Análise IEDI
Em trajetória de acomodação e convergência
O setor de serviços, tal como a indústria, ficou no vermelho em fev/24, registrando -0,9% frente ao mês anterior, já descontando os efeitos sazonais. Anulou, assim, todo o crescimento da virada do ano. A diferença em relação à indústria é que praticamente todos os seus ramos apresentaram recuos.
Ainda na série com ajuste sazonal, 4 dos 5 ramos de serviços identificados pelo IBGE perderam faturamento real, com todos estes devolvendo integralmente a expansão de jan/24. A queda mais intensa ficou por conta de serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,9%), seguidos por informação e comunicação (-1,5%), que interrompeu uma sequência de quatro meses seguidos de alta.
A exceção em fev/24 coube ao ramo de serviços prestados às famílias, cujo faturamento real variou +0,4%, sem contudo, compensar o declínio do mês anterior (-2,9%). Isso deveu-se a apenas um de seus componentes: serviços de alojamento e alimentação, que registrou +0,6%. Já os demais serviços pessoais recuaram -1,9% na passagem de jan/24 para fev/24.
Em relação à entrada do ano passado, entretanto, os serviços como um todo seguiram no azul, mostrando alguma resiliência após retrocessos na comparação interanual em set-dez/23. Este desempenho positivo foi acompanhado por 4 dos 5 ramos em fev/24.
As variações frente ao mesmo período do ano anterior, a seguir, mostram que no agregado dos dois primeiros meses de 2024 é generalizada a alta de faturamento entre seus distintos ramos. Mas apesar disso, a intensidade do crescimento diminuiu em comparação com o início de 2023, sobretudo, nos serviços prestados às famílias e em transportes, o que pode vir a ajudar a arrefecer a inflação de serviços que tem preocupado o Banco Central.
A tendência do setor em um prazo mais longo é de acomodação e de convergência ao ritmo de crescimento das demais atividades econômicas. É o que sugere o acumulado em doze meses, que passa de +7,7% em fev/23 para +2,2% em fev/24, quando o comércio varejista acumulou alta de +2,3% e a indústria se distanciou da estabilidade para registrar +1,0%.
• Serviços – total: +4,9% no 1º bim/23 e +3,3% no 1º bim/24;
• Serviços prestados às famílias: +10,9% e +4,6%, respectivamente;
• Serviços de informação e comunicação: +5,4% e +6,2%;
• Serviços profissionais, adm. e complementares: +4,7% e +3,8%.
• Transportes e armazenagem: +4,9% e +0,6%;
• Outros serviços: +0,6% e +3,5%, respectivamente.
Ao todo, 3 dos 5 ramos de serviços começaram 2024 com um ritmo de dinamismo inferior ao do início de 2023. No caso de serviços prestados às famílias, a alta refluiu de +10,9% em jan-fev/23 para +4,6% em jan-fev/24, devido a todos os seus componentes, mas principalmente de ao de alojamento e alimentação (de +11,2% para +4,2%).
Já nos serviços de transportes, seus auxiliares, correios e armazenagem, a expansão de +4,9% no 1º bim/23 deu lugar a uma virtual estabilidade no 1º bim/24, quando registrou apenas +0,6%. O transporte rodoviário de passageiros (de +22,4% para -3,4%) e o aéreo (-3,4% para -10,5%) contribuíram para isso, bem como outros segmentos de transporte terrestre (de +8,3% para +0,2%).
O terceiro ramo a apresentar acomodação foi o de serviços profissionais, administrativos e complementares, com +4,7% em jan-fev/23 e +3,8% em jan-fev/24, devido ao componente de serviços administrativos e complementares (de +4,6% para +0,5%).
Os dois ramos que tiveram um início de ano melhor em 2024 do que em 2023 foram os serviços de informação e comunicação, que liderou a expansão em jan-fev/24 com +6,2%, e outros serviços (+3,5%), que congrega um conjunto diversificado de atividades. Neste último caso, as atividades financeiras foram decisivas ao registrar +3,2% no 1º bim/24 ante -3,7% no 1º bim/23.
Conforme os dados da Pesquisa Mensal de Serviços para o mês de fevereiro/2024 divulgados hoje pelo IBGE, o volume de serviços prestados apresentou recuo de -0,9% frente a janeiro, na série com ajuste sazonal. Frente ao mesmo mês do ano anterior (fevereiro/2023), aferiu-se acréscimo de 2,5%. Quanto à variação acumulada no ano, houve crescimento de 3,3%. No acumulado em 12 meses registrou-se acréscimo de 2,2%.
Na comparação do mês de fevereiro de 2024 com o mês imediatamente anterior (janeiro/2023), na série dessazonalizada, quatro dos cinco segmentos apresentaram retração: transportes (-0,9%), outros serviços (-1,0%), serviços informação e comunicação (-1,5%), serviços profissionais e administrativos e complementares (-1,9%). Já os serviços prestados às famílias (0,4%) registrou expansão. No segmento de atividades turísticas, houve decréscimo de 0,8% em relação ao mês imediatamente anterior com ajuste sazonal.
Na comparação do mês de fevereiro de 2024 frente ao mesmo mês do ano passado (fevereiro/2023), quatro dos cinco segmentos apresentaram expansão: serviços prestados às famílias (5,6%), serviços de informação e comunicação (5,6%), outros serviços (3,8%) e serviços profissionais, administrativos e complementares (2,6%). Já transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio retraíram -0,8%. O segmento de atividades turísticas registrou aumento de 0,3% no período.
Na análise do acumulado nos últimos 12 meses, quatro das cinco atividades pesquisadas registraram crescimento: serviços prestados às famílias (3,8%), informação e comunicação (3,7%), serviços profissionais, administrativos e complementares (3,6%) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (0,9%). Outros serviços (-1,3%) apresentou taxa negativa. Além disso, o segmento das atividades turísticas variou 4,9% nos últimos 12 meses.
Na análise por unidade federativa, no mês de fevereiro de 2024 em comparação com o mesmo mês do ano passado (fevereiro/2023), 22 das 27 unidades federativas apresentaram incremento no volume de serviços prestados, sendo os maiores registrados em: Acre (19,5%), Paraíba (11,4%), Distrito federal (9,9%), Amazonas (9,0%) e Santa Catarina (8,4%). Por outro lado, as unidades federativas que apresentaram as maiores variações negativas nessa base de comparação forma: Mato Grosso do Sul (-8,8%), Roraima (-7,5%) e Goiás (-0,5%).
Por fim, na análise por unidade federativa para o acumulado nos últimos 12 meses, 24 dos 27 estados apresentaram incremento, sendo os maiores observados em: Mato Grosso (15,1%), Acre (11,1%), Paraná (10,9%), Tocantins (10,1%) e Paraíba (8,4%). Em sentido oposto, os três estados restantes registraram retração no período: Amapá (-2,7%), São Paulo (-1,9%) e Roraima (-0,5%).