Análise IEDI
Sem crescimento no final do ano
No último mês de 2023, o desempenho do setor de serviços ficou entre a expansão da indústria (+1,1%) e a retração do comércio (-1,1%). Os dados divulgados hoje pelo IBGE apontam resultado de +0,3% frente a nov/23, já descontados os efeitos sazonais. Deu sequência, assim, à evolução próxima da estabilidade que passou a marcar o setor a partir do 2º sem/23.
Quem mais cresceu na passagem de nov/23 para dez/23 foram os serviços prestados às famílias, cujo avanço foi de +3,5%, com ajuste sazonal. Como resultado disso, este ramo finalmente compensou as perdas provocadas pela pandemia de Covid-19. A comparação com o nível de faturamento de fev/20 tornou-se positivo pela primeira vez em dez/23: +2,2%. Agora, todos os ramos dos serviços superam o patamar pré-pandemia.
Isso significa que, com bases de comparação recompostas, o dinamismo dos serviços deve apresentar taxas de crescimento mais moderadas e estar mais dependente de seus tradicionais condicionantes, isto é, do emprego, do rendimento real das famílias e da atividade de outros setores, a exemplo da indústria.
Tanto é que a comparação interanual do acumulado em doze meses, que expressa a tendência corrente, registrava alta de +8,3% em dez/22 e então de +6,2% em jun/23 e +2,3% em dez/23. Ou seja, embora tenha terminado no azul, o ano de 2023 foi de nítida desaceleração para o setor de serviços, o que fica claro se olharmos os resultados trimestre a trimestre: +5,4% em jan-mar/23; +4,0% em abr-jun/23; +1,1% em jul-set/23 e -0,6% em out-dez/23.
Como mostram as variações a seguir, dois dos cinco ramos identificados pelo IBGE tiveram queda no 4º trim/23 e quatro dos cinco apresentaram desaceleração. O único ramo a manter no 4º trim/23 o mesmo resultado do acumulado jan-dez/23 foram os serviços prestados às famílias.
• Serviços – total: +2,3% em jan-dez/23 e -0,6% em out-dez/23;
• Serviços prestados às famílias: +4,7% e +4,7%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +3,4% e +1,2%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +3,7% e +2,5%;
• Transportes, seus auxiliares e correios: +1,5% e -3,5%;
• Outros serviços: -1,8% e -4,5%, respectivamente.
Entre os dois ramos no vermelho, o de transportes, seus auxiliares, armazenagem e correios se destaca pela forte desaceleração, já que no 1º trim/23 havia registrado +6,1% – com a ajuda do escoamento da supersafra agrícola que, como se sabe, impulsionou o PIB total do país no período – e no 4º trim/23 caiu -3,5%, devido a transporte terrestre, sobretudo de passageiros, e serviços de armazenagem e correios.
Outros serviços, que compreende a agregação feita pelo IBGE de um conjunto diversificado de atividades, foi quem registrou o pior resultado no 4º trim/23 (-4,5% ante o 4º trim/22), mas já não vinha bem. O melhor que conseguiu em 2023 foi uma variação de +0,5% no primeiro trimestre.
Já os serviços prestados às famílias se destacam por ter interrompido sua desaceleração no último trimestre do ano. Isso se deu graças ao seu componente alojamento e alimentação. Assim, tanto em out-dez/23 como no acumulado dos doze meses do ano seu resultado foi de +4,7%.
Outros dois ramos de serviços mantiveram-se no azul ainda que não tenham escapado de uma moderação em seus resultados. A perda de dinamismo foi mais intensa em serviços de informação e comunicação, de +5,8% no 1º trim/23 para +1,2% no 4º trim/23. No caso de serviços profissionais, administrativos e complementares, o ritmo de expansão no 4º trim/23 foi 2/3 do resultado do acumulado no ano passado (+2,5% ante +3,7%, respectivamente).
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de dezembro/2023 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou aumento de 0,3% frente a novembro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (dezembro/2022), aferiu-se decréscimo de 2,0%. Quanto à variação acumulada no ano, houve crescimento de 2,3%.
Na comparação do mês de dezembro de 2023 com o mês imediatamente anterior (novembro/2023), na série dessazonalizada, três dos cinco segmentos apresentaram crescimento: serviços prestados às famílias (3,5%), transportes (1,3%) e serviços informação e comunicação (0,2%). Já os setores com queda foram: outros serviços (-1,2%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,7%). No segmento de atividades turísticas, houve incremento de 1,4% em relação ao mês imediatamente anterior.
No mês de dezembro de 2023 frente ao mesmo mês do ano anterior (dezembro/2022), dois dos cinco segmentos apresentaram crescimento: os serviços de informação e comunicação (2,4%) e os prestados às famílias (7,6%). Por sua vez, os três setores restantes caíram: outros serviços (-10,9%), transportes, serviços auxiliares aos transportes (-5,5%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,6%).
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, quatro das cinco atividades analisadas registraram taxas positivas e crescimento: transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,5%), informação e comunicação (3,4%); de serviços profissionais, administrativos e complementares (3,7%) e de serviços prestados às famílias (4,7%). Em sentido oposto, outros serviços (-1,8%) registrou queda nessa base de comparação. Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 6,9% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de dezembro de 2023 em comparação com o mesmo mês do ano anterior (dezembro/2022), 15 das 27 unidades federativas apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Piauí (15,6%), Sergipe (12,1%), Acre (11,7%), Rondônia (10,3%) e Mato Grosso (8,9%). Por outro lado, as unidades federativas que apresentaram maior variação negativa nessa base de comparação foram Roraima (-9,7%), Rio de Janeiro (-7,6%), São Paulo (-4,1%) e Amazonas (-3,8%).
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado nos últimos 12 meses, 25 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Mato Grosso (16,4%), Paraná (11,2%), Tocantins (11,0%) e Paraíba (8,5%). Registraram recuo nessa base de comparação Amapá (-2,2) e São Paulo (-1,8%).