Carta IEDI
A reação do IED no Brasil e no mundo
A última edição do World Investment Report, relatório da UNCTAD sobre os investimentos estrangeiros diretos (IED), trouxe os dados de 2021, permitindo atualizar o ranking mundial dos maiores receptores de IED e os países que ocuparam os postos de suas principais origens.
No mundo, os fluxos de entrada de IED somaram, em 2021, valor de US$ 1,58 trilhão, implicando uma alta de +64,3% em relação ao ano anterior. Este montante superou, inclusive, os patamares pré-pandemia de Covid-19, pouco acima de US$ 1,4 trilhão, tanto em 2018 como em 2019.
O grupo de países que mais cresceu foi o dos desenvolvidos, que registrou aumento de +133,6% frente a 2020. O IED para o grupo dos países em desenvolvimento, a seu turno, avançou +30%.
A despeito desta disparidade recente quanto ao ritmo de expansão, o IED em países em desenvolvimento responderam pela maior parcela do total mundial. O montante de US$ 837 bilhões obtido por estes países em 2021 foi recorde e representou 53% do IED mundial. O grupo dos países desenvolvidos registraram IED no valor de US$ 746 bilhões ou 47% do total.
Em termos de regiões, a entrada de IED cresceu, sobretudo, nos países desenvolvidos (134%) do que nos países em desenvolvimento (30%), que totalizam, respectivamente, US$ 746 bilhões e US$ 837 bilhões em 2021.
Em especial, dentre os desenvolvidos, destacam-se os fluxos para os Estados Unidos, que mais do que dobraram entre 2020 e 2021, passando de US$ 150,8 bilhões para US$367,4 bilhões. Em termos nominais, este foi o terceiro maior valor de IED já registrado pelos EUA, ficando atrás de 2015 e 2016. Assim, os EUA consolidaram-se no topo do ranking dos maiores receptores de IED.
Já a China ocupou a 2ª posição do ranking de entrada de IED em 2021, ao registrar montante de US$ 181 bilhões, que, mesmo tendo crescido +21,2% frente a 2020, representou menos da metade da recepção de IED dos EUA.
No quesito atração de IED, o Brasil se destacou muito à frente da China e do total mundial em 2021. Em relação ao ano anterior, apresentamos um salto de +78,6%, condicionando o desempenho da América Latina como um todo (+56%). Com isso, subimos três posições no ranking internacional de IED da UNCTAD: da 9ª colocação em 2020 para a 6ª posição em 2021.
O valor atingido no ano passado, de US$ 50 bilhões em 2021, além de menos de 1/3 da entrada de IED na China, continuou abaixo do que era no pré-pandemia. Foi 23% inferior ao IED recebido em 2019 e 15,7% aquém do patamar médio dos 5 anos anteriores à pandemia (US$ 59,3 bilhões entre 2015 e 2019). Ou seja, é uma recuperação, porém, parcial.
No Brasil, segundo a UNCTAD, a entrada de IED destinou-se principalmente ao agronegócio, setor automotivo, fabricação de eletrônicos, tecnologia da informação e serviços financeiros. Os valores dos projetos greenfield anunciados e das operações internacionais de project finance no país aumentaram +35% e +32%, respectivamente, entre 2020 e 2021.
A UNCTAD destacou ainda algumas operações por seus montantes individuais, como o aporte inicial da Bravo Motor (EUA), em um projeto de greenfield de US$ 4,4 bilhões para produzir veículos elétricos, baterias e componentes, e o project finance internacional para a construção de um parque eólico offshore de 2 GW por US$ 5,9 bilhões, patrocinado pela Ocean Winds (Espanha). Conforme enfatiza a UNCTAD, a privatização do setor elétrico deve continuar sendo uma das principais portas de entrada para o IED no Brasil em 2022.
Quanto à saída de IED, o valor nas economias desenvolvidas mais do que duplicou, passando de US$ 408 bilhões em 2020 para US$ 1,3 trilhão em 2021, sob grande influência dos EUA (+72%), ampliando a parcela deste grupo para 75% do total das saídas globais de IED. Os EUA foram a maior origem de IED do mundo, seguidos por Alemanha e Japão.
Já a saída de IED em países em desenvolvimento subiu +17,8%, restringida pela redução verificada na China (-5,5%) e também em Hong Kong (-13,2%). Assim, de 2020 para 2021, a China caiu da 2ª posição no ranking de maiores origens de IED para a 4ª colocação e Hong Kong da 4ª para a 7ª posição.
Para 2022, a UNCTAD argumenta que a guerra na Ucrânia deve abalar a trajetória dos negócios internacionais e investimentos transfronteiriços não somente na região diretamente envolvida pelo conflito. Segundo a instituição, há riscos de uma crise tripla, alimentar, energética e financeira, com o prolongamento do conflito, impulsionando a inflação, ensejando aumentos das taxas de juros pelos países e agravando espirais de dívida.
A UNCTAD também menciona os novos surtos de COVID-19 na China, que provocaram bloqueios em algumas áreas estratégicas das cadeias de valor globais, devendo impactar negativamente o IED mundial.
Tendências globais recentes
A Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD) lançou, em junho último, a edição de 2022 do World Investment Report, com dados de 2021 para os fluxos globais de investimento estrangeiro direto (IED), que cresceram 64% frente a 2020, mais do que compensando o declínio do primeiro ano de pandemia de Covid-19.
Em valores, o IED mundial alcançou a marca de US$ 1,58 trilhão de dólares em 2021, valor este que foi 5% superior àquele registrado em de 2019, quando atingiu a marca de US$ 1,5 trilhão.
Assim, o desempenho na passagem de 2020 para 2021 colocou o IED à frente de outras variáveis importantes da economia mundial. O Produto Interno Bruto (PIB) global e o comércio mundial, por exemplo, cresceram +6,1% e +10,1% no ano passado, respectivamente, como lembra a UNCTAD.
Na definição da UNCTAD, o IED compreende investimentos que envolvem um relacionamento de longo prazo e refletem um interesse e controle duradouros por uma entidade residente em uma economia (investidor estrangeiro direto ou empresa matriz) em uma empresa residente em uma economia diferente daquela do investidor estrangeiro direto (empresa de IED ou empresa afiliada ou filial estrangeira).
O IED implica que o investidor exerce um grau significativo de influência sobre a administração da empresa residente na outra economia. Tal investimento envolve tanto a transação inicial entre as duas entidades, quanto todas as transações subsequentes entre elas e entre as afiliadas estrangeiras.
Os fluxos de IED, no cômputo da UNCTAD, compreendem o capital fornecido (diretamente ou através de outras empresas relacionadas) por um investidor estrangeiro direto a uma empresa, ou o capital recebido de uma empresa por um investidor estrangeiro direto.
O IED tem três componentes: capital social (equity capital), lucros reinvestidos e empréstimos intraempresa. Capital social é a compra por um investidor estrangeiro direto de ações de uma empresa em um país que não seja o seu. Os ganhos reinvestidos compreendem a parte do investidor direto (na proporção da participação direta no capital social) dos ganhos não distribuídos como dividendos pelas afiliadas, ou os ganhos não remetidos ao investidor direto. Tais lucros retidos pelas afiliadas são considerados reinvestidos. Já os empréstimos intraempresa ou transações de dívida intraempresa referem-se a empréstimos de curto ou longo prazo entre investidores diretos (empresas-mãe) e empresas afiliadas.
Assim, tomando-se os componentes do IED, os lucros reinvestidos – lucros retidos em afiliadas estrangeiras por multinacionais empresas (MNEs) – foram responsáveis pela maior parte do crescimento do IED em 2021, com expansão de 86% e correspondendo a mais da metade da entrada total de IED. Nos Estados Unidos, em especial, lucros reinvestidos atingiram US$ 200 bilhões – o nível mais alto já registrado.
O investimento global em ações cresceu mais moderadamente (+15%), refletindo a expansão mais limitada de novos investimentos em projetos e a mudança para financiamento de projetos internacionais. Os empréstimos intraempresa foram negativos globalmente.
Em termos de grupos de países, a entrada de IED cresceu, sobretudo, no conjunto de países desenvolvidos, onde registrou +134%, ficando à frente do grupo dos países em desenvolvimento (+30%). Embora a taxa de crescimento tenha sido superior nos países desenvolvidos, a entrada de IED em suas economias, em valor, totalizou US$ 746 bilhões em 2021, abaixo portanto dos US$ 837 bilhões dos países em desenvolvimento.
O IED é um conceito de balanço de pagamentos que envolve a transferência transfronteiriça de fundos que criam ou não novos ativos, respectivamente, as fusões e aquisições (F&A) e os investimentos em greenfield, que podem advir de projetos de financiamentos internacionais (Project finance).
As estatísticas de F&A e de project finance mostradas no Relatório se baseiam informações relatadas pela Refinitiv (fornecedor global americano-britânico de dados e infraestrutura do mercado financeiro), que compõem a base da UNCTAD. As estatísticas de F&A estão de acordo com a definição de IED quando há participação acionária.
Projetos de greenfield, por sua vez, envolvem novos ativos de negócios, como máquinas, instalações físicas etc. Nos financiamentos de projeto internacionais (international project finance), vários atores privados e públicos estão envolvidos, uma das formas mais importantes de investimento sob a perspectiva do desenvolvimento e um método corrente para financiar os investimentos greenfield.
Tomando-se os grupos de economias e os tipos de IED, as F&A cresceram respectivamente 58% em 2020 e 31% em 2021, projetos de greenfield 27% e 0% e project finance 149% e 142%. O forte crescimento desse último tipo fez com que sua parcela no IED total subisse de 27% para 48% nas economias desenvolvidas e de 39% para 59% nas economias em desenvolvimento de 2020 para 2021.
A despeito da evolução recente, a UNCTAD sublinha que a guerra na Ucrânia deve abalar a trajetória dos negócios internacionais e, consequentemente, dos investimentos transfronteiriços não somente na região do conflito. O quadro em desenho remete a uma potencial crise tripla: alimentar, energética e financeira, com o aumento dos preços da energia e das commodities básicas impulsionando a inflação e agravando as espirais de dívida.
Ademais, para 2022, a UNCTAD também aponta o impacto negativo sobre o IED mundial do ressurgimento de surtos de Covid-19 na China, que provocou novos bloqueios em algumas áreas estratégicas das cadeias de valor globais (CGV).
Com tais fatores em tela, a instituição espera um aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, Europa e em outras grandes economias impactadas por aceleração inflacionária. Isso reforçaria movimento de queda dos investimentos.
De acordo com dados preliminares da UNCTAD, no primeiro trimestre de 2022 o número de anúncios de projetos greenfield estava 21% abaixo da média trimestral de 2021 e 13% menor no caso de F&A, enquanto project finance internacional acusava recuo de -4%.
Panorama geral do IED por localidades e setores
A recuperação dos fluxos de IED se manifestou na maioria das regiões em 2021, à exceção de Europa, África do Norte e África Central. O aumento mais expressivo dos fluxos de IED ficou a cargo dos países desenvolvidos (+133,6%), levando sua participação de volta aos níveis pré-pandêmicos, em cerca da metade do total.
De 48 países desenvolvidos na lista da UNCTAD, 34 apontaram aumento do influxo de IED, ou seja, uma fração de 71% destes países. Na América do Norte, os fluxos para os Estados Unidos mais do que dobraram, chegando a US$ 367 bilhões, o terceiro maior valor em termos nominais já registrado, ficando atrás penas dos de 2015 e 2016. Assim, os EUA se consolidaram no topo do ranking dos maiores receptores de IED.
Nos EUA, F&A cresceram consideravelmente, sendo que, entre os 18 acordos internacionais que superaram US$ 10 bilhões em 2021, metade visou os EUA, como a aquisição de Alexion pela AstraZeneca (Reino Unido) por US$ 39 bilhões, a de GE Capital Aviation Services pela AerCap Holdings (Irlanda) por US$ 31 bilhões, a de Kansas City Sul pela Ferrovia Canadense do Pacífico (Canadá) por US$ 31 bilhões e a da Speedway por Seven & I Holdings (Japão) por US$ 21 bilhões.
Em 2021, outros destaques em termos de entrada de IED no grupo dos países desenvolvidos foram Canadá, Israel, Austrália, Japão e Coreia do Sul. Na União Europeia (UE), a entrada de IED foi de US$ 138 bilhões de dólares, o menor nível desde 1997 por conta principalmente dos fluxos negativos da Holanda (-US$ 81 bilhões) e de Luxemburgo (-US$ 9 bilhões), bem como das reduções expressivas na Alemanha (-52%, de US$ 65 bilhões em 2020 para US$ 31 bilhões).
As F&A transfronteiriças na UE caíram 26% de 2020 para 2021, embora aquelas intra UE tenham duplicado, pela expansão de empresas francesas e alemãs na região. Entre os maiores acordos de F&A, estiveram o da Fiat Chrysler Automobiles com a Peugeot (França) por US$ 22 bilhões e o da GW Pharmaceuticals com a Jazz Pharmaceuticals (Estados Unidos) por US$ 6,8 bilhões.
Nas economias em desenvolvimento, a seu turno, a entrada de IED cresceu 30% em 2021, alcançando o maior patamar da história: US$ 837 bilhões. Este resultado foi puxado pela Ásia, com recorde de entrada de IED de US$ 619 bilhões, enquanto na América Latina e no Caribe e na África a recuperação foi parcial ou inexistente.
A Ásia em desenvolvimento é a maior região destinatária de IED no mundo, com 40% dos fluxos globais, sendo que somente na sua sub-região do sul não houve crescimento em 2021 relativamente a 2020. China, Hong Kong, Singapura, Índia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, nessa ordem, representam mais de 80% do IED para a região.
A China, 2ª no ranking de entrada de IED, teve aumento de 21% nos influxos de 2020 para 2021, puxado pelos setores de serviços e alta tecnologia. Quanto aos acordos internacionais de project finance, a quantidade foi de 25, o maior até então, com foco em energias renováveis e imóveis industriais. Um dos maiores projetos de project finance na China foi a construção de um centro de dados pelo Princeton Digital Group (Singapura) em Xangai por US$ 1 bilhão.
A despeito deste desempenho, as tendências de IED na China em 2022 têm sido negativamente afetadas por novos lockdowns em partes importantes do país, com implicações significativas para a produção global.
Para 2022, outro destaque negativo quanto à entrada de IED tem sido a Rússia, que deve ser bastante prejudicada pelas sanções dos países ocidentais em decorrência da invasão da Ucrânia. Este quadro deve reverter fortemente a recente ascensão da Rússia no ranking, que passou da 22ª colocação em 2020 para a 9ª posição em 2021.
Na América do Sul, o IED cresceu 74%, atingindo um montante de US$ 88 bilhões, com destaque para as atividades relacionadas a commodities e mineração. Brasil, Chile e Colômbia foram os principais destinatários.
No Brasil, os investimentos no agronegócio, indústria automotiva, eletrônicos, tecnologia da informação e serviços financeiros ensejaram um aumento de 78% na entrada de IED, chegando a US$ 50 bilhões. Com isso, sua posição no ranking da UNCTAD subiu da 9ª para a 6ª entre 2020 e 2021.
Além da entrada de IED, isto é, da recepção de investimentos, a UNCTAD também dispõe de dados a respeito da saída de IED, ou seja, da origem destes investimentos.
Em termos de saída de IED, em 2021, as empresas multinacionais de economias desenvolvidas mais do que duplicaram seus investimentos no exterior para US$ 1,3 trilhão, tendo sido US$ 408 bilhões em 2020. Assim, a parcela daquele grupo na saída total de IED global atingiu 75%.
Em especial, a saída de IED da Europa, que havia sido negativa em US$ 21 bilhões, em 2020, voltou para terreno positivo em 2021, chegando ao montante de US$ 552 bilhões, sob liderança da Alemanha, que passou da 6ª para a 2ª posição no ranking mundial, Reino Unido (5ª), Rússia (8ª) e Holanda (13ª).
Os fluxos de saída da América do Norte atingiram recorde de US$ 493 bilhões, graças ao aumento de 72% do IED dos EUA para o resto do mundo (US$ 403 bilhões), mantendo-se o maior provedor mundial. Particularmente, o fluxo de IED dos EUA para o Reino Unido dobrou de 2020 para 2021 e para o México quase triplicou.
Cabe ainda observar quanto ao IED dos EUA no restante do mundo os setores de destaque: os maiores aumentos foram no comércio atacadista, de um valor negativo de US$ 1 bilhão em 2020 para um valor positivo de US$ 38 bilhões em 2021, e nas finanças, de US$ -30 bilhões para US$ 39 bilhões.
Também o Japão retomou expressivamente a saída de IED, com crescimento de 53%, passando da 5ª posição em 2020 para a 3ª colocação do ranking em 2021. Já o IED a partir da China e Hong Kong (China), caíram 6% e 13%, respectivamente. Assim, de 2020 para 2021, a China recuou da 2ª para a 4ª posição no ranking e Hong Kong, da 4ª para a 7ª posição.
Cabe destacar, ainda, a presença do Brasil no ranking dos 20 maiores investidores estrangeiros em 2021. Geralmente fora da lista das principais origens de IED do mundo, ficando em 2020 no “final da fila”, na 163ª colocação (fluxo negativo de US$ 13 bilhões), ocupou o posto de 16ª maior origem de IED, devido a um fluxo positivo de US$ 23 bilhões, como explicado na seção seguinte.
Tomando-se o IED mundial por modalidades e setores em 2021, os projetos greenfield cresceram 15% em valor e 11% em número de operações relativamente a 2020. O montante total de IED greenfield na indústria de transformação (+23%, em valor) apontou a maior expansão em comparação com a agropecuária (+15%) e os serviços (+8%), embora este último setor permaneça com a maior parcela do total.
Entre os diferentes ramos, os que receberam mais investimentos greenfield foi o de equipamentos eletrônicos e elétricos, com crescimento de 156% em valor, de 2020 para 2021, seguido pelos ramos de informação e comunicação e de fornecimento de energia e gás.
No IED decorrente de F&A, o crescimento foi de 53% no valor líquido e de 46% no número das transações entre 2020 e 2021. Mais da metade do total em valor destinou-se ao setor de serviços, onde o IED expandiu 108%. F&A na indústria de transformação cresceram 5% em valor líquido. Os ramos de destaque foram informação e comunicação, farmacêuticos, finanças e seguros.
Por sua vez, os acordos internacionais de project finance totalizaram US$ 1,18 trilhão em 2021, tendo sido US$ 484 bilhões em 2020. O número de transações quase dobrou, de 1.262 para 2.215. Os principais ramos contemplados foram: energia renovável (US$ 502 bilhões), atividades imobiliárias industriais (US$ 135 bilhões) e atividades imobiliárias residenciais (US$ 30 bilhões).
IDE no Brasil em 2021 e perspectivas para 2022
Em 2021 o Brasil continuou assinalando uma das maiores incidências de casos e de mortes por Covid-19 mundialmente, com lentidão para o governo federal promover o início da vacinação da população. A crise sanitária impediu que as expectativas de retomada se animassem.
Assim, a entrada de IED, apesar de ter passado de US$ 28,3 bilhões em 2020 para US$ 50,4 bilhões, com crescimento superior que o total mundial (+78,6% ante +64,3%), manteve-se abaixo da média dos 5 anos anteriores à pandemia (US$ 59 bilhões).
Vale lembrar que o montante baixo de entrada em 2020 foi puxado pela queda dos fluxos no setor de serviços, especialmente eletricidade e gás, comércio excluindo veículos (-33%), serviços financeiros e transporte e logística (-90%). Embora o IED em atividades de extração de petróleo e gás também tenha despencado, registrou influxos expressivos relacionados às privatizações. Já a saída de IED foi negativa em 2020 por causa das operações de levantamento de fundos através das subsidiárias no exterior de multinacionais domésticas.
Em 2021, a entrada de IED no Brasil destinou-se principalmente ao agronegócio, setor automotivo, fabricação de eletrônicos, tecnologia da informação e serviços financeiros. Os valores dos projetos greenfield anunciados e das operações internacionais de project finance no país aumentaram 35% e 32%, respectivamente, entre 2020 e 2021.
Destacaram-se o aporte inicial da Bravo Motor (Estados Unidos) em um projeto de greenfield de US$ 4,4 bilhões para produzir veículos elétricos, baterias e componentes, bem como o project finance internacional para a construção de um parque eólico offshore de 2 GW por US$ 5,9 bilhões, patrocinado pela Ocean Winds (Espanha). Conforme analisa a UNCTAD, a privatização do setor elétrico deve continuar sendo uma das principais portas de entrada para o IED no Brasil em 2022.