Análise IEDI
Sem crescimento
Após três meses seguidos de queda, a indústria brasileira começa 2025 estagnada. Sua produção física registrou 0% de variação, já descontados os efeitos sazonais, mas isso devido notadamente ao ramo extrativo, que encolheu -2,4% na passagem de dez/24 para jan/25.
A indústria de transformação, a seu turno, conseguiu se expandir, variando +1,0% na série com ajuste sazonal, mas não o suficiente para anular a fase adversa do último trimestre do ano passado. Seu nível de produção em jan/25 seguia 1,2% abaixo daquele de set/24.
No agregado dos 25 ramos acompanhados pelo IBGE, uma parcela majoritária de 72% deles conseguiu crescer neste primeiro mês de 2025, com destaque positivo para couro e calçados (+9,3%), máquinas e equipamentos (+6,9%) e móveis (+6,8%).
Entre os macrossetores, três ampliaram produção, como mostram as variações com ajuste sazonal a seguir. Bens de capital (+4,5%) e bens de consumo duráveis (+4,4%) não só lideraram este movimento como lograram compensar as perdas de nov-dez/24, mas não passaram disso.
• Indústria geral: -0,7% em nov/24; -0,3% em dez/24 e 0% em jan/25;
• Bens de capital: -2,5%; -1,6% e +4,5%, respectivamente;
• Bens intermediários: -0,7%; +0,5% e -1,4%;
• Bens de consumo duráveis: -2,8%; -1,5% e +4,4%;
• Bens de consumo semi e não duráveis:-2,5%; -2,0% e +3,1%, respectivamente.
A produção de jan/25 de bens de capital ficou apenas 0,2% acima do patamar de out/24 e a de bens de capital voltou a este patamar, registrando 0% na comparação entre jan/25 e out/24, já descontados os efeitos sazonais. O ramo de veículos está 10,6% aquém de out/24, enquanto outros equipamentos de transporte e máquinas e aparelhos elétricos seguem 2,1% e 1,3% abaixo deste patamar.
Já bens de consumo semi e não duráveis registraram a primeira alta (+3,1%) com alguma robustez desde jun/24 (+4,5%). A segunda metade do ano passado foi marcada por quedas e alguns meses de virtual estabilidade, devido ao aumento de preços de muitos de seus produtos, sobretudo alimentos, problemas climáticos, entre outros fatores.
Agora em jan/25, a produção de semi e não duráveis encontrava-se 5,1% abaixo do patamar de jun/24. Se tomarmos apenas a sequência de declínios do último trimestre de 2024, a defasagem é de -2,5%. Ou seja, a expansão recente é bem-vinda, mas por ora insuficiente. Ademais, em comparação com o mesmo período do ano anterior, foi o único macrossetor no vermelho em jan/25: -0,1%, embora não tanto quanto em nov/24 (-2,7%) e dez/24 (-2,2%).
Por fim, bens intermediários, que formam o núcleo duro do sistema industrial, recuaram -1,4% em jan/25, também com ajuste sazonal, mantendo a trajetória oscilante do final do ano passado. Na comparação interanual, perdeu muito dinamismo, mas preservou o sinal positivo, registrando apenas +0,3%, devido a derivados de petróleo (-3,8%) e celulose (-5,4%).