém, devem ser vistas como sinais incipientes de amenização do quadro destas indústrias regionais. Isso porque na comparação com o ano passado os parques do Sul e Sudeste, assim como muitos estados do Nordeste, estão operando em níveis inferiores de produção.
Frente a jul/22, quando o setor industrial nacional recuou -1,1%, 11 dos 18 locais pesquisados pelo IBGE apontaram resultados negativos, isto é, 61% do total. Se tomarmos o acumulado dos sete primeiros meses de 2023 ante o mesmo período do ano passado, o número de parques industriais no vermelho chega a 50%, ou seja, 9 dos 18 pesquisados.
Em jan-jul/23 todos os estados do Sul, notadamente a indústria gaúcha (-5,9%), e São Paulo (-2,1%) recuaram bem mais do que a indústria nacional e todos registraram resultados fracos nos seguintes setores: veículos, químicos, metalurgia, minerais não metálicos, papel e celulose, e produtos de metal.
No Nordeste há grandes contrastes. A indústria do Rio Grande do Norte é responsável pela maior alta entre as localidades pesquisadas: +9,8% em jan-jul/23, devido sobretudo à produção de alimentos (+18,8%). Já o Ceará acumula o pior resultado do país: -6,0%, sob influência de produtos de metal (-34%), químicos (-24,9%) e vestuário (-23,8%).
Em julho de 2023, quando a produção industrial nacional registrou aumento de 0,6% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, dos 15 locais pesquisados apenas o estado do Ceará apresentou taxa positiva de 1,2% (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados). Em sentido oposto, os 14 locais restantes apontaram recuo no período, sendo os mais expressivos: Amazonas (-8,8%), Bahia (-6,0%), Pará (-4,4%), e Espírito Santo (-2,1%) .
Em relação a julho de 2022, registrou-se decréscimo de 1,1% na produção da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, sete registraram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Rio Grande do Norte (50,7%), Espírito Santo (31,7%), Pernambuco (8,9%) e Mato Grosso (5,4%). Os onze locais pesquisados restantes registraram retração da produção nessa base de comparação, sendo os maiores: Amazonas (-11,1%), Mato Grosso do Sul (-11,1%), Maranhão (6,8%) e Ceará (-5,5%).
Analisando o acumulado no ano (janeiro-julho), houve variação de -0,4% na produção nacional, com aumento em nove dos 18 locais pesquisados, sendo os maiores: Rio Grande do Norte (9,8%), Amazonas (6,5%), Minas Gerais (5,0%) e Rio de Janeiro (4,3%). Já os locais com maiores quedas foram: Ceará (-6,0%), Rio Grande do Sul (-5,9%), Nordeste (-4,2%) e Maranhão (-4,0%).
No acumulado nos últimos 12 meses registrou-se estabilidade na produção industrial brasileira. Dos quinze locais pesquisados (novamente, Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul não têm dados suficientes ainda para essa análise), seis apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Mato Grosso (5,9%), Amazonas (5,7%), Rio de Janeiro (5,3%) e Minas Gerais (3,6%). Por outro lado, os nove locais restantes apresentaram queda, sendo as maiores observadas em: Ceará (-6,5%), Pernambuco (-5,0%), Nordeste (-4,9%) e Bahia (-4,4%).
São Paulo. Na comparação do mês de julho de 2023 com o mês de junho, a produção da indústria paulista registrou decréscimo de 0,5% a partir de dados dessazonalizados. Frente a julho de 2022, houve variação negativa de 3,0%, e analisando o acumulado no ano, registrou-se variação de -2,1%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (13,8%), produtos têxteis (10,0%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (7,5%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (-32,9%), produtos de minerais não metálicos (-9,2%) e máquinas e equipamentos (-8,8%).
Rio Grande do Norte. Frente a julho de 2022, houve variação positiva de 50,7%. No acumulado no ano registrou-se variação de 9,8%. Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado no ano foram: coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (20,8%), produtos alimentícios (18,3%) e artigos do vestuário e acessórios (5,1%). Não houve seções decréscimos nessa base de comparação.
Pará. Em julho de 2023 frente a abril, a produção da indústria paraense apresentou redução de 4,4% na série com ajuste sazonal. Em relação a julho de 2022, houve decrescimento de 2,9%. No acumulado no ano verificou-se variação de 4,0%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: metalurgia (6,3%) e produtos de madeira (5,5%). Em sentido oposto, as maiores quedas foram: celulose, papel e produtos de papel (-83,9%), produtos de minerais não metálicos (-21,0%) e bebidas (-12,7%).