Carta IEDI
A indústria como motor do crescimento
Esta Carta IEDI retrata algumas evidências empíricas sobre a importância da indústria para o crescimento econômico, a partir do artigo “Manufacturing, economic growth, and real exchange rate: empirical evidence in panel data and input-output multipliers”, de autoria dos economistas Luciano F. Gabriel (UFV), Luiz Carlos Ribeiro (UFS), Frederico Jayme Jr (UFMG) e José Oreiro (UnB), publicado em 2020 na PSL Quarterly Review.
Com base em dois instrumentais – modelo econométrico com dados em painel e modelo de insumo-produto, os autores demonstram efeitos importantes da manufatura e de uma taxa de câmbio real competitiva sobre o crescimento da renda real per capita, isto é, para o enriquecimento dos países.
Um dos aspectos interessantes deste estudo é que realiza comparações internacionais com uma ampla amostra de países, tanto desenvolvidos como em desenvolvimento, ao longo de duas décadas, os anos de 1990 e 2011.
Os autores chegam a três principais conclusões, sintetizadas a seguir.
Em primeiro lugar, a indústria manufatureira é tida como o principal setor de bens comercializáveis para se alcançar maior crescimento da renda real per capita em países em desenvolvimento, ou seja, são a principal alavanca do enriquecimento destes países, segundo as evidências do estudo.
Em segundo lugar, os autores mostram que quanto maior a distância de um país em relação à fronteira tecnológica mundial, maior o efeito positivo de uma taxa de câmbio real competitiva sobre a taxa de crescimento da renda real per capita.
Isso ocorreria porque o câmbio competitivo tende a compensar a baixa competitividade internacional derivada de fatores como baixa inovação e pouca diferenciação de produto etc., possibilitando ampliação de exportações e conquista de outros mercados, de modo a acelerar o crescimento da renda per capita doméstica.
Um terceiro resultado importante do estudo diz respeito aos multiplicadores da indústria manufatureira. Seja desenvolvido, seja em desenvolvimento, o país que tem indústria forte tende a crescer mais: o multiplicador da produção manufatureira sobre o total da economia é geralmente maior do que o do restante dos setores.
Na média dos países em desenvolvimento, para o ano de 2010, os autores calculam que a cada US$ 1 de incremento na demanda final da manufatura, a produção total da economia se expandiria em US$ 1,90. No caso do Brasil, este multiplicador é de 2,03, menor do que o da China (2,8), mas equivalente ao da Índia (2,04).
Não fosse o descuido brasileiro com sua indústria, poderíamos ter um multiplicador ainda mais elevado. As estimativas do estudo mostram que, entre 2000 e 2010, a manufatura na China ampliou sua capacidade de gerar dinamismo econômico de 2,47 para 2,8, enquanto no Brasil o multiplicador progrediu para 2,11 em 2005, mas retornou ao patamar de 2,03 em 2010, o mesmo de 2000.
A título de comparação, os autores apresentam este multiplicador para outros setores da economia. No Brasil, em 2010, era 1,61 na agropecuária e 1,5 nos serviços. Na média dos países em desenvolvimento estes valores eram 1,59 e 1,54, respectivamente. Inferiores, portanto, aos multiplicadores da manufatura.
O estudo também calculou os multiplicadores sobre o emprego. Isto é, quantos novos empregos são criados direta e indiretamente pelo incremento de US$ 1 milhão na demanda final de cada setor da economia. Cabe observar que os multiplicadores de emprego avaliam apenas o impacto quantitativo, nada indicando sobre a qualidade do emprego gerado.
Neste caso, segundo os cálculos apresentados no trabalho, não se constatam diferenças muito grandes entre os multiplicadores de emprego registrados na manufatura e nos setores de construção, comércio e serviços, nem no conjunto de países desenvolvidos, nem nos países em desenvolvimento. Uma possível explicação para isso: embora estes últimos sejam mais intensivos em mão de obra, a indústria, ao apresentar maior capacidade de dinamizar a produção do total da economia, indiretamente alavanca o emprego.
No Brasil, em 2010, estima-se que a cada US$ 1 milhão na manufatura eram criados 42 novos empregos. Na China eram 95 e na Índica 200. No conjunto dos países desenvolvidos, pelo grau maior de automação e digitalização, eram observados apenas 12 empregos adicionais, segundo o estudo.
Todas estas são evidências que reforçam a necessidade de se promover uma base industrial forte e integrada nas economias em desenvolvimento, de forma a promover um crescimento econômico mais acelerado, aproximando-se dos países avançados em termos de renda per capita (catching up).
Para os autores, neste cenário, países como o Brasil, que passam por um processo agudo de retrocesso industrial precoce em relação a outras experiências internacionais, apresentando uma perda de participação relativa de sua indústria no PIB total antes de se ter atingido um nível de renda per capita elevado, tendem a enfrentar maiores dificuldades em sustentar seu crescimento econômico.
Indústria e crescimento econômico
Esta Carta IEDI retrata algumas evidências empíricas sobre a importância da indústria para o crescimento econômico, a partir do artigo “Manufacturing, economic growth, and real exchange rate: empirical evidence in panel data and input-output multipliers”, de autoria dos economistas Luciano F. Gabriel (UFV), Luiz Carlos Ribeiro (UFS), Frederico Jayme Jr. (UFMG) e José Oreiro (UnB), publicado em 2020 na PSL Quarterly Review.
Como lembram os autores, há uma vasta literatura que aponta para os efeitos benéficos da indústria manufatureira sobre o crescimento econômico e o desenvolvimento tecnológico dos países. Nesse sentido, o peso da indústria manufatureira na composição da estrutura produtiva importa, sobretudo para as economias em desenvolvimento, cujos níveis de renda per capita são menores. A relevância da indústria manufatureira decorre de vários fatores, como, por exemplo, os ganhos de produtividade mais elevados e o progresso tecnológico associados a este setor.
Diversos pesquisadores, como Dani Rodrik e Adam Szirmai, realizaram estudos apontando para a indústria como motor do crescimento das economias em desenvolvimento. Os efeitos de encadeamento e de transbordamento que o setor manufatureiro propicia são maiores do que os observados nos setores primários e de serviços. Tais ideias não são novas, porém resgatam a importância da indústria em um momento de acirrada concorrência internacional, mudança de paradigma tecnológico e fortes assimetrias nos níveis de renda per capita entre países.
É preciso considerar, segundo os autores do estudo abordado nesta Carta, que existem diferenças significativas a respeito da participação do setor industrial na composição da estrutura produtiva dos países de acordo com os níveis de renda per capita já atingidos por estes.
Isso significa que, no processo de desenvolvimento econômico, a participação do setor industrial no PIB, por exemplo, tende a se ampliar nos estágios iniciais e a reduzir no caso de economias consideradas maduras. Neste último caso, é comum notar um processo que se convencionou chamar entre os economistas de “desindustrialização”, ou seja, de queda da participação relativa da indústria no PIB, em direção a uma participação relativamente maior do setor de serviços.
Tal situação, no entanto, torna-se preocupante quando passa a ocorrer em economias que ainda não alcançaram um nível de renda per capita muito elevado. A este fenômeno, dá-se o nome de “desindustrialização precoce ou prematura”. Segundo o estudo, este é o caso, por exemplo, da economia brasileira e de outras economias latino-americanas, conforme verificado ao longo das últimas décadas.
Em contrapartida, diversos países asiáticos, como Coreia do Sul, Taiwan e China, têm trilhado o caminho oposto, reforçando a participação do setor industrial em suas estruturas produtivas e, assim, garantindo taxas de crescimento econômico mais elevadas.
No artigo “Manufacturing, economic growth, and real exchange rate: empirical evidence in panel data and input-output multipliers”, os autores avançam nessa discussão a partir de uma análise econométrica baseada em modelos de dados em painel dinâmico, que busca estimar os efeitos setoriais, em especial do setor manufatureiro, e da taxa de câmbio real sobre a taxa de crescimento da renda real per capita, considerando a defasagem dos países em relação à fronteira tecnológica.
O modelo empregado por eles também inclui variáveis de controle, como taxa de inflação, taxa de investimento, participação dos gastos do governo no PIB, percentagem da população em nível superior como medida de capital humano, taxa de crescimento populacional e termos de troca.
A análise é feita com base em dados de 84 países no período entre 1990 e 2011. A amostra de países é dividida em quatro grupos, a fim de retratar seu posicionamento em relação às tecnologias mais avançadas:
• 18 países desenvolvidos que se encontram na fronteira tecnológica, como Estados Unidos, Austrália, Japão e um conjunto de países europeus;
• 45 países em desenvolvimento com defasagem tecnológica intermediária em relação à fronteira, englobando países de diversos continentes, como Brasil, China, México, Rússia, África do Sul, entre outros;
• 12 países em desenvolvimento com defasagem tecnológica elevada em relação à fronteira, incorporando países como, por exemplo, Gana, Índia, Paquistão e Vietnã;
• 9 países em desenvolvimento com defasagem tecnológica muito elevada em relação à fronteira, concentrados, sobretudo, no continente africano.
Uma conclusão dos autores obtida a partir das estimativas do modelo é a de que o efeito da taxa de câmbio real desvalorizada sobre a taxa de crescimento da renda per capita é positivo e estatisticamente significativo. Ademais, este efeito se amplia quanto maior for a defasagem tecnológica.
Em outras palavras, o estudo sugere que a taxa de câmbio real desvalorizada pode ter um efeito positivo sobre o crescimento econômico de países em desenvolvimento mais distantes da fronteira tecnológica, representada pelas economias desenvolvidas.
O canal de transmissão desse efeito cambial, segundo os autores, reside, sobretudo, no fato de que tais países apresentam baixa competitividade internacional por fatores qualitativos (como inovação e diferenciação de produto, por exemplo), mas podem se valer do efeito preço decorrente da desvalorização da taxa de câmbio para ampliar suas exportações, conquistar outros mercados e, assim, acelerar o crescimento da renda per capita doméstica.
Outra conclusão da análise empírica do estudo refere-se à importância da manufatura para o crescimento da renda per capita dos países. A variável que expressa a participação relativa da manufatura no PIB foi positiva e estatisticamente significativa para todos os níveis de defasagem tecnológica considerados, bem como nas amostras conjuntas com todos os países em desenvolvimento. Contudo, registram-se diferenças de magnitude nos resultados, conforme os níveis de defasagem tecnológica.
Este resultado, na opinião dos autores, indica que o grau de defasagem tecnológica do conjunto de países influencia o efeito positivo e significativo que a manufatura apresenta sobre o crescimento da renda per capita. Ou seja, não apenas uma maior participação da manufatura no PIB é indutora de maior crescimento econômico, mas este efeito também se distingue conforme o conjunto de países se encontra mais ou menos próximo à fronteira tecnológica. Segundo o estudo é mais pronunciado quando o país figura no grupo de economias com defasagem tecnológica intermediária, isto é, não muito distante da fronteira tecnológica.
Um resultado complementar à discussão anterior foi apontado pelos autores ao observarem o efeito da participação relativa do setor primário no PIB sobre o crescimento da renda per capita, ou seja, sobre o enriquecimento do país. Neste caso, o resultado é negativo, embora não seja estatisticamente significativo para todos os grupos de países.
De toda forma, para os economistas que elaboraram o estudo, o resultado sugere que uma participação maior do setor primário no PIB influencia negativamente a taxa de crescimento da renda per capita, mesmo em países com defasagem tecnológica muito elevada e que tendem a possuir um peso mais alto do setor primário nas atividades econômicas.
Algo semelhante também seria verificado para a participação relativa do setor de serviços no PIB no conjunto das economias em desenvolvimento. Ou seja, o maior peso deste setor influencia negativamente o crescimento da renda per capita.
Uma explicação apontada pelos autores refere-se ao fato de que no conjunto das economias em desenvolvimento predominam serviços de baixa produtividade, baixo valor agregado por trabalhador e/ou baixa capacitação da mão de obra, refletindo-se no menor crescimento da renda per capita, diferentemente, por exemplo, das economias desenvolvidas com serviços mais sofisticados.
Os resultados econométricos obtidos no estudo ratificam, portanto, a hipótese da indústria como motor do crescimento das economias em desenvolvimento para o período 1990-2011. Conclui-se que, para tais economias, o setor manufatureiro se configuraria como o principal setor de bens comercializáveis promotor de crescimento da renda real per capita.
No entanto, como os modelos econométricos não captam os efeitos diretos e indiretos entre os diferentes setores econômicos, o grupo de economistas que assinam o trabalho complementam sua análise acerca da importância da manufatura com os multiplicadores de insumo-produto: multiplicadores de produção e multiplicadores de emprego.
Multiplicadores de produção
No estudo, os autores calcularam os multiplicadores de insumo-produto de 40 países – 28 desenvolvidos e 12 em desenvolvimento – para os anos de 1995, 2000, 2005 e 2010, a partir dos dados da World Input-Output Database. Os dados são agregados em sete setores: (i) agricultura, silvicultura, caça e pesca; (ii) mineração e extração; (iii) manufatura; (iv) eletricidade, gás e saneamento; (v) construção civil; (vi) comércio; (vii) serviços.
No geral, os multiplicadores de produção obtidos para a média do conjunto de países em desenvolvimento são superiores aos dos países desenvolvidos nos seguintes setores: manufatura; eletricidade, gás e saneamento; construção civil.
Os valores dos multiplicadores de produção expressam o quanto a produção total da economia precisaria aumentar em termos monetários para atender uma variação de US$ 1 na demanda final de determinado setor.
Por exemplo, para o conjunto das economias em desenvolvimento sob análise, o multiplicador de produção em 2010 referente à manufatura calculado no estudo foi de 1,90. Isso significa que, para cada dólar de incremento na demanda final deste setor, a produção média desse bloco de países se expandiria em US$ 1,90, indicando os fortes encadeamentos intersetoriais existentes entre o setor da manufatura e o conjunto dos demais setores econômicos.
O maior multiplicador de produção observado pelos autores do estudo no período foi o da China no setor de manufatura. Em 2010, o indicador atingiu 2,80. Para Brasil, Índia e Rússia, os respectivos valores foram de 2,03; 2,04 e 2,17. Entre os países em desenvolvimento estes países são os que apresentam os maiores multiplicadores na manufatura.
Os autores chamam atenção para o fato de que, deste ponto de vista, o setor manufatureiro das economias em desenvolvimento apresenta multiplicadores mais elevados relativamente aos das economias desenvolvidas, embora haja diferenças importantes dentre os países que compõem cada grupo, sendo o caso chinês o de maior destaque pelos elevados multiplicadores de produção registrados nos mais diversos setores.
Na China, os multiplicadores de produção da manufatura e da construção civil são os mais expressivos, coadunando com a hipótese da indústria como motor do crescimento do país no período considerado.
Os autores também destacam que os multiplicadores de produção da agricultura, silvicultura, caça e pesca são mais elevados para o conjunto das economias desenvolvidas do que em desenvolvimento, o que pode indicar ser este um setor mais intensivo em capital nos países desenvolvidos.
Apesar disso, a China, que apresenta uma parcela significativa da população empregada na agricultura (36% do emprego total em 2010) em comparação às economias desenvolvidas (em média, 5% do emprego total), figurava entre as economias com os maiores multiplicadores de produção também neste setor em 2010.
Conforme destacado anteriormente, o setor de serviços tende a ganhar participação relativa no PIB e emprego das economias de renda mais alta. Para o conjunto da amostra de países desenvolvidos, essa participação foi de, respectivamente, 59,2% e 55,6% em 2010, segundo os autores. Já para os países em desenvolvimento, a participação média deste setor no valor adicionado foi de 47,2% e no emprego, de 39%. De toda forma, os multiplicadores de produção para comércio e serviços de países desenvolvidos e em desenvolvimento não difeririam tão significativamente.
O estudo nota também que os multiplicadores observados para comércio e serviços estão consistentemente abaixo dos multiplicadores dos setores de manufatura, eletricidade, gás e saneamento, e construção, para ambos os conjuntos de países. Logo, atividades industriais se mostram mais integradas ao restante da economia, por exemplo, do que aquelas do setor de serviços.
Multiplicadores de emprego
A análise dos multiplicadores de emprego complementa a discussão precedente sobre os multiplicadores de produção, pois permite avaliar o comportamento da força de trabalho entre os setores ao longo do tempo.
Os multiplicadores de emprego para o conjunto das economias em desenvolvimento são maiores do que das economias desenvolvidas para todos os setores e anos considerados no estudo. Tal resultado, segundo os autores, seria esperado, uma vez que os países em desenvolvimento tendem a utilizar tecnologias mais intensivas em trabalho.
Os resultados para os multiplicadores de emprego podem ser interpretados da seguinte forma: para cada incremento de US$ 1 milhão na demanda final de cada setor quantos novos empregos seriam criados direta e indiretamente?
No caso do setor de agricultura, silvicultura, caça e pesca das economias em desenvolvimento, em 2010, a cada US$ 1 milhão de incremento de sua demanda final seriam criados direta e indiretamente, em média, o equivalente a 205 novos empregos na economia como um todo. Para as economias desenvolvidas, porém, o indicador seria de apenas 31 empregos, de acordo com as estimativas apresentadas no estudo.
Os autores destacam ainda que os multiplicadores de emprego não avaliam a qualidade do emprego gerado. Ou seja, embora o multiplicador de emprego da manufatura se mostrasse menor do que o da agricultura, devido à maior automação da indústria, os autores lembram que há vasta literatura indicando que os empregos criados nos setores industriais envolvem, em geral, qualificação mais elevada e salários mais altos.
Ademais, pode-se observar que, ao longo dos anos, nos mais diversos setores e conjuntos de países, os multiplicadores de emprego se reduziram. Este poderia ser, segundo os economistas que realizaram a pesquisa, um indicativo de que a mecanização e/ou digitalização têm avançado nos mais diversos setores e países.
China e Índia, países mais populosos do mundo, registravam, em 1995, multiplicadores de emprego no setor de agricultura, silvicultura, caça e pesca de 1.921 e 2.357 empregos, respectivamente. Em 2010, os indicadores foram, respectivamente, de apenas 352 e 817 empregos, também em linha com a redução da participação relativa do emprego agrícola no emprego total ao longo do período.
O estudo destaca, ainda, que não se constatam diferenças muito grandes entre os multiplicadores de emprego registrados no setor de manufatura e nos setores de construção, comércio e serviços dentro de um mesmo conjunto de países (desenvolvidos e em desenvolvimento). Isso porque embora estes últimos sejam mais intensivos em mão de obra, a indústria ao apresentar maior capacidade de dinamizar a produção do conjunto da economia indiretamente alavanca o emprego.
As diferenças mais significativas ocorrem quando comparados os mesmos setores para grupos distintos de países, o que sugere ampla diferença na produtividade entre os países, associada, por exemplo, às diferenças em capital humano e defasagem tecnológica, cujos déficits são maiores nas economias em desenvolvimento em relação às economias desenvolvidas.
Dentre os 12 países em desenvolvimento analisados, Índia, Indonésia e China foram os que apresentaram maiores multiplicadores de emprego no setor manufatureiro em 2010, registrando, respectivamente, os seguintes valores: 200, 116 e 95 empregos. O valor registrado pelo Brasil foi de apenas 42 empregos.
Conclusão
Com base nos resultados empíricos descritos, o artigo “Manufacturing, economic growth, and real exchange rate: empirical evidence in panel data and input-output multipliers” indica a importância da indústria para o crescimento econômico, bem como os efeitos de uma taxa de câmbio desvalorizada sobre a taxa de crescimento da renda per capita, o que estaria condicionado à defasagem que o país apresenta em relação à fronteira tecnológica. Quanto maior a defasagem tecnológica, maiores seriam esses efeitos, segundo os autores do estudo.
Soma-se a isso o fato de que os multiplicadores de produção estimados no trabalho para o setor manufatureiro e os multiplicadores de emprego de todos os setores são maiores nos países em desenvolvimento do que nos países desenvolvidos, apontando a relevância que a manufatura possui a fim de fomentar um crescimento econômico mais acelerado, condição especialmente necessária para as economias de menor renda.