Análise IEDI
Melhora geral do emprego, menos na agropecuária
A taxa de desemprego do país chegou a seu patamar mais baixo em um segundo trimestre agora em 2024. Segundo os dados divulgados hoje pelo IBGE, ficou em 6,9%, mesmo nível de igual período de 2014, isto é, antes do impacto das crises de 2015/2016 e da pandemia de Covid-19 que mantiveram a taxa de desemprego em dois dígitos por seis anos consecutivos.
Fator importante para este desempenho tem sido a aceleração do aumento do número de ocupados, depois de um crescimento interanual muito baixo em meados do ano passado. Seu ritmo passou de +0,7% no 2º trim/23 para +3,0% no 2º trim/24, sempre em relação a igual período do ano anterior.
Dos 10 setores identificados pelo IBGE, 9 ampliaram sua ocupação. A única exceção foi a agropecuária (-4,1% ante o 2º trim/23) que segue sistematicamente destruindo empregos. As altas mais fortes vieram de transportes (+7,5%), serviços de informação e comunicação (+7,5%), outros serviços (+5,6%) e construção (+4,9%). Os ocupados na indústria cresceram +1,3% no 2º trim/24.
Há ainda dois outros avanços a assinalar, como mostram as variações interanuais a seguir. O primeiro deles é que os postos com carteira assinada vêm dando sinais de aceleração em 2024, passando de +2,8% no 2º trim/23 para +4,4% no 2º trim/24.
• Ocupação total: +0,6% no 3º trim/23; +1,6% no 4º trim/23; +2,4% no 1º trim/24 e +3,0% no 2º trim/24;
• Ocupação com carteira assinada: +3,0%; +3,0%; +3,5% e +4,4%, respectivamente;
• Rendimento real médio: +4,2%; +3,1%; +3,9% e +5,8%;
• Massa de rendimentos reais: +5,0%; +5,0%; +6,6% e +9,2%, respectivamente.
O segundo avanço diz respeito ao rendimento médio do trabalho, que, já descontada a inflação, voltou a ganhar velocidade, registrando +5,8% no 2º trim/24 ante o 2º trim/23. Com ocupação e rendimento em alta, a massa de rendimentos reais, que é a base do consumo das famílias, se ampliou em +9,2% no 2º trim/24, isto é, quase o dobro do dinamismo da segunda metade de 2023 (+5%), chegando o maior valor da série do IBGE iniciada em 2012: R$ 322,6 bilhões.
Se a taxa de desemprego do 2º trim/24 é a mesma do 2º trim/14, como visto anteriormente, há, porém, alguns aspectos qualitativos do mercado de trabalho que ainda não retornaram a níveis de uma década atrás.
É o caso, por exemplo, do número de ocupados informalmente que segue crescendo (+1,5% no 2º trim/24 ante o 2º trim/23), embora em um ritmo inferior à ocupação total. Isso tem permitido uma rota de declínio da taxa de informalidade, que chegou a 38,6% no 2º trim/24, mas muito lentamente. Estamos no mesmo patamar do 2º trim/16, quando a crise de 2015/2016 já afetava o emprego.
Cabe observar que a redução da informalidade tende a potencializar a demanda doméstica, já que permite aos indivíduos acesso ao crédito em melhores condições, e também as contribuições à Previdência.
Outro aspecto que ainda pode melhorar mais – e que não deixa de estar associado ao anterior – é a subocupação por insuficiência de horas trabalhadas, que, embora em queda, segue 20% acima do patamar de 2014. Estes são casos em que a pessoa possui uma ocupação, mas deseja e não consegue uma jornada completa de trabalho.
Na mesma condição está o número de desalentados, ou seja, daqueles que desistiram de buscar emprego após repetidos fracassos, que no 2º trim/24 era cerca de 2,5 vezes maior do que era no 2º trim/14.
Em função desses gaps a serem compensados, a taxa de subutilização da força de trabalho de 16,4% no 2º trim/24 está 1,5 ponto percentual acima daquela de igual período de 2014 (14,9%).
Conforme dados da PNAD Contínua Mensal divulgados hoje pelo IBGE, a taxa de desocupação registrou 6,9% no trimestre compreendido entre abril e junho de 2024. Em relação ao trimestre imediatamente anterior (mar-abr-mai/2024) houve diminuição de 1,0 p.p. e frente ao mesmo trimestre do ano anterior, houve variação negativa de 1,1 p.p., quando registrou 8,0%.
O rendimento real médio de todos os trabalhos habitualmente recebidos foi de R$ 3.214,00 no período, apresentando variação de 2,9% em relação ao trimestre imediatamente anterior (mar-abr-mai/2024), já frente ao mesmo trimestre de referência do ano passado houve aumento de 10,0%.
A massa de rendimentos reais de todos os trabalhos habitualmente recebidos atingiu R$ 322,6 bilhões no trimestre que se encerrou em junho, registrando crescimento de 3,5% frente ao trimestre imediatamente anterior (mar-abr-mai/2024) e variação positiva de 9,2% na comparação com o mesmo trimestre do ano passado (R$ 27,3 bilhões).
No trimestre de referência a população ocupada registrou 101,8 milhões de pessoas, apresentando variação positiva de 1,6% em relação ao trimestre imediatamente anterior e incremento de 3,0% frente ao mesmo trimestre do ano passado (98,9 milhões de pessoas ocupadas).
Em comparação com o trimestre imediatamente anterior, o número de desocupados aferiu queda de 12,5% com 7,5 milhões de pessoas. Já na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior observou-se variação negativa de 12,8%. Em relação a força de trabalho, computou-se neste trimestre 109,4 milhões de pessoas, representando crescimento de 0,5% frente ao trimestre imediatamente anterior e variação positiva de 1,7% em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (107,6 milhões de pessoas).
Frente ao mesmo trimestre do ano anterior, dos agrupamentos analisados, as variações foram: informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas (7,5%), transporte, armazenagem e correios (7,5%), outros serviços (5,6%), construção (4,9%), administração pública, defesa, seguridade, educação, saúde humana e serviços sociais (3,8%), comércio, reparação de veículos automotores e motocicletas (2,4%), indústria (1,3%), alojamento e alimentação (0,3%), serviços domésticos (0,1%) e agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (-4,1%).
Por fim, analisando a população ocupada por posição na ocupação, na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior, registraram-se as seguintes mudanças percentuais nas categorias analisadas: trabalho privado sem carteira (5,2%), trabalho privado com carteira (4,4%), setor público (3,5%), empregador (3,0%), trabalhador por conta própria (1,3%), trabalho doméstico (-0,2%) e trabalho familiar auxiliar (-15,3%).