Carta IEDI
Crescimento difundido em maio de 2021
Com a reedição do auxílio emergencial e com o avanço da vacinação no Brasil e em outras partes do mundo, o que vem reaquecendo o comércio global, o nível de atividade econômica do país voltou a se ampliar em mai/21, de forma bastante disseminada entre os grandes setores. Comércio e serviços cresceram pelo segundo mês consecutivo e a indústria registrou sua primeira alta do ano.
O melhor desempenho coube às vendas do comércio varejista em seu conceito ampliado, que inclui os ramos de material de construção, veículos e autopeças: +3,8% frente a abr/21, já descontados os efeitos sazonais. Em seguida, veio a indústria com +1,4% depois de três meses declínio e de uma virtual estabilidade em jan/21. Serviços, por sua vez, registrou +1,2% na série com ajuste, mantendo o ritmo de dinamismo verificado no mês anterior.
Com isso, todos compensaram os efeitos da Covid-19. Em mai/21, o varejo ampliado encontrava-se 1,6% acima do nível de vendas pré-pandemia de fev/20, enquanto os serviços estava apenas 0,2% acima. A indústria, para quem 2021 ainda não trouxe expansão (-3,1% em mai/21 ante dez/20), ficou exatamente no mesmo patamar de fev/20.
A despeito desta evolução favorável, o indicador IBC-Br do Banco Central, que funciona como uma proxy do PIB, registrou variação negativa na passagem de abr/21 para mai/21, já descontados os efeitos sazonais: -0,43%. Mesmo assim, as expectativas para o crescimento da economia em 2021, segundo o Boletim Focus/BCB, continuaram progredindo favoravelmente, passando de +5% em meados de jun/21 para +5,99% em meados de jul/21.
Do ponto de vista da difusão de sinais positivos, o varejo se destaca mais uma vez com 90% de seus ramos no azul em relação ao mês anterior. Vale mencionar o papel favorável da progressiva flexibilização das medidas restritivas que muitas cidades adotaram para lidar com a piora da pandemia nos meses anteriores.
A única exceção coube ao varejo de produtos farmacêuticos e de perfumaria, que recentemente tem registrado alguma acomodação. Os melhores resultados vieram de ramos mais diretamente afetados pelas restrições à mobilidade das pessoas e, por isso, contavam com bases de comparação mais deprimidas: tecidos, vestuário e calçados (+16,8% ante abr/21 com ajuste), cujos hábitos dos consumidores tendem a implicar vendas presenciais, e combustíveis e lubrificantes (+6,9%).
Depois do varejo, foi o setor de serviços que apresentou melhor distribuição de sinais positivos: 60% de seus ramos tiveram aumento de faturamento real, com destaque para serviços prestados às famílias (+17,9%, com ajuste), mais beneficiados pela flexibilização do isolamento social e pela progressão da vacinação. Serviços de transporte (+3,7%), segmento muito relacionado ao nível geral de atividade econômica, tiveram a segunda maior alta.
Na indústria, porém, o placar foi mais dividido: apenas metade de seus macrossetores conseguiram crescer e 58% de seus ramos ficaram no positivo, sobretudo, aqueles que permanecem em um patamar muito distante do pré-pandemia, como vestuário e calçados, indústria extrativa, metalurgia, e derivados de petróleo, com influência positiva da retomada da economia mundial, além de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos.
Nos diferentes parques regionais da indústria o crescimento foi melhor disseminado, atingindo 73% das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE. A maioria destes parques no azul contaram com a ajuda de bases baixas de comparação: 7 deles tiveram perda em abr/21 e em alguns casos também nos meses anteriores. Entre os maiores centros industriais, foram os casos, por exemplo, de São Paulo e, em menor medida, do Rio Grande do Sul.
Os estados do Sudeste puxaram o dinamismo industrial na passagem de abr/21 para mai/21, ficando entre as maiores altas na série com ajuste sazonal. O sinal de reativação da indústria desta região é a novidade destes últimos dados, especialmente para São Paulo (+3,9%), que não registrava uma alta mais robusta desde set/20.
Indústria
Em mai/21, a indústria apresentou expansão da produção pela primeira vez depois de uma série de resultados negativos nos meses anteriores. A alta de +1,4% frente a abr/21, já descontados os efeitos sazonais, veio acompanhada de crescimento em pouco mais da metade dos seus ramos e na maioria dos parques regionais do setor, segundo o IBGE.
Ao todo, 15 dos 26 ramos acompanhados pelo IBGE tiveram aumento de produção frente a abr/21, com destaque para aqueles que permanecem em um patamar muito distante do pré-pandemia, como vestuário e calçados, indústria extrativa, metalurgia e derivados de petróleo, com influência positiva da retomada da economia mundial, além de alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos.
Entre os macrossetores industriais, metade conseguiu crescer, mas a outra metade permaneceu no vermelho, apontando para a parcialidade da reação de mai/21. Chama atenção a sequência de recuos que bens de consumo duráveis vêm apresentando. Não há um mês sequer de crescimento desde nov/20 na série com ajuste e agora em mai/21 registrou -2,4%. Bens intermediários, por sua vez, variou -0,6%, depois de cair -1,1% em abr/21.
Já bens de consumo semi e não duráveis foi quem registrou a maior taxa de crescimento na passagem de abr/21 pra mai/21, já corrigidos os efeitos sazonais: +3,6%, sob influência de alimentos, bebidas, vestuário e calçados. Isso, porém, após três meses seguidos de declínio. Bens de capital, que apresentam a trajetória mais consistente de recuperação, cresceram +1,3% frente a abr/21, com ajuste sazonal.
Regionalmente, das 15 localidades acompanhadas pelo IBGE, 11 apontaram aumento de produção, o equivalente a 73% do total. A maioria destes parques no azul contaram com a ajuda de bases baixas de comparação: 7 deles tiveram perda em abr/21 e em alguns casos também nos meses anteriores. Entre os maiores centros industriais, foram os casos, por exemplo, de São Paulo e, em menor medida, do Rio Grande do Sul.
Os estados do Sudeste puxaram o dinamismo industrial na passagem de abr/21 para mai/21, ficando entre as maiores altas na série com ajuste sazonal. O sinal de reativação da indústria desta região é a novidade destes últimos dados, especialmente para São Paulo (+3,9%), que não registrava uma alta mais robusta desde set/20.
Este é um desempenho muito bem-vindo, pois, embora as indústrias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais já tenham superado o nível de produção pré-pandemia (fev/20), a entrada de 2021 vinha comprometendo os ganhos de São Paulo, cuja produção em mai/21 continuou 1% abaixo daquela registrada em dez/20.
Se, recentemente, o Sudeste mostrou vitalidade, o mesmo não pode ser dito das regiões Nordeste e Sul do país. Nestes casos, não há novidade nos resultados, que há algum tempo são adversos. A pior situação é a da indústria nordestina como um todo, que não registra uma variação positiva na série com ajuste sazonal desde nov/20.
Em comparação com abr/21 a indústria do Nordeste caiu -2,8% e passou a se encontrar nada menos do que 23,5% abaixo do nível pré-pandemia. Neste caso, a redução do valor do auxílio emergencial pago às famílias pode estar pesando na evolução do setor atualmente, dado o ganho de renda adicional que as mensalidades de R$ 600 em 2020 significavam para a população da região.
Já os estados do Sul do país, que vinham com seguidos resultados negativos, saíram do vermelho em alguns casos, mas nem por isso voltaram a crescer. As variações de +0,1% em Santa Catarina e de +0,3% no Rio Grande do Sul, agora em mai/21, sugerem mais um quadro de estabilidade. Paraná, por sua vez, caiu -1,4% também frente a abr/21,já descontados os efeitos sazonais.
Deste modo, nos três casos acima 2021 ainda não se firmou como um ano de retomada. Os níveis de produção de mai/21 ficaram 6,4% abaixo daquele de dez/20 para a indústria gaúcha, 4,1% abaixo em Santa Catariana e 3,5% abaixo no Paraná. Assim, se todos estes parques já superaram os níveis pré-pandemia foi graças à reação registrada na segunda metade do ano passado.
Por fim, vale notar que Mato Grosso (+3,4%) e Goiás (+4,8%), cujas indústrias estão mais associadas às atividades agropecuárias, também se saíram bem em mai/21. Já no Norte do país, a indústria do Amazonas cresceu pouco (apenas +0,5%) e a do Pará caiu -2,1%.
Comércio
Depois de certa hesitação no início do ano, o comércio varejista registrou, em mai/21, expansão de vendas pela segunda vez consecutiva. Frente ao mês anterior, já descontados os efeitos sazonais e a inflação, o crescimento foi de +1,4% em seu conceito restrito e de +3,8% em seu conceito ampliado, que inclui as vendas de veículos, autopeças e material de construção.
Embora mais fraco que a alta de abr/21, revisada para cima realizada pelo IBGE, o aumento de mai/21 mostrou-se superior ao padrão inaugurado em set/20 na série com ajuste sazonal. A reedição do auxílio emergencial pago às famílias e a progressiva flexibilização das medidas restritivas, adotadas para lidar com a segunda onda de Covid-19 no país, contribuíram para revigorar o varejo nos últimos meses.
Deste modo, em comparação com o pré-pandemia, o nível real de vendas, voltou a ficar no positivo: 3,9% acima de fev/20 no conceito restrito e 1,6% acima no conceito ampliado. Alguns ramos estão em patamares ainda mais elevados, como produtos farmacêuticos e de perfumaria, bens de uso pessoal e doméstico e material de construção.
Na passagem de abr/21 para mai/21, a expansão na série com ajuste sazonal para o varejo como um todo foi acompanhada de altas em 9 de seus 10 ramos. A única exceção coube a produtos farmacêuticos e de perfumaria, que têm registrado ultimamente alguma acomodação.
Os melhores resultados em mai/21 vieram de ramos do varejo que foram mais diretamente afetados pelas recentes medidas restritivas à mobilidade das pessoas e, por isso, contavam com bases de comparação mais deprimidas. Foram os casos de tecidos, vestuário e calçados (+16,8% ante abr/21 com ajuste), cujos hábitos dos consumidores tendem a implicar vendas presenciais, e combustíveis e lubrificantes (+6,9%).
Apesar desta reação, ambos os segmentos permaneceram abaixo do nível de vendas do pré-pandemia: 3,1% abaixo no caso de tecidos, vestuário e calçados e 3,5% abaixo no caso de combustíveis e lubrificantes.
Também se saíram bem as vendas de outros artigos de uso pessoal e doméstico (+6,7% ante abr/21 com ajuste) e de material de construção (+5,0%). Ambos apresentam uma trajetória mais consistente de recuperação não apenas porque já haviam crescido com mais força no mês anterior, mas também porque ultrapassaram em muito o pré-pandemia: 18% acima de fev/20 e 21,9% acima, respectivamente. São ramos associados às mudanças no consumo derivadas do home office, confinamento etc.
O varejo de bens de consumo durável, por sua vez, também cresceu, ainda que em um ritmo mais modesto. Veículos e autopeças (+1,0% ante abr/21 com ajuste) e material de escritório e informática (+3,3%) ainda não retomaram níveis pré-pandemia (4,6% e 5,4% abaixo de fev/20, respectivamente). Já móveis e eletrodomésticos (+0,6%), registram certa acomodação, depois de uma fase de expansão mais forte na virada do primeiro para o segundo semestre de 2020, mas permaneceram acima do patamar de fev/20 (1,6% acima).
Também tem demonstrado acomodação o ramo de supermercados, alimentos e bebidas (+1,0% ante abr/21), alternando taxas positiva e negativas. Neste caso, suas vendas são impactadas pelo desemprego em níveis muito elevados e pela perda de poder de compra devido à inflação. Estes efeitos adversos, porém, tendem a ser amenizados pelo retorno do auxílio emergencial.
Serviços
Assim como para a indústria e o varejo, mai/21 foi um mês de expansão para o setor de serviços: +1,2% ante o mês anterior, com ajuste sazonal. Com isso, deu continuidade ao movimento positivo registrado em abr/21, mantendo o mesmo ritmo de dinamismo.
O setor acena, assim, para uma nova fase de recuperação, apoiada no avanço da vacinação contra a Covid-19 e na reedição do auxílio emergencial. Isso seria algo muito bem-vindo, já que só pontualmente os serviços conseguiram retomar níveis de faturamento pré-pandemia e rapidamente soltaram a declinar. Agora em mai/21 ficou 0,2% acima de fev/20.
Outro aspecto favorável deste último dado divulgado pelo IBGE é que a maioria dos seus ramos também registrou aumento de faturamento real. Três dos cinco ramos acompanhados ficaram no azul, ou seja, 60% do total, com destaque para serviços prestados às famílias.
Os serviços prestados às famílias, que tendem a ser mais beneficiados pela flexibilização do isolamento social e pela progressão da vacinação, tiveram aumento de +17,9% em seu faturamento real na passagem de abr/21 para mai/21, com ajuste sazonal. Seu componente alojamento e alimentação foi quem mais cresceu. Apesar disso, o segmento ainda permanece muito aquém do pré-pandemia: 29,1% abaixo de fev/20.
Outro segmento muito relacionado ao nível geral de atividade econômica é o de transportes e correios, cujo faturamento registrou +3,7% em mai/21, sob importante influência do transporte aéreo: +60,7%. Neste caso, embora o setor aéreo siga aquém do nível de faturamento pré-Covid (-28,9%), o segmento como um todo já o superou em 4,7%.
Serviços profissionais, administrativos e complementares, por sua vez, ficaram com a menor taxa positiva na comparação de mai/21 com abr/21: variou apenas +1,0%, depois de dois meses seguidos no vermelho. Por ora, é uma reação insuficiente, dado que se encontra em patamar 2,7% inferior ao pré-pandemia, devido ao componente de serviços administrativos e complementares, que reúne atividades de menor qualificação terceirizadas pelas empresas.
Entre aqueles que não cresceram em mai/21 estão serviços de informação e comunicação após dois meses seguidos de alta. É um ramo que, pelos efeitos do distanciamento social, não sofreu como os demais serviços. Não por acaso, é o que melhor se encontra em relação ao pré-pandemia: 6,4% acima de fev/21.
Por fim, o ramo de outros serviços, que agrega um conjunto diversificado de atividades, ficou praticamente estável, ao variar -0,2% ante abr/21. Foi sua segunda taxa negativa consecutiva, mas ainda está 3,3% acima de fev/20.