Carta IEDI
A reação da indústria segundo os grupos de intensidade tecnológica
No mês de setembro de 2020, a indústria brasileira retornou ao nível de produção anterior ao choque da Covid-19 verificado no bimestre de março-abril, depois de cinco meses seguidos de reativação. Com isso, o quadro no 3º trimestre foi de quase estabilização em comparação com o mesmo período do ano passado. A Carta IEDI de hoje analisa a evolução industrial segundo seus diferentes grupos de intensidade tecnológica.
Sem levar em conta o ramo extrativo, o desempenho industrial se mostrou um pouco mais favorável nos últimos meses. Enquanto o patamar de produção do setor como um todo em set/20 ficou apenas 0,2% acima daquele de fev/20, na indústria de transformação ultrapassou o pré-crise em 1,1%. O resultado do 3º trim/20 ante o 3º trim/19 foi de -0,6% na indústria geral e de -0,5% na indústria de transformação, sinalizando uma recuperação mais vigorosa neste último caso.
Embora tenha conseguido produzir mais do que no ano passado somente no mês de set/20 (+4,4%), o declínio registrado no 3º trim/20 pela indústria de transformação significou uma expressiva amenização de sua crise, já que no trimestre anterior, que foi o que mais concentrou os efeitos da pandemia, havia sofrido um tombo de -21,7%. Também se saiu melhor, inclusive, em comparação com o 1º trim/20 (-1,1%).
Por trás desta evolução favorável, estão desempenhos ainda heterogêneos dos diferentes grupos de ramos industriais segundo sua intensidade tecnológica. A classificação empregada pelo IEDI tem como base a metodologia divulgada pela OCDE, que agrega a indústria em quatro faixas: alta, média-alta, média e média-baixa tecnologia. Não existe nenhum ramo industrial na baixa intensidade tecnológica, que é composta sobretudo pela agropecuária e atividades de serviços.
Os dados do IBGE assim trabalhados pelo IEDI mostram dois padrões de resultados no 3º trim/20 para a indústria de transformação. Há quem já tenha deixado para trás os dias ruins e voltaram a crescer em comparação com o ano passado e há aqueles que reagiram, mas permaneceram no vermelho.
No primeiro padrão estão os grupos de alta e de média-baixa tecnologia, isto é, os extremos da classificação da indústria por intensidade tecnológica. No segundo padrão estão os grupos intermediários, de média-alta e média tecnologia.
A faixa de melhor resultado no 3º trim/20 foi a de média-baixa intensidade tecnológica. Sua alta de +4,1%, foi ensejada principalmente pelo ramo alimentício (+9,8%), sob estímulo não apenas do mercado interno, graças ao auxílio emergencial às famílias de menor renda, mas também pela reação de alguns mercados internacionais (como a China). Produtos de metal também cresceram e papel e celulose reduziu muito sua perda.
O obstáculo para uma recuperação mais vigorosa na indústria de média-baixa tecnologia vem do ramo de têxteis, vestuário, couros e calçados (-15,5% ante 3º trim/19). Além de uma demanda mais fragilizada, estas atividades, por serem intensivas em mão de obra, tendem a encontrar maiores dificuldades para normalizar suas linhas de produção sob protocolos de segurança sanitária e distanciamento físico.
O segundo grupo com o melhor resultado foi a alta tecnologia, que registrou +2,0%. Desde o 1º trim/20 este grupo não apresentava uma taxa tão positiva. Muito disso, porém, deveu-se a uma base fraca de comparação. Entre seus ramos, a liderança coube a eletroeletrônicos de imagem e som (+21,9%), seguidos pela indústria farmacêutica (+2,1%). Informática e instrumentos médicos, óticos e de precisão caíram menos.
Entre aqueles com recuperação insuficiente, a indústria de média-alta intensidade tecnológica foi a que registrou maior declínio: -8,5% ante o 3º trim/19, mas é inegável seu progresso, já que seu resultado no trimestre anterior havia sido de -42,8%. Máquinas, aparelhos e materiais elétricos assim como produtos químicos (exceto farmacêuticos) puxaram o desempenho para cima: +6,7% e +4,3%, respectivamente.
Frearam a recuperação da indústria de média-alta tecnologia a produção de veículos, que, a despeito de amenização recente, ainda caiu -25,0% em jul-set/20, e a produção de máquinas e equipamentos, com variação de -2,9%. Estes ramos, cuja demanda exige maiores níveis de confiança e otimismo, são importantes para espalhar dinamismo e construir a capacidade futura de produção.
Por fim, a indústria de média intensidade tecnológica, que não cresce há dois anos, isto é, desde o 3º trim/18, apresentou retração de -3,1% em jul-set/20, condicionada pelo ramo de metalurgia (-7,1%). A produção de borracha e plástico, com o aumento da demanda de embalagens e descartáveis devido à pandemia, cresceram (+3,9%), assim como outros minerais não metálicos (+4,4%), favorecidos pela reação da construção urbana.
Panorama da indústria geral e da indústria de transformação
Após o período mais crítico de enfrentamento da pandemia da covid-19, setembro de 2020 representou, para a indústria geral (extrativa e de transformação), o quinto mês de incremento no contraste com o mês imediatamente anterior: 2,6% na série dessazonalizada. Esse aumento mês a mês permitiu à indústria geral voltar ao patamar anterior a março.
A comparação entre meses de setembro de 2020 e 2019 chegou a apontar alta, de 3,4%. Porém, ainda assim, o contraponto entre terceiros trimestres de 2020 e de 2019, bem como no acumulado do ano continuaram refletindo os efeitos adversos da pandemia: quedas de 0,6% e de 7,2%, respectivamente. Em doze meses o declínio foi de 5,5%.
Esses números foram puxados, sobretudo, pela indústria de transformação, com recuperação em setembro, seja ante o mês imediatamente anterior (3,9%) pelos dados dessazonalizados, também pela quinta vez seguida, seja frente a seu equivalente de 2019 (4,4%).
Contrastando julho-setembro e o mesmo período do ano passado, a variação foi de -0,5% no caso da indústria de transformação. No acumulado do ano e em doze meses, a sua produção retrocedeu 7,8% e 5,6%, respectivamente.
Já a extração mineral produziu 3,7% menos na passagem de agosto a setembro pela série livre de efeitos sazonais. Frente ao nono mês do ano passado, a queda foi de 4,1%. Ou seja, setembro concorreu para a retração de 1,6% no terceiro trimestre frente a julho-setembro de 2019.
Em que pese tanto, as retrações do ramo extrativo no acumulado de janeiro-setembro e em doze meses foram menores do que as da indústria geral: quedas de 2,3% e de 4,4%, respectivamente.
A indústria por intensidade tecnológica
A OCDE tem empregado há algum tempo uma taxonomia para a indústria de transformação, classificando seus distintos ramos por intensidade tecnológica, baseada em gastos em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Esse esforço foi aprimorado por Hatzichronoglou, em estudo publicado pela própria OCDE.
Tal material serviu de base para que o IEDI estruturasse os dados da indústria de transformação constantes da Pesquisa Industrial Mensal – Produção Física (PIM-PF), obtendo a produção por faixas de intensidade tecnológica, a saber, alta, média-alta, média-baixa e baixa.
Em 2016, Galindo-Rueda e Verger, ampliaram o alcance dessa classificação, ao abarcar todas as atividades econômicas sistematizadas na revisão 4 da Classificação Industrial Internacional Uniforme (CIIU). A Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), adotada no Brasil e, por conseguinte, na PIM-PF, segue a CIIU. Nesse esforço e com a atualização de indicadores de P&D realizada pelos autores, foram definidas cinco faixas de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média, média-baixa e baixa.
A PIM-PF encampa duas das quatro seções que constituem o setor industrial: a indústria extrativa e a indústria de transformação. Ambas compõem a chamada indústria geral. Pelo estudo de 2016, nenhum dos ramos cobertos pela PIM-PF faz parte da faixa de baixa intensidade tecnológica.
O grupo de baixa intensidade tecnológica é, então, composto pela agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura; pelas duas outras atividades industriais (produção e distribuição de eletricidade, gás, água e limpeza urbana; e construção); e amplo conjunto de serviços (alguns serviços compõem as faixas de alta, de média-alta e de média-baixa intensidade tecnológica).
Assim todos os ramos da indústria de transformação se encontram classificados nas faixas de alta, média-alta, média e média-baixa intensidade tecnológica, enquanto toda a extração mineral está dentro do segmento de média-baixa intensidade.
A tabulação a seguir sintetiza os dados por intensidade tecnológica para o mês de setembro, considerando seja a indústria geral, seja a de transformação por intensidade tecnológica, focando nas comparações entre mês, terceiro trimestre e acumulado do ano contra seus equivalentes de 2019, bem como no contraponto em doze meses.
Três dos quatro segmentos da indústria geral por intensidade tecnológica lograram expansão frente a setembro de 2019. Apenas a faixa de média-alta intensidade sofreu retração nessa base comparativa, taxa de -1,2%. O maior incremento coube ao segmento de alta intensidade.
Contrapondo os terceiros trimestres de 2020 e 2019, as faixas de alta e de média-baixa cresceram, enquanto as de média-alta e média retrocederam. Em comum aos quatro segmentos por intensidade tecnológica, a queda no acumulado até o nono mês e em doze meses.
O segmento de alta intensidade logrou aumento de 8,4% em sua produção na comparação entre meses de setembro, puxada pelo complexo eletrônico e pela indústria farmacêutica, com a fabricação de aviões em sentido contrário. Esse desempenho concorreu para a expansão 2,0% dessa faixa como um todo no contraponto entre terceiros trimestres de 2020 e 2019.
Apesar desses resultados, a indústria de alta intensidade declinou tanto no acumulado do ano, queda de 5,5%, quanto em doze meses, recuo de 4,2%. Nessas duas bases comparativas, o ramo farmacêutico apresentou incremento, enquanto o complexo eletrônico, declínio.
A faixa de média-alta intensidade produziu 1,2% menos no confronto entre meses de setembro, com retração de 8,5% no terceiro trimestre. As retrações foram ainda maiores pelo acumulado até setembro (-18,4%) e pela comparação entre acumulados em doze meses (-14,0%).
Em todas as comparações, a indústria automotiva puxou tais performances da média-alta tecnologia, com taxas negativas de dois dígitos ainda mais pronunciadas. Os ramos de máquinas e equipamentos, de material elétrico e a indústria química cresceram pelo contraponto entre meses de setembro, mas sem impedir taxas negativas no acumulado do ano e em doze meses.
A indústria de média intensidade, por sua vez, cresceu 1,2% no nono mês, mas não foi o suficiente para impedir o retrocesso de 3,1% no terceiro trimestre. Nessas duas bases de comparação, enquanto a fabricação de produtos de borracha e material plástico e a de produtos de minerais não metálicos cresceram, a metalurgia e a produção de bens diversos declinaram.
No acumulado do ano e em doze meses, a faixa de média intensidade tecnológica declinou 10,7% e de 9,2%, respectivamente, o que foi generalizado em todos os seus ramos.
O segmento de média-baixa intensidade cresceu 5,4% em setembro, contribuindo para a taxa positiva de julho-setembro de 2,9%. Embora tais performances não tenham impedido quedas pelo acumulado do ano, de 1,5%, e em doze meses, de 1,0%, estas foram as menores retrações dentre as quatro faixas da indústria geral. Como visto, a indústria extrativa retrocedeu em todas essas bases comparativas. Já a indústria de transformação de média-baixa intensidade registrou os mesmos sinais da faixa como um todo.
Dos ramos da indústria de transformação de média-baixa tecnologia, a fabricação de produtos de metal (exceto armas, munições e equipamentos bélicos) teve comportamento ao desse conjunto, enquanto a indústria de alimentos, bebida e fumo e produção de derivados e petróleo, biocombustíveis e afins cresceram nessas quatro bases de comparação. Noutro extremo, a produção de têxteis, artigos de vestuário, de couro e calçados sofreu retração nessas mesmas bases comparativas.
Indústria de transformação de alta intensidade tecnológica
Em setembro último, a faixa de alta intensidade tecnológica da indústria de transformação cresceu 8,4% frente a igual mês de 2019, em movimento de recuperação em relação ao período mais agudo da pandemia no País (mar-abr/20). Vale notar que tal expansão ocorreu mesmo com menor produção de aviões segundo o IBGE.
No terceiro trimestre, a indústria de transformação de alta intensidade produziu 2,0% a mais do que no mesmo período de 2019. Ainda assim, não foi o suficiente para o segmento voltar a observar taxas positivas no acumulado do ano, -5,5%, tendo também a produção de aviões como destaque negativo. Em doze meses, a faixa em questão retrocedeu 4,2%.
A indústria farmacêutica, como seria de esperar, foi o único ramo desse segmento a crescer nas quatro bases de comparação em questão. Nas comparações entre meses de setembro e entre terceiros trimestres de 2020 e de 2019, logrou crescimento de 11,2% e de 2,1%. Estes números contribuíram para as taxas positivas no acumulado até setembro, 2,1%, e em doze meses, 0,3%.
Quanto à produção do complexo eletrônico, cresceu 15,4% em setembro, puxando a expansão de 10,4% no terceiro trimestre. Apesar dessas taxas de crescimento de dois dígitos, o complexo retrocedeu 6,7% no acumulado do ano e 3,7% em doze meses.
Dentro do complexo eletrônico, a fabricação de equipamentos de áudio, vídeo e comunicação, que abrange a produção de componentes eletrônicos, muitos dos quais utilizados noutros ramos, obteve a maior expansão de setembro, 28,5%, culminando no crescimento de 21,9% em julho-setembro vis-à-vis igual período de 2019. Mesmo com tamanhas taxas, sua produção no acumulado do ano e em doze meses caiu: variações de -2,3% e de -0,1%.
O comportamento desse ramo, distinto dos demais do complexo eletrônico, se deveu basicamente ao Polo Industrial de Manaus, cujos impactos negativos da pandemia se concentraram em abril e maio, com arrefecimento contundente já em junho, permitindo retomada produtiva antes do restante do País.
Os dois outros ramos do complexo eletrônico se retraíram nas quatro bases de comparação em evidência. A fabricação de material de escritório e informática recuou 11,2% no confronto entre meses de setembro, concorrendo para o declínio de 10,4% no terceiro trimestre. Desse modo, o ramo se retraiu 15,7% no acumulado do ano e 10,2% em doze meses.
Quanto à fabricação de equipamentos médico-hospitalares, instrumentos de precisão e material ótico, sua produção retrocedeu 3,0% em setembro e 13,5% em julho-setembro. No acumulado do ano, as quedas também atingiram os dois dígitos, quedas de 16,1% no acumulado até setembro e de 12,4% em doze meses.
Indústria de transformação de média-alta intensidade tecnológica
A faixa de média-alta intensidade tecnológica vem sendo a que tem mais sentido os efeitos da pandemia, recuando 1,2% em setembro, com retrocesso de 8,5% no terceiro trimestre. As retrações no acumulado do ano e em doze meses foram ainda maiores: quedas de 18,4% e 14,0%, respectivamente.
A fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias puxou o retrocesso da indústria de transformação de média-alta intensidade, com significativas quedas em setembro e no terceiro trimestre, recuos de 13,7% e de 25,0%, respectivamente.
As retrações de 37,0% no acumulado até o nono mês e de 18,3% em doze meses no ramo automobilístico refletiram as paralisações nas linhas de produção em face das medidas de distanciamento social em especial de março a maio, bem como concorreram para que a faixa de média-alta intensidade fosse a de maior perda nessas bases de comparação.
Os ramos mais associados à indústria de bens de capital, fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos; e fabricação de máquinas e máquinas e equipamentos (M&E), cresceram em setembro: 12,6% e 8,1%, respectivamente.
No caso da produção de máquinas e aparelhos elétricos, o desempenho de setembro contribuiu para que sua produção aumentasse 6,7%, no trimestre. Ainda assim, teve recuo de 6,5% no acumulado do ano e de 4,3% em doze meses. Quanto à fabricação de M&E, o incremento no mês foi insuficiente para taxas positivas nas demais comparações: retrações de 2,9% em julho-setembro, de 11,9% no acumulado do ano e de 9,3% em doze meses.
A indústria química cresceu 4,1% em setembro e 4,3% no terceiro trimestre. Todavia os meses de maior impacto da pandemia sobre a produção física industrial levaram o ramo a cair 1,1% no acumulado do ano e 1,5% em doze meses.
A fabricação de instrumentos e materiais (I&M) de uso médico e odontológico e artigos óticos registrou retrocedeu 4,6% em setembro e 9,9% no terceiro trimestre. A produção desses instrumentos e artigos diminuiu ainda mais pelo acumulado do ano (-24,6%) e em doze meses (-16,2%).
Pode causar estranheza tais retrações em ramo ligado ao setor de saúde em meio à pandemia, porém seu comportamento se deveu à menor produção de produtos ligados à oftalmologia e à ortopedia, dissociados da covid-19.
Indústria de transformação de média intensidade tecnológica
A produção física da faixa de média intensidade aumentou 1,2% na comparação entre meses de setembro, mas diminuiu 3,1% no terceiro trimestre. Nas demais bases comparativas, as retrações foram ainda maiores: queda de 10,7% no acumulado até o nono mês e de 9,2% em doze meses.
Até pelo seu expressivo peso na composição dessa faixa, as retrações da metalurgia foram significativas. E ocorreram nas quatro bases de comparação. Em setembro, sua produção caiu 2,1%, enquanto, no terceiro trimestre, a queda foi de 7,1%. Os retrocessos foram maiores no acumulado do ano (-12,9%) e em doze meses (-11,9%).
A fabricação de produtos de minerais não-metálicos, outro ramo industrial intensivo em recursos naturais, também registrou quedas no acumulado do ano (-7,5%) e em doze meses (-5,8%). Entretanto, essas taxas negativas foram experimentadas a despeito do crescimento de 9,7% no contraste entre meses de setembro, que contribuiu para a expansão de 4,4% no terceiro trimestre.
Outros dois ramos cuja produção recuou nas quatro bases comparativas em questão, tal como a metalurgia, foram a fabricação de produtos diversos (exceto I&M de uso médico e odontológico e artigos óticos) e os ramo de manutenção, reparação e instalação de máquinas e equipamentos.
O primeiro deles teve queda de 11,6% em setembro e de 12,2% no terceiro trimestre. No acumulado do ano, o recuo foi de 16,9%, enquanto, em doze meses, o declínio foi de 11,1%. Quanto ao segundo, sua produção retrocedeu 19,8% no nono mês e 21,2% em julho-setembro, concorrendo para as retrações de 17,4% no acumulado do ano e de 15,3% em doze meses.
Passando para a fabricação de borracha e produtos plásticos, em setembro, sua produção cresceu 8,6%, contribuindo para a expansão de 3,1%. Apesar dessas performances, no sofreu recuo de 7,0% no acumulado até setembro e de 5,3% em doze meses.
Indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica
O conjunto de ramos da indústria de transformação de média-baixa intensidade tecnológica cresceu 7,9% no contraponto entre meses de setembro, puxando o desempenho no terceiro trimestre, de 4,1%. Mesmo assim, experimentou taxas negativas no acumulado do ano (-1,3%) e em doze meses (-0,1%) – esta última, representando estabilidade.
O agrupamento mais expressivo dentre os ramos dessa faixa, o das indústrias de alimentos, bebidas e de fumo cresceu em todas as bases de comparação evidenciadas. Em setembro, a taxa foi de dois dígitos, aumento de 12,2%, contribuindo para a expansão de 9,8% no terceiro trimestre. Esses desempenhos permitiram o incremento na produção física seja no acumulado até setembro, de 4,1%, seja em doze meses, de 4,4%.
A fabricação de coque, produtos derivados de petróleo e biocombustíveis também logrou expansão nas quatro comparações feitas. No contraponto entre meses de setembro sua produção aumentou 7,8%, o que contribuiu para a taxa de 6,0% no contraponto entre terceiros trimestres de 2020 e de 2019. Desse modo, o ramo conseguiu crescer 4,5% em janeiro-setembro frente ao mesmo acumulado do ano anterior e 5,0% em doze meses.
O outro ramo dessa faixa relativamente intensivo em recursos naturais, a produção do conjunto dos ramos madeireiro, de papel e celulose, gráficas e afins, até cresceu em setembro, 3,5%, mas sem lograr incremento nas demais comparações. No terceiro trimestre, sua produção caiu 1,3%. As quedas foram maiores no acumulado do ano (-5,6%) e em doze meses (-4,5%).
A fabricação de produtos de metal (exceto M&E e equipamentos bélicos, armas e munições), a seu turno, conseguiu ampliar sua produção em 6,7% em setembro e 3,3% no terceiro trimestre. Mas tais taxas não conseguiram fazer frente às perdas de trimestres anteriores, fazendo com que o ramo declinasse 6,9% no acumulado do ano 4,4% em doze meses.
O conjunto de atividades da indústria de transformação dessa faixa que usa mais intensivamente recursos humanos, as indústrias de têxteis, artigos de vestuário, couro e calçados, foi o que registrou as maiores retrações dentro dela: queda de 2,9% no nono mês e de 15,5% em julho-setembro. As retrações foram ainda mais agudas no acumulado do ano (-25,7%) e em doze meses (-19,2%).