Análise IEDI
Diferenças regionais da recuperação industrial
A indústria, como vimos na semana passada, logrou seu quarto mês consecutivo de recuperação no mês de agosto de 2020, registrando +3,2% frente ao mês anterior, com ajuste sazonal. Os dados de hoje do IBGE mostram que este desempenho decorreu da grande maioria dos seus parques regionais.
Das 15 localidades acompanhadas, 12 apontaram alta da produção industrial na passagem de julho para agosto, isto é, 80% do total. Entre estes parques no azul, 7 cresceram mais do que a média Brasil, incluindo a indústria paulista (+4,8%), que é a mais completa e diversificada do país.
A despeito deste desempenho favorável, houve perda importante de dinamismo para o total Brasil, antes mesmo de retomar o patamar de produção de fev/20, anterior ao choque da Covid-19. A taxa de +3,2% de ago/20 é menos da metade daquela de jul/20 (+8,3%). A desaceleração atingiu 11 das 15 localidades pesquisadas pelo IBGE (73% do total), como ilustram as variações a seguir.
• Brasil: +9,7% em jun/20; +8,3% em jul/20 e +3,2% em ago/20;
• Amazonas: +67%; +13,9% e +4,9%, respectivamente;
• Nordeste: +7,6%; +16,7% e +3,0%;
• São Paulo: +11,1%; +9,2% e +4,8%;
• Minas Gerais: +5,9%; +9,0% e -0,4%;
• Rio de Janeiro: +0,1%; +9,2% e +3,3%;
• Rio Grande do Sul: +13,2%; +8,3% e +5,2%, respectivamente.
Também é majoritária a parcela do setor que ainda não retornou ao nível de produção de fev/20: 60% do total das localidades. Entretanto, em alguns casos, notadamente na região Sudeste, isto está próximo de acontecer. São Paulo, por exemplo, encontra-se apenas 0,6% abaixo do patamar de fev/20 e Rio de Janeiro mero 0,1% aquém. Não tivessem sofrido desaceleração em ago/20, já teriam cumprido esta etapa da recuperação.
Entre os que já superaram o choque da Covid-19, destacam-se estados do Norte e Nordeste do país. É o caso do Amazonas, que, em ago/20, estava 7,6% acima do patamar de fev/20, Ceará 5% acima e Pernambuco 0,7% acima. O Pará também já havia superado este patamar em 5,5%, mas neste caso a pandemia pouco afetou seu ritmo de produção industrial, muito concentrada no setor extrativo.
Completam a lista destes casos positivos, as indústrias de Minas Gerais, 2,6% acima do nível de fev/20, a despeito da queda -0,4% registrada na passagem de jul/20 para ago/20 com ajuste sazonal, e de Goiás, em nível 3,9% superior ao pré crise.
Em contraste, quatro parques industriais apresentam os piores desempenhos, não apenas por estarem abaixo do nível de fev/20, mas também por terem apresentado perda de dinamismo entre jul/20 e ago/20 e queda na comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Este quadro concentra-se na região Sul, cujo surto de coronavirus se intensificou depois do restante do país, atingindo Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Mas é mais grave nos casos da Bahia, que praticamente ficou estável em ago/20 (+0,6% ante jul/20, com ajuste), permanecendo 12% abaixo do patamar de fev/20, e do Espírito Santo, com queda de -2,7% em ago/20 e 13,6% aquém do pré choque da Covid-19.
Na passagem de julho para agosto de 2020, a produção industrial brasileira registrou um incremento de 3,2%, a partir dos dados dessazonalizados. Entre os 15 locais pesquisados, doze registraram variações positivas, sendo as maiores verificadas no Pará (9,8%), Santa Catarina (6,0%), Ceará (5,7%), Rio Grande do Sul (5,2%), Amazonas (4,9%), São Paulo (4,8%) e Rio de Janeiro (3,3%). Por outro lado, os três locais pesquisados que apresentaram variações negativas foram: Pernambuco (-3,9%), Espírito Santo (-2,7%) e Minas Gerais (-0,4%).
Analisando em relação a agosto de 2019, registrou-se retração de 2,7% da indústria nacional. Entre 15 locais pesquisado 6 registraram variações positivas: Pernambuco (10,0%), Ceará (5,3%), Rio de Janeiro (4,0%), Goiás (3,1%), Região Nordeste (2,7%) e Amazonas (0,7%). Nos demais nove locais pesquisados observaram-se variações negativas na mesma base de comparação: Espírito Santo (-14,7%), Paraná (-7,6%), Bahia (-6,1%), Mato Grosso (-4,4%), São Paulo (-4,1%), Pará (-1,8%), Rio Grande do Sul (-1,6%), Santa Catarina (-1,3%) e Minas Gerais (-0,1%).
Analisando para o acumulado do ano, registrou-se decréscimo de 8,6%, sendo que dos 15 locais pesquisados, três apresentaram incrementos: Rio de Janeiro (2,4%), Goiás (1,8%) e Pernambuco (0,9%). Por outro lado, as demais regiões apresentaram decréscimos: Espírito Santo (-18,9%), Ceará (-14,8%), Amazonas (-13,7%), Rio Grande do Sul (-12,4%), Santa Catarina (-11,9%), São Paulo (-11,1%), Paraná (-8,5%), Minas Gerais (-7,9%), Bahia (-7,7%), Região Nordeste (-6,9%), Mato Grosso (-2,3%) e Pará (-1,9%),
São Paulo. Na comparação do mês de agosto com o mês de julho de 2020, a produção da indústria paulista registrou incremento de 4,8%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a agosto de 2019, houve variação negativa de 4,1%, e analisando os dados acumulados do ano, registrou-se decréscimo de 11,1%.
Os setores com maiores expansões no comparativo do acumulado do ano foram: produtos alimentícios (9,4%), sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene (5,2%), coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (1,1%) e produtos farmoquímicos e farmacêuticos (0,8%). Por outro lado, os setores que apresentaram as maiores variações negativas foram: veículos automotores, reboques e carrocerias (-40,6%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-37,5%), outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores (-36,0%), produtos têxteis (-26,3%) e máquinas e equipamentos (-18,4%).
Nordeste. Na comparação de agosto com o mês de julho de 2020, a produção da indústria nordestina registrou incremento de 3,0% a partir de dados dessazonalizados. Em relação a agosto de 2019, houve um aumento de 2,7%. No acumulado do ano aferiu-se variação negativa de 6,9%.
Os setores com maiores contribuições positivas no comparativo do acumulado do ano foram: coque, produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (25,8%), celulose, papel e produtos de papel (9,8%) e produtos alimentícios (6,6%). De outro lado, os seguintes segmentos apresentaram as maiores retrações, sendo eles: veículos automotores, reboques e carrocerias (-46,5%), confecção de artigos do vestuário e acessórios (-31,4%), preparação de couros e artefatos de couro, artigos para viagem e calçados (-31,2%), metalurgia (-25,0%) e produtos têxteis (-21,9%).
Minas Gerais. Na comparação de agosto com o mês de julho de 2020, a produção da indústria mineira apresentou uma variação negativa de 2,4%, a partir de dados dessazonalizados. Em relação a agosto de 2019, houve decréscimo de 0,1%. No acumulado do ano houve retração de 7,9%.
Os setores que registraram as maiores variações positivas, na comparação do acumulado do ano, foram: outros produtos químicos (23,8%), produtos do fumo (10,2%), produtos alimentícios (11,2%) e produtos têxteis (0,5%). Por fim, os maiores decréscimos se deram nos seguintes setores: veículos automotores, reboques e carrocerias (-35,8%), produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos (-22,9%), máquinas e equipamentos (-22,3%), coque, de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis (-18,1%) e metalurgia (-12,9%).