Carta IEDI
Brasil e Mundo: divergência do desempenho industrial no final de 2024
Os últimos dados da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) apontam para um crescimento mais robusto da indústria manufatureira mundial no 4º trim/24, puxada pela aceleração na China e demais asiáticos. Do ponto de vista setorial, o destaque seguiu sendo os de maior intensidade tecnológica.
No 4º trim/24, a produção manufatureira global cresceu +1,0% em relação ao trimestre anterior, já descontados os efeitos sazonais, ganhando velocidade em relação ao resultado de +0,6% registrado no 3º trim/24.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, também com correção sazonal, o desempenho foi de +2,8%, o melhor trimestre de 2024, e a alta mais intensa desde meados de 2022. Com isso, a indústria de transformação no mundo se expandiu em +2,3% no ano passado, quase o dobro de 2023 (+1,2%).
O Brasil, vale destacar, se saiu melhor do que o agregado mundial na maior parte do ano. No acumulado dos quatro trimestre, nossa produção manufatureira avançou +3,2%, mas os sinais de desaceleração dos últimos meses de 2024, conforme discutido na Carta IEDI n. 1301, abriram uma divergência com a indústria mundial.
Enquanto no mundo, a produção manufatureira acelerou de +0,6% para +1,0%, como visto acima, no Brasil refluiu de +1,4% para -0,1% do 3º trim/24 para o 4º trim/24, sempre em relação ao período anterior e descontados os efeitos sazonais.
Fatores internos, como o aumento das taxas de juros no país e incertezas a respeito do equilíbrio fiscal, tiveram peso para explicar esta divergência, mas também se destaca o bom desempenho da indústria chinesa no último quarto do ano, puxada pelas exportações e por medidas de política industrial, o que ajudou o resultado do agregado mundial.
Dadas as evidências de desvio de comércio internacional, não deixa de haver uma relação direta entre o avanço exportador da indústria chinesa e a desaceleração da indústria brasileira, a exemplo da pressão concorrencial exercida no mercado de aço no mundo todo.
Na China, a indústria manufatureira apresentou um ritmo resiliente de crescimento ao longo de 2024, em torno de +1,5% em cada trimestre, acelerando para +1,9% no 4º trim/24, sempre em relação ao período imediatamente anterior, com ajuste sazonal. Frente ao mesmo trimestre de 2023, começou o ano com +5,1% em jan-mar/24 e terminou com alta de +6,6% em out-dez/24.
O restante da Ásia também seguiu um caminho parecido. Vale lembrar que o aumento de barreiras comerciais a exportações chinesas e estratégias nacionais de atração de investimento têm dinamizado a indústria de outros países da região.
Depois da mera estabilidade no 3º trim/24, a Ásia e Oceania exceto China registrou +1,3% em out-dez/24 frente ao período anterior e de +1,7% para +2,3% em relação ao ano anterior.
Todas as outras regiões não apresentaram sinais de melhora no final do ano passado. Na comparação com o 3º trim/24, Europa (-0,2%), América do Norte (-0,4%), América Latina e Caribe (+0,1%) e a África (+0,5%) perderam dinamismo e ficaram próximas da estabilidade. Frente ao 4º trim/23, Europa (-0,4%) e América do Norte (-0,6%) voltaram a ficar no vermelho.
Na América do Norte, tanto os Estados Unidos como o Canadá contribuíram para o recuo no último trimestre do ano passado. Na Europa, as influências negativas mais importantes ficaram a cargo da Alemanha, França e Itália. Em todos esses casos houve queda na comparação tanto com o 3º trim/24 quanto com o 4º trim/23.
Por usa vez, na América Latina e Caribe a perda de ritmo se deu em função do Brasil, como vimos anteriormente, mas não apenas. A indústria manufatureira do México caiu -1,2% na passagem do 3º para o 4º trim/24, mais do que compensando o aumento de produção da Argentina (+2,7%), que obteve sua segunda variação positiva consecutiva.
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI constrói periodicamente um ranking da evolução da produção industrial destacando a posição do Brasil. A amostra nesta Carta IEDI conta com 82 países, em função da disponibilidade de informações para o 4º trim/24.
Deste conjunto de países, tomada a comparação frente ao mesmo período de 2023, o Brasil ocupou a 26ª colocação no 4º trim/24. A desaceleração industrial do final do ano nos fez descer 6 posições em contraste com o lugar ocupado no 3º trim/24 (20º).
Ainda assim, ficamos à frente de outros países latino-americanos de destaque, como Chile (+2,4%), que apareceu na 31ª posição, Argentina (0,0%) em 46º lugar, Colômbia (-0,2%) em 51º e México (-0,4%) em 55º lugar.
Ademais, cabe mencionar que nos saímos muito melhor do que no último trimestre de 2023, quando ocupamos a 38ª colocação do ranking formado pelos mesmos 82 países com dados mais recentes disponíveis.
No acumulado de 2024, por sua vez, quando a indústria de transformação no Brasil cresceu +3,2%, com ajuste sazonal, nossa posição no ranking foi a 25ª, implicando uma melhora substancial em relação ao acumulado de 2023, cuja colocação do país foi a 45ª, devido ao recuo de -1,0% da produção manufatureira.
A indústria de transformação mundial no 4º trim/2024
O relatório mais recente divulgado pelo relatório da UNIDO (United Nations Industrial Development Organization) contendo os dados do 4° trim/24 indicam que a indústria de transformação global acelerou o ritmo de crescimento na comparação com trimestre imediatamente anterior na série com ajuste sazonal (+1,0%), após crescer +0,6% no 3° trim/24.
Na comparação interanual (trimestre frente ao mesmo período do ano anterior), por sua vez, a produção industrial avançou +2,8%, sendo a maior variação positiva dos últimos 2 anos.
De acordo com a UNIDO, a economia global mostrou resiliência durante ano de 2024, apesar de continuar a enfrentar muitos de desafios, incluindo tensões comerciais, inflação volátil impulsionada por preços de energia, bem como por interrupções na cadeia de suprimentos, instabilidade política e repercussões de conflitos regionais.
Além disso, a escassez de mão de obra qualificada em alguns setores e desastres climáticos cada vez mais frequentes e intensos têm impactado negativamente a produção, segundo enfatiza do relatório.
Em termos regionais, durante o 4º trim/24, a indústria de transformação apresentou resultados diversos em comparação com o trimestre anterior. Cabe destacar que, em termos gerais, as economias industrializadas do hemisfério Norte apresentaram desaceleração.
Ásia e Oceania (incluindo China) alcançou o melhor desempenho nesta comparação, com uma expansão de +1,7%, após alta de +1,0% no 3° trim/24. Por sua vez, Ásia e Oceania excluindo a China, assinalou alta de +1,3%, frente a variação de apenas +0,1% no trimestre anterior.
Por esse resultado, pode-se verificar a importância da indústria chinesa. Ainda na comparação com trimestre anterior, a produção da China, teve variação de +1,9%, com alguma aceleração após manter destacada resiliência trimestre após trimestre desde meados de 2023.
A produção industrial nas economias africanas perdeu tração no final do ano, registrando variação de +0,5% ante +1,3% no 3° trim/24, +0,9% no 2º trim/24 e +0,6% no 1º trim/24.
Já os países da América Latina ficaram praticamente estagnados na comparação com o 3º trim/24, registrando resultado de apenas +0,1%, já corrigidos os efeitos sazonais, bem menor que a alta de +1,6% do 3º trim/24.
Por outro lado, a produção na Europa (-0,2%) e América do Norte (-0,4%) apresentaram decréscimo da produção industrial no 4º trim/24 frente ao 3° trim/24, mantendo-se em terreno negativo após recuar -0,1% e -0,2% no trimestre anterior, respectivamente.
Na comparação com o mesmo trimestre de 2023, a indústria de transformação mundial cresceu +2,8%, com novo recuo nas economias industrializadas do Hemisfério Norte.
A Europa, que tem apresentado taxas negativas nesta comparação desde o 3º trim/23, recuou novamente no 4º trim/24 (-0,4%), queda de mesma magnitude daquele do trimestre anterior. Canadá e EUA também assinalaram queda na comparação interanual (-0,6%), igual variação dos dois trimestres anteriores.
Enquanto Europa e América do Norte ficaram em terreno negativo, os países da América Latina e Caribe mantiveram-se em terreno positivo, atingindo +1,4% no 4º trim/24, o segundo aumento consecutivo nessa base de comparação, depois de cinco trimestres consecutivos de retração.
A indústria da África assinalou expansão de +3,3% no 4ºtrim/24, mantendo trajetória crescente. Já a região da Ásia e Oceania manteve-se na liderança dentre as regiões. Quando a China é incluída no grupo, a variação foi de +4,9%, e sozinho, o país cresceu +6,6%. Por outro lado, quando excluímos a China, a variação ainda é positiva, mas bem mais modesta (+2,3%).
Por dentro das regiões
Em relação ao 3º trim/24, na série com ajuste sazonal, a produção industrial na região da Ásia e a Oceania (exceto China) continua a apresentar comportamento volátil: um declínio no 1º trim/24 (-0,7%), seguido por um aumento de +1,7% no 2º trim/24, relativa estabilidade no 3º trim/24 (+0,1%), e encerrando o último trimestre de 2024 com uma expansão de +1,3%.
Este último resultado foi impulsionado pelo desempenho robusto dos principais produtores regionais, incluindo Japão (+1,1%), Coreia do Sul (+2,7%), Índia (+1,1%) e Taiwan (+4,1%). Por sua vez, a China assinalou alta de +1,9% nesta comparação.
Na comparação interanual, os países asiáticos (exceto China) assinalaram crescimento de +2,3%, com crescimento na produção industrial de Taiwan (+13,5%), Vietnã (+8,1%), Malásia (+4,5%), Índia (+4,2%) e Coréia do Sul (+2,4%), enquanto Japão (-1,8%) continua registrando redução na produção.
Dados limitados para a África indicam um aumento na produção industrial na passagem entre jul-set/24 e out-dez/24 de +0,5%. Como de costume, os padrões de crescimento nas economias africanas variaram significativamente.
Por exemplo, Egito (+2,5%), Nigéria (+1,1%) Ruanda (+4,4%) e Tunísia (+0,4%) experimentaram crescimento de produção, enquanto o setor industrial em Senegal (-0,5%), África do Sul (-0,9%) e Togo (-1,4%) teve declínios significativos.
Na comparação interanual, os países africanos assinalaram crescimento de +3,3% na produção industrial, com variações positivas em Ruanda (+13,2%), Nigéria (+1,8%) e Egito (+9,5%), enquanto África do Sul (-1,1%) assinalou recuo nesta comparação.
América Latina e no Caribe registrou relativa estabilidade (+0,1%) frente 3ºtrim/24, após crescimento de +1,6% no trimestre anterior. Nesta base de comparação, enquanto a produção do Brasil teve variação quase nula (-0,1%), a do México recuou -1,2%. A Argentina, por sua vez, cresceu +2,7%, a segunda variação positiva consecutiva.
Frente ao mesmo trimestre de 2023, a indústria latino-americana cresceu +1,4%. Os resultados dos maiores produtores industriais da região foram díspares: o Brasil obteve expansão de +3,9%, a Argentina ficou estagnada (0,0%), após cinco trimestres consecutivos de queda, e o México recuou -0,4%.
No 4ºtrim/24, a produção industrial na América do Norte e na Europa continuou a cair, com reduções trimestrais de -0,4% e -0,2% frente ao período imediatamente anterior, respectivamente.
O declínio da América do Norte foi condicionado pela menor produção nos Estados Unidos (-0,4%) e no Canadá (-0,3%). No trimestre out-dez/24 frente ao mesmo trimestre do ano anterior, a produção industrial na América do Norte caiu -0,6%, com produção em queda nos Estados Unidos (-0,4%) e no Canadá (-3,2%).
O desempenho da Europa permaneceu instável, segundo a UNIDO, impactado por desafios como tarifas comerciais potenciais, preços altos e fraca demanda do consumidor.
Entre os principais produtores da região, países como França (-0,6%), Alemanha (-1,3%) e Itália (-1,2%) tiveram declínios significativos. Em contraste, a produção na Irlanda (+0,9%), Polônia (+1,7%), Rússia (+2,8%) e Espanha (+0,4%) registraram crescimento.
Na comparação entre o 4º trim/24 e o 4º trim/23, a indústria da região recuou -0,4%, com quedas na França (-2,0%), Alemanha (-3,7%), Itália (-4,9%) e Reino Unido (-0,9%), enquanto Irlanda, Espanha e Rússia avançaram +5,5%, +1,4% e +8,9%, respectivamente.
O desempenho das economias industrializadas
As economias industrializadas representam cerca de 87,7% do valor agregado na indústria mundial de acordo com a UNIDO e inclui os seguintes países: Argentina, Austrália, Áustria, Bielorrússia, Bélgica, Brasil, Brunei, Bulgária, Canada, China, Taiwan, Colômbia, Costa Rica, Croácia, Rep. Tcheca, Rep. Dominicana, Egito, El Salvador, Estônia, Finlândia, França, Alemanha, Hungria, Indonésia, Irlanda, Israel, Itália, Japão, Jordânia, Letônia, Lituânia, Luxemburgo, Malásia, Malta, Ilhas Maurício, México, Holanda, Nova Zelândia, Peru, Filipinas, Coreia, Polônia, Romênia, Rússia, Servia, Singapura, Eslováquia, Eslovênia, África do Sul, Espanha, Sri Lanka, Suécia, Suíça, Tailândia, Trinidad e Tobago, Turquia, Reino Unido, EUA e Uruguai.
No 4º trim/24, a indústria de transformação deste grupo de economias cresceu +0,9% na comparação com trimestre anterior melhorando o resultado obtido no 3º trim/24 (+0,6%).
Suécia (+5,1%), Taiwan (+4,1%) e Turquia (+3,9%) foram exemplos de países cujas indústrias tiveram crescimento trimestral superior a +3,0%. Por outro lado, a produção industrial em países como Austrália (-2,4%), Áustria (-4,1%), Bielorrússia (-2,3%) e Malásia (-3,4%) experimentaram declínios significativos em comparação ao 3º trim/24.
Dados desagregados revelaram um desempenho volátil de economias industriais de alta renda nos últimos trimestres, culminando em uma variação de +0,3% no 4º trim/24.
Os desenvolvimentos individuais das economias do grupo variaram bastante: enquanto Estônia (+5,3%), Israel (+1,3%), Malta (+9,3%) e Uruguai (+1,4%) tiveram fortes resultados, economias como Croácia (-1,5%), Chipre (-1,0%), Alemanha (-1,3%) e Itália (-1,2%) apresentaram variações negativas.
China teve crescimento de +1,9%, enquanto o grupo das demais economias industriais de renda média apresentou resultado de -0,1% na comparação trimestre/trimestre anterior.
Outras economias industriais de renda média com desempenho positivo no 4º trim/24 incluem Bósnia e Herzegovina (+1,3%), Costa Rica (+2,6%) e Turquia (+3,9%). Bielarússia (-2,3%), Malásia (-3,4%), México (-1,2%) e Tailândia (-1,4%) ficaram entre as poucas economias neste grupo que sofreu redução de produção.
Desempenho das economias em industrialização
Apesar de incluir quase 70% dos países, esse grupo de economias em industrialização representa uma parcela relativamente pequena da produção industrial global e é extremamente heterogêneo.
Nos últimos anos, o nível de produção do grupo aumentou gradualmente, alcançando um crescimento de produção trimestral de +0,8% 4º trim/24, semelhante à taxa de crescimento observada em economias industrializadas.
A produção industrial de economias em industrialização de alta renda recuou -0,4%, após uma perda significativa de -3,2% no trimestre anterior, continuando a trajetória altamente volátil observada desde o início de 2022.
Dentro deste grupo, Kuwait (-2,0%) e Arábia Saudita (-0,2%) assinalaram reduções de produção no 4º trim/24 ante o 3º trim/24, enquanto Macau registrou um forte desempenho (+8,1%). Enquanto isso, a produção em economias de industrialização de renda média cresceu +1,0%, com Argentina (+2,7%), Colômbia (+1,4%), Egito (+2,5%) e Cazaquistão (+2,5%) alcançando resultados significativos.
O número de economias em industrialização de baixa renda que relataram dados de produção industrial diminuiu nos últimos trimestres. Atualmente, a cobertura de dados do país é insuficiente e, portanto, este grupo foi excluído da análise da UNIDO. No entanto, dados de países específicos destacam a volatilidade nesta região.
Por exemplo, Togo relatou decréscimo de -1,4%, enquanto Ruanda experimentou avanço de +4,4%. Cabe destacar que todas as variações são em relação ao trimestre anterior com ajuste sazonal.
Desempenho das Economias Emergentes
O grupo especial de economias industriais emergentes, de acordo com a definição da UNIDO, inclui países de baixa e média renda, cujos setores industriais demonstraram significativo dinamismo em anos recentes. O grupo também inclui economias em estágios anteriores de desenvolvimento industrial, mas onde o setor apresenta igualmente forte crescimento.
Este grupo de economias vem registrando desempenho positivo na produção industrial, superando a média mundial, assim como a média das economias industriais e em industrialização. Nos últimos seis trimestres anteriores, a produção desses países expandiu em mais de +1,0% na comparação trimestral, incluindo um crescimento de +1,7% no 4° trim/24.
A indústria de transformação mostrou um dinamismo mais robusto frente ao trimestre anterior nos seguintes países: Ruanda (+4,4%), China (+1,9%) e Índia (+1,1%). Em contraste, o Vietnã mostrou pouco aumento (+0,1%), enquanto a Malásia teve um declínio de -3,4% no período de out-dez/24 frente ao trimestre imediatamente anterior.
Análise setorial
De acordo com a UNIDO, os dados do 4° trim/24 mostram que as indústrias de conteúdo tecnológico mais elevado continuam demonstrando forte dinamismo em meio a muitos desafios.
Em períodos recentes, as indústrias classificadas como de média-alta e alta tecnologia têm superado os demais setores de indústria de transformação. Embora tenham experimentado uma desaceleração temporária no 1ª trim/24, esses setores se recuperaram no 2º trim/24, aumentando a produção em mais de 1% a cada trimestre posterior. Essa tendência ascendente continuou no quarto trimestre de 2024, com um aumento trimestral de 1,0%. Por outro lado, a trajetória dos setores de manufatura de menor tecnologia permaneceu estável.
O desempenho da indústria de transformação de alta tecnologia no 4º trim/24 foi impulsionado principalmente pela produção de computadores e eletrônicos (+2,7%) e equipamentos elétricos (+2,2%). Os produtos farmacêuticos, por outro lado, apresentaram o pior desempenho entre as indústrias alta tecnologia na mesma base de comparação (-0,9%).
A produção de computadores e eletrônicos manteve um crescimento constante nos últimos períodos, com aumentos trimestrais superiores a +2,0%. A expansão do setor foi impulsionada principalmente por China (+2,3%) e Estados Unidos (+0,8%). Em contraste, o Japão registrou declínio de -3,6%, apresentando tendência volátil nos últimos períodos.
O desempenho das indústrias em todos os grupos de países mostra, com poucas exceções, que as economias em industrialização tiveram trajetória de crescimento constante em todos os setores, embora em intensidades variadas. A fabricação de produtos farmacêuticos foi o único setor de alta tecnologia neste grupo a experimentar um ligeiro declínio no 4º trim/24, semelhante à produção de produtos de papel e couro de baixa tecnologia.
Ranking Indústria de Transformação Mundial
A partir da base de dados da UNIDO, o IEDI elaborou rankings internacionais de crescimento da produção da indústria de transformação com 82 países para o 4º trim/24 e de 2024.
Cabe observar que as séries empregadas pela UNIDO possuem ajuste sazonal, embora usualmente o IBGE use dados sem ajuste nas comparações frente ao mesmo período do ano anterior. Por esta razão, pode haver pequena alteração em relação aos resultados divulgados pelo IBGE.
No 4º trim/24, o desempenho divulgado pela UNIDO com ajuste sazonal para a indústria de transformação do Brasil aponta para uma variação positiva de +3,9% frente ao 4º trim/23. Nesta comparação, a indústria brasileira manteve-se acima do resultado para o agregado do setor no mundo em 2024: +1,8% em jan-mar ante +1,4% no total mundial; +2,8% ante +2,3% em abr-jun; +4,5% frente a variação mundial de +2,5% e finalmente +3,9% frente a +2,8%.
Em comparação com o trimestre anterior, entretanto, o setor manufatureiro brasileiro ficou praticamente estável (-0,1%) no 4° trim/24, enquanto a indústria global cresceu +1,0%.
Dentre os 82 países da amostra de dados disponíveis da UNIDO, considerado apenas o desempenho do 4º trim/24 frente o 4º trim/23, o Brasil apresentou pequena piora em relação à posição do trimestre anterior: aparecemos na 26ª colocação (+3,9%), após termos ficado na 20ª posição no 3º trim/24 (+4,5%); e na 25ª posição no 2ª e 1º trim/24 (+2,8% e +1,8%, respectivamente).
Em contraste com a posição que ocupamos no 4º trim/23 (38ª posição), houve melhora significativa, como mostra a tabela abaixo, dado que o Brasil subiu 12 colocações no ranking.
Dessa forma, a indústria de transformação no Brasil superou países como Coréia do Sul (+2,4%), México e EUA (ambos com queda de -0,4%), Reino Unido (-0,9%), Japão (-1,8%), França (-2,0%), e Alemanha (-3,7%) no 4º trim/24.
Entre as primeiras posições do ranking ficaram Macau, Montenegro, Taiwan, Ruanda, Malta e Arábia Saudita, com variações de dois dígitos. A Rússia continua se destacando, crescendo +8,9% no 4º trim/24 frente ao mesmo período de 2023, a despeito dos embargos ocidentais, e ocupou a 8ª posição no ranking. Entre as últimas posições encontram-se: Moldávia, Armênia, Áustria e Kuwait.
No acumulado de 2024 frente mesmo período de 2023, a indústria brasileira ocupou a 25ª posição no ranking, com um resultado de +3,2%. Vale relembrar que esta variação leva em conta dados com ajuste sazonal e por isso difere do resultado divulgado pelo IBGE (+3,7%), que calcula o acumulado no ano com dados sem ajuste sazonal.
No ranking para 2024 como um todo, Macau (+35,7%), Taiwan (+12,3%), Ruanda (+12,2%) e Montenegro (+11,1%) ocuparam as primeiras posições, enquanto Palestina (-22,5%), Argentina (-9,3%) e Kuwait e Irlanda (ambos com queda de -6,1%) ocupam as últimas posições nessa comparação.