Análise IEDI
Progressos no panorama regional da indústria
Em fev/23, embora a indústria nacional tenha mais uma vez registrado declínio de sua produção, os dados divulgados hoje pelo IBGE mostram que a grande maioria de seus parques regionais se saíram melhor e conseguiram crescer em relação ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais.
Dos 15 parques acompanhados pelo IBGE, 10 tiveram aumento de produção na passagem de jan/23 para fev/23, com destaque para Rio Grande do Sul (+9,4%), Amazonas (+7,3%), Espírito Santo (+5,9%) e alguns estados no Nordeste, como Pernambuco (+5,2%) e Ceará (+5,2%).
São Paulo, pelo tamanho de sua indústria, foi quem freou o desempenho do agregado nacional. Ainda na comparação com ajuste sazonal, a produção paulista recuou -0,5%, devolvendo parte da expansão registrada em jan/23, que foi de +1,3%.
No contraste com um ano atrás, porém, não apenas o total nacional mas também o panorama regional mostram-se bem mais favoráveis, sendo que dois fatores estão ajudando: as bases de comparação são baixas e fev/24 possui um dia útil a mais do que fev/23.
Assim, a indústria brasileira registrou +5,0% ante fev/23, consistindo na alta interanual mais intensa desde jun/21 (+12,1%), quando o setor estava em normalização após o choque da Covid-19 em 2020. Além disso, 89% dos seus parques regionais apresentaram avanços nesta comparação.
O que temos nesta entrada de 2024 é, então, um quadro bastante diferente daquele do início de 2023, como indicam as variações interanuais a seguir.
• Indústria total: -1,1% em jan-fev/23; +4,3% em jan-fev/24;
• São Paulo: -3,6% e +4,8%, respectivamente;
• Rio de Janeiro: +4,5% e +8,7%
• Minas Gerais: +8,4% e +5,8%;
• Rio Grande do Sul: -10,6% e +6,2%;
• Nordeste: -5,7% e +2,3%;
• Amazonas: +10,0% e +14,0%, respectivamente.
No 1º bim/23, quando a indústria nacional recuou -1,1%, 67% dos seus parques regionais ficaram no vermelho, inclusive São Paulo, com -3,6%, bem como o Nordeste (-5,7%) e os estados do Sul do país, todos próximos de uma queda de -4,7%.
Agora no 1º bim/24, além de todas as indústrias regionais cresceram, altas de dois dígitos foram registradas por três parques (Amazonas, Goiás e Rio Grande do Norte) e 72% do total se saíram melhor do que o agregado nacional.
São Paulo cresceu +4,8%, puxado pelos ramos de bebidas (+14%), derivados de petróleo (+8,9%), máquinas e aparelhos elétricos (+8,4%), minerais não metálicos (+8,0%) e equipamentos de informática e eletrônicos (+5,8%).
Entre aqueles que aumentaram a produção mais intensamente do que o total Brasil em jan-fev/24 encontra-se o Rio Grande do Sul, com +6,2%, em função de couro e calçados (+12,8%), metalurgia (+12,9%), fumo (+40,8%) e derivados de petróleo e biocombustíveis (+82%).
Outros casos incluem, por exemplo, Rio de Janeiro, com +8,7%, com base no ramo extrativo (+8,4%) e em derivados de petróleo (+13,3%), e o Amazonas, com +14,0%, devido sobretudo a equipamentos eletrônicos e de informática (+30,9%), máquinas e equipamentos (+43,4%) e produtos de metal (+12,6%).
Já o Nordeste como um todo não conseguiu crescer mais do que o total nacional, registrando +2,3% em jan-fev/24 ante jan-fev/23. Alguns setores que impediram uma alta mais forte foram veículos e autopeças (+0,6%), produtos de metal (-4,0%), químicos (-3,0%) e metalurgia (-14,8%), que juntos representam quase ¼ da indústria do estado.
Em fevereiro de 2024, quando a produção industrial nacional registrou queda de 0,3% frente ao mês imediatamente anterior na série livre de influências sazonais, cinco dos quinze locais pesquisados (como Maranhão, Rio Grande do Norte e Mato Grosso do Sul ainda não têm série histórica longa o suficiente, não há ajuste sazonal para estes estados) apresentaram taxa negativa, sendo elas: Mato Grosso (-3,3%), Goiás (-2,4%), Pará (-2,2%), Santa Catarina (-0,6%) e São Paulo (-0,5%). Em sentido oposto, as maiores taxas positivas foram Rio Grande do Sul (9,4%), Amazonas (7,3%), Espírito Santo (5,9%), Ceará (5,2%), Pernambuco (5,2%) e Rio de Janeiro (2,0%).
Frente a fevereiro de 2023, registrou-se acréscimo de 5,0% na produção da indústria nacional. Entre os dezoito locais pesquisados, dezesseis registraram expansão da produção, sendo as maiores observadas em: Rio Rio Grande do Norte (67,3%), Rio Grande do Sul (18,3%), Amazonas (17,2%), Ceará (14,3%) e Espírito Santo (10,5%). Por outro lado, Maranhão (-0,5%) e Pará (-0,1%) apresentaram recuo nessa base de comparação.
Analisando o acumulado no ano (janeiro-fevereiro), houve incremento de 3,6% na produção industrial brasileira, com aumento em dezesseis dos dezoito locais analisados, sendo os maiores: Rio Grande do Norte (30,6%) Amazonas (11,7%), Goiás (10,2%), Mato Grosso (9,5%), Bahia (8,0%) e Rio de Janeiro (7,1%). Os dois locais pesquisados restantes registraram retração da produção nessa base de comparação: Maranhão (-6,6%) e Rio Grande do Sul (-4,5%).
No acumulado nos últimos 12 meses registrou-se incremento de 1,0% na produção da indústria nacional. Dos dezoito locais pesquisados, doze apresentaram acréscimo, sendo os mais expressivos: Rio Grande do Norte (27,5%), Espírito Santo (12,9%), Mato Grosso (8,5%), Goiás (7,3%) e Pará (6,6%). Por outro lado, os seis locais restantes apresentaram queda no período: Mato Grosso do Sul (-0,1%), São Paulo (-0,5%), Rio Grande do Sul (-2,2%), Nordeste (-2,3%), Ceará (-3,1%) e Maranhão (-4,1%).
São Paulo. Na comparação do mês de fevereiro de 2024 com o mês de janeiro, a produção da indústria paulista registrou queda de 0,5% a partir de dados dessazonalizados. Frente a fevereiro de 2023, houve variação positiva de 2,6% e analisando o acumulado no ano registrou-se variação de 4,8%. Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado no ano foram: fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (30,8%) e fabricação de bebidas (14,7%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores retrações foram: confecção de artigos do vestuário e acessórios (-3,6%) e fabricação de produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,1%).
Rio Grande do Sul. A partir de dados dessazonalizados, no mês fevereiro de 2024 a produção da indústria do estado cresceu 12,7% frente ao mês de janeiro. Já em relação a fevereiro de 2023, houve variação positiva de 18,3%. No acumulado no ano registrou-se variação de 6,2%. Os setores que registraram maiores aumentos, na comparação do acumulado no ano, foram: fabricação de coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (82,2%) e fabricação de produtos do fumo (40,8%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias (-9,1%) e fabricação de máquinas e equipamentos (-20,5%).
Ceará. Em fevereiro de 2024 frente a janeiro, a produção da indústria cearense apresentou um decréscimo de 1,8% na série com ajuste sazonal. Em relação a fevereiro de 2023, houve crescimento de 14,3%. No acumulado no ano, registrou-se variação de 8,8%. Os setores que registraram maiores expansões, na comparação do acumulado no ano, foram: metalurgia (42,2%) e confecção de artigos do vestuário e acessórios (39,2%). Os maiores decréscimos nessa base de comparação foram: fabricação de produtos têxteis (-11,4%) e fabricação de produtos químicos (-47,4%).