Carta IEDI
O Brasil no Mapa da Competitividade Global
A última edição do Relatório da Competitividade Global, publicação anual do Fórum Econômico Mundial (disponível em http://www.weforum.org), destaca que o Brasil subiu oito posições no ranking da competitividade global em 2009, passando da 64ª posição para a 56ª.
Embora seja um fenômeno complexo, com vários determinantes, muitos dos quais agem em simultâneo e se autorreforçam, a competitividade pode ser definida como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país, o qual, por sua vez, assegura o nível de prosperidade sustentável que pode ser alcançado pela economia. Desse modo, uma economia mais competitiva, com produtividade elevada, tende a gerar níveis de rendas mais elevados para seus cidadãos, bem como alto retorno para os investimentos, motor fundamental para o crescimento de médio e longo prazo.
Para capturar os múltiplos aspectos desse conceito complexo, o Índice de Competitividade Global procura quantificar cada um dos 12 pilares da competitividade:
1º. Instituições. O ambiente institucional sólido, caracterizado por instituições e arcabouço legal e administrativo de qualidade, é essencial para a competitividade e para o crescimento.
2º. Infraestrutura. Infraestrutura abrangente e eficiente é motor essencial de competitividade, pois é um dos fatores determinantes da localização da atividade econômica e do tipo de setores de atividade que podem se desenvolver em uma economia particular.
3º. Estabilidade Macroeconômica. A estabilidade do ambiente macroeconômico é importante para os negócios e para competitividade de um país.
4º. Saúde e Educação Primária. Uma força de trabalho saudável e com nível de educação básica adequado é vital para a produtividade e competitividade de um país.
5º. Educação Superior e Treinamento. Educação superior de qualidade e treinamento contínuo também é crucial para as economias que avançam na cadeia de valor.
6º. Eficiência nos mercados de bens. A concorrência saudável tanto no âmbito doméstico como internacional é um importante motor para a eficiência dos mercados de bens e serviços e para maior produtividade dos negócios.
7º. Eficiência do Mercado de Trabalho. A eficiência e a flexibilidade do mercado de trabalho são críticas para assegurar tanto a alocação dos trabalhadores para o melhor uso dos talentos na economia como os incentivos adequados para que esses dêem os seus melhores esforços.
8º. Sofisticação do Mercado Financeiro. Um setor financeiro eficiente canaliza os recursos para os projetos empresariais de investimento de mais alto retorno, mediante uma adequada avaliação de riscos.
9º. Disponibilidade de Tecnologia. A rapidez com que a economia adota tecnologias existentes para elevar a produtividade de suas indústrias é um componente fundamental da competitividade no mundo globalizado.
10º. Tamanho do Mercado. O tamanho do mercado afeta a produtividade porque mercados maiores permitem que empresas explorem as economias de escala.
11º. Sofisticação dos Negócios. Expressa na qualidade das redes de negócios do país e das operações e estratégias das empresas individuais, a sofisticação dos negócios conduz à maior eficiência na produção de bens e serviços, favorecendo aumento da produtividade e, por consequência, a competitividade da nação.
12º. Inovação. Apenas a inovação garante a elevação do padrão de vida no longo prazo. Naquelas economias em estágio avançado de desenvolvimento, as empresas precisam continuamente inovar em produto e em processos para se manterem competitivas.
Combinando informações quantitativas das estatísticas internacionais com informações qualitativas obtidas na pesquisa de opinião realizada junto à comunidade empresarial em 133 países, o Índice de Competitividade Global (IGC) fornece um retrato, mais próximo possível da realidade, do ambiente econômico dos países e de suas habilidades em alcançar e manter níveis sustentáveis de crescimento e prosperidade.
Em relação ao Brasil, o relatório salienta que, desde a década de 1990, quando realizou a abertura da economia e adotou medidas em prol da sustentabilidade fiscal, o País vem reforçando os fundamentos da competitividade e melhorando o ambiente para o desenvolvimento do setor privado. Em relação ao ano de 2008, a economia brasileira registrou avanços adicionais, notadamente no que se refere à sofisticação dos negócios e ao forte potencial em inovação. Além disso, o País também tem, como vantagens, o tamanho do mercado doméstico e o grau de desenvolvimento do mercado financeiro.
Igualmente, em uma pesquisa complementar à análise do ICG, realizada com dezesseis economistas, sobre os impactos da crise em trinta e sete países, o Brasil é apontado, ao lado da China, Índia, Canadá e Austrália, como uma das cinco economias cuja competitividade deverá aumentar em consequência da recessão mundial. Na avaliação desses economistas, a competitividade brasileira seria a mais favoravelmente afetada pela crise dentre essas cinco economias.
Porém, o Brasil apresenta uma série de deficiências que impedem a realização do seu potencial competitivo e a redução da pobreza e da desigualdade da renda. O ambiente institucional, a estabilidade macroeconômica e a eficiência dos mercados de bens e trabalho continuaram sendo mal avaliados, não obstante os progressos realizados nos últimos anos. Ademais, as áreas de educação fundamental e saúde e de educação superior e treinamento também exigem substanciais melhoramentos. A despeito dos avanços já obtidos, o relatório destaca que é necessário esforço adicional para elevar a qualidade do ensino e reduzir a disparidade regional. Também no pilar de infraestutura, a economia brasileira apresenta desvantagem competitiva, sobretudo no que se refere à qualidade das rodovias e dos portos.
O relatório também apresenta os resultados da pesquisa do Fórum Econômico Mundial sobre os principais obstáculos identificados pelos executivos para a condução dos seus negócios. De acordo com os executivos brasileiros entrevistados, os principais problemas do Brasil são, por ordem de importância, a legislação tributária, o peso da tributação, a legislação trabalhista restritiva, a ineficiência da burocracia estatal, a dificuldade de acesso a financiamento, a oferta inadequada de infraestrutura e a corrupção.
Os Doze Pilares da Competitividade. De acordo com o Relatório da Competitividade Global, publicação anual do Fórum Econômico Mundial, a competitividade pode ser definida como o conjunto de instituições, políticas e fatores que determinam o nível de produtividade de um país, o qual, por sua vez, assegura o nível de prosperidade sustentável que pode ser alcançado pela economia. Desse modo, uma economia mais competitiva, com produtividade elevada, tende a gerar níveis de rendas mais elevados para seus cidadãos, bem como alto retorno para os investimentos, motor fundamental para o crescimento de médio e longo prazo.
A competitividade possui vários e complexos determinantes, muitos dos quais agem em simultâneo e se autorreforçam. Para dar conta dessa complexidade, o Índice de Competitividade Global procura capturar os múltiplos aspectos desse conceito. Esses aspectos, ou componentes, são agrupados no que os autores do relatório denominam os 12 pilares da competitividade:
1º. Instituições. O ambiente institucional sólido, caracterizado por instituições e arcabouço legal e administrativo de qualidade, é essencial para a competitividade e para o crescimento. A qualidade das instituições influencia as decisões de investimento, a organização da produção e desempenha papel central na distribuição pela sociedade dos benefícios e dos custos das estratégias e políticas de desenvolvimento. Além da estrutura jurídica, a qualidade da gestão governamental das finanças públicas e a atitude do governo em relação ao mercado e às liberdades também são críticas para o ambiente empresarial doméstico. Igualmente importante para o processo de criação da riqueza são as instituições privadas, cuja atuação deve se pautar pela ética, boa governança e transparência.
2º. Infraestrutura. Infraestrutura abrangente e eficiente é motor essencial de competitividade, pois é um dos fatores determinantes da localização da atividade econômica e do tipo de setores de atividade que podem se desenvolver em uma economia particular. Uma infraestrutura – de transporte, energia e telecomunicação – bem desenvolvida promove a integração do mercado nacional, garante o funcionamento dos negócios e empresas, reduz o custo da conexão com outros países e/ou regiões e favorece a rápida circulação de informações. A qualidade e abrangência da infraestrutura também têm impacto relevante para o crescimento econômico e para redução da desigualdade de renda e da pobreza.
3º. Estabilidade Macroeconômica. A estabilidade do ambiente macroeconômico é importante para os negócios e para a competitividade de um país. Embora a estabilidade macroeconômica isoladamente não promova elevação da produtividade, a estabilidade é essencial para o crescimento econômico sustentável.
4º. Saúde e Educação Primária. Uma força de trabalho saudável e com nível de educação básica adequado é vital para a produtividade e competitividade de um país. Investimentos na provisão de serviços de saúde e de educação básica de qualidade contribuem para aumentar a eficiência dos trabalhadores, permitindo as empresas moverem para uma produção mais sofisticada e intensiva em valor. Em uma perspectiva de longo prazo é essencial evitar a redução dos recursos governamentais alocados nessas duas importantes áreas.
5º. Educação Superior e Treinamento. Educação superior de qualidade e treinamento contínuo também são cruciais para as economias que avançam na cadeia de valor. No mundo atual de economia globalizada é fundamental que os trabalhadores tenham capacidade de se adaptarem a um ambiente em constante transformação.
6º. Eficiência nos Mercados de Bens. A concorrência saudável, tanto no âmbito doméstico como internacional, é um importante motor para a eficiência dos mercados de bens e serviços e para maior produtividade dos negócios. O ambiente adequado para a oferta e a demanda de bens e serviços requer igualmente liberdade para atividade econômica, com o mínimo de intervenção estatal, de modo a evitar que a concorrência seja afetada pelo peso dos impostos e por regras limitadoras do comércio internacional e de investimento direto estrangeiro. A sofisticação e orientação dos consumidores também podem contribuir para promover a maior eficiência dos mercados ao forçar as empresas a buscar inovação e a atender os consumidores exigentes.
7º. Eficiência do Mercado de Trabalho. A eficiência e a flexibilidade do mercado de trabalho são críticas para assegurar tanto a alocação dos trabalhadores para o melhor uso dos talentos na economia como os incentivos adequados para que esses dêem os seus melhores esforços. Os mercados de trabalho devem ter flexibilidade para permitir transferência de trabalhadores de uma atividade à outra, de forma rápida e com baixo custo, bem como a flutuação dos salários sem rupturas sociais.
8º. Sofisticação do Mercado Financeiro. A crise atual mostrou o papel essencial para atividade econômica de um setor financeiro saudável e em bom funcionamento, com regulamentação apropriada e transparência. Um setor financeiro eficiente canaliza os recursos para os projetos empresariais de investimento de mais alto retorno, mediante uma adequada avaliação de riscos. As economias com mercados financeiros sofisticados disponibilizam recursos ao setor privado tanto sob a forma de empréstimos bancários como de títulos negociáveis, capital de risco e outros produtos financeiros.
9º. Disponibilidade de Tecnologia. A rapidez com que a economia adota tecnologias existentes para elevar a produtividade de suas indústrias é um componente fundamental da competitividade no mundo globalizado. Em particular, pelos seus efeitos de transbordamento para outros setores de atividade econômica e por sua importância para as transações comerciais, o acesso aos produtos e projetos avançados de tecnologia de informação tornou-se crucial para a competitividade das empresas.
10º. Tamanho do Mercado. O tamanho do mercado afeta a produtividade porque mercados maiores permitem que as empresas explorem economias de escala. Na era da globalização, os mercados internacionais tornaram-se substitutos dos mercados domésticos, sobretudo para as economias pequenas. Há vasta evidência empírica de que a abertura comercial favorece o crescimento, em particular em economias com mercados domésticos pequenos.
11º. Sofisticação dos Negócios. Expressa na qualidade das redes de negócios do país e das operações e estratégias das empresas individuais, a sofisticação dos negócios conduz à maior eficiência na produção de bens e serviços, favorecendo o aumento da produtividade e, por consequencia, a competitividade da nação. Quando as empresas e seus fornecedores estão interconectados em áreas geográficas próximas, há aumento da eficiência, criam-se maiores oportunidades para inovação e reduzem-se as barreiras à entrada de novas empresas.
12º. Inovação. Embora seja possível obter ganhar substanciais do aperfeiçoamento das instituições, da construção de infraestrutura, da redução da instabilidade macroeconômica, da melhoria do capital humano, da maior eficiência dos mercados – de bens e serviços, de trabalho e financeiro –, apenas a inovação garante, no longo prazo, a elevação do padrão de vida. Naquelas economias em estágio avançado de desenvolvimento, as empresas precisam continuamente inovar em produto e em processos para se manterem competitivas. A atividade de inovação exige um ambiente adequado e apoio dos setores público e privado.
Cada um desses doze pilares é avaliado mediante um amplo conjunto de variáveis. Combinando informações quantitativas das estatísticas internacionais com informações qualitativas obtidas na pesquisa de opinião realizada junto à comunidade empresarial em 133 países, o Índice de Competitividade Global fornece um retrato, mais próximo possível da realidade, do ambiente econômico dos países e de suas habilidades em alcançar e manter níveis sustentáveis de crescimento e prosperidade.
Além de capturar as perspectivas de crescimento e de produtividade no longo prazo, o ICG mostra que a competitividade é um fenômeno complexo. Elevar a competitividade exige reformas em diferentes áreas que afetem a produtividade de longo prazo das economias nacionais. As economias mais competitivas em diferentes áreas estão, em geral, em condições de reverter de forma mais rápida a fase de desaceleração do ciclo econômico e de iniciar uma forte retomada do crescimento. Embora afetem o crescimento dos países no curto prazo, os movimentos do ciclo econômico podem resultar em consequências, positivas ou negativas, para a competitividade, caso tenham efeitos de longo prazo sobre os pilares da competitividade.
O Índice de Competitividade Global e os Estágios de Desenvolvimentos. De acordo com os autores do relatório, os países percorrem o caminho do desenvolvimento econômico, avançando por estágios sucessivos. Os diferentes pilares de competitividade afetam diferentemente países que se encontram em estágios distintos de desenvolvimento.
No primeiro estágio de desenvolvimento, a economia é conduzida por fatores de produção. Nesse estágio, os países competem a partir de suas dotações de recursos naturais e de mão-de-obra não qualificada. As empresas concorrem em preço e vendem produtos básicos ou commodities. Manter a competitividade nesse estágio de desenvolvimento requer, basicamente, instituições públicas e privadas em bom funcionamento (pilar 1), infraestrutura bem desenvolvida (pilar 2), ambiente macroeconômico estável (pilar 3) e força de trabalho alfabetizada e saudável (pilar 4).
Na medida em que os países avançam no percurso do desenvolvimento, os salários sobem. Para sustentar o nível de renda mais alto é necessário elevar a produtividade do trabalho. Quando os países ingressam nesse estágio mais avançado de desenvolvimento torna-se necessário aumentar a eficiência dos processos de produção e elevar a qualidade dos produtos. Nesse estágio de economia conduzida por eficiência, os motores da competitividade são a educação superior e o treinamento da mão-de-obra (pilar 5), a eficiência do mercado de bens (pilar 6), bom funcionamento do mercado de trabalho (pilar 7), a sofisticação do mercado financeiro (pilar 8), a habilidade de extrair vantagens da tecnologia existente (pilar 9) e amplo mercado doméstico e estrangeiro (pilar 10).
Quando os países movem para o estágio de economia conduzida por inovação, a manutenção de salários e padrões de vida mais elevados depende fundamentalmente da capacidade das empresas em concorrer com novos e únicos produtos. Nesse estágio, as empresas precisam inovar (pilar 12), produzindo bens e serviços novos e diferenciados a partir de processos de produção mais sofisticados (pilar 11).
Embora todos os doze pilares sejam importantes em certa medida para todos os países, a importância relativa de cada um deles depende do estágio de desenvolvimento de cada país em particular. Para capturar essa especificidade, a incorporação do conceito de estágios de desenvolvimento no Índice de Competitividade Global (ICG) foi realizada com atribuição de maior ponderação relativa aos pilares mais relevantes para o país, considerando o seu estágio de desenvolvimento. Com esse propósito, os pilares foram organizados em três subíndices – Requerimentos Básicos, Aumentos de Eficiência, Fatores de Inovação e Sofisticação – cada qual essencial a um estágio particular de desenvolvimento. A pontuação do ICG e dos seus três subíndices está entre zero e sete.
A classificação dos países segundo o estágio de desenvolvimento se baseia em dois critérios, ambos com pesos idênticos. O primeiro é o nível do PIB per capita à taxa de câmbio de mercado, que é tomado como proxy dos salários em base comparável internacionalmente. Países com renda per capita inferior a US$ 2 mil estariam no estágio 1 de desenvolvimento, enquanto os países com renda per capita acima de US$ 3 mil e abaixo de US$ 9 mil estariam no estágio 2 e os países com renda per capita acima de US$ 17 mil estariam no estágio 3, o mais avançado. Países com níveis de renda per capita intermediário estariam em transição, seja do estágio 1 para o estágio 2, seja do estágio 2 para o estágio 3.
O segundo critério procura mensurar a importância dos recursos naturais para a economia do país, utilizando como proxy a participação das exportações de produtos minerais – incluindo todos os minerais metálicos, petróleo e derivados, gás liquefeito, carvão mineral e pedras preciosas – no total de bens e serviços exportados. Considera-se que aqueles países que exportaram, na média dos últimos cinco anos, mais de 70% de produtos minerais são, em grande medida, economias conduzidas por fatores.
De acordo com esses critérios, o Brasil foi classificado no estágio 2, ao lado da África do Sul, Argentina, China Malásia, Peru, Tailândia. Já a Índia aparece no estágio 1 enquanto a Rússia foi classificada como em transição entre os estágios 2 e 3, ao lado do Chile, México, Polônia, Turquia e Uruguai.



O Ranking de Competitividade Global em 2009. Os efeitos da crise atual se fizeram sentir em vários pilares da competitividade. Em particular, o ICG capturou o enfraquecimento da avaliação dos mercados financeiros e do ambiente institucional, bem como o aumento da instabilidade macroeconômica em alguns países. Todavia, a crise atual está sendo considerada como potencialmente positiva, dado que abre oportunidade para realização de reformas estruturais, que terão efeitos benéficos para a produtividade no longo prazo.
Os dez países mais bem avaliados no ranking do ICG em 2009 são: Suíça, Estados Unidos, Cingapura, Suécia, Dinamarca, Finlândia, Alemanha. Japão, Canadá e Holanda. De acordo com o relatório, todos esses países estavam igualmente classificados entre os dez primeiros no ano anterior. Contudo, a pontuação global média declinou de 5,51 (máximo de 7) em 2008 para 5,45 em 2009, resultado que, no contexto de recessão atual, sugere declínio na competitividade média do grupo dos dez principais países. Igualmente, houve troca de posição entre os países, com os Estados Unidos perdendo para a Suíça o posto de país mais competitivo do mundo.
A economia suíça se caracteriza por uma excelente capacidade de inovação e cultura empresarial muito sofisticada, com elevado gasto em pesquisa e desenvolvimento e forte colaboração entre universidades e empresas. As instituições públicas suíças estão entre as mais efetivas e transparentes do mundo, o que favorece a confiança dos empresários. A competitividade do país pela excelente infraestrutura e pelo bom funcionamento dos mercados de bens e de trabalho. Igualmente, o ambiente macroeconômico na Suíça ainda permanece consideravelmente mais estável do que o dos Estados Unidos e dos seus vizinhos europeus. Já o principal ponto fraco da economia suíça reside no baixo percentual de matriculas em cursos universitários em comparação com os demais países altamente inovadores.
Os Estados Unidos permanecem como uma economia altamente competitiva, com características estruturais marcantes. A economia americana conta com empresas inovadoras altamente sofisticadas, operando em mercados de fatores muito eficientes, e com um excelente sistema universitário, que colabora estritamente com o setor privado empresarial na realização de P&D. Todavia, a economia americana apresenta debilidades em algumas áreas em particular, as quais se aprofundaram no período recente. A ampliação dos desequilíbrios macroeconômicos, sobretudo do déficit fiscal, que implica maior endividamento, faz com que a principal fraqueza da economia americana seja a estabilidade macroeconômica. A classificação dos Estados Unidos nesse ranking declinou de 66ª posição em 2008 para 93ª em 2009. Aspectos do ambiente institucional na avaliação realizada pelo Fórum Mundial, além da percepção de que o governo desperdiça recursos, a comunidade empresarial americana está bastante preocupada com o aumento da intervenção do governo. Igualmente, em razão dos escândalos financeiros, houve aumento de preocupação com o funcionamento das instituições do setor privado.
Cingapura foi outro país que ganhou posição mais elevada no ranking da competitividade global, subindo da quinta para a terceira posição, a melhor entre todos os países asiáticos. Além de ter um dos melhores ambientes institucionais do planeta, a confiança dos empresários no governo vem, de acordo com o relatório, aumento ao longo dos últimos anos, em movimento inverso ao observado em muitos países. A economia de Cingapura ocupa o primeiro lugar mundial em termos da eficiência dos mercados de bens e de trabalho e o segundo lugar no que se refere à sofisticação do mercado financeiro, o que assegura alocação adequada dos fatores para seus melhores usos. O país conta igualmente com excelente infraestutura, educação de qualidade, o que garante a oferta de trabalhadores altamente qualificados. Além disso, o governo estimula a adoção de tecnologias avançadas e encoraja a atividade inovadora das empresas.
Os países nórdicos, Suécia, Dinamarca e Finlândia ocupam, respectivamente, a quarta, a quinta e a sexta posição do ranking de competitividade. Esses três países se destacam em várias áreas. Todos os três apresentam excelente ambiente institucional, com instituições eficientes e transparentes. Igualmente, apresentam estabilidade macroeconômica, registrando baixo nível de endividamento público, superávit fiscal, elevada taxa de poupança e reduzidos spreads bancários. Esses três países ocupam as três principais posições no ranking de educação superior e treinamento, fruto de um esforço de décadas para garantir uma mão-de-obra qualificada e favorecer a adoção de tecnologias avançadas. Há uma marcada diferença entre esses países no que se refere à flexibilidade do mercado de trabalho. Enquanto a Dinamarca se caracteriza pelo seu mercado de trabalho eficiente e flexível, na Suécia e na Finlândia, à semelhança de outros países europeus, as empresas enfrentam dificultam para as demissões e fixação de salários.
A Alemanha se manteve na sétima posição no ranking mundial de competitividade. Esse país se destaca pela qualidade de sua infraestrutura, considerada a melhor do mundo, sobretudo na área de transporte e telefonia, pela sofisticação dos negócios e pelo elevado nível de concorrência entre as empresas. Em contraste, o mercado de trabalho considerado extremamente rígido permanece como a principal debilidade da economia alemã, que ocupa a 124ª posição no pilar flexibilidade do mercado.
Alcançando a oitava posição em 2009 (nona em 2008), em razão da redução relativa da competitividade dos demais países do grupo dos dez mais competitivos, o Japão se manteve em vantagem com relação à sofisticação dos negócios, bem como em inovação. Esse país se destaca pelo elevado número de engenheiros e cientistas, pelo gasto privado em P&D e pelo número de registro de patentes per capita. A grande debilidade da economia japonesa é o seu desempenho macroeconômico, em razão do altíssimo déficit fiscal e da mais elevada relação dívida pública/PIB, que faz o país ocupar o penúltimo lugar no ranking desse indicador (132ª posição).
O Canadá, que entrou para o ranking dos dez países mais competitivos em 2008, logrou subir para a nona posição em 2009. Esse país se beneficia de excelente infraestrutura de transporte e telefonia, de mercados altamente eficientes, em particular, o de trabalho e o financeiro, de instituições transparentes e funcionando bem, alta qualidade da educação fundamental e superior. Igualmente, enquanto a maioria das economias industrializadas registrou maior instabilidade macroeconômica, o Canadá registrou melhoras nessa área, com redução do nível de endividamento público, subindo da 43ª posição para 31ª. De acordo com o relatório, a continuação dessa política é importante para garantir a solvabilidade do governo e o crescimento sustentado no longo prazo.
Último classificado no ranking dos dez países mais competitivos, a Holanda perdeu duas posições em relação ao ano anterior, basicamente em função da pior avaliação do seu setor financeiro, que caiu da 11ª posição para 23ª, em razão das dúvidas quanto à solvência do sistema bancário e das dificuldades de obtenção de crédito. Nas outras esferas, a economia holandesa é bem avaliada e suas altamente sofisticadas empresas estão entre as mais agressivas, em termos internacionais, na absorção de novas tecnologias. A atividade empresarial no país se apóia em um sistema educacional de qualidade e em mercados eficientes.
Em termos regionais, a Europa é a que ocupa o lugar mais proeminente, de acordo com o ranking de competitividade. Seis países europeus estão presentes entre os dez mais competitivos enquanto doze se classificam entre os vinte primeiros. Dentre os doze países que se tornaram membros da União Européia a partir de 2004, a República Checa é o que aparece melhor posicionado no ranking do ICG, ocupando a 31ª posição, enquanto a Polônia é o que registra o maior avanço, tendo subido sete posições, alcançando o 46º lugar. Em contraste, a Letônia (68ª), a Rússia (63ª) e a Lituânia (53ª) foram os que mais perderam posição em relação ao ano anterior, respectivamente, 14, 12 e 9 posições. No caso dos dois países bálticos a redução da competitividade resultou da deterioração do ambiente macroeconômico na sequência da crise global. Não obstante o amplo mercado e o ambiente macroeconômico relativamente estável, a Rússia apresenta algumas debilidades estruturais, tais como a baixa eficiência do governo, falta de independência do judiciário, a ausência de direito de propriedade, que comprometem a competitividade da economia.
Na região da Ásia e Pacífico, atrás de Cingapura e do Japão, que estão os dez países mais competitivos do mundo, os demais se situam no amplo espectro do ranking do ICG, indo desde a 11ª posição, ocupada por Hong Kong, até a 126ª, ocupada por Timor-Leste. A região conta igualmente com sete representantes entre as vinte economias mais competitivas, incluindo Hong Kong, Taiwan (12ª), Austrália (15ª), Coréia (19ª) e Nova Zelândia (20ª). Nessa região se destacam ainda Malásia (24ª) e China (29º), que estão entre os trinta países mais competitivos.
A região da América Latina e Caribe apresentou um grande avanço no ranking da competitividade global de 2009. Mesmo com cenário externo adverso que deprimiu os preços das commodities e reduziu tanto a demanda por exportações como o financiamento, vários países conseguiram ganhos de competitividade. Esse foi o caso do Uruguai, que avançou dez posições, do Brasil (8 posições), Trinidad e Tobago (seis posições), Colômbia e Peru (cinco posições, cada) e Costa Rica (4 posições). De acordo com os autores do relatório, o aumento da competitividade desses países reflete a melhoria nos fundamentos macroeconômicos, a redução do nível de endividamento, a elevação das reservas internacionais. Todavia, o importante potencial de competitividade da América Latina ainda não se expressa inteiramente no ranking do ICG, no qual a região conta com único representante entre os trinta países mais competitivos: Chile (30ª). Das maiores economias da região, apenas Brasil (56ª) e México (60ª) ocupam posições na metade superior do ranking.
A região da Norte da África e Oriente Médio foi a menos afetada pelo impacto da crise global em comparação com outras regiões emergentes. Vários países exportadores de petróleo realizaram profundas reformas com o propósito de fortalecer a competitividade. Esses foram os casos de Qatar (22ª), Emirados Árabes (23ª) e Arábia Saudita (28ª), que ocupam as posições mais destacados entre os países de mercado emergente. Já Israel, que ainda se situa entre os trinta países mais competitivos, teve sua competitividade erodida, caindo quatro posições em relação ao ano anterior. Essa deterioração na competitividade de Israel reflete, sobretudo, a avaliação negativa do sistema educacional, que registrou sensível piora com a queda nos gastos públicos em educação como porcentagem da renda nacional.
A sustentabilidade do crescimento da África Subsaariana nos período recente foi posta em dúvida pela crise econômica global. Embora alguns países, como África do Sul (45ª) e Mauritânia (57ª), tenham apresentado desempenho estável na comparação com ano anterior e se mantiveram na metade superior do ranking de competitividade, a maioria dos países africanos permanece bastante atrás das demais economias em termos de competitividade. A região precisa de esforços em várias áreas para avançar no caminho do crescimento e desenvolvimento sustentável.

O Brasil no Mapa da Competitividade Global. O relatório do Fórum Econômico Mundial destaca que o Brasil subiu oito posições em 2009, passando da 64ª posição para a 56ª no ranking da competitividade global. Igualmente, em uma pesquisa complementar à análise do ICG, realizada com dezesseis economistas, sobre os impactos da crise em trinta e sete países, o Brasil é apontado, ao lado da China, Índia, Canadá e Austrália, como uma das cinco economias, cuja competitividade deverá aumentar em consequência da recessão mundial. Na avaliação desses economistas, a competitividade brasileira seria a mais favoravelmente afetada pela crise dentre essas cinco economias.
O relatório salienta que, desde a década de 1990, quando realizou a abertura da economia e adotou medidas em prol da sustentabilidade fiscal, o Brasil vem reforçando os fundamentos da competitividade e melhorando o ambiente para o desenvolvimento do setor privado. Em relação ao ano anterior, a economia brasileira registrou avanços adicionais, notadamente no que se refere à sofisticação dos negócios e ao forte potencial em inovação. Além disso, o País também tem, como vantagens, o tamanho do mercado doméstico e o grau de desenvolvimento do mercado financeiro.
Porém, o Brasil apresenta uma série de deficiências que impedem a realização do seu potencial competitivo e a redução da pobreza e da desigualdade da renda. O ambiente institucional, a estabilidade macroeconômica e a eficiência dos mercados de bens e trabalho continuaram sendo mal avaliados, não obstante os progressos realizados nos últimos anos. Ademais, as áreas de educação fundamental e saúde e de educação superior e treinamento também exigem melhoramentos. A despeito dos avanços já obtidos é necessário esforço adicional para elevar a qualidade do ensino e reduzir a disparidade regional.
A despeito desse avanço alcançado em 2009, o País ainda está muito distante da China e da Índia, que são os dois BRICs melhores posicionados no ranking da competitividade. Frente à China, o Brasil só leva vantagem nos pilares da disponibilidade de tecnologia e sofisticação do mercado financeiro. Já, frente à Índia, as vantagens do Brasil são disponibilidade de tecnologia, educação fundamental e saúde e educação superior e treinamento. Embora se situe a frente da Rússia, que em razão do forte o impacto da crise no mercado financeiro doméstico perdeu onze posições no ranking da competitividade, o Brasil é mais competitivo apenas em cinco das doze áreas avaliadas.
Comparado com a média mundial, o Brasil apresenta maior competitividade em algumas áreas, com destaque para a disponibilidade de tecnologia, sofisticação do mercado financeiro e dos negócios e inovação, além do tamanho do mercado. Nas áreas de educação, o País está próximo da média mundial na educação fundamental e ligeiramente acima da média em educação superior e treinamento.
Nessas áreas, o Brasil também tem vantagem vis-à-vis a média do grupo de países classificados no estágio 2 de desenvolvimento, que tem como característica a busca por eficiência. Comparado com esse grupo, a estabilidade macroeconômica ainda permanece como o mais fraco pilar da competitividade da economia brasileira. Já na comparação com a média mundial, além da ainda insuficiente estabilidade macroeconômica, a economia brasileira apresenta deficiências na área de infraestrutura, instituição e eficiência do mercado de bens.
O relatório também apresenta os resultados da pesquisa do Fórum Econômico Mundial sobre os principais obstáculos identificados pelos executivos para a realização de negócios. De acordo com os executivos brasileiros entrevistados, os principais problemas do Brasil que desencorajam a realização de negócios são, por ordem de importância, a legislação tributária, o peso da tributação, a legislação trabalhista restritiva, a ineficiência da burocracia estatal, dificuldade de acesso a financiamento, a oferta inadequada de infraestrutura e a corrupção.




